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quarta-feira, 19 de abril de 2017

Sepse: Uma das maiores causas de mortes que você provavelmente não conhece

Sepse mata cerca de 233 mil pessoas por ano em UTIs brasileiras, mas é desconhecida por 93% da população

 Patrick quase morreu de sepse quando bebê  (Foto: Patrick Kane/Divulgação)
Patrick quase morreu de sepse quando bebê (Foto: Patrick Kane/Divulgação) 

Eu praticamente morri sete vezes. Durante muito tempo, era uma incógnita se eu conseguiria sobreviver."

Patrick Kane quase morreu em decorrência de uma doença que mata mais pessoas por ano no Reino Unido do que câncer de intestino, mama e próstata juntos: a sepse.

No Brasil, a síndrome, que é responsável por cerca de 233 mil óbitos em UTIs, é desconhecida por nove em cada dez pessoas. Patrick tinha apenas nove meses quando um dia acordou passando mal, mole e apático.

O médico da família receitou o analgésico paracetamol, mas sua mãe continuou preocupada e decidiu levá-lo ao hospital.

No trajeto, porém, a situação se agravou rapidamente.

"Foi tudo muito rápido... logo na chegada eu tive falência múltipla de órgãos", conta.

Patrick passou três meses e meio internado no Hospital St Mary's, em Londres, onde teve alguns membros amputados: parte do braço esquerdo, os dedos da mão direita e a perna direita, abaixo do joelho.

Hoje, aos 19 anos, Patrick estuda bioquímica na Universidade de Edimburgo, na Escócia.

"Ou você conhece alguém que teve sepse, ou você nunca ouviu falar disso", diz ele à BBC.

A declaração do estudante é respaldada por uma pesquisa do Instituto Datafolha de 2014, encomendada pelo Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS).

De acordo com a pesquisa, realizada em 134 municípios brasileiros, 93,4% dos entrevistados nunca tinham ouvido falar sobre a doença, mais conhecida como infecção generalizada ou septicemia.

O que é sepse?
A sepse é uma resposta sistêmica do organismo a uma infecção, que pode ser causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários.

Normalmente, o sistema imunológico entra em ação para atacar a infecção e impedi-la de se espalhar. Mas, se ela consegue avançar pelo corpo, a defesa do organismo lança uma resposta inflamatória sistêmica na tentativa de combatê-la.

O ponto é que essa reação também representar um problema, uma vez que pode ter efeitos catastróficos no organismo.

Quando não diagnosticada e tratada rapidamente, ela pode comprometer o funcionamento de um ou vários órgãos do paciente e levar até a morte.

Qualquer processo infeccioso - seja uma pneumonia ou infecção urinária - pode evoluir para um quadro de sepse.

Quais são os sintomas?
O organização britânica UK Sepsis Trust, que se dedica a informar sobre a doença e a ajudar pacientes, lista seis sintomas que devem servir de alerta:
  • Fala arrastada
  • Tremores extremos ou dores musculares
  • Baixa produção de urina (passar um dia sem urinar)
  • Falta de ar grave
  • Sensação de que pode morrer
  • Pele manchada ou pálida
Já os sintomas em crianças pequenas incluem:
  • Aparência manchada, azulada ou pálida
  • Muito letárgico ou difícil de acordar
  • Pele fria fora do normal
  • Respiração muito rápida
  • Erupção cutânea que não desaparece quando você pressiona
  • Convulsão
"Os sintomas não são específicos, é difícil para a população em geral suspeitar que possa estar com sepse. Muita gente demora a procurar atendimento porque acha que os sintomas fazem parte do próprio quadro de infecção", afirma o intensivista Luciano Azevedo, presidente do ILAS.

"Assim, todas as pessoas que estão com uma infecção e apresentam pelo menos um dos sinais de alerta (citados acima) devem procurar imediatamente um serviço de emergência ou seu médico", recomenda.

O especialista lembra que idosos, crianças de até dois anos e pacientes com doença crônica não controlada ou deficiência do sistema imunológico apresentam um risco maior de desenvolver um quadro de sepse

Por que a mortalidade é tão alta?
Estudo realizado em 2014 pelo ILAS mostra que são registrados por ano 419.047 casos de sepse em UTIs brasileiras, sendo que 55,7% (233.409) destas ocorrências resultam em óbito.

