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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Cuidados de saúde num mundo enfermo

David Werner

Acho que muitos jovens entraram na faculdade com altos ideais humanitários. Realmente querem "servir ao povo", ajudar os necessitados, amenizar o sofrimento humano. Mas, ao longo do caminho, seu idealismo fica soterrado sob a carga de dívidas acumuladas, ambição crescente, orgulho, avareza, seguro contra imperícia, "distanciamento profissional" e longas horas de trabalho rotineiro. Uma vez formados, começaram a pensar que é seu direito ter mais e viver melhor do que a maioria de seus semelhantes. É claro que existem exceções brilhantes.

Bernard Shaw procurou desculpá-los dizendo: "Não é culpa dos médicos que a profissão médica seja um absurdo assassinato". Tais palavras parecem exageradas Entretanto, ao olharmos os custos humanos — em termos de vida e saúde — do nosso sistema de saúde privatizado, lucrativo, monopolizador, desigual e escandalosamente superfaturado, a denúncia de Shaw tem forte cunho de verdade. E, se considerarmos as tristes conseqüências causadas pela exportação desse nosso modelo médico-hospitalar elitista e extravagante para o Terceiro Mundo, verificamos que as acusações são justificadas.

Vejamos alguns fatos:
Sob constante pressão e ameaças do governo e da indústria dos Estados Unidos, a OMS e a UNICEF resignaram-se a tornar algumas medidas técnicas "tapa-buraco" para proporcionar uma "rede de segurança" aos grupos de maior risco. Pense:

de cada dois indivíduos no mundo inteiro,um jamais vê um profissional de saúde;
de cada três, um não tem água potável para beber;
de cada quatro crianças no mundo, uma é desnutrida.
No entanto, o mundo todo continuam a gastar mais de US$ 50 bilhões em armamentos a cada 3 semanas — quantia que poderia fornecer atenção primária para toda a população mundial durante um ano inteiro. E quando as Nações Unidas reúnem-se para discutir o impacto potencial de desarmamento sobre a saúde e o desenvolvimento, são boicotadas pelo governo dos Estados Unidos, com a alegação de que desarmamento e desenvolvimento não têm relação um com o outro.

Há necessidade de um novo enfoque
Já é hora de reavaliar o que significa saúde e rever as estratégias para a melhoria de bem-estar geral. Diversos "especialistas" — de médicos a educadores, economistas e ambientalistas — alegam que um ou outro dos seguintes fatores teria maior impacto sobre os níveis de saúde :

assistência médica;
estilo de vida;
tamanho da população e da família;
nível da alfabetização ou de "educação feminina";
fatores econômicos;
fatores ambientais;
estruturas de poder (quem manda).

1. Assistência médica
Muitas pessoas, principalmente os médicos, acreditavam que a assistência médica seria o fator decisivo para a saúde e que padrões médicos elevados com certeza melhorariam a saúde da população.

Para constatar que isso não é verdade, basta ver os Estados Unidos que, com certeza, têm o sistema de saúde mais caro do mundo. Têm os mais altos padrões de medicina, mas a saúde dos americanos está um último lugar entre os países industrializados.

A assistência médica certa não é o fator decisivo de uma população. Porém, levando em conta que, até certo ponto, o serviço médico tem influência sobre os padrões de saúde, o acesso ao serviço é bem mais importante do que padrões elevados. A preocupação profissional com os "padrões elevados" — quando usada para justificar os custos crescentes ou para combater os serviços comunitários informais e a autocura — pode transformar-se em um obstáculo à saúde.

2. Estilo de vida
Ultimamente, é dada muita importância ao "estilo de vida" como determinante da saúde. É óbvio que o estilo de vida influencia a saúde. Mas responsabilizar o estilo de vida é muito conveniente porque põe a culpa somente no indivíduo

Um bom exemplo é o fumo. Como sabemos, rapidamente está se tornando um grande problema nos países subdesenvolvidos. E quem é o responsável? Os fumantes? As indústrias de cigarro? O governo ou todo sistema social que coloca os lucros acima das pessoas?

Como o número de fumantes está diminuindo nos Estados Unidos, a industria do fumo tem se voltado para o Terceiro Mundo em busca de novo mercado. A propaganda é dirigida para mulheres e adolescentes. Para apoiar sua indústria, o governo americano ameaça com sanções econômicas os países pobres que se recusam a acabar com as barreiras contra a importação de fumo. Como resultado, o número de fumantes aumentou astronomicamente nos países do Terceiro Mundo. Segundo a OMS, isso poderá desencadear um pandemia de câncer. Além disso, estudos em comunidades pobres mostram um aumento de desnutrição e de mortalidade infantil quando o gasto com cigarros entra na renda familiar.

