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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vigilância Sanitária, economia e barreiras técnicas

Quem pensa que vigilância sanitária cuida apenas da qualidade, eficiência e segurança de medicamentos acerta em parte, mas não conhece o principal. As funções do órgão de vigilância sanitária (no Brasil a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vão além, pois influenciam a economia, o acesso da população aos medicamentos (disponibilidade e preço) e portanto norteiam a soberania e independência do país na saúde. Exercer barreiras técnicas e comerciais é uma das mais importantes funções desse órgão, a exemplo do que ocorre em todos os países desenvolvidos. Cada país procura conservar o que produz e impedir a entrada de produtos desnecessários e caros. Parece mentira que isso ocorra em saúde, mas sobram exemplos. Para entender barreiras técnicas e comerciais, convém conhecer como o Brasil desenvolveu a Embraer. Foram criadas normas técnicas e altas taxas que impediam pequenos aviões estrangeiros de entrar no Brasil, reservando o mercado à indústria nacional. Entravam os grandes jatos, que a Embraer ainda não conseguia produzir. Dominada a tecnologia dos aviões pequenos, a empresa foi crescendo, fazendo aviões maiores e começando a exportar. Remédios, aviões, alimentos, automóveis, farinha e outros produtos seguem uma mesma regra comercial: é a proteção do produto nacional por barreiras técnicas e comerciais contra a indústria estrangeira: - por que o Brasil tem dificuldade em exportar vários de seus produtos agrícolas? - por que carros americanos são raramente vistos na Europa? - por que o Brasil briga tanto com o Canadá por causa dos aviões? Não seria mais barato importar aviões canadenses da mesma forma que importamos medicamentos embalados? A verdade científica é difícil de apurar, fácil de distorcer, há milhares de produtos a controlar, além de haver muito dinheiro e aliciamento envolvidos. Planejando pesquisas com doses insuficientes ou excessivas de concorrentes, os resultados distorcem a verdade. Esconder resultados negativos e divulgar apenas os positivos é prática antiética, mas muito comum. As “razões científicas convenientes” parecem sérias, iludem técnicos incompetentes, cientistas incautos e população, mas saltam aos olhos quando se compara decisões entre países, por exemplo: - como explicar por que a dipirona não é vendida nos Estados Unidos, mas há décadas é vendida na Europa? - por que o bromato é tão perigoso no Brasil, que utiliza vitamina C como fermento de pão, e nos Estados Unidos vende-se farinha bromatada até para fazer massa caseira? No caso dos medicamentos, a “barreira técnica”, a “barreira comercial” e as “tramas de mercado” têm aspectos típicos. As indústrias farmacêuticas “multinacionais” (americanas e européias) precisam de dois mecanismos para manter sua lucratividade: as “patentes” e o “trade-up”. Para os países produtores, medicamento é produto de investimento, que traz lucro ao país e, com o dinheiro que entra, benefícios à sua sociedade. A indústria não faz pesquisa pelo bem da humanidade, mas sim porque o retorno é bom. Dentre as centenas de novos medicamentos, poucos são o que representam real novidade terapêutica. Sabe-se que a indústria farmacêutica investe entre 10 a 15% em pesquisa e mais de 20% em mercado. Portanto, é óbvio que o mercado é mais importante que a pesquisa. Para que um produto patenteado possa ser vendido é preciso criar mercado: isto se faz antagonizando os concorrentes. É nesse ponto que entra o “trade-up”, ou “troca para cima” de produtos. É o mecanismo de mercado pelo qual um produto antigo, com baixo lucro, é trocado por outro de maior rentabilidade. Isso pode ser feito entre duas empresas diferentes mas é mais comum com os produtos da mesma indústria. Se uma empresa quer retirar seu produto de mercado, como a agência de vigilância sanitária pode negar seu cancelamento? No Brasil, esse jogo do mercado é crime, conhecido há vinte anos, pois existe uma lei brasileira (6360/76) que proíbe parar a produção de medicamentos essenciais. Existem raros exemplos onde foi aplicada. Veja-se o que o mercado farmacêutico está tentando fazer com o fenobarbital (Gardenal®), o medicamento mais utilizado em epilepsias que atinge 0,5% da população. O fenobarbital está em uso desde o início do século, é um excelente anticonvulsivo, eficaz e seguro Sem proteção de patente, genérico, com fácil produção, o custo do tratamento mensal é inferior a R$ 6,00 (menos de seis reais por mês). Os novos anticonvulsivos custam cerca de R$ 150,00 por mês. No preço vinte vezes mais caro; no lucro, provavelmente cem vezes maior. Na indústria, dezenas de cérebros brilhantes procuram distorcer, exagerar meias-verdades e inventar defeitos do concorrente. Cada paciente que abandonar o fenobarbital proporcionará à empresa do novo produto lucro cem vezes maior. Cada vez que uma patente está preste a expirar, já existe um novo medicamento sendo preparado para substituí-lo. O novo não precisa ser melhor, pode até ser um pouco pior que o antigo, mas precisa ter patente. Países como o Canadá, por exemplo, só licenciam novos medicamentos se houver real vantagem terapêutica, se os estudos farmacoeconômicos provarem que o a relação benefício/custo compensa e se a informação técnica for correta. Sem vigilância da informação (indicação etc.): o governo não consegue pagar o uso exagerado e desnecessário dos novos medicamentos; os pacientes não conseguem comprá-los. Peginterferona, anfotericina lipossomal e novos antiinflamatórios (inibidores da cox-2), usados abusiva e desnecessariamente, são exemplos de desperdício. O “trade-up” inclui a batalha de desgaste e retirada do mercado de genéricos. As multinacionais investem na compra de indústrias voltadas aos genéricos e hoje compõem a maioria dos donos dos genéricos. Além disso, iniciaram uma genial guerra e controle de leis para “afogar” os “genéricos”, de modo a evitar que diminuam seus lucros. Citam-se pelo menos quatro grandes vitórias das multinacionais: (1) foi proibido o uso de nome genérico em “similares”, quando bastaria identificar o nome de seu produtor; (2) foi dificultado o registro de “genéricos”, com testes nacionais que, mesmo incompletos, são caríssimos e muitas vezes desnecessários; (3) as indústrias de marca gastaram onze milhões de reais em 1999, através da ABIFARMA (que já fechou) para destruir a credibilidade de concorrentes e (4) abriram se as portas brasileiras à importação e “dumping.” É nesse ponto que deve estar atenta a vigilância sanitária do Brasil. Nos países exportadores de novos medicamentos, a vigilância sanitária ajuda, pois o lucro gerado mantém a qualidade de vida no país. Nos países em desenvolvimento, é vital conservar os bons produtos antigos, sem ser enganado por decisões aparentemente sérias mas subordinadas ao interesse comercial dos exportadores. É função da ANVISA avaliar a relação custo/eficácia/qualidade, impor barreiras técnicas, condicionar registros de equivalentes terapêuticos à sua síntese e produção no país, impedir a entrada de produtos cuja qualidade não é segura, impedir a distorção científica gerada por pesquisa antiética (quando resultados negativos não são publicados), cuidar de informação correta ao médico e ao consumidor e criar condições para o crescimento de uma verdadeira indústria nacional. Não é o que se viu nos últimos anos. A atual estrutura da ANVISA está totalmente inadequada às suas funções na defesa do país: (i) a diretoria tem que ser sempre da confiança do Presidente, portanto não pode ser estável; (ii) ao contrário, os técnicos especialistas em análises farmacológicas, que podem ser demitidos a qualquer tempo pela sua chefia, devem ser tornados estáveis, para que possam opinar livre de pressões. O oposto do que existe hoje. Se o novo governo não fizer a “inversão de estabilidade” e não cuidar da instituição de carreira técnica a vigilância sanitária continuará sendo meio de arrecadação de dinheiro para campanhas políticas. Só existirá síntese e produção de medicamentos no Brasil se o Governo decidir amparar quem investir, seja indústria nacional ou não. Melhor e mais seguro é investir nos laboratórios estatais. E se acontecer uma guerra que prejudique a exportação de medicamentos dos Estados Unidos? E se a exportação for condicionada à participação na guerra? A soberania e real independência do Brasil é proporcional à sua autonomia na síntese e produção de medicamentos. Em resumo, vigilância sanitária - ANVISA - é matéria de segurança nacional e o acesso da população ao tratamento medicamentoso deve depender da efetiva atuação do Senhor Ministro da Saúde, da Economia, do Comércio Exterior, sob supervisão pessoal do Presidente da República. Esses dirigentes devem cuidar de nossa indústria química e farmacêutica, da preservação dos bons produtos antigos, e da real produção e síntese de medicamentos no Brasil. Antonio Carlos Zanini, 64, Editor Médico do Grupo Zanini-Oga, foi Secretário Nacional de Vigilância Sanitária (980-1985) @ → zan@usp.br Outros títulos (se houver interesse) consultor da OMS: membro da Academia de Medicina de São Paulo; Coordenador do Sistema de Informação sobre Medicamentos do HCFMUSP. http://www.farmacologia.com.br/publicacoes/art_05_Barreiras_VigiSanitaria.doc

