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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Luta contra o diabetes entra em uma nova era

Estudo apresentado em congresso nos Estados Unidos mostra eficácia de medicamento que reduz risco de eventos cardiovasculares e incidência de crises de hipoglicemia em pacientes graves 

Por Ellen Cristie

San Diego, Califórnia – Medicamentos com maior mecanismo de ação, atendimento personalizado ao paciente e uma visão mais refinada sobre as complicações do diabetes. Reunidos durante cinco dias em San Diego, na Califórnia, mais de 16 mil médicos e pesquisadores de 112 países participaram da 77ª edição das Sessões Científicas da Associação Americana de Diabetes e apontaram um novo momento para o tratamento do diabetes, doença que afeta 415 milhões de pessoas em todo o planeta.

Entre as novidades apresentadas durante o congresso, dois estudos chamaram a atenção da comunidade médica e prometem impulsionar novas descobertas para o tratamento de pacientes com diabetes. Ambos cumprem as normas do órgão regulador de saúde dos Estados Unidos – o Food and Drugs Administration (FDA), que nos últimos anos exige que todo medicamento prescrito para o controle do diabetes seja seguro do ponto de vista cardiovascular, ou seja, não contribua para o aumento de casos de doenças cardiovasculares, principal causa de mortes por diabetes, correspondendo a 60% dos óbitos de pacientes com a doença.

Um dos estudos, o Devote, comparou duas insulinas basais: o uso da degludeca e da glargina, durante dois anos, em 7.637 pacientes adultos com diabetes tipo 2 com alto risco de doenças cardiovasculares. Destes, 303 foram brasileiros captados em 10 centros de pesquisa. Os resultados foram positivamente surpreendentes. “A degludeca reduziu em 40% a taxa de hipoglicemia grave e em 53% a hipoglicemia noturna”, explica o cardiologista José Francisco Kerr Saraiva, professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas e coordenador de Normatizações e Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

A hipoglicemia ocorre quando os níveis de açúcar (glicose) no sangue estão abaixo dos índices considerados normais, ou seja, menores que 70mg/dl. A hipoglicemia é apontada como a principal complicação decorrente do uso da insulina, podendo levar à morte.

Nos casos mais graves, como no período noturno, o paciente com diabetes pode dormir e ser acometido de convulsões, alterações na pressão arterial, arritmias graves que podem anteceder à parada cardíaca, infarto do miocárdio, transtornos neurológicos e óbito, caso não seja socorrido a tempo.

Para José Francisco, assim como o diabetes, a hipoglicemia - dada a sua gravidade - é uma questão social que envolve não só o estilo de vida do paciente. “É também um problema dos médicos que precisam se aprofundar no assunto, do governo que precisa priorizar a saúde, das famílias que não se envolvem com o momento correto da alimentação do diabético, dos pais que comem açúcar na frente dos filhos diabéticos, dos cuidadores, enfim, de todos os envolvidos com os cuidados desse paciente”, comenta.

Marco no Tratamento
Outro estudo apresentado durante o congresso foi o programa Canvas, que demonstrou a eficácia da canagliflozina na prevenção de eventos cardiovasculares. A pesquisa contou com mais de 10 mil pacientes com diabetes tipo 2 de 30 países e o medicamento reduziu em 14% o risco de doenças cardiovasculares e em 33% o risco de hospitalizações em decorrência de insuficiência cardíaca, além de impactar a progressão da doença renal e diminuir os níveis de açúcar no sangue.

A droga também mostrou-se eficaz na redução da pressão arterial e na perda de peso. Segundo Vlado Perkovic, diretor do The George Institute, na Austrália, e co-autor do estudo, os resultados podem ser considerados um marco no tratamento do diabetes tipo 2. “A canagliflozina não somente reduziu o risco de doenças cardíacas como também oferece proteção contra insuficiência renal, problema que afeta milhares de pessoas com diabetes.”

Palavra de especialista
Freddy Goldberg Eliaschewitz, endocrinologista, líder nacional do estudo Devote e diretor do Centro de Pesquisas Clínicas (CPClin)

Resultado relevante “A hipoglicemia não é apenas um incômodo que o paciente com diabetes sente. Ela é um fator de risco da doença e a principal barreira para que o indivíduo consiga alcançar o controle metabólico de seu organismo. É por isso que os resultados do Devote são relevantes. Além de ser um estudo com baixa taxa de abandono, menos de 2% dos pacientes deixaram o tratamento, comprovou-se que a insulina degludeca é eficiente na redução de casos de hipoglicemia e na consequente diminuição de complicações cardiovasculares nos pacientes. Existem entre 10 milhões e 14 milhões de brasileiros com diabetes tipo 2.

Longo Caminho a Percorrer no Brasil
Embora as pesquisas sobre o diabetes tenham evoluído a passos largos nos últimos anos - tendo a tecnologia como aliada - com medidores de glicose cada vez mais modernos, canetas aplicadoras de insulina e bombas de infusão quase indolores - não há como negar que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer no que se refere ao atendimento adequado ao paciente.