3. Tamanho da população e da família
O rápido aumento da população e as famílias grandes costumam ser citados como motivos da pobreza e da conseqüente falta de saúde, principalmente nos países pobres.

Entretanto, estudos indicam o contrário: famílias numerosas costumam ser o resultado da pobreza, não a causa. Para os pobres, os filhos constituem mão-de-obra barata e sustentarão os pais na velhice. Os programas de controle demográfico têm pouquíssimo impacto nos lugares onde a miséria é extrema. O que realmente permite que as famílias sejam menores é a distribuição mais justa dos recursos, assim como certas garantia sociais e econômicas básicas. Só então os pobres terão menos filhos. Cuba é um excelente exemplo do que estou afirmando. Cuba não forçou o controle da natalidade. Porém, como ofereceu assistência médica, educação, moradia, emprego e garantias para deficientes físicos e idosos, houve queda acentuada da taxa de crescimento populacional.

4. Alfabetização e educação feminina
A alfabetização feminina tem grande impacto na melhoria da saúde. A alfabetização amplia a troca de informação, desde instruções na bula do remédio até a literatura mais recente. Alfabetizar as mulheres é garantir-lhes maior oportunidade de defenderem a si e a seus filhos, em um ambiente onde ambos estão em desvantagens.

5. Fatores econômicos
A pobreza é claramente uma das causas latentes de doença e morte precoce. A mortalidade infantil nos países mais pobres é 10 a 20 vezes superior à dos países ricos. Em cada país, saúde e sobrevivência nas famílias pobres também são piores do que nas famílias ricas — seja nos Estados Unidos ou na Índia.

A distribuição de renda pode ser o fator mais importante para a saúde do que a riqueza (Produto Interno Bruto — PIB) de um país. Por exemplo, na Costa Rica, os indicadores são bem mais elevados do que no Brasil, embora sua renda per capita seja mais baixa. Porém, no Brasil, a distância entre ricos e pobres é muito maior do que na Costa Rica. Além disso, a Costa Rica tem distribuição mais equilibrada de serviços públicos, inclusive assistência médica, educação e moradia.

6. Fatores ambientais
A nova e gigantesca ameaça à saúde e mesmo à sobrevivência da humanidade é provocada pelo impacto devastador do homem sobre o meio ambiente. A devastação do meio ambiente — desmatamentos, desertificação, efeito estufa, destruição da camada de ozônio, rebaixamento dos lençóis de água, depósito de lixo tóxico e nuclear, destruição do solo, chuva ácida, envenenamento de rios, lagos e oceanos e o esgotamento de recursos não renováveis — tem origem no desenvolvimento econômico baseado em explorar, denominar e "crescer" a todo custo.

7. Estruturas de poder da sociedade
A indústria de cigarros é apenas uma das inúmeras que colocam o crescimento econômico acima da saúde da humanidade e do planeta. Vejamos algumas dessas grandes "indústrias assassinas":

fumo;
bebidas alcoólicas;
drogas;
agrotóxicos;
produtos farmacêuticos desnecessários, perigosos e superfaturados;
armas e equipamentos bélicos.
Todas são indústrias enormes, poderosas e extremamente lucrativas. O seu custo, em termos de saúde e vidas humanas, é incalculável. A resistência — física, econômica, mental e social —, enfraquecida por essas empresas inescrupulosas, aumenta o impacto de infecção e da desnutrição.

O governo dos Estados Unidos defende os interesses de cada uma dessas indústrias à custo da saúde, da qualidade de vida e, freqüentemente, da sobrevivência de milhões de seres humanos. A saúde é determinada muito mais por fatores políticos e sociais — por quem tem poder — do que pelos serviços de saúde.

O que podemos fazer?
Como futuros médicos, vocês podem estar pensando que nada disso lhes dizem respeito. Afinal, as escolas de medicina preparam vocês para serem "pessoal da doença" e não "pessoal de saúde" e o futuro promete doenças mais do que suficientes para mantê-los ocupados. Minha opinião é que, no mundo atual tão doente, o grande desafio para um médico é tornar-se um "promotor de saúde da comunidade" no sentido mais amplo. Para que os futuros médicos sejam mais bem preparados para enfrentar os problemas atuais de saúde, há necessidade de mudanças profundas em nossas faculdades de medicina. Os médicos precisam aprender a trabalhar com a comunidade inteira, não apenas com indivíduos doentes. Precisam aprender compartilhar seus conhecimentos, a desmistificar sua habilidades.