O placebo e seus efeitos

First, do no harm (Antes de mais nada, não cause danos). Princípio da medicina, atribuído a Hipócrates "A questão do placebo é um dos assuntos que mais fascinam e, ao mesmo tempo, mais causam controvérsias entre a classe científica. Com todo o conhecimento que a ciência hoje possui, o placebo ainda permanece um mistério e todo artigo sobre ele ainda é bastante incompleto. Seu bom ou mau uso pode significar uma vida, principalmente enquanto seus efeitos são pouco conhecidos a fundo e seu funcionamento, isto é, como realmente agem os placebos, ainda é alvo de muitas teorias, inclusive a abordagem psicológica. Para a classe científica, conhecer o placebo, suas possibilidades e seus efeitos é fundamental. E para um leigo, até que ponto é interessante saber que um remédio ao qual ele atribui sua cura não passava, por exemplo, de simples composição de amido com açúcar? Estas e outras questões são apresentadas aqui para reflexão, além da palavra de médicos que falam sobre o efeito placebo". O Que é um Placebo A palavra placebo vem do latim e foi cunhada da Bíblia cristã, após vários erros de tradução, diz o doutor Ben Z. Krentzman. A palavra apareceu em primeiro lugar no salmo 116 e foi adquirindo uma conotação científica nos dicionários ao longo do tempo. Hoje, o placebo é em primeiro lugar definido como uma substância inerte ou inativa, a que se atribui certas propriedades (como as de cura de uma doença) e que, ingerida, pode produzir um efeito que suas propriedades não possuem. Muitas pessoas que ingerem, por exemplo, uma pílula contendo nada mais que amido com açúcar, ou um dos dois componentes, revelam melhoras de uma doença, imaginando ter tomado o remédio feito especialmente para essa doença. Mas o placebo não existe apenas em forma de uma substância. Uma ‘cirurgia espiritual’, até que não se prove que ela genuinamente tenha acontecido, pode ser um placebo. A pessoa ‘operada’ sente o corte, sente a sutura e fica ‘curada’ do mal que a afligia sem passar por uma cirurgia convencional. Uma terapia também faz às vezes de um placebo, onde às técnicas dessa terapia se atribui um tipo de cura e isso realmente acontece. As chamadas terapias alternativas, como os florais, os cristais, a radiestesia e muitas vezes a própria psicoterapia ainda são consideradas por uma grande parte da ala científica como um placebo, afirma Dr. Walter Brown, psiquiatra. Mas o uso do placebo não está restrito à área científica ou à área das terapias alternativas. Nossas avós conheciam muito bem os seus efeitos, quando aplicavam suas ‘poções mágicas’, e até mesmo suas histórias na hora de dormir, e curavam as dores de seus filhos, um ensinamento popular que é passado de geração a geração, sem questionamentos. Também nessa categoria se encontram as orações, que promovem os chamados milagres e a conhecida ‘cura pela fé’, pelo menos enquanto para esses milagres e curas não se encontre uma comprovação, agem como um placebo. E por fim, os próprios remédios, mesmo sendo fabricados com uma fórmula teoricamente capaz de combater determinada doença, podem, por erro de fórmula não curar determinada doença, mas tomados para esse fim, podem ainda assim agir como um placebo. Alguns efeitos do placebo estão discutidos na seção a seguir. O Efeito Placebo O efeito placebo é o resultado que se pode observar e mensurar, em uma pessoa ou em um grupo de pessoas, diante de um tratamento onde o placebo foi administrado, de acordo com Dr. Robert T. Carroll, que acrescenta: "Por que uma ‘fake’ (falsa, artificial) substância, cirurgia ou terapia faz efeito, isso ainda não é completamente explicado". Alguns pesquisadores utilizam o procedimento chamado ‘duplo-cego’, em que normalmente existem dois grupos de pessoas, o grupo experimental e o grupo de controle. A um grupo, administra-se a droga ou o tratamento convencional. A outro grupo, aplica-se a droga ou o tratamento do tipo placebo. Dr. Carroll explica que, em um estudo duplo-cego, o pesquisador não sabe qual grupo recebeu a droga indicada para o tratamento e qual grupo recebeu o placebo. Ele só vai saber, diz o médico, quando tiver em mãos os resultados completos, para evitar que o avaliador incorra em distorções de observação e de mensuração durante o estudo. A Teoria de Cura Mente-Corpo A teoria de cura mente-corpo, criada por Milton Erickson, pai da hipnoterapia moderna, e divulgada pelo mundo pelos médicos que foram seus discípulos, reconhece a existência de uma estreita conexão entre a mente, o cérebro e o corpo. Dr. Ernest Lawrence Rossi, médico e psicoterapeuta ericksoniano, diz que a resposta placebo é uma pedra fundamental rejeitada na cura mente-corpo. Ele diz que as histórias de cura espontânea ou considerada ‘milagrosa’ são menosprezadas pela ciência, devido à nossa mente racional, como resultados não confiáveis. Em seu livro A Psicobiologia de Cura Mente-Corpo, Dr. Rossi diz que a premissa da ciência, neste caso, se aproxima de algo como "não é confiável, portanto não é real". Ele explica que, para uma parte da ciência, que tem uma abordagem tradicional, o efeito placebo é simplesmente um "fator aborrecido". A teoria de cura mente-corpo pressupõe que exista uma rede de informações que passa do ambiente à mente do indivíduo, deste para o cérebro e em seguida ao corpo, através do que ele chama de "moléculas mensageiras". Em princípio, diz ele, a informação começa com os genes. As pesquisas de Dr. Rossi incluem o funcionamento do sistema nervoso central de forma detalhada e também o funcionamento do sistema límbico-hipotalâmico. Na teoria ericksoniana, existe uma lista considerável de doenças que se pode curar conhecendo-se o mecanismo de comunicação psicofísico. Com lugar de destaque para o placebo nesta abordagem e também para os fatores que determinam o stress, Dr. Rossi cita alguns casos verídicos e curiosos, que correm os bastidores da comunidade científica e provocam polêmica até hoje. Dois deles estão a seguir. Dois Casos Verídicos Estes e outros casos, registrados por Dr. Rossi, mostram que a resposta placebo pode se manifestar em doença ou cura. O primeiro caso é relatado por Dr. Rossi como um caso de "vida e morte vodu", ou como "o complexo de desistência no sistema nervoso autônomo", onde um médico da Fundação Rockfeller, a serviço em uma missão no Pacifico Ocidental, convivia com nativos convertidos e não convertidos. O caso envolveu o padre da missão, seu assistente de serviços gerais, um nativo chamado Rob e um feiticeiro de nome Nebo. Certo dia, o padre veio até o médico depois de constatar que o nativo Rob estava muito doente. O médico examinou o nativo e não encontrou sinais de febre, nem queixas de dores, nem sinais evidentes de doença, mas, ao mesmo tempo, ficou impressionado ao constatar que o nativo estava extremamente fraco e doente. Por meio do missionário, o médico soube que o feiticeiro Nebo havia apontado um osso para Rob e o nativo se convenceu que iria morrer. O médico e o missionário foram até Nebo e o intimaram a ver Rob, caso contrário seu suprimento de comida, fornecido pela missão, seria cortado. O feiticeiro foi com eles até o nativo e, lá chegando, aproximou-se de Rob dizendo que tudo havia sido uma brincadeira, um engano. O médico (cujo relatório na íntegra foi publicado no livro de Dr. Rossi e nos artigos do fisiologista Walter Cannon) ficou estupefato ante a metamorfose. De uma fase de pré-coma o nativo passou imediatamente a uma fase saudável, com total força física, e na mesma tarde estava perambulando pela missão. Dr. Rossi relata, mostrando artigos de outros pesquisadores como Cannon e Engel, que a morte vodu, muito comum naquela região, é devida a uma exposição intensa e prolongada ao stress emocional e à crença dos nativos de que estavam sob o poder do médico feiticeiro. A causa ‘real’, na verdade, era um sistema nervoso simpático