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segunda-feira, 19 de março de 2018

Remédio comprado pelo governo é pouco eficaz, diz estudo

Apesar da polêmica, o Ministério da Saúde vai manter o processo de compra de um medicamento apontado por especialistas como pouco eficaz para tratar crianças com leucemi

A pasta anunciou que a compra do L-asparginase, produzido por um laboratório chinês, será mantida para atender pacientes de hospitais do SUS. Já instituições credenciadas e hospitais filantrópicos receberão verba para adquirir os remédios que acharem mais convenientes.

Nesta semana, estudo do Centro Infantil Boldrini, hospital filantrópico especializado em oncologia de Campinas, indicou que o L-asparginase não tem qualidade para uso em humanos. O trabalho foi publicado na revista EBioMedicine. “O produto tem eficácia comprometida e seu uso é uma imperícia ética e moral”, diz a presidente do Centro Boldrini, Silvia Brandalise.

O L-asparginase é comprado desde 2013 pelo governo para pacientes com leucemia mieoloide aguda. O remédio substituiu o asparginase, fabricado por uma indústria alemã. O resultado do estudo de Campinas é questionado pelo ministério. Segundo a pasta, o trabalho foi feito com um pequeno número de camundongos e os achados obtidos não podem ser extrapolados para humanos. Silvia discorda. “Não há como fazer o teste em humanos, por questões éticas. Sobretudo porque resultados foram ruins com animais.”

O ministério ainda diz que a publicação não se refere ao resultado de estudo científico e, sim, a um manuscrito de interpretação exclusiva do Boldrini, sem que outras entidades científicas tenham atestado. A compra do L-asparginase foi feita com base no menor preço. O objetivo era ofertar tratamento para 4 mil crianças.

A análise do Boldrini avaliou a presença de impurezas e a bioequivalência do medicamento. Como comparação, foi usado o remédio alemão. O medicamento chinês apresentou 398 contaminantes, muito acima dos 3 do alemão. A quantidade de impurezas, diz Silvia, eleva expressivamente o risco de reações alérgicas, além de comprometer a ação da droga.

O Estado de São Paulo

Anticoncepcionais hormonais e o risco de câncer de mama

EFEITOS COLATERAIS DOS ANTICONCEPCIONAIS HORMONAISUm novo estudo associou o uso de contraceptivo hormonal ao aumento de câncer de mama. Entretanto, o risco é relativo e deve ser analisado caso a caso

Um estudo publicado no New England Journal of Medidcine, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, revela que o risco de câncer de mama é maior para as pacientes usuárias de anticoncepcionais em relação àquelas que nunca recorreram ao medicamento. O estudo também afirma que o risco é elevado na medida em que aumenta o tempo de uso tanto para as mulheres que usam atualmente quanto para as que utilizaram no passado.

O estudo
A pesquisa foi realizada com 1,8 milhão de mulheres da Dinamarca, na faixa etária entre 15 e 49 anos, que não tinham tido câncer, assim como não tinham tido tromboembolismo ou feito tratamento para infertilidade. A partir do registro nacional, os pesquisadores obtiveram dados individualizados a respeito do uso de anticoncepcionais orais, diagnóstico de câncer de mama e fatores que pudessem confundir as informações. As pacientes foram acompanhadas por um tempo médio de 10 anos e foram identificados 11.517 casos de câncer de mama. Houve um caso a mais de câncer do que o esperado para cada 7.690 usuárias de anticoncepcionais hormonais.

Risco aumentado
Quando os dados foram comparados com os de mulheres que nunca usaram anticoncepcionais, o risco relativo de ter câncer de mama foi 20% superior em relação às não usuárias. O risco foi 9% superior a partir de um ano de uso e até 38% superior a partir de 10 anos. Isto significa, por exemplo, que se a chance de ter câncer de mama até os 50 anos é de 2%, para quem usou o medicamento por um ano o risco foi de 2,2%. E para quem usou por mais de 10 anos o risco foi de 2,76%. Não houve algum tipo de anticoncepcional que não tenha tido relação com aumentado risco, inclusive os DIUs com progesterona.

Contradição
Em contraste, estudos anteriores como o do Center of Disease Control (CDC) dos Estados Unidos e a mais atual análise do Royal College of General Practitioner do Reino Unido, não demonstraram aumento no risco de câncer de mama entre as usuárias de anticoncepcionais hormonais. Adicionalmente, reduzem o risco de câncer de ovário, de endométrio e câncer colorretal.

O estudo não avaliou o impacto na mortalidade geral por câncer. Além disso, mulheres que usam anticoncepcionais são bem mais acompanhadas em relação as que não usam. Talvez, quando a avaliação de mortalidade por câncer for analisada, o risco de morrer por esta doença em geral possa ser inclusive menor.

Não há motivo para pânico
Os anticoncepcionais hormonais representam uma das classes farmacológicas mais estudadas em todos os tempos e se associam com elevada segurança. Nem o estudo publicado, nem a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) ou a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomendam que as mulheres interrompam o uso do anticoncepcional que estiverem utilizando.

Baseado neste estudo e em estudos prévios sobre a relação entre o uso de anticoncepcionais orais e câncer de mama, a Sociedade Brasileira de Mastologia sugere que cada usuária de anticoncepcionais avalie ou discuta com o seu médico sobre o riscos e benefícios desta decisão. Isso porque o aumento do risco é relativo, dependendo da idade e do tempo de uso.

Veja