Sensação de bexiga cheia, vontade de urinar a todo instante e dores são alguns dos sintomas da hiperplasia prostática benigna (HPB).
Caracterizada pelo aumento da próstata, que cresce com a irrigação excessiva de sangue, a glândula inchada obstrui a uretra e, com isso, a urina é impedida de sair. Comum em homens com mais de 50 anos, um dos fatores de risco da enfermidade é a presença de testosterona na próstata — o hormônio da masculinidade produzido pelos testículos.
Segundo especialistas do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC), de 80% a 90% dos homens nessa faixa etária podem ou vão desenvolver a doença. Contudo, pesquisadores do HC desenvolveram um tratamento eficaz e minimamente invasivo denominado embolização das artérias da próstata. Com a técnica — aplicada a doenças ginecológicas desde a década de 1990 —, a pessoa volta a urinar poucos dias após ao procedimento, além de ter as funções sexuais preservadas.
O novo procedimento cirúrgico não exige internação do paciente e é feito com anestesia local. O chefe do Serviço de Radiologia Intervencionista do Hospital das Clínicas, Francisco Cesar Carnevale, explica que o método é semelhante ao cateterismo, em que um tubo flexível de 2mm é introduzido na artéria femoral (virilha) e com a orientação de um aparelho que emite raios X, o tubo navega até a próstata injetando uma substância feita de resina acrílica, parecida com um grão de areia. O objetivo do procedimento é interromper a circulação sanguínea que irriga a próstata, resolvendo o problema e preservando o órgão.
Sem irrigação sanguínea, a próstata atrofia-se e os sintomas desaparecem. A técnica não provoca dor nem perda de sangue. “Depois da intervenção, a próstata diminui de tamanho e alivia a obstrução da uretra permitindo a passagem da urina”, descreve Carnevale. A embolização é utilizada também em tratamentos de miomas uterinos e outros tumores.
Bateria de exames
De acordo com o especialista, o estudo inicial foi realizado com 11 pacientes com casos agudos de HPB e que usavam sonda vesical (cateter introduzido na bexiga, através da uretra, para drenagem de urina)devido à falha do tratamento medicamentoso. Antes, os pacientes foram submetidos a exames físicos pelo urologista, dosagem no sangue do antígeno específico da próstata (PSA), ultrassonografia e ressonância magnética da próstata. O sucesso do tratamento alcançou 91%, com redução de aproximadamente 30% do tamanho da próstata. “Dos 11 pacientes tratados no estudo inicial, 10 voltaram a urinar espontaneamente nos dias seguintes ao procedimento”, recorda.
O professor da divisão de urologia do HC Alberto Antunes explica que o tratamento cirúrgico atual e padrão ouro para a doença é a ressecção transuretral (RTU), prescrito quando a glândula tem até 80g, consiste na remoção do tecido interno da próstata. O procedimento é realizado por visualização da próstata via uretra e da remoção do tecido com uso de eletrocautério. É considerado o tratamento mais eficiente para HPB. Os resultados são considerados excelentes para 80% a 90% dos pacientes. “A aplicação de laser pode ser feita com segurança e eficácia para desobstrução urinária”, afirma o médico.
Um dos principais benefícios da embolização se dá exatamente por ela ser minimamente invasiva, pois não necessita de corte nem de internação, e é feita com anestesia local além de ser indicada para próstatas de diversos tamanhos. “Não compromete a função sexual e, caso necessário, não impossibilita a realização de outros tipos de tratamentos cirúrgicos tradicionais”, destaca Francisco Carnevale.
A técnica não é a cura da doença, ponderam os médicos, mas pode proporcionar a melhora parcial ou total dos sintomas do trato urinário baixo (prostatismo) causados pelo crescimento da próstata. “É mais uma alternativa de tratamento para os pacientes”, opina Antunes.
