Uma equipe de farmacêuticos do Centro de Química e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) está desenvolvendo um dispositivo oftalmológico capaz de facilitar o combate ao glaucoma, mal que afeta o nervo responsável por levar informações visuais do olho ao cérebro.
O grupo já conseguiu fabricar lentes de contato que liberam timolol, composto presente em diversos colírios indicados para o tratamento dessa doença ocular. Assim, o medicamento acaba sendo depositado sobre o olho dia após dia e em pequenas doses. Fabricados a partir de silicone, os dispositivos conseguiriam manter a difusão do colírio de forma ininterrupta por até 30 dias.
O timolol retarda as atividades do chamado processo ciliar, conjunto de células responsáveis pela fabricação desse líquido.
O farmacêutico José Rogero afirma que as lentes de contato com colírio já estão prontas para passar por testes em humanos e sofrer adaptações industriais. Contudo, desde que chegou a esse estágio, o projeto perdeu parte de sua verba, vinda de uma empresa. Mas, para manter o trabalho nessa linha de pesquisa, Rogero está recorrendo agora ao setor veterinário.
Para conquistar o apoio do setor, ele tenta adaptar as lentes de contato, substituindo os colírios que poderiam auxiliar no tratamento das pessoas com glaucoma por medicamentos como anti-inflamatórios e antibióticos já recomendados para cães e gatos com problemas de visão.
O coordenador do projeto, o farmacêutico e bioquímico José Roberto Rogero afirma que o produto facilitaria a vida dos idosos que têm glaucoma. Como os idosos têm mais dificuldade em pingar colírios sozinhos, por exemplo, desperdiçando grandes quantidades de remédios nem sempre baratos, a lente ajudará muito, declara o pesquisador.
Um líquido chamado humor aquoso preenche uma estrutura do olho e quando este líquido continua a ser produzido, mas é escoado com dificuldades, surge o glaucoma. O resultado é o aumento da pressão sobre o nervo óptico, com a gradativa perda da visão.
Fonte Corposaun