Gostaria de mencionar dois "exemplos" que poderiam inspirá-los a tornar-se promotores de saúde e de mudança — Carlos Biro, do México e Zufrullah Chowdhury, de Bangladesh. Ambos trabalham em comunidades e ambos conseguiram uma transformação da formação médica em seus países.

Na década de 60, Carlos Biro era um endocrinologista famoso e o maior especialista em lúpus eritematoso do México. Um dia, ele se perguntou "por que sou especialista de uma doença rara, quando as principais causas de morte são desnutrição e diarréia infantil?".

Carlos tirou licença na faculdade onde ensinava e viajou durante um ano por todo o México, querendo sentir os principais problemas de saúde. Acabou em Netzahualcoyotl, uma enorme favela na Cidade do México. Havia apenas um ambulatório, não havia eletricidade ou água encanada e apenas duas ruas pavimentadas. Mais da metade de população era desempregada.

Carlos viu que o ensino médico não preparava absolutamente os alunos para essa realidade. Decidiu tentar uma nova abordagem. Transferiu 36 alunos do primeiro ano para Netzahualcoyotl. A sala de aula era a favela.

No primeiro dia de aula, cada aluno visitou 15 famílias para conhecer os principais problemas de saúde. No segundo dia, discutiram o que tinham visto. No terceiro e quarto dias fizera o mesmo com outras 15 famílias. Continuaram a visitar essas 30 famílias todas as semanas. Assim, cada estudante tornou-se o "conselheiro de saúde", com cerca de 300 pessoas. Isso significa que, durante todo seu primeiro ano de faculdade, os 36 alunos fizeram visitas regulares a aproximadamente 10 mil pessoas carentes.

Todo o currículo do primeiro ano foi elaborado segundo os tópicos que os alunos acharam necessários para ajudarem as famílias a resolverem seus problemas de saúde. Matérias comuns, como anatomia e farmacologia, foram introduzidas apenas para facilitar a compreensão dos problemas do dia-a-dia. O ensino tornou-se prático e orientado pelos problemas reais. Para espanto geral, os alunos de Biro tiraram notas um pouco acima daqueles que ficaram o ano inteiro estudando no campus universitário. E o impacto da experiência sobre aqueles 36 alunos foi tão grande que, após a formatura, mais da metade foi trabalhar em comunidades carentes.

Hoje, mais de 20 anos após a audaciosa experiência, o "Plano 36", como se tornou conhecido, continua sendo uma opção que desafia os alunos do primeiro ano de medicina.

Biro costuma brincar que suas principais metas para o ensino médico são "desprofissionalizar" a medicina e colocar o controle sobre a saúde nas mãos do povo.

Zafrullah Chowdhury acabava de se formar em medicina, em Bangladesh, quando aderiu à luta pela independência do Pasquistão. Devido à enorme falta de pessoal médico, ele começou a treinar "médicos descalços". Após a independência, continuou a trabalhar com a população carente.

A equipe de agentes de saúde formada por Zafrullah ensinou as pessoas a procurarem as causas básicas de seus problemas. Muitas vezes, isso a levava a confrontos com a lei local — as mulheres, principalmente, começaram a organizar-se e a exigir seus direitos.

Mas Zafrullah não parou aí. Indignado com a avalanche de medicamentos irracionais e superfaturados que os laboratórios farmacêuticos multinacionais empurravam para o seu país, fundou a "Companhia Farmacêutica do Povo", para fabricar medicamentos essenciais baratos. A maioria das operárias eram mães solteiras pobres, que primeiro eram alfabetizadas e recebiam educação em higiene.

Os laboratórios multinacionais fizeram de tudo para fechar a farmácia do povo. Ficaram furiosos quando Zafrullah convenceu o Ministério da Saúde a adotar uma política de medicamentos essenciais e proibir a importação de remédios desnecessários e superfaturados. Ameaçaram cortar todo o suprimento de medicamentos e o governo dos Estados Unidos ameaçou com sanções econômicas, mas o Ministério da Saúde continuou firme. A corajosa postura de Bangladesh, incentivou outros países a fazerem o mesmo.