superativado. Em outro caso semelhante, um nativo veio a falecer diante de um agudo completo "desiste-retoma" e de um poderoso agente sugestionador, que acabou se revertendo em tempo no caso do nativo Rob. O segundo caso, descrito ainda por Dr. Rossi em seu livro, é do Sr. Wright, o qual estava acometido de mal generalizado e avançado envolvendo os nodos linfáticos, linfossarcoma. O Sr. Wright desenvolveu uma resistência a todos os tratamentos paliativos conhecidos e sua anemia o impedia de esforços com raios-X ou tratamento quimioterápico. Massas tumorais do tamanho de uma laranja já existiam no pescoço, axilas, virilha, peito e abdômen. O baço e o fígado estavam enormes e o duto torácico obstruído. A impressão, diz Dr. Philip West que acompanhou pessoalmente o caso, é de que ele estava em estado terminal e não-tratável. Contrariando isso tudo, o Sr. Wright se encontrava menos desesperançado que seus médicos e pediu para ser incluído em um grupo de pesquisa que iria testar uma nova droga, o Krebiozen (que depois se demonstrou ser uma preparação inócua e sem utilidade). Os médicos não o consideraram qualificado para o experimento, já que não contavam que seu câncer pudesse regredir, depois de tudo já ter sido tentado. Sua expectativa de vida era de duas semanas, não mais que isto. Mas o Sr. Wright havia lido nos jornais que a clínica estava pesquisando o Krebiozen e implorou para ser colocado entre os que iriam receber a droga. Ele mostrou enorme entusiasmo ao chegar a droga e implorou tanto que, contra todas as regras, seu médico acabou concordando em incluí-lo. Dr. West, então, permitiu que ele recebesse injeções da droga, sendo que a primeira foi numa sexta feira, quando o médico, segundo conta Dr. Rossi em seu livro, foi para casa imaginando que na segunda feira, com quase toda certeza, infelizmente encontraria o paciente já sem vida. Mas, para surpresa de Dr. West, o Sr. Wright estava à sua espera. Sem febre, nada abatido, andando normalmente. Nenhuma mudança para pior foi observada. As massas de tumor haviam desaparecido, mostrando uma regressão mais rápida que o médico pudesse até mesmo entender. O Sr. Wright teve alta e foi para casa, quando saiu novamente nos jornais que o Krebiozen era inócuo. O homem teve uma recaída e retornou ao hospital. Desta vez, porém, foi o médico quem propôs que ele retomasse as injeções de Krebiozen, alegando que a droga surtia efeito e que o que saíra no jornal era referente a um lote da droga com validade ultrapassada. Dr. West fez isso porque sabia que seu paciente saíra do estado terminal para voltar para casa são, graças à esperança que ele depositava na nova droga, e sabia também que nada mais poderia ajudá-lo. Novamente, a doença do Sr. Wright regrediu, diante das injeções. A recuperação, segundo o médico, foi ainda mais intrigante, pois as massas tumorais se dissolveram, o fluido no peito se extinguiu e ele voltou a andar. O caso do Sr. Wright teve um final menos auspicioso que o do nativo Rob, pois ele acabou falecendo, semanas depois de ter novamente sido veiculado no jornal – que ele tomou conhecimento – de que o Krebiozen realmente não tinha função alguma. No entanto, o caso se tornou clássico para o eterno dilema da resposta placebo até mesmo em doenças graves como o câncer. O que todos os médicos do Sr. Wright concordaram foi que seu poder de otimismo, de alguma forma, havia influído nas várias fases de "desiste-retoma", em que o paciente atribuiu ao placebo uma qualidade salvadora, daí seu tempo de vida ter sido pelo menos prolongado e com evidentes manifestações de cura. Quando um Placebo é Benéfico Um placebo pode ser especialmente benéfico quando algumas situações abaixo acontecem: 1. O médico, por observação clínica, tem de início um pré-diagnóstico da possível doença do paciente mas não deseja administrar uma droga química, devido aos efeitos colaterais indesejáveis, e então aplica um ‘remédio’ que na verdade não tem a função de curar aquela doença. O paciente toma e, acreditando estar tomando um remédio poderoso, fica livre da doença ou pelo menos dos sintomas. 2. O paciente deseja sinceramente se ver livre de alguma doença ou problema físico e não só deposita esperança no remédio que está tomando, mas também permite que o remédio faça efeito. 3. O indivíduo, mesmo sabendo que está tomando um placebo, ainda assim deseja se livrar do desconforto físico e o próprio indivíduo, atribuem qualidades de cura ao ‘remédio’ e permite também que esse faça o efeito. 4. A simples ida ao médico, que compreende a presença do médico diante do paciente, o ritual da anamnese (coleta de dados) e da observação clínica, o toque da mão do médico na pessoa, a atenção, a roupa branca do médico, esse aparato, por si só, é passível de provocar o efeito placebo, quando o paciente manifesta melhoras, porque confia em seu médico, segundo Dr. Brown. 5. Um placebo pode ser benéfico nos casos em que, ingerido em lugar de uma droga química, não provoca os efeitos colaterais que a droga provocaria. Existem pacientes que são sensíveis ou alérgicos a certos medicamentos, e o placebo, como uma substância inerte, não provoca efeitos colaterais. 6. Principalmente, um placebo é benéfico quando promove a cura, a melhora ou o alívio da doença. 7. Segundo Dr. Brown e Dr. Rossi, existem casos comprovados de melhora nas questões do stress e em pessoas com úlceras gástricas, verrugas, artrites e outras deficiências relacionadas ao sistema imunológico. Quando um Placebo Causa Danos Existem riscos para o uso indiscriminado dos placebos, alerta Dr. Brown quando diz que seu uso acaba evocando também a questão da ética. Ele questiona que, por um lado, o médico não deve enganar o indivíduo, e, por outro lado, não pode furtar-se em aliviar suas dores. Aqui, alguns exemplos dos efeitos não benéficos do placebo: 1. Quando o paciente toma um placebo e sente melhora dos sintomas, mas na realidade a doença continua avançando e pode ser fatal. 2. Quando, diante de uma droga química comprovadamente eficaz para determinada, o médico opta por um placebo. 3. Alguns pacientes, relata o Dr. Brown, apresentam efeitos colaterais mesmo com um placebo. Ele não cita, porém, que efeitos seriam estes. 4. Na automedicação, quando um placebo é recomendado por um amigo ou comprado por conta própria na farmácia. 5. Quando a pessoa despende seu tempo, sua vida e suas economias com um tratamento tipo placebo que não é a melhor indicação para o seu caso. 6. Na visão de Dr. Brown, o placebo não funciona para doenças mais sérias como o câncer, para a qual seria mais indicado o tratamento tradicional. A Expectativa de Cura Dr. Ernest Rossi afirma que a expectativa positiva de cura por parte de um paciente é 50% do caminho para sua recuperação. Nesses casos, o organismo, entre outras coisas, libera endorfina, que promove o relaxamento do estado de ansiedade provocado pelo pânico de uma doença. A expectativa de cura é hoje muito mais reconhecida pelos médicos como um dos fatores benéficos decisivos, muito mais que 30 anos atrás quando se deu o caso do Sr. Wright. Se ela realmente tem um papel fundamental no desempenho dos sistemas simpático, parassimpático e nos outros sistemas do organismo, a expectativa de cura pode ser considerada como uma espécie de ‘certificado de garantia’ para o funcionamento do corpo, no entendimento do médico. De acordo com a teoria ericksoniana, o locus de cura está dentro do organismo do próprio indivíduo, bastando ver que algumas doenças, mesmo sem remédio, também se curam espontaneamente. Essa abordagem, ainda pouco conhecida na América Latina, utiliza vários recursos antes de desistir e entregar o paciente à própria sorte. E, em meio a esses recursos, a resposta placebo é uma delas. Copyright © 2004 Bibliomed, Inc. http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3861&ReturnCatID=1786

