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Reprodução: Dermatoscopia digital |
Entenda como ele é feito e quais são os grupos de maior risco
O que é a dermatoscopia digital?
A dermatoscopia digital é o exame para o diagnóstico e prevenção do câncer de pele. Ele foi desenvolvido para que fosse possível, por meio da análise de uma fotografia ampliada das pintas na pele, identificar lesões de risco muito antes do olho do dermatologista. Entretanto, a dermatoscopia digital também pode ser usada para diagnosticar outras afecções de pele e cabelos, como diferenciar nevos de queratose seborreica, lentigos, e até mesmo problemas relacionados à queda de cabelos.
A diferença da dermatoscopia manual para a digital é que, na primeira, o dermatologista olha as pintas que tem relevância com o próprio dermatoscópio (um aparelho portátil que funciona como uma lente de aumento) e avalia naquele momento o risco de cada lesão. No mapeamento digital da pele há o registro das fotos do corpo todo e a documentação das lesões, para que os resultados possam ser acompanhados com o passar do tempo. Isso aumenta a sensibilidade de identificação de novas lesões ou mudanças importantes. Além disso, a dermatoscopia digital mostra uma imagem das pintas aumentada em 20 a 70 vezes, já o dermatoscópio manual o aumento é de 10 vezes e nem sempre é possível armazenar os dados.
Quando o exame é pedido?
Algumas pessoas são mais propensas a terem esse exame pedido pelo dermatologista:
- Pacientes com muitos nevos (pintas ou manchas) de pele
- Pacientes com a pele muito branca, olhos claros e ruivos
- Pessoas que tiveram grandes exposições ao sol ao longo da vida
- Histórico familiar ou pessoal de câncer de pele
- Pessoas com lesões de pele suspeitas
- Nevos congênitos (de nascença, principalmente os grandes)
- Alterações de pele mais raras como a síndrome do nevo displásico e o xeroderma pigmentoso.
Portanto, como regra geral, qualquer novo sinal na pele ou uma mudança em uma pinta ou mancha deve ser sinal de alerta para procurar um dermatologista. É importante procurar um profissional sempre que notar uma nova lesão ou quando uma lesão antiga tiver algum tipo de modificação.
Contraindicações
Não há nenhuma contraindicação absoluta, pois o paciente não é exposto a agentes químicos ou físicos que possam causar danos a sua saúde. O exame pode ser feito desde crianças até idosos - basta o dermatologista achar que seja necessário avaliar uma lesão importante mais a fundo e acompanha-la.
Preparação para o exame
Não há nenhuma preparação especial para o exame, mas pessoas com muitos pelos nas áreas com nevos podem ser solicitados a aparar a região, para facilitar a visualização e documentação das pintas. Como ele não envolve nenhum tipo de agente químico ou físico ou mesmo radiografia, você pode ir ao laboratório ou consultório com a roupa que quiser e bem alimentado.
Como é feito
Ao chegar ao laboratório ou consultório, o dermatologista pedirá para que você tire suas roupas, ficando apenas com as peças íntimas. Com uma câmara digital ligada a um computador e software específico serão realizadas fotos de todo corpo. Em seguida, são identificados no paciente e numerados (nas imagens recém registradas do corpo do paciente) os nevos e outras lesões suspeitas. O dermatologista então tira uma fotografia dermatoscópica de cada lesão de forma que se possa identificar a foto da pinta e seu local correspondente no corpo. A fotografia com o aumento possibilitado pelo dermatoscópio pode mostrar uma pinta com um tamanho até 70 vezes maior do que o original. Dessa forma, as estruturas presentes se tornam mais nítidas e são analisadas de acordo com padrões já estabelecidos para se avaliar o risco de cada uma.
Recomendações pós-exame
Após as fotografias serem retiradas, você pode ir para casa sem problemas. Não há nenhuma recomendação ou cuidado especial após a dermatoscopia.
Tempo de duração do exame
Depende do número de pintas. Se você fizer a dermatoscopia digital de uma pinta apenas, pode durar menos de cinco minutos. Se forem de 100 pintas, pode levar mais de uma hora.
Grávida pode fazer?
Gestantes podem fazer o exame de dermatoscopia digital normalmente.
Possíveis complicações
Não há nenhuma complicação possível nesse exame, uma vez que são feitas apenas fotografias.
Possíveis efeitos colaterais
Também não há qualquer tipo de efeito colateral na dermatoscopia.
O que significa o resultado do exame?
O resultado da dermatoscopia vem com um laudo impresso no qual consta a classificação das lesões. Dependendo do método de análise utilizado pelo dermatologista, pode haver um valor de referência numérico ou uma análise qualitativa - e nesse caso, não há notas para as pintas.
As classificações são:
- Baixo risco: pintas com características benignas.
- Risco moderado: quando uma lesão apresenta alguma alteração, (mesmo que discreta) que não permite afastar completamente risco de transformação naquele momento.
- Alto risco: lesão com probabilidade de virar câncer ou então um tumor já instalado. Sugere-se a retirada da lesão e o exame anatomopatológico para o diagnóstico.
Juntamente com esse laudo, o dermatologista recebe um CD gravado com as imagens digitais do corpo do paciente, os nevos identificados com números e com as respectivas fotos dermatoscópicas de cada lesão. Se houver lesões suspeitas de câncer de pele é sugerida a retirada dessas, em um procedimento chamado biópsia excisional.
Para outras lesões, que ainda é possível afastar totalmente a suspeita de câncer, pode ser sugerido o acompanhamento de curto prazo para avaliar se a lesão muda significativamente - se isso ocorrer, também é sugerida a retirada. A maioria das lesões provavelmente será considerada de baixo risco.
O que significam resultados anormais
Uma lesão suspeita é a pinta que apresenta bordas irregulares, coloração não uniforme, assimetria e/ou crescimento progressivo. Pode ser suspeita também uma pinta que já existia e começa apresentar modificações em suas características perceptíveis de um exame para outro.
Periodicidade do exame
- Baixo risco: o acompanhamento com o dermatologista é anual, para identificar possíveis mudanças nas pintas ao longo do tempo
- Risco moderado: é feito um novo exame só daquelas lesões suspeitas, três meses depois. Se elas sofrerem alguma alteração são classificadas como alto risco e é feita a biópsia excisional, se não mudar ela é classificada como baixo risco e o acompanhamento passa a ser anual.
- Alto risco: é feita a retirada da pinta (biópsia excisional) para análise e, se for constatado um câncer, é feito o estadiamento da doença, identificação do tipo de câncer e o paciente é encaminhado para o tratamento adequado.
Há mais alguma coisa que eu devo saber?
É muito importante que você conheça o seu próprio corpo e a sua pele, para identificar mudanças em suas pintas ou então novas lesões. Esse autoconhecimento possibilita um encaminhamento mais rápido para o dermatologista, e facilita a prevenção ou o diagnóstico precoce do câncer de pele.
Referências
- Fernando Sperandeo de Macedo, dermatologista do Fleury Medicina e Saúde.
- Ranaia Santana, dermatologista do Hospital Santa Luzia, em Brasília.
- Fernando Macedo, dermatologista da Clínica Image.
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