Doença crônica que afeta as vias respiratórias e o pulmão, a asma atinge 6,4 milhões de brasileiros acima de 18 anos, segundo Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Ministério da Saúde e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
As mulheres são as mais acometidas pela doença: cerca de 3,9 milhões delas afirmaram ter diagnóstico da enfermidade contra 2,4 milhões de homens, ou seja, prevalência de 39% a mais entre o sexo feminino.
A PNS é o primeiro estudo que monitora a ocorrência da asma em adultos no país. “A doença é mais comum em crianças e tende a desaparecer, na maioria dos casos, com o desenvolvimento do sistema imunológico”, observa a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta. Na sua avaliação, a ocorrência mais acentuada entre as mulheres pode ser explicada pelo fato de que elas procuram mais os serviços de saúde e, por isso, apresentam maior oportunidade de diagnóstico.
A estudante Caroline Schlucat, 21 anos, natural de Brasília, faz parte dessa estatística. Ela conta que suas memórias de infância são da convivência com os sintomas e crises de asma. “Eu sempre convivi com a asma, mas foi na infância que tive mais problemas. Nessa época, eu era internada pelo menos uma vez por mês. Nas crises, tenho dificuldades para respirar, meus lábios ficam roxos nos cantos e sinto cansaço. No meu caso, a baixa imunidade é a pior consequência da asma. Durante os tratamentos, cheguei a ter pneumonia, gripe e viroses”, relembra.
Doença é responsável por mais de 100 mil internações no SUS
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 300 milhões de pessoas no mundo, incluindo crianças, sofrem com a asma. Seu sintoma é caracterizado, principalmente, por dificuldade respiratória (falta de ar), tosse seca, chiado ou ruído no peito e ansiedade. Isso ocorre porque os brônquios do asmático são mais sensíveis e tendem a reagir de forma mais abrupta quando há exposição aos diferentes desencadeadores da doença: frio, mudança de temperatura, fumaça, ácaros ou fungos, e até mesmo odores fortes. A manifestação da doença é ainda mais frequente pela manhã ou no período da noite.
Segundo Deborah Malta, a asma pode ser assintomática em adultos, sendo as crises mais frequentes em crianças. Devido sua frequência e risco de desfecho grave do quadro clínico, a asma é considerada uma prioridade de atendimento em saúde. “Em crianças, a doença leva a internações frequentes e se não houver atendimento adequado pode levar a óbito”, enfatiza Deborah. A OMS também classifica essa doença respiratória crônica como prioridade para controle.
No Brasil, a asma é responsável por número representativo de internações hospitalares. Somente em 2014, período de janeiro a novembro, foram 105,5 mil internações pela doença originando um custo de R$ 57,2 milhões para a rede pública de saúde – segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH).
Para os que já têm diagnóstico de asma, a recomendação médica é procurar imediatamente o serviço de saúde em qualquer caso de dificuldade respiratória. “Estudos mostram que a manifestação da doença está associada à predisposição genética, além de componentes emocionais e sociais relacionados com o estilo de vida”, destaca a diretora do Ministério da Saúde, Deborah Malta.
Ela orienta para a necessidade de cuidados especiais em relação aos fatores desencadeadores da doença, como forma de prevenção de crises. Segundo a diretora, esses pacientes precisam ter atenção com a presença de componentes alérgicos no ambiente em que vivem, como tapete, cortina, colchas de cama que devem ser sempre higienizados. É preciso ainda evitar o uso de roupas de lã. Animais de estimação também podem levar a reações alérgicas nessas pessoas. Em época de chuva, deve-se estar atento a presença de mofo e infiltração nos lares.
Uso de medicamentos é importante para controle da asma
Mesmo não tendo cura para asma, há tratamento e medicamentos específicos para diminuir os sintomas e o agravamento da doença, proporcionando maior qualidade de vida para os asmáticos. Por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a pessoa asmática tem acesso a atendimento integral e gratuito. Diagnosticada com asma aos quatro anos, a educadora física Elisa Gomes Pinto, 31 anos, que mora em Brasília (DF), começou a conviver com a doença na mesma época em que seus pais enfrentavam processo de separação. Desde então, faz uso de bombinha de asma e atualmente, quando em crise, usa o Salbutamol (broncodilatador). Ela afirma se sentir mais tranquila por saber que o Programa Farmácia Popular disponibiliza os medicamentos para a doença. “Só quem tem asma sabe o quanto é ruim conviver com essa doença crônica, ser dependente de medicamentos, e ter que sempre ter uma bombinha para estabilizar o quadro de imediato, quando se está em crise”, diz. “Poder encontrar medicamentos na rede pública é uma segurança”, acrescenta.
Como retirar medicamento no Programa Farmácia Popular
Os medicamentos definidos para o tratamento de asma são distribuídos gratuitamente aos usuários. Para retirar, o cidadão deve apresentar o documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro do prazo de validade (120 dias). A receita pode ser emitida tanto por um profissional do SUS quanto por um médico que atende em hospitais ou clínicas privadas.
Em uma das mais de 32 mil farmácias do programa (
lista de unidades), os pacientes encontram os três principais medicamentos para o tratamento da doença (brometo de ipratrópio, diproprionato de beclometasona e sulfato de salbutamol), em suas diferentes dosagens. Só em 2014, 1,4 milhão de pessoas foram atendidas com medicamentos para asma no Programa Farmácia Popular do Brasil.
Nos casos em que há evolução do quadro do paciente, se houver necessidade clínica, é possível ainda obter a complementação do tratamento com medicamentos do chamado componente especializado.
Após diagnóstico e prescrição correta, a rede pública de saúde oferece de graça os remédios – budesonida, fenoterol, formoterol e salmorerol – os quais devem ser retirados nos serviços estaduais, responsáveis pela compra e distribuição dos mesmos. No ano passado, 240 mil pessoas fizeram uso desses medicamentos por meio do SUS.
Fonte: Flávia Oliveira / Agência Saúde