Bactéria encontrada no queijo pode causar doença cardíaca

Pessoas com problemas pré-existentes correm mais riscos Variedades da bactéria Listeria monocytogenes, bacilo normalmente encontrado no queijo e em comidas prontas e conhecido por causar infecções alimentares, podem causar doenças cardíacas. De acordo com estudo realizado por três universidades americanas e publicado no periódico Journal of Medical Microbiology, as diversas variedades de bactérias do gênero listeria, encontrada nesses alimentos, são mais prejudiciais às pessoas com problemas cardíacos pré-existentes ou àquelas que tiveram válvulas cardíacas substituídas. Segundo os pesquisadores, ratos que ingeriram comida contaminada e foram infestados por essas variedades tinham uma concentração até 15% maior das bactérias no coração. Com uma capacidade incomum de se desenvolver em temperaturas baixas, o bacilo pode ser encontrado em queijos, alimentos congelados, vegetais crus, peixes, saladas e em leite não-pasteurizado. Normalmente, ele vive de maneira inofensiva no intestino de pelo menos 5% das pessoas consideradas saudáveis. A mesma pesquisa explica que as bactérias possuem uma proteína em sua superfície capaz de causar sérios problemas cardíacos. Bactérias do gênero listeria costumam atacar principalmente o sistema nervoso de pacientes que estão com o sistema imunológico comprometido, embora entre 7% e 10% delas infectem o coração. Por isso elas oferecem maior risco em pessoas que sofreram transplantes cardíacos. Risco às gestantes – Infecções por listeria podem causar desde sintomas comuns de uma gripe acompanhada de irritação estomacal a doenças sérias no sangue e sistema nervoso. Já se sabia, no entanto, que mulheres grávidas são especialmente suscetíveis a essa bactéria. Após infectadas, as gestantes correm sérios riscos de perder o bebê. http://veja.abril.com.br/noticia/saude/bacteria-encontrada-no-queijo-pode-causar-doenca-cardiaca