Carlos Biro e Zafrullah Chowdhury compreenderam o que significa lutar pela saúde. Se vocês querem realmente fazer alguma coisa para melhorar e preservar a saúde da população, precisam ir muito além da medicina ou mesmo da "saúde pública". Vocês precisam tomar partido e arriscar-se. Precisam tomar posições firmes diante das questões que determinam a saúde e a sobrevivência.
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D. Werner é diretor de HealthWrights, Workgroup for People's Healths and Rights e coordenador regional do Conselho Internacional de Saúde dos Povos para a América do Norte na Califórnia. Ele apresentou esta palestra em 1990, durante o 40º encontro anual da Associação Americana de Estudantes de Medicina, Arlington, VA, EUA.

"A maioria das faculdades de medicina do mundo
prepara o médico não para a saúde da população, mas para se dedicar a um exercício da medicina, que é cego para tudo que não seja a doença e a tecnologia para tratar dela"

Dr. Halfdan Mahler
Ex-Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde

Maternidade - Como fazer a higiene bucal dos bebês

assista ao vídeo:


http://tvig.ig.com.br/id/8a4980262fc651e401300d9aef4d182d.html

Exame em múmia egípcia de 3,5 mil anos revela doença cardíaca

Um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos e do Egito anunciou que uma princesa do tempo dos faraós, que viveu há 3,5 mil anos, se tornou a mais antiga pessoa já diagnosticada com uma doença no coração.

Ahmose-Meryet-Amon tinha artérias com acúmulo de gordura no coração

Os cientistas, das Universidades da Califórnia e de Al-Azhar, do Cairo, realizaram no Egito exames de tomografia computadorizada em 52 múmias para descobrir mais sobre a saúde delas antes de morrer.

Uma das conclusões foi que, se a princesa Ahmose-Meryet-Amon estivesse viva, precisaria passar por uma cirurgia no coração. Os estudiosos encontraram indícios de aterosclerose (acúmulo de placas com gordura nas paredes internas) em artérias coronárias da múmia.

No total, em quase metade das múmias, os cientistas encontraram sinais da doença.

Segundo os pesquisadores, a descoberta de uma múmia tão antiga como a de Ahmose-Meryet-Amon com o problema indica que os males do coração, tão comuns na atualidade, antecedem em muitos séculos o estilo de vida moderno, a quem especialistas associam a proliferação da aterosclerose.

Nobreza

A princesa Ahmose-Meryet-Amon era de uma família nobre do Egito antigo. Ela viveu em Tebas, onde atualmente é a cidade de Luxor (sul do Egito), a partir de 1580 a.C. e morreu quando tinha cerca de 40 anos.

Os cientistas examinaram os vasos sanguíneos de 52 múmias

"Não havia eletricidade ou gás naquela época, então, presumimos que ela teve um estilo de vida mais ativo", disse Gregory Thomas, da Universidade da Califórnia.

"A dieta dela era significativamente mais saudável do que a nossa. Ela teria se alimentado de frutas e vegetais e os peixes eram abundantes no Nilo naquela época."

"A comida seria orgânica, e não havia gordura trans ou cigarro disponíveis naquela época", acrescentou.

"Mesmo assim, ela tinha estes bloqueios (nas artérias). Isto sugere que existe um fator de risco para doenças cardíacas que não foi detectado, algo que causa (estas doenças), mas ainda não sabemos o bastante a respeito", afirmou Thomas.

Sem patrocínio

Os pesquisadores afirmam que as descobertas não devem desacreditar as dietas e estilo de vida mais saudáveis.

"Algumas pessoas sugeriram que uma rede de lanchonetes está patrocinando nossas expedições ao Egito. Isto não é verdade", afirmou Gregory Thomas.

"Estamos apenas dizendo que nossa princesa egípcia de 3,5 mil anos atrás mostra que doenças cardíacas podem ser parte do que é ser humano."

"Devemos fazer tudo o que pudermos para evitar problemas, mas não há razão para se culpar se você precisa de cirurgia cardíaca."

O trabalho da equipe de pesquisadores está paralisado agora, devido aos confrontos e instabilidade política no Egito. Mas eles esperam fazer mais expedições ao país se o novo governo autorizar.

Pesquisadores alemães desenvolvem roupas com funções inteligentes

Além de protegerem contra frio ou calor, as roupas do futuro terão funções inteligentes, podendo, por exemplo, medir o batimento cardíaco e enviar as informações ao notebook.

Os pesquisadores do Instituto de Engenharia Têxtil de Denkendorf, no sul da Alemanha, querem tornar as roupas ainda mais "inteligentes". "O interessante neste trabalho é a integração de funções e de eletrônica na roupa do dia a dia", comenta o diretor do instituto, Heinrich Planck, ao apresentar o resultado do trabalho de profissionais das mais diversas áreas, como físicos biólogos e especialistas em cibernética.