Segundo o endocrinologista Rodrigo Moreira, da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e coordenador científico do ADA pela Sociedade Brasileira de Diabetes, é possível encontrar no Brasil praticamente todos os remédios existentes em países desenvolvidos, como os EUA.

“Temos liraglutida, dulaglutida, empagliflozina, canagliflozina e dapagliflozina, ou seja, quase tudo o que os EUA têm, com duas exceções, e com a diferença de que lá o governo oferece essa gama de medicamentos gratuitamente. No Brasil, não”, comenta.

O custo de um paciente diabético que usa remédios e insulina no Brasil pode variar de R$ 150 a R$ 300 por mês, sem contar os equipamentos eletrônicos que facilitam a vida dos pacientes. “Apesar de estarem disponíveis, atendem apenas uma pequena parcela da população.”

Inimigo Desconhecido
Rodrigo Moreira enfatiza que o quadro de diabetes no Brasil torna-se preocupante à medida que as estatísticas crescem. “Existem entre 10 milhões e 14 milhões de brasileiros com diabetes tipo 2. E estima-se que a metade não sabe que tem diabetes e o problema já começa aí.”

Ele explica que ter a glicose alta (veja tabela) não significa necessariamente que o paciente vá ter ou perceber os sintomas. Muitas vezes, a doença é assintomática, mesmo que a pessoa apresente índices de glicemia entre 150 e 250. “Ao ser diagnosticado, o que pode demorar entre 3 e 5 anos até que ele chegue ao consultório, a glicose alta do paciente de diabetes tipo 2 já está atacando os olhos, o rim, o nervo, as artérias.” O endocrinologista ressalta que outro erro é atrelar o diabetes somente ao açúcar. “As pessoas se esquecem do arroz, do macarrão, da farinha etc.”

O que mais impressiona é que um simples exame de sangue é um indicativo para o quadro de diabetes e, mesmo apresentando índice glicêmico elevado, muitas pessoas preferem seguir em frente, sem procurar tratamento. “Há duas formas de tratar o diabetes: o paciente pode simplesmente ter glicose alta, tomar remédio e não fazer nada. Passado um tempo, a dose de medicação aumenta e ele continua sem fazer nada. Vira uma bola de neve. Ou ele pode se cuidar e ter qualidade de vida com alimentação balanceada e atividade física regular”, completa Rodrigo Moreira. * A jornalista viajou a convite da Novo Nordisk.

Glicose no Sangue Níveis para o resultado do exame de glicemia em jejum
  • Até 99mg/dl - normal
  • Entre 100 e 126mg/dl - pré-diabetes
  • Acima de 126mg/dl - diabetes
* A jornalista viajou a convite da Novo Nordisk.

Foto: Reprodução

Saúde Plena

Lei que proíbe fumar em locais fechados ajudou a reduzir quase 800 mortes em SP

Penalidade para quem descumprir a lei vai desde multa de R$ 1.253,50 até o fechamento do estabelecimento por 30 dias se houver caso de reincidência

No mês em que é celebrado o oitavo aniversário da Lei Antifumo no Estado de São Paulo, os paulistas terão bons motivos para comemorar: desde que a norma foi implementada, em 2009, o número de doenças provocadas pelo tabagismo diminuíram, e a quantidade de óbitos por essas enfermidades também foi menor.

Uma análise feita em um período de 17 meses constatou que a lei que restringe o público de fumar cigarros e seus derivados em ambientes parcialmente ou totalmente fechados foi responsável por evitar quase 800 óbitos, sendo 571 mortes por infarto e 228 mortes por acidente vascular cerebral. As informações são da tese de doutorado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, finalizada em outubro do ano passado.

O Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da FMUSP constatou que a aplicação da lei teve impacto na redução do número de internações por doença cardiovascular e acidente vascular cerebral. Os resultados apontam que, entre agosto de 2005 e julho de 2009, a queda no número de internações por essas enfermidades era de 1% ao ano. Já, de agosto de 2009 a julho de 2010, essa queda foi três vezes mais rápida, atingindo 3% ao ano.

A lei, pioneira no Brasil na época, proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno em ambientes total ou parcialmente fechados. Criticada por muitos fumantes nos primeiros meses de implementação, hoje já é vista como algo natural para a população paulista.

Multa
Raros são os ambientes que descumprem essa norma, que prevê multa de R$ 1.253,50 para o estabelecimento que não aderirem a prática, e que dobra o valor em casos de reincidência.A terceira vez que a irregularidade for constatada, o local é interditado por 48 horas e, na quarta, é fechado por 30 dias.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que até meados de maio deste ano, mais de 3.700 multas foram aplicadas, em mais de 1,7 milhão de inspeções realizadas. O índice de cumprimento da legislação é de 99,7% nos estabelecimentos, desde que a norma entrou em vigor. As regiões com maior número de infrações foram a capital, com 1.043 multas, seguida pela Baixada Santista, com 339 penalidades e o Grande ABC, com 301 locais irregulares.