Novo código de processo civil e o acesso à saúde

por Renata Vilhena Silva* 07/01/2011 Segundo a advogada Renada Silva, o novo CPC traz esperança aos doentes e aos advogados da saúde Apesar de a Constituição Federal garantir o acesso universal à saúde, no direito processual repousa a esperança do cumprimento efetivo do preceito constitucional. Isso porque hoje, no Brasil, ocorre o fenômeno da judicialização da saúde, ou seja, o cidadão consegue amparo e dignidade mediante a propositura de ações judiciais. Quer ficar por dentro sobre tudo o que acontece no setor de saúde? Assine gratuitamente a nossa newsletter diária e receba os destaques em sua caixa de e-mail. No Estado de São Paulo, os números assustam. Em recente matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, o então governador José Serra disse que "há uma indústria de ações judiciais" e chamou a operação de "ponta de um barbante de um nó que precisa ser desatado". Em 2009 a secretaria afirma ter investido R$ 1,3 bilhão em remédios, cerca de R$ 400 milhões para cumprir medidas judiciais. Enquanto as ações judiciais estavam garantindo o cumprimento do texto constitucional, a situação estava sob controle. Pelo menos os que procuravam a Justiça tinham a dignidade garantida. Todavia, estamos experimentando um período dramático, pois nem as decisões judiciais estão merecendo respeito dos governantes. Coincidentemente, a escassez de medicamentos e vagas em hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) se agravou nesta época de campanha eleitoral. Advogar para doentes e enfrentar situações como essa gera uma condição de impotência arrebatadora. Presenciar e acompanhar o agravamento da saúde dessas pessoas causa revolta e indignação. O novo Código de Processo Civil (CPC) traz esperança aos doentes e aos advogados da saúde. Um dos preceitos no código são celeridade e segurança jurídica. O projeto pretende introduzir, no sistema processual, mecanismos com vistas a garantir celeridade e segurança na prestação jurisdicional, atribuindo efetividade às decisões, ou seja, pretende garantir que a ordem do juiz realmente surtirá efeito. Mudanças importantes foram propostas para que as decisões sejam cumpridas com agilidade. Também há previsão de corte significativo dos recursos, serão excluídos do novo código, por exemplo, os Embargos Infringentes e o Agravo Retido. No entanto, deve-se prestar atenção à necessária busca por uma Justiça mais rápida e eficiente, que não poderá violar o exercício das garantias e dos princípios constitucionais, como a ampla defesa e o contraditório, igualmente importantes para os operadores do direito e para os jurisdicionados. Conforme a proposta, a unificação dos prazos processuais - seja para interposição de recursos, seja para defesas - passará para 15 dias. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sugeriu a estipulação de prazos para os juízes, cujo cumprimento seria requisito para futura promoção destes, o que privilegiaria os magistrados comprometidos com a adequada prestação jurisdicional. Esses são apenas alguns pontos importantes trazidos pelo anteprojeto do Código de Processo Civil. Já é possível concluir que a discussão em torno de um novo CPC é, de fato, um marco importante para o judiciário brasileiro, porquanto a morosidade judicial constitui um dos principais motivos para a sensação de impunidade sentida por toda a população. O novo código vem com a promessa de otimizar a realização da justiça. Dessa maneira, esperamos que promova a justiça atemporal e apolítica, garantindo o efetivo acesso à saúde e o cumprimento ao princípio da dignidade da pessoa humana. * Renata Vilhena Silva é sócia-fundadora do Vilhena Silva Advogados, especializado em Direito à Saúde, e autora da publicação "Planos de Saúde: Questões atuais no Tribunal de Justiça de São Paulo". http://www.saudebusinessweb.com.br/noticias/index.asp?cod=74804

A era dos dados

por Edgar Santos* 26/01/2011 Especialista mostra qual é o maior desafio da área de atendimento à saúde Imagine se o seu médico pudesse lhe apresentar os resultados de seus exames em minutos, ao invés de em dias ou semanas. Atualmente já existem tecnologias que permitem esta agilidade. Porém, para que isto se torne realidade, o setor de atendimento à saúde precisa reconhecer que tem um grande desafio. O desafio dos dados. Todo os dias, grandes redes formadas por médicos, especialistas, pacientes, farmácias, seguradores e hospitais trocam milhões de formulários, diagnósticos, imagens, receitas, indicações e pesquisa médica. A tecnologia disponível hoje já permite que todos estes dados sejam armazenados digitalmente. Apesar disso, muitos ainda permanecem em papel. De acordo com um recente relatório da Thomson Reuters, maior agência internacional de notícias e multimídia do mundo, mais de US$ 850 bilhões são desperdiçados a cada ano em testes de laboratório duplicados. Isto acontece devido ao uso de sistemas ineficientes, baseados em papel. Os benefícios do compartilhamento eletrônico rápido de registros médicos são tão significativos que o governo do Presidente Barack Obama alocou US$ 36 bilhões provenientes de estímulo federal nesta área. O objetivo é acelerar a adoção da infraestrutura eletrônica necessária para controlar custos e aprimorar o fornecimento de serviços. À medida que o setor de atendimento à saúde migra de registros médicos em papel para eletrônicos, começa a surgir um novo desafio: como armazenar e gerenciar todos aqueles "uns e zeros"? Este desafio não surge exclusivamente no setor de saúde. Segundo a empresa de pesquisas IDC, os dados no mundo hoje já excedem o espaço de armazenamento disponível - e a demanda por capacidade de armazenamento continuará a crescer a uma taxa anual acima de 43% nos próximos três anos. A natureza dos dados está mudando - de formulários "estruturados", como números, à informação "desestruturada", como vídeo, e-mail e fotos. Estima-se que, em breve, existirá 1 trilhão de dispositivos conectados à Internet no mundo. Todos os dias, 15 petabytes de novas informações são geradas - oito vezes mais que a informação de todas as bibliotecas dos Estados Unidos. Apenas em 2010 estima-se que o volume de informação digital gerada atinja 988 exabytes. Se todos estes dados estivessem em papel, teríamos livros suficientes para serem empilhados do Sol até Plutão. Provedores de atendimento à saúde, por exemplo, já podem se beneficiar de uma solução que seleciona os registros de atendimento mais urgentes e encaminha para mecanismos rápidos (discos, memória flash, etc), enquanto enviam o resto das informações (como as que precisam ser arquivadas de acordo com regulamentações governamentais) para armazenamento em fita de maneira mais econômica. À medida que os provedores de atendimento à saúde adotarem essas inovações, o usuário não precisará mais esperar muito tempo para obter os resultados do laboratório. E a conta a ser paga por ele pode ser menor. Agora imagine esta mesma tecnologia sendo aplicada a outros segmentos de mercado - de mídia e entretenimento até varejo e serviços financeiro. Os resultados seriam serviços aprimorados de forma a aumentar a qualidade dos serviços e também a qualidade de vida da população. Somente o setor de mídia e entretenimento precisará aumentar em 10 vezes a sua capacidade de armazenamento anual até 2015, segundo a Coughlin Associates. Até então, a única forma de capturar e processar conteúdo digital para crescentes volumes de dados era usando cassetes de videotape e outras mídias removíveis - um processo longo e caro. O novo método abrange formas mais simples e baratas de gerenciar os grandes arquivos criados por essa classe de informação. Isso exige melhores meios de armazenar dados, priorizá-los e eliminar redundâncias. A boa notícia é que tecnologias para agilizar estes processos já existem e estão se tornando mais sofisticadas e, ao mesmo tempo, mais acessíveis. Empresas de todos os segmentos de mercado têm agora a capacidade de comprimir ou compactar dados, reduzindo assim a necessidade de espaço físico de armazenamento. Assim, é possível eliminar dados duplicados ao mesmo tempo em que se aumentar a eficiência no uso destas informações. * Edgar Santos é executivo de Storage da IBM Brasil http://www.saudebusinessweb.com.br/noticias/index.asp?cod=75051