Para o aposentado Frederico (*) de 58 anos, a notícia sobre o novo tratamento é a certeza de que em breve o problema dele será resolvido. Ele afirma que a doença mexeu tanto com a autoestima quanto com a qualidade de vida. “Quando chego em um local, a primeira coisa que procuro é o banheiro porque a vontade de fazer xixi é sempre urgente”, descreve. Para Frederico, esse descontrole é a pior parte da doença.
Ele conta que os sintomas começaram há 10 anos, porém a doença só foi diagnosticada há menos de dois. Mesmo sentindo algumas dores, o aposentando diz preferir tomar os medicamentos a se submeter às cirurgias tradicionais por temer os efeitos colaterais. “Existe um risco de interferir na questão sexual e quanto a isso eu não quero arriscar”, preocupa-se.
O urologista Alberto Antunes explica que o diagnóstico da HPB é realizado verificando o aumento de volume da próstata, por meio do toque retal. “O teste de PSA deve sempre ser realizado para descartar a presença de câncer da próstata”, aconselha. Segundo ele, nos pacientes sintomáticos, exames complementares como ultrassonografia e urofluxometria devem ser feitos para ajudar a avaliar a repercussão da obstrução prostática sobre o trato urinário.
Evolução
Antes de se submeter à técnica, Antunes ressalta que é necessário o paciente passar por uma avaliação em que pode ser classificado como um sintomático leve, moderado ou grave. “Por fim, podem surgir complicações como sangramentos urinários de repetição, infecções urinárias, dilatação dos rins e retenção urinária aguda”, pontua.
Para o médico, que também orientou as pesquisas do HC, a diferença entre o tratamento tradicional e a embolização é que este pode ser feito com anestesia local e a pessoa pode ter alta no mesmo dia. “Apenas não sabemos ainda como é a evolução a longo prazo da embolização, pois trata-se de um método mais recente”, pondera.
Carnevale destaca que o sucesso do tratamento já aparece em estudos publicados pela equipe do HC em periódicos científicos internacionais e vem sendo apresentado em congressos nacionais e internacionais. O próximo passo da pesquisa é comparar a cirurgia por ressecção transuretral com a embolização das artérias da próstata. “Médicos de vários países estão sendo treinados nessa técnica para realizar um estudo multicêntrico internacional”, conta.
Segundo especialistas do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC), de 80% a 90% dos homens nessa faixa etária podem ou vão desenvolver a doença. Contudo, pesquisadores do HC desenvolveram um tratamento eficaz e minimamente invasivo denominado embolização das artérias da próstata. Com a técnica — aplicada a doenças ginecológicas desde a década de 1990 —, a pessoa volta a urinar poucos dias após ao procedimento, além de ter as funções sexuais preservadas.
O novo procedimento cirúrgico não exige internação do paciente e é feito com anestesia local. O chefe do Serviço de Radiologia Intervencionista do Hospital das Clínicas, Francisco Cesar Carnevale, explica que o método é semelhante ao cateterismo, em que um tubo flexível de 2mm é introduzido na artéria femoral (virilha) e com a orientação de um aparelho que emite raios X, o tubo navega até a próstata injetando uma substância feita de resina acrílica, parecida com um grão de areia. O objetivo do procedimento é interromper a circulação sanguínea que irriga a próstata, resolvendo o problema e preservando o órgão.
Sem irrigação sanguínea, a próstata atrofia-se e os sintomas desaparecem. A técnica não provoca dor nem perda de sangue. “Depois da intervenção, a próstata diminui de tamanho e alivia a obstrução da uretra permitindo a passagem da urina”, descreve Carnevale. A embolização é utilizada também em tratamentos de miomas uterinos e outros tumores.