O que à primeira vista parece uma camisa normal, na realidade é uma peça de alta tecnologia, forrada no interior com sensores. Sua função é monitorar os batimentos cardíacos – como num eletrocardiograma – e a respiração de quem a usa.


Também os bombeiros do futuro poderão obter ajuda de suas roupas. Carsten Linti, do Instituto de Denkendorf, desenvolveu um casaco capaz de monitorar não só funções vitais como também informações periféricas, como a temperatura ambiente. Em caso de risco, os bombeiros são advertidos através de diodos emissores de luz (LED) instalados no próprio casaco.

Enquanto a luzinha estiver verde, está tudo bem; se ela ficar amarela, há problemas. E luz vermelha significa perigo. Ao mesmo tempo, é disparado um alarme acústico. Através de um minúsculo receptor, os bombeiros estão em comunicação com a central de comando. As informações são trocadas através do celular, com a tecnologia sem fio Bluetooth.


Os pesquisadores também se preocupam com questões que podem parecer banais, como a limpeza dos têxteis inteligentes. Afinal, não é possível lavar todas as peças à mão. O desafio é conseguir elementos eletrônicos extremamente flexíveis, explica o engenheiro Hansjürgen Horter: "O casaco será lavado, torcido e dobrado. Essas são todas situações que não se tem na eletrônica convencional, num compartimento fixo".

A solução encontrada foi incorporar a tecnologia dentro do próprio têxtil. Assim, ao microscópio, listras coloridas revelam ser na realidade cabos condutores de corrente tecidos com o próprio pano. Isso, ao mesmo tempo, os estabiliza e protege.

Segurança para pequenos e idosos

Mesmo roupas de bebê podem conter alta tecnologia. Os pesquisadores incorporaram sensores em macacões para proteger os bebês contra a síndrome da morte súbita infantil. Os sensores medem frequência cardíaca, pulso e respiração. Na parte de trás, são costurados sensores de umidade. Eles avisam quando o bebê está suando muito, ou seja, se está sob estresse.

Também os idosos debilitados ou que vivem sozinhos podem ser ajudados por roupas inteligentes. Os sensores presos a uma camiseta registram seus movimentos em seis direções diferentes e os transmitem a um computador. No caso de uma queda, a camiseta envia um sinal de alarme, para que venha socorro.


A roupa inteligente pode ser útil mesmo no trânsito, exemplifica Horter: "Imagine um idoso que de repente sofra um problema cardíaco ao volante. Sua camisa comunica a situação crítica ao carro, que automaticamente vai para o acostamento, evitando um acidente".

Autoria: Cornelia Borrmann / Alex Reitinger (rw)
Revisão: Augusto Valente

Com ajuda do Brasil grupo busca cura para doenças negligenciadas por farmacêuticas

Conhecidas como doenças negligenciadas, elas afligem mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. Recorrentes em países subdesenvolvidos, doenças não despertam a atenção da indústria farmacêutica.


A briga contra os gigantes conglomerados farmacêuticos, desta vez, não será um confronto direto. É essa a estratégia de um grupo de cientistas internacionais, com participação brasileira, que acaba de fundar uma iniciativa que busca soluções alternativas a doenças relegadas pela lucrativa indústria da cura.

A rede é formada por 30 cientistas de seis países – sendo 16 brasileiros. A missão do grupo é driblar a falta de interesse das farmacêuticas e combater as chamadas doenças negligenciadas com ajuda da natureza.

O foco dos pesquisadores se volta para as 13 enfermidades que atingem cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, mas estão confinadas em áreas rurais e bairros distantes dos centros urbanos. Dentre elas, a leishmaniose, o Mal de Chagas e a tripanossomíase africana são as mais conhecidas.

Luta silenciosa

Longe da mira das indústrias farmacêuticas, os pesquisadores afirmam que o desinteresse se deve ao fato de o tratamento para essas doenças não representar um mercado lucrativo. Mais recorrente em países subdesenvolvidos e tropicais, só a leishmaniose mata, a cada ano, 11 mil pessoas e contabiliza 600 mil novas infecções. E as crianças são as maiores vítimas.

O Brasil é um dos países que mais sofre com esses casos de infecção. A doença de Chagas, por exemplo, é a quarta causa de morte no país, segundo a Fundação Oswaldo Cruz. A instituição também registrou um aumento significativo nos casos de leishmaniose nos subúrbios de grandes cidades.

Natureza como aliada

Na contracorrente, pesquisas lideradas por organizações filantrópicas mergulharam na busca por tratamento às doenças negligenciadas. A suíça DNDi, por exemplo, se dedica a reunir experiências com terapias naturais feitas ao redor do globo a fim de criar novos meios de combater parasitas.