O tráfico de medicamentos controlados

A eterna disputa entre o Estado e o Setor da Saúde O consumo de entorpecentes e psicotrópicos tem sido, desde há muito, assunto debatido exaustivamente e tem sido considerado atualmente como um dos grandes problemas do século XXI. Por um lado tem se observado que existe um poder curativo de substâncias naturais. Por outro lado a eficiência destes elementos devem-se a princípios ativos que atuam no sistema nervoso central e por conseqüência podem causar dependência como afirma o farmacêutico Ignacio Leal. Desde o início do século XIX, o consumo de algumas substâncias, especialmente os derivados do ópio em sua forma crua, despertou toda sorte de disputas entre os boticários e o governo a respeito de qual seria o enfoque de sua distribuição. Países como os EUA, Reino Unido e as Filipinas empenharam-se em estabelecer políticas para restringir a liberdade da venda destes produtos. O Doutor David Musto, professor de Psiquiatria da Universidade de Yale é um dos maiores conhecedores da história da restrição da venda de medicamentos, sustenta que ao contrário das crenças históricas da comunidade internacional, os EUA foram um dos países com maior tolerância da distribuição de substâncias derivadas do ópio e da coca, até a primeira década do século XX. Sem o embargo, revelou Musto, incluindo na época da Lei Seca onde ocorreu proibição de venda de bebidas alcóolicas, alguns estados da confederação como Nova Iorque, autorizava a distribuição (incluindo por médicos particulares) de substâncias a quase 13.000 viciados, recorde histórico de "viciados legais" em qualquer país ocidental. Vai passar mais de oitenta anos que as autoridades, especialmente as dos Estados Unidos, têm gastado importantes recursos públicos e privados para o controle das substâncias que causavam dependência. Em dólares de 1983, os EUA gastaram em 1920 pouco menos de 11 milhões de dólares, ao passo que no ano de 83 esta cifra subiu para 890 milhões, segundo dosdos do investigador Ronald Hamowy, especialista em legislação médica de Nova Iorque. Estas cifras foram crescendo de maneira considerável, não somente como a inversão dos EUA em controlar a distribuição para seus estados, como nos países onde apenas se produzem. Somente na Colômbia, o congresso em Washington aprovou ajudas para políticas antidrogas de Bogotá por um valor superior ao de 600 milhões de dólares para os anos de 2000 e 2001. Em que se consiste o debate? Sem o embargo, em virtude das necessidades humanas, especialmente no que se refere à dor, já tem sido feito o indispensável que é a distribuição de tal maneira que se garantissee com o mínimo de suprimento as necessidades reais dos enfermos, cuja qualidade de vida estaria profundamente afetada se não houvesse tais medicamentos. O desembaraço político para com este tema, tem sido articulado nos EUA através de organizações governamentais que ditam as políticas de controle do tráfico de medicamentos. Neste sentido, Jorge Jaramillo, diretor do Fundo Nacional de Entorpecentes da Colômbia, uma das nações que é mais afetada por este problema, sustenta que pela ótica do castigo e da repressão do uso de substâncias que produzem dependência, afetando de maneira inicial o conjunto de saúde da população, colocou três entidades a debater suas posições: os fabricantes e boticários, a classe médica e as autoridades governamentais. A indústria farmacêutica que empregou como boticários e farmacistas, iniciou seu negócio desta maneira, vendendo drogas como o Cânhamo (maconha), a "dormideira", o Peyote (derivado de um cactus) e outras classes de opióides caseiros. Os médicos por sua vez participaram determinando quais medicamentos são admissíveis para cada caso. O Estado se empenhou na sua parte controlando, proibindo e determinando quais dos medicamentos deveriam ser considerados como "veneno" e quais outros deveriam ser ascessíveis à população. Assim as discussões evoluíram a um ponto em que a ciência médica realiza estudos sobre os efeitos de substâncias que causam dependência e o Estado estabelece regras nesta área. Por fora do debate, estariam os consumidores e os doentes que necessitam da medicação e os seus direitos acabam dependendo de decisões da justiça. Havia um consenso Somente no século XX é que se estabeleceram as regras que gerenciavam as questões de responsabilidades legais (internas e externas) a Convenção das Nações Unidas (1961), principal elemento jurídico sobre entorpecentes, cuja filosofia fundamental era manter o direito de se produzir e distribuir medicamentos perigosos, contando que não existissem desvios ou usos indevidos. O problema era que a Convenção da ONU havia planejado que este controle seria infalível. Para Jaramillo, "é muito difícil exercer um controle da venda de produtos e drogas como estimulantes e calmantes, porque nenhum Estado poderia restringir e ter um agente do governo trabalhando em cada caso de envio de drogas para exercer tal controle. O boticário e o farmacêutico por sua vez têm que confiar na idoniedade do médico ao receber uma receita". A psiquiatra colombiana Blanca López, chefe do departamento de doentes mentais na região de Bogotá, tem uma razão muito clara sobre a formulação e determinação das doses desses medicamentos. Para López a droga não proporciona mais que pouco tempo de ilusão de paz, de tranquilidade, de invulnerabilidade e de prazer. Cada vez precisa-se de uma maior quantidade do tóxico para satisfazer as necessidades acima descritas. Este aumento, diz a especialista, contribui para a degradação mental, moral e física, sobretudo nos toxicómonos de drogas clássicas como a morfina. O que será do futuro, ainda continua em aberto no debate. Mesmo que países como a Holanda apostem numa política que os viciados acabam sendo considerados pacientes que requerem tratamento e observação médica, os EUA têm reforçado a política proibicionista em que se penaliza a produção, o tráfico, a venda e o consumo de alguns medicamentos, considerando que o viciado seja um criminoso. A participação da ONU como instituição internacional, sustenta Jaramillo, continuará sendo fundamental para regular as diversas posições de um debate que não foi ainda concluído. Copyright © 2000 eHealth Latin America
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3641&ReturnCatID=1786