Bateria de exames
De acordo com o especialista, o estudo inicial foi realizado com 11 pacientes com casos agudos de HPB e que usavam sonda vesical (cateter introduzido na bexiga, através da uretra, para drenagem de urina)devido à falha do tratamento medicamentoso. Antes, os pacientes foram submetidos a exames físicos pelo urologista, dosagem no sangue do antígeno específico da próstata (PSA), ultrassonografia e ressonância magnética da próstata. O sucesso do tratamento alcançou 91%, com redução de aproximadamente 30% do tamanho da próstata. “Dos 11 pacientes tratados no estudo inicial, 10 voltaram a urinar espontaneamente nos dias seguintes ao procedimento”, recorda.
O professor da divisão de urologia do HC Alberto Antunes explica que o tratamento cirúrgico atual e padrão ouro para a doença é a ressecção transuretral (RTU), prescrito quando a glândula tem até 80g, consiste na remoção do tecido interno da próstata. O procedimento é realizado por visualização da próstata via uretra e da remoção do tecido com uso de eletrocautério. É considerado o tratamento mais eficiente para HPB. Os resultados são considerados excelentes para 80% a 90% dos pacientes. “A aplicação de laser pode ser feita com segurança e eficácia para desobstrução urinária”, afirma o médico.
Um dos principais benefícios da embolização se dá exatamente por ela ser minimamente invasiva, pois não necessita de corte nem de internação, e é feita com anestesia local além de ser indicada para próstatas de diversos tamanhos. “Não compromete a função sexual e, caso necessário, não impossibilita a realização de outros tipos de tratamentos cirúrgicos tradicionais”, destaca Francisco Carnevale.
A técnica não é a cura da doença, ponderam os médicos, mas pode proporcionar a melhora parcial ou total dos sintomas do trato urinário baixo (prostatismo) causados pelo crescimento da próstata. “É mais uma alternativa de tratamento para os pacientes”, opina Antunes.
Para o aposentado Frederico (*) de 58 anos, a notícia sobre o novo tratamento é a certeza de que em breve o problema dele será resolvido. Ele afirma que a doença mexeu tanto com a autoestima quanto com a qualidade de vida. “Quando chego em um local, a primeira coisa que procuro é o banheiro porque a vontade de fazer xixi é sempre urgente”, descreve. Para Frederico, esse descontrole é a pior parte da doença.
Ele conta que os sintomas começaram há 10 anos, porém a doença só foi diagnosticada há menos de dois. Mesmo sentindo algumas dores, o aposentando diz preferir tomar os medicamentos a se submeter às cirurgias tradicionais por temer os efeitos colaterais. “Existe um risco de interferir na questão sexual e quanto a isso eu não quero arriscar”, preocupa-se.
O urologista Alberto Antunes explica que o diagnóstico da HPB é realizado verificando o aumento de volume da próstata, por meio do toque retal. “O teste de PSA deve sempre ser realizado para descartar a presença de câncer da próstata”, aconselha. Segundo ele, nos pacientes sintomáticos, exames complementares como ultrassonografia e urofluxometria devem ser feitos para ajudar a avaliar a repercussão da obstrução prostática sobre o trato urinário.
Evolução
Antes de se submeter à técnica, Antunes ressalta que é necessário o paciente passar por uma avaliação em que pode ser classificado como um sintomático leve, moderado ou grave. “Por fim, podem surgir complicações como sangramentos urinários de repetição, infecções urinárias, dilatação dos rins e retenção urinária aguda”, pontua.
Para o médico, que também orientou as pesquisas do HC, a diferença entre o tratamento tradicional e a embolização é que este pode ser feito com anestesia local e a pessoa pode ter alta no mesmo dia. “Apenas não sabemos ainda como é a evolução a longo prazo da embolização, pois trata-se de um método mais recente”, pondera.
Carnevale destaca que o sucesso do tratamento já aparece em estudos publicados pela equipe do HC em periódicos científicos internacionais e vem sendo apresentado em congressos nacionais e internacionais. O próximo passo da pesquisa é comparar a cirurgia por ressecção transuretral com a embolização das artérias da próstata. “Médicos de vários países estão sendo treinados nessa técnica para realizar um estudo multicêntrico internacional”, conta.
Fonte Correio Braziliense