Dos laboratórios e pesquisas de campo são aguardadas as contribuições mais valiosas. A Fundação Oswaldo Cruz, por exemplo, ajudou a padronizar a metodologia das pesquisas com produtos naturais.

A pesquisadora Tânia Alves, da Fiocruz, ressalta em seu trabalho que apenas 18 medicamentos foram desenvolvidos nos últimos 30 anos para combater doenças tropicais – o equivalente a 1% dos lançamentos farmacêuticos no mercado.

Os brasileiros contam com a biodiversidade do território nacional como grande aliado. O grupo de Tânia, por exemplo, tenta identificar os compostos ativos de 10 mil extratos de plantas e fungos que podem atuar contra os parasitas Leishmania amazonensis, Trypanosoma cruzi e Plasmodium falciparum.

Cientistas da Universidade de São Paulo, Unifesp, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal Fluminense e a Universidade Federal da Paraíba também compõem a iniciativa.

O esforço científico quer promover um salto histórico na área dos tratamentos disponíveis, que são praticamente os mesmo desenvolvidos há cem anos. O que também não mudou desde então é a capacidade letal: se não tratadas, todas essas doenças levam à morte, em 100% dos casos.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer

Gravidez após os 40 está virando tendência social

Índice de gestações tardias saltou de 5% para 16% nos últimos 40 anos

Por mais que os médicos alertem sobre os riscos de uma gravidez tardia, após os 35 anos, números recentes mostram que esse comportamento tem crescido e está se firmando como uma tendência social.

No universo das celebridades, não poderia ser diferente. O anúncio das gestações da mulher do ator John Travolta, Kelly Preston, aos 47 anos, e da cantora canadense Celine Dion, aos 43, renovou a esperança de muitas quarentonas que tentam engravidar.


“Quando uma celebridade torna pública sua opção de engravidar depois dos 40 anos, ela pode influenciar outras mulheres a fazer o mesmo”, analisa Laise Potério, psicóloga da Unicamp. "Além disso, a mulher ganha confiança com os avanços da medicina", conclui.

A gravidez madura das duas famosas reacendeu também a discussão sobre os riscos e benefícios da maternidade tardia. Em São Paulo, o Hospital das Clínicas registrou um crescimento superior a três vezes nos atendimentos de gestações tardias. O índice saltou de 5%, na década de 1970, para 16,6%. Em Goiás, outro estudo mostra um salto ainda maior, de cinco vezes nos últimos 10 anos.

“Muitas mulheres têm postergado a gestação para se dedicar à profissão e alcançar uma vida estável”, afirma Waldemar Naves do Amaral, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).

O ginecologista conta que a medicina tem se preparado cada vez mais para lidar com a nova e delicada realidade. “Quando a mulher decide fazer uma fertilização in vitro, ela pode identificar o risco de anomalias genéticas antes do embrião ser implantado”, comenta. Na técnica chamada PGD, por exemplo, uma célula é retira do embrião para analisar anomalias. Assim, muitos problemas podem ser evitados.

Mas se a gestação já tiver ocorrido, a mulher deve passar por um rastreamento de anomalias. “São exames de sangue e de ultrassom que apontam o risco de doenças genéticas”, explica Eduardo de Souza, obstetra do Hospital São Luiz. Se constatado o risco, a mulher pode passar por exames invasivos, porém mais precisos.

“Existem três procedimentos. Um deles, feito no segundo mês, retira um pedaço da placenta. Outro, após o terceiro mês, analisa o líquido amniótico. E o último, no quarto mês, retira sangue do cordão umbilical”, detalha o ginecologista. Todos são feitos com o mesmo objetivo: identificar problemas genéticos.

Aos 20 anos, o risco de anomalias genéticas é de 0,5%. O índice dobra aos 35 anos, passa para 2% aos 37 anos, chega a 5% aos 40 anos e alcança 10% aos 44 anos. A principal anomalia é a Síndrome de Down, mas há também as síndromes de Edwards e de Patau, entre outras.

“Quando a doença tem mortalidade próxima de 100%, a mulher pode procurar em juízo uma liminar para interromper a gravidez”, diz o presidente da SBRH. Outros casos, como problemas na frequência cardíaca, podem ser resolvidos ainda na gestação. E anomalias como lábio leporino e pé torto são corrigidos após o nascimento.

