Uma casa. Um carro. Uma carreira. Um cônjuge e 2 filhos… Se você optar por viver de forma convencional, você provavelmente vai passar os seus dias em busca de todos os itens que relacionamos anteriormente. A maioria deles está sob o seu controle.
Se você quer um carro ou uma casa, você economiza e compra. Se você quer ser um profissional bem sucedido, você estuda, se prepara e enfrenta o cruel mercado de trabalho.
“Mas se você deseja ter 2 filhos, o que acontece se o seu corpo não pode gerar nenhum? A infertilidade é algo sobre o qual não falamos muito. Assim, para concretizar o sonho de ter dois filhos é preciso romper a barreira do silêncio. O estigma e a vergonha relacionados à infertilidade nos impede de discutir o assunto de forma adequada”, afirma o ginecologista Nelson Júnior, diretor do Projeto ALFA, Aliança de Laboratórios de Fertilização Assistida.
O médico destaca que, há 25 anos, qualquer pessoa no mundo achava que a AIDS era uma doença contagiosa. “Hoje, como muita gente fala sobre a doença, sabemos bem quais são suas formas de transmissão. Mas em relação à infertilidade, ainda não chegamos no ponto em que as pessoas estão prontas para se abrir. Até mesmo a sociedade normatiza a infertilidade, não espere ver pessoas correndo maratonas gritando: ‘Eu sou infértil!’”, diz Nelson Júnior.
“Uma razão é porque ele gira em torno de sexo. E no momento em que alguém descobre que não pode se reproduzir, ele se sente ‘abandonado pelo próprio corpo’, que não está atuando do jeito que ‘deveria estar’. No entanto, por mais paradoxal que pareça, ‘a cura’ reside em falar sobre o funcionamento do seu sistema reprodutivo e da maneira como você faz sexo”, explica o ginecologista, que também é presidente da Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva.
E onde mais os aflitos com o problema podem buscar informações? “Na Internet, no Facebook, no Twitter e nos blogs. A web, muitas vezes, permite que você se mantenha no anonimato até estar disposto a compartilhar sua história. Redes sociais, blogs e fóruns de discussão reúnem os casais inférteis, ao mesmo tempo em que disseminam informações por meio de relatos pessoais”, diz o diretor do Projeto ALFA.
Para o médico, estes espaços na Internet também “apóiam e acolhem” os participantes. Mesmo diante do paradoxo de “reserva na vida pessoal” e de “abertura total na Web”, a Internet é concebida como uma instância de produção e articulação de sentidos que rompem com o modelo emissor-receptor de comunicação.
“A difusão de discursos sobre reprodução humana na Internet certamente auxilia a sociedade a compreender melhor o tema. Portanto, vamos utilizar a Internet para falar sobre infertilidade, para cutucar esta ferida social”, defende o ginecologista.
Fonte Corposaun
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