Para a professora Laura Franco, 38 anos, e fumante há 15, no início foi difícil se acostumar, mas hoje reconhece os benefícios da lei. “Estávamos acostumados a encontrar os amigos no bar e fumar enquanto comíamos e bebíamos. Com a proibição, até deixei de frequentar certos lugares, que demoraram um pouco para se adaptarem com áreas para fumantes. Mas, depois de um tempo percebi que meu cigarro poderia estar atrapalhando algumas pessoas e dessa forma [com a Lei Antifumo] ficava mais justo para todos”, finalizou

Tabagismo
O Ministério da Saúde afirma que, conforme muitos estudos já comprovaram, o tabagismo é responsável por 25% das mortes por angina e infarto do miocárdio, 90% dos casos de câncer no pulmão, 25% das doenças vasculares e 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer. Segundo o órgão, o fumo passivo também é um problema sério que atinge pessoas que, mesmo não sendo consideradas fumantes, acabam ficando expostas à fumaça dos derivados do tabaco quando convivem com fumantes em ambientes fechados.

“Os fumantes passivos sofrem os efeitos imediatos da poluição tabagista ambiental, tais como: irritação nos olhos, tosse e dor de cabeça. A possibilidade de ocorrer problemas cardíacos se torna maior, como por exemplo, a elevação da pressão arterial. As crianças de baixa idade, em especial, são as mais prejudicadas em sua convivência com fumantes”, esclarece a pasta.

iG

Novas tecnologias no cuidado aos pacientes é tema de congresso internacional do CBA/JCI

Entre os dias 17 e 19 de setembro, acontece, no Rio de Janeiro, o IV Congresso Internacional CBA 2017. Promovido pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) em parceria com a Joint Commission International (JCI), maior agência verificadora da qualidade em saúde do mundo com mais de 960 instituições acreditadas, o evento tem como tema Saúde 2.0: tecnologias emergentes e a qualidade do cuidado

Estarão em debate durante o Congresso as inovações na gestão dos hospitais, o uso de inteligência artificial e sistemas de apoio à decisão clínica e de grandes bancos de dados com enfoque clínico, dispositivos e sistemas de monitoramento remoto de pacientes, telemedicina, diagnósticos, consultoria e educação continuada à distância, entre outros.

O evento vai contar com importantes especialistas da área nos painéis e conferências programados. O professor de Medicina de Harvard e ex-presidente da International Society for Quality in Health Care (ISQua), David Bates (EUA), vai fazer, no dia 18, um panorama geral sobre o tema do Congresso, com comentários do Superintendente do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), Miguel Cendoroglo.

Ainda na segunda-feira, o CEO da United Health Group Brasil e ex-presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Cláudio Lottemberg, ministrará Conferência Magistral sobre tecnologia aplicada ao cuidado da saúde. John Li, epidemiologista e diretor do Research and Analysis Company – Optum (Inglaterra), companhia de inovação e serviços de saúde, fará um painel sobre a análise de dados e modelagem preditiva, sistema de suporte a decisões que utiliza estatísticas e modelos matemáticos para prever resultados futuros, na estratificação do risco em instituições de saúde.

No último dia de evento, a exposição da CEO da JCI, Paula Wilson (EUA), sobre o tema geral do Congresso e suas implicações no processo de acreditação abre a programação e vai contar com comentários do coordenador de desenvolvimento e Tecnologias Emergentes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), Jefferson Gomes Fernandes, e da coordenadora da Qualidade do Hospital José de Almeida (Grupo Lusíadas – Portugal), Ana Rafaela Prado.

Pré-Congresso
No dia 17 de setembro, acontecem três cursos livres, ministrados por especialistas do CBA, no chamado pré-Congresso. Os cursos vão abordar os temas Introdução aos Padrões do Manual de Cirurgia Segura do CBA e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC); Introdução aos Padrões do Manual de Acreditação de Operadoras de Planos de Saúde e Introdução à Acreditação Hospitalar (6a Ed. Manual de Padrões de Acreditação da Joint Commission International para Hospitais).

Sessão de Pôsteres
Até o dia 14 de agosto, a organização do IV Congresso Internacional CBA 2017 está selecionando trabalhos científicos, que farão parte de uma publicação científica oficial e indexada do CBA e serão apresentados como pôsteres digitais, em uma sessão específica, durante a programação do evento. Os trabalhos devem ser elaborados dentro do tema geral do Congresso, conforme as categorias: Processos clínicos/assistenciais; Processos administrativos/gerenciais e Processos de educação de pacientes e colaboradores.

Os trabalhos serão selecionados pelo Comitê de Ensino do CBA, segundo os critérios de Inovação/Relevância, Consistência, Impacto e Origem. A divulgação dos selecionados será feita até o dia 1º de setembro.

Como se inscrever?
Para mais informações sobre o pré-Congresso e o IV Congresso Internacional CBA 2017, inclusive sobre as inscrições de trabalhos científicos, acesse o site http://eventos.cbacred.org.br/congresso-internacional-2017/ ou entre em contato pelo e-mail cba@cbacred.org.br ou pelo telefone (21) 3299-8200. O evento acontece no Windsor Barra Hotel, localizado na Avenida Lúcio Costa, 2.630, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Foto: Reprodução

Nathália Vincentis
Jornalismo
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