O corpo humano é uma máquina que precisa se movimentar. Do mesmo jeito que as máquinas enferrujam, o corpo humano cobra um preço muito alto pela ausência de atividade física
Para se ter uma ideia, o sedentarismo é o quarto fator de risco de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de três milhões de pessoas perdem a vida por ano vítimas das doenças adquiridas pela falta de atividade física como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares.
A diretora do Departamento de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Maria de Fátima Marinho, explica a gravidade de se manter o corpo inativo. “Ao ficar sedentário, você vai perder muito da sua saúde. Você tem uma perda muscular, troca isso por gordura. Perde força, elasticidade, movimento e aumenta o risco de doenças crônicas, especialmente as do coração, o diabetes e a obesidade. E quanto menos você se move mais dificuldade de se mover você terá. Isso vai se tornando crônico”, alerta. E os prejuízos vão muito além do que se imagina. “Atualmente, alguns tipos de câncer estão associados à falta de atividade física. Não que gere câncer, mas ela [atividade física] é um fator de proteção”, completa a diretora.
A mudança de hábitos
E como saber o quanto é preciso mover o nosso corpo? Não é considerada sedentária a pessoa que pratica alguma atividade física moderada por ao menos 150 minutos semanais - 30 minutos/dia por cinco dias na semana. E vale de tudo: natação, caminhada, luta, yoga, dança e subir e descer escadas.
Estudo da OMS afirma que pessoas sedentárias têm de 20% a 30% de risco de morte a mais do que uma pessoa que pratica pelo menos 30 minutos de atividade física três vezes por semana. Em todo o mundo, 31% dos adultos com 15 anos ou mais não são ativos o suficiente. No Brasil, esse índice é de 48,7% entre os adultos, segundo dados do Vigitel 2014. Até 2025, o Ministério da Saúde pretende reduzir esse índice para 10% da população acima dos 18 anos.
“A gente tem um passivo. Então ou tratamos ou a pessoa vai ter complicações e morrer precocemente. Tivemos um aumento de atividade física na população em geral, mas ainda é insuficiente. Ainda temos menos da metade dos brasileiros suficientemente ativos. Queremos chegar a pelo menos mais da metade. Porque a gente tem estimado que 18% dos infartos e 10% das mortes por doenças cérebro vasculares são devido a baixa atividade física”, afirma Marinho.
Enfrentamento ao Sedentarismo
Com base em dados oficiais de 142 países, a revista médica The Lancet destaca que o mundo perdeu, em 2013, cerca de US$ 67,5 bilhões com o tratamento e perda de produtividade decorrentes de doenças associadas ao sedentarismo. Só no Brasil, foram gastos US$ 3,62 bilhões.
A coordenadora dos Programas Academia da Saúde e Saúde na Escola, Daniele Cruz, esclarece que incentivar a prática de atividades físicas também é papel do governo. “É das esferas de gestão. Não só da Saúde, como da Educação, da Cultura, dos Esportes. É fazer uma convergência de forças para que a gente traga a possibilidade da atividade física ser construída no cotidiano das pessoas como uma coisa importante”, finaliza.
Erika Braz, para o Blog da Saúde