Índice de interação medicamentosa pode superar os 20% entre pacientes com múltipla prescrição

"A influência de um medicamento sobre o outro no organismo, provocando o que se chama de interação medicamentosa, na maioria das vezes reverte em prejuízos para os pacientes. Uma boa saída para evitar alterações é analisar com mais profundidade os hábitos do paciente no dia-a-dia. Isso porque as interações medicamentosas não são provocadas apenas pela relação medicamento-medicamento. Fatores externos como a poluição ambiental, além da alimentação, tabaco e as próprias doenças já existentes no organismo do paciente, podem resultar em efeitos inesperados quando associados a outras drogas". Maior Quantidade de Remédios Favorece os Efeitos Adversos no Organismo O aparecimento no mercado de novos tipos de medicamentos para o tratamento de diversos tipos de males tem contribuído para ampliar a quantidade de interações medicamentosas entre as pessoas que ingerem mais de um tipo de remédio. A interação medicamentosa ocorre quando há influência recíproca de um remédio sobre o outro. Isso porque quando um deles é administrado sozinho produz o efeito quase sempre esperado pelo médico. Já quando é receitado junto com outras drogas, ervas ou até mesmo alimentos, pode não ter o resultado que se deseja, o que caracteriza a interação. As interações medicamentosas, no entanto, não causam apenas efeitos maléficos ao organismo do paciente, retardando o tratamento. Estudos comprovaram que a consorciação entre o ácido acetilsalicílico, princípio ativo da conhecidíssima aspirina, e a dipirona, por exemplo, aumentam os efeitos terapêuticos. Até mesmo a ingestão de cafeína, contida no tradicional cafezinho, pode potencializar o efeito da aspirina no combate à dor de cabeça, outro exemplo de interação comprovado em estudos recentes. Entre as principais causas da ocorrência de interações medicamentosas está a prescrição de vários medicamentos para serem tomados ao mesmo tempo pelo mesmo paciente. Segundo estimativas, os casos variam em até 5% para os pacientes que fazem uso de diversos tipos de medicamentos e podem superar os 20% para pacientes que usam entre 10 e 20 tipos de remédios. Para o farmacêutico gaúcho Wilson Pereira de Souza, outro fator importante que favorece o surgimento dos efeitos das interações é o mau hábito dos brasileiros de tomarem medicamentos por conta própria. "A automedicação favorece em muito o surgimento de sintomas não desejáveis, além de representar um perigo real para a saúde", disse. Administração dos Medicamentos Têm Influência Decisiva A forma como o medicamento é administrado influencia na ocorrência ou não das interações medicamentosas. Se houver a necessidade do paciente ingerir mais de uma espécie de remédios, é recomendado que o faça em horários distintos, para que não haja o risco de ocorrer interação. Na opinião de Wilson Souza, há maiores possibilidades de que um determinado medicamento anule o efeito do outro quando são tomados entre um curto espaço de tempo. "Os farmacêuticos precisam ficar atentos a este tema, já que muitas vezes, os efeitos novos da interação não se manifestam nos primeiros dias", adverte. A forma de apresentação dos medicamentos, em comprimidos, drágeas, etc, também são fatores que levam às interações medicamentosas. De acordo com Souza, aqueles remédios que permanecem por mais tempo no organismo têm mais chance de interagir com outras novas drogas que o paciente venha a tomar. Idosos São os Mais Atingidos As condições físicas do paciente são determinantes para que ocorram os efeitos das interações decorrentes de medicamentos. Neste sentido, os idosos são as vítimas potenciais da múltipla prescrição. "Essa parcela da população sofre com os efeitos colaterais de apenas uma droga, imagine então quando são receitados diversos tipos de remédios", comenta o farmacêutico. Ele alerta que nestes casos, é preciso uma avaliação mais profunda sobre as condições físicas do paciente, para que não haja risco de uma interação medicamentosa mais adversa. Os mais idosos, ao lado dos recém-nascidos, são os mais afetados pelos efeitos contrários produzidos pelas interações medicamentosas. De um lado está o organismo já enfraquecido, do outro, um organismo ainda não totalmente preparado e amadurecido. Boas Condições de Saúde Evitam as Interações Existem diversos tipo de interações que estão ligadas às condições do próprio paciente. Neste caso, as pessoas consumidoras de álcool, os diabéticos e os que apresentam problemas de tireóide, por exemplo, podem desenvolver interações com determinados medicamentos, enquanto outros sem esses problemas, mas com a mesma prescrição, não serão vítimas dos efeitos de interação. Fatores internos e externos podem estimular o aparecimento dos efeitos do uso de diversos tipos de drogas ao mesmo tempo. Os pacientes com alterações nos rins, no fígado, ou com determinados hábitos alimentares e até mesmo submetidos à poluição do ar, possuem peculiaridades que aumentam os riscos da interação. No caso dos alimentos, a quantidade e o tipo ingeridos podem prejudicar a missão do medicamento no organismo. Na avaliação de Wilson Souza, os alimentos, assim como os remédios, são passíveis de provocar interações medicamentosas. A quantidade de fatores relacionados às condições dos pacientes é grande. A área médica considera atualmente este fator tão importante como as características dos próprios remédios. FDA Faz Advertência, Mas Consumo da Erva de São João Continua Embora a Food na Drug Administration (FDA), órgão dos Estados Unidos responsável pelos medicamentos, já tenha emitido uma advertência sobre interações provocadas pelo uso da erva de São João ('Hypericum perforatum') em consorciação com medicamentos anti-retrovirais, o consumo da planta permanece em alta. Por melhorar o desempenho do sistema imunológico, a planta vem sendo usada em grande escala pelos portadores do HIV. Segundo pesquisas realizadas na Alemanha e na Áustria, a planta possui uma substância chamada hypericina que também é altamente consagrada por sua ação anti-depressiva e capaz de reduzir os sintomas de melancolia, angústia, insônia, cefaléia, ansiedade, exaustão e pânico. Segundo matérias relativas à pesquisa realizada, a Europa hoje é líder na prescrição e consumo da erva de São João. Os números revelam que por ano são prescritas algo em torno de três milhões de receitas. De fato, de acordo com estudo realizado em 40 clínicas psiquiátricas da Alemanha, com 324 pacientes, ficou confirmado o efeito da erva no tratamento da depressão. O diretor do hospital médico da Universidade de Giessen, Helmut Woelk, chegou a afirmar, segundo notícias publicadas em jornais brasileiros, que a erva poderia ser considerada como primeira opção no tratamento de pacientes com depressão suave ou moderada. Os estudos de Woelk concluem que a erva é tão eficaz quanto a imipramina, comercializada no Brasil com nome TofranilÒ, com a vantagem de provocar menos efeitos colaterais. A Erva de São João já vem sendo reconhecida por alguns como uma espécie de Prozac natural, mas também está virando exemplo típico de interação medicamentosa entre os tratamentos alternativos e alopáticos. Em estudos realizados na Europa e Estados Unidos, ficou claro que a erva de São João pode interferir com a ação do medicamento indinavir, um inibidor usado para tratar a Aids. Médicos do Instituto Nacional de Alergia e Enfermidades Infecciosas, dos EUA, observaram que os pacientes que tomaram a erva e o medicamento juntos tiveram a concentração do antidepressivo reduzida acentuadamente no seu sangue. Outros pesquisadores, estes da Universidade de Zurique, mostraram que a erva interferia no efeito da ciclosporina, medicamento usado para prevenir a rejeição à órgãos transplantados. Na Inglaterra, o governo alertou o público também para as interações que a erva de São João pode causar em associação aos tratamentos de enfermidades cardíacas, asma, Aids e pílulas anticoncepcionais. Substâncias do Álcool e do Cigarro Interagem com Medicamentos Os hábitos individuais precisam ser analisados antes do fármaco prescrever. Isso porque os tipos de substâncias que são ingeridas regularmente pelo paciente precisam ser conhecidos para que os remédios receitados não provoquem alterações na eficácia terapêutica. As interações alimento-medicamento ocorrem da mesma forma que as de medicamento-medicamento. Um sinal de que poderá haver a interação é quando o paciente permanece na boca com o gosto desagradável do medicamento ingerido. A ocorrência de diarréia após o consumo de um medicamento pode sugerir a interação alimento-medicamento. As drogas sociais, álcool e tabaco, possuem a mesma influência que os alimentos. Como agente sedativo e hipnótico, o álcool (etanol) associado a outras drogas pode representar efeitos clínicos importantes. Os antidepressivos e as drogas sedativas são os exemplos mais comuns de interação com o álcool. O etanol também potencializa os efeitos farmacológicos de muitas drogas não-sedativas, como os vasodilatadores e os hipoglicêmicos orais. Em relação ao cigarro, a quantidade de substâncias liberadas, como o monóxido de carbono, cianureto, nicotina, significa um grande potencial o desenvolvimento de interações medicamentosas. Estudos a respeito da interação fumo-medicamento mostram que o cigarro pode reduzir a absorção de insulina, aumentar as chances de acidentes vascular encefálico e ainda provocar a cardiopatia isquêmica em mulheres que consomem anticoncepcionais orais. Copyright © 2001 eHealth Latin America 30 de Janeiro de 2001 http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3960&ReturnCatID=1786