De acordo com Azevedo, a alta taxa de mortalidade pode ser explicada por uma série de fatores. Primeiramente, pela falta de conhecimento da população em relação à doença e seus sintomas, o que leva à procura de atendimento médico tardio.

Uma vez no hospital, os pacientes se deparam muitas vezes com o despreparo dos próprios profissionais de saúde em fazer o diagnóstico precoce da doença, considerado fundamental para o sucesso do tratamento.

"Na sepse, à medida que o comprometimento sistêmico avança, aumenta muito a chance de o paciente não sobreviver ao tratamento. Diagnóstico e tratamento precoces salvam vidas", explica trecho da publicação Sepse: um problema de saúde pública, elaborada pelo ILAS, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, com o objetivo de orientar profissionais da saúde em relação à doença.

Além disso, existe a falta de infraestrutura da rede hospitalar - principalmente das emergências.

"Acredita-se que o número inadequado de profissionais para atendimento, ou seja, muito paciente para poucos médicos, e a dificuldade de acesso aos leitos das UTIs também colaboram para a elevada taxa de mortalidade", completa Azevedo.

Tratamento
O tratamento da sepse deve ser realizado idealmente em unidades de terapia intensiva, onde são administrados antibióticos para combater o foco da infecção.

A redução da carga bacteriana é fundamental para o controle da resposta inflamatória - condutas que visam à estabilização do paciente são consideradas prioritárias e devem ser tomadas imediatamente.

Em alguns casos, são necessárias ainda medidas de suporte, como a hemodiálise por causa da insuficiência renal ou a ventilação mecânica para controlar uma possível insuficiência respiratória.

"Esse tratamento de suporte substitui as funções do organismo que estão prejudicadas, enquanto o antibiótico faz efeito. E é fundamental que o paciente esteja sempre monitorado, em decorrência das complicações que pode vir a ter", explica Azevedo.

Regra para ácido fólico em farinhas é atualizada

tábua com pãoAnvisa implantou novas regras para adição de ferro e ácido fólico em farinhas de trigo e milho. Fabricantes tem 24 meses para se adequarem às exigências

Os requisitos para o enriquecimento de farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico foram atualizados. A Anvisa publicou, nesta segunda-feira (17/4), a Resolução RDC n° 150 de 2017. A norma atualiza a RDC n° 344, de 2002, que trata deste tema. O ácido fólico auxilia no combate à anemia e má formação de bebês durante a gestação.

O regulamento baseia-se nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e prevê quantidades mínimas de ferro e ácido fólico para cada uma das farinhas. Pelas novas regras, os fabricantes estão obrigados a enriquecer as farinhas de trigo e de milho com 4 a 9 mg de ferro para cada 100g de produto e com 140 a 220 µg de ácido fólico também para cada 100g de farinha.

Além disso, também foram alteradas as listas de compostos de ferro. Agora são permitidos apenas o sulfato ferroso e fumarato ferroso e de suas formas encapsuladas.

Informações nos rótulos
A medida também modifica as informações da rotulagem obrigatória. O rótulo deve esclarecer ao consumidor o objetivo e características da formulação. A farinhas deverão trazer uma frase que esclarece que o enriquecimento é uma estratégia para combate da má formação de bebês durante a gestação e da anemia, bem como um a informação sobre a faixa de enriquecimento.

A medida excluiu as farinhas de milho fabricadas pelos agricultores familiares, empreendedores familiares rurais, empreendimentos econômicos solidários e microempreendedores individuais, da obrigatoriedade de enriquecimento, tornando a medida proporcional à realidade produtiva desses segmentos, sem impactar negativamente na efetividade do enriquecimento para a população.

Por questões tecnológicas, também foram excluídas da fortificação as farinhas de biju, de milho flocada de trigo integral e de trigo durum, bem como os flocos de milho pré-cozidos. A resolução também não se aplica às farinhas de trigo e de milho contidas em produtos alimentícios importados.

Os fabricantes têm 24 meses para adequação das novas regras, de acordo com a RDC n° 150 de 17 de abril de 2017, publicada no Diário Oficial da União (DOU).

ANVISA