O preparo antes da gestação também é fundamental. Isso porque o risco de abortamento salta de 10%, em mulheres de 20 anos, para 40%, aos 40 anos. “A mulher precisa estar com o metabolismo adequado, dentro do peso recomendado e em boas condições físicas”, enumera Souza. Isso vai contar em favor da própria fecundação, que tem apenas 40% de sucesso aos 40 anos. Em jovens de 20 anos, o índice chega a 80%.

Embora o foco das preocupações seja a saúde do feto, a saúde da mulher também corre riscos maiores em gestações tardias. “Ela pode ter hipertensão, alterações cardíacas e diabetes”, conta Naves do Amaral.

Apesar dos riscos, a gravidez tardia tem suas vantagens. “Ela costuma ser algo planejado. A mulher se considera mais preparada para receber um filho e para cuidar dele. Esse aspecto emocional é muito importante”, avalia Naves do Amaral. "Não que as mulheres mais novas não estejam preparadas, mas quando a gestação é planejada, ela pode ser mais tranquila", comenta Laise.

Maternidade no congelador

Congelar óvulos está cada vez mais viável, mas técnica ainda não garante gravidez futura

Na sala de espera da clínica de fertilização, um casal conversa, uma mulher folheia um livro sobre bebês e outra mexe compulsivamente no celular. Ao lado, na recepção, sentadas em um banco, outras duas mulheres, mãe e filha, roem as unhas, também à espera. A esperança e a ansiedade escancaradas nos gestos é comum a todas.

O fax emite um sinal, a enfermeira pega o documento enviado, não consegue se conter e o resultado ecoa pelas salas: “Positivo, deu positivo.” Mãe e filha pulam do banco, se abraçam, riem e choram ao mesmo tempo. Na sala de espera ao lado, o casal se cala e as mulheres tentam disfarçar as lágrimas.

Aos 30 anos, Emi Tahara passou pelas duas situações: a dor de não conseguir ter filhos e a alegria de descobrir que estava esperando um bebê. Depois de cinco anos tentando engravidar, ela decidiu procurar ajuda médica para realizar o sonho de ser mãe. Ao receber o diagnóstico de endometriose, logo optou pela fertilização in vitro. Durante o tratamento produziu uma grande quantidade de óvulos, mas apenas três seriam inseminados.

Foi então que surgiu a dúvida: o que fazer com os óvulos restantes? Emi tinha três opções, descartá-los, doá-los ou congelá-los e preferiu esta última. “Foi uma decisão acertada, já que eu só consegui engravidar na segunda tentativa de fertilização, com os óvulos congelados”, afirma. “Em geral, a mulher pode guardar metade para tentativas futuras ou até mesmo para preservar sua fertilidade”, avalia o médico Raul Eid Nakano, especialista em fertilização humana da clínica Ferticlin.

Assim como Emi, Flávia Martins, de 28 anos, engravidou na segunda tentativa da fertilização, da qual nasceu Laura, de 1 ano. Os três óvulos restantes estão congelados em uma clínica e a relações públicas paga R$700 por ano para mantê-los.

O congelamento de óvulos é uma opção comum entre mulheres que recorrem à fertilização in vitro, que em geral já sofrem com a infertilidade. “A grande maioria hoje, cerca de 60% - dependendo da estatística de cada clínica - ainda é de pacientes em tratamento que aproveitam e congelam”, avalia Claudia Messias, ginecologista da clínica de reprodução assistida Huntington.


O procedimento é uma esperança também para quem tem sintomas de menopausa precoce ou vai passar por tratamentos médicos agressivos, como quimioterapia. “Se uma mulher com câncer de mama, por exemplo, que tem um índice de cura considerado alto, precisar de quimioterapia, pode perder a possibilidade de ter filhos. Mas, congelando, pode ter sua fertilidade preservada”, diz Nakano. Embora não indicado, mas também possível, o congelamento tem sido uma forma de postergar a maternidade.

Vale a pena adiar?

No início deste ano, um estudo escocês assustou mulheres de todo o mundo ao identificar que a maioria delas perde 90% dos óvulos até os 30 anos. “Biologicamente o melhor momento para ter um filho é dos 20 aos 30 anos, é quando vai ter menos problema no pré-natal, na gravidez, e tem uma menor incidência de doenças como Síndrome de Down nos bebês. Depois disso, os índices começam a ficar desfavoráveis. A partir dos 37 a taxa de fertilidade cai rápido e a qualidade do óvulo aos 40, por exemplo, é metade ou um terço de um óvulo aos vinte e sete”, ponderiza Nakano. E os dados são mesmo preocupantes. Aos 25 anos, 75% das mulheres conseguem engravidar em seis meses. Aos 30, a taxa cai para 40% e aos 40 anos, para 25%.