Maioria das enfermeiras da emergência nos EUA sofre algum tipo de violência

Mais da metade das enfermeiras que trabalham nos setores de emergência de hospitais nos Estados Unidos relatam ser fisicamente atacadas no trabalho, com empurrões, chutes e safanões, segundo pesquisa realizada pela Associação de Enfermeiras da Emergência dos EUA. Entrevistando quase 3,5 mil enfermeiras americanas que trabalhavam na emergência, os especialistas descobriram que 25% delas haviam sofrido violência mais de 20 vezes nos últimos três anos; e 20% das participantes sofreram, no mesmo período, abuso verbal mais de 200 vezes. Além disso, aproximadamente 67% das enfermeiras classificaram a segurança no setor como cinco ou menor em uma escala que vai até dez, com um terço delas relatando considerar largar a profissão por causa da violência. Os resultados indicaram também que mais da metade das enfermeiras citaram, como desencadeadores da violência, um ou mais dos fatores a seguir: pacientes ou acompanhantes sob influência de álcool ou drogas ilícitas; pacientes psiquiátricos sendo tratados na emergência; setor muito cheio, espera prolongada; e escassez de enfermeiros no setor. "Pessoas que trabalham em profissões de ajuda não deveriam ter de colocar seu bem-estar físico e emocional de lado por suas ocupações", concluiu o pesquisador Bill Briggs, presidente da Associação. Fonte: Journal of Nursing Administration. Julho/Agosto de 2009.
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Longos turnos de profissionais de enfermagem e pacientes mais vulneráveis a risco podem ter relação

De acordo com uma pesquisa realizada nas John Hopkins University e University of Maryland School of Nursing, ambas localizadas nos Estados Unidos, pacientes podem correr maiores riscos quando enfermeiros trabalham turnos longos demais. De acordo com os dados coletados no hospital, o componente mais associado à mortalidade dos pacientes é, além dos longos turnos, a falta de tempo de folga dos enfermeiros. De acordo com os resultados do estudo, turnos de 12 horas afetam a qualidade do sono, e fazem com que os enfermeiros fiquem menos atentos. Essa profissão exige uma vigilância constante. Quando o enfermeiro está distraído ou sonolento, o paciente passa a correr riscos. “Agora que nós temos informação de que essas condições afetam o público adversamente, existem ainda mais razões para os prestadores de cada hospital e clínica observarem a situação e encontrarem soluções”, diz uma das autoras do estudo, Alison Trinkof. http://blogboasaude.zip.net/