Com o tempo correndo contra o sonho de ter um filho, o congelamento parece ser a opção mais indicada para quem acha que “ainda não é o momento”, seja em função da consolidação da carreira ou do adiamento do casamento, por exemplo. Porém, os especialistas em reprodução humana alertam que esse tipo de tratamento deve ser o plano B quando o assunto é gravidez. A Associação dos Embriologistas Clínicos e a Sociedade Britânica de Fertilidade emitiram recentemente uma nova diretriz médica contra-indicando o tratamento como opção de preservação da fertilidade.

“As mulheres acham que a ciência progrediu de tal forma que, enquanto elas menstruarem, podem ter filhos. A perda da fertilidade após os 35 é cruel”, alerta Arnaldo Schizzi Cambiaghi, especialista em reprodução humana e diretor do Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia. A recomendação é que, com base nas informações, a mulher se programe para ter um filho naturalmente, até porque a técnica não garante uma gestação.

Eficiência técnica X corpo

São duas as técnicas utilizadas: congelamento lento e vitrificação. A primeira é mais antiga e leva três horas para congelar um óvulo. Como essa é uma célula com muita água, a formação de grânulos de gelo no interior danifica as estruturas, resultando em uma taxa de fertilização em torno dos 2%. A segunda é mais recente e congela a célula em apenas 3 minutos. A sobrevivência do óvulo é melhor, já que suas estruturas são mantidas, assim como a taxa de fertilização. Segundo clínicas do setor, essa porcentagem está em torno de 38%, mas os dados de 2007 do comitê da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva somam apenas 4%. O preço do tratamento ainda é considerado caro,

Apesar do progresso científico, a fertilização dos óvulos congelados não é garantida e depende muito da idade e da saúde da mulher. “É preciso lembrar que depois dos 45 anos, fisicamente, a mulher não está em condições ideiais de gerar ou gestar”, aconselha Cambiaghi. Para Nakano, o prazo é ainda mais curto: “O ideal é gestar no máximo até os 40.”

Mas antes disso, já a partir dos 30, a mulher deve estar preparada para possíveis problemas como diabetes gestacional, já que o corpo passou de seu estado perfeito para uma gestação. O aumento no número de prematuros, por exemplo, também tem sido apontado pelos especialistas como resultado de uma gravidez tardia.

Outro ponto deve ser levado em consideração: para utilizar o óvulo congelado, obrigatoriamente a mulher deverá passar por uma fertilização in vitro. Um estudo realizado na Dinamarca – e publicado em fevereiro na revista Human Reproductive, em Londres - acompanhou mais de 20 mil grávidas e constatou: mulheres em que a primeira gestação foi realizada por meio de uma fertilização in vitro têm quatro vezes mais chance de que o segundo bebê nasça morto do que aquelas que engravidaram naturalmente.

Cuidados especiais

Nem toda mulher pode se submeter ao tratamento de hiperovulação que precede o congelamento. Algumas não podem tomar hormônio, têm problemas hepáticos ou de coagulação, o que impossibilitaria a produção de muitos óvulos e, portanto, a sua aspiração. Esse, aliás, é um procedimento cirúrgico e, portanto, apresenta alguns riscos.

Além disso, durante o tratamento, a mulher pode responder excessivamente ao hormônio, causando a síndrome do hiperestímulo ovariano e retendo líquido na região abdominal. “É possível avaliar esse risco antes do tratamento”, ressalta a ginecologista Claudia Messias. O outro lado, uma resposta aquém do esperado, também pode ser igualmente ruim, porque a mulher terá de passar novamente por todo o processo se não tiver resultado com a fertilização inicial.

Entre a tentativa frustrada e a gravidez, Emi Tahara passou por uma fase que classifica como “delicada”. Ficou ansiosa, nervosa, preocupada e alterada e teve dúvidas com relação a eficiência do método. “A gente acha que assim que coloca o embrião, já está grávida. E não é assim que acontece”, conta. Flávia Martins se prepara para, no início do ano que vem, encomendar um irmão para Laura e pretende utilizar os óvulos congelados.

“Fico tranqüila em saber que eu estou envelhecendo, mas meus óvulos têm 25 anos hoje ou daqui a um ano. E também por saber que para o próximo bebê não terei que passar por todo o processo novamente”, avalia.

O número ideal de óvulos para uma fertilização de sucesso

Estudo revela que as chances aumentam quando quinze óvulos são coletados em um único ciclo


Um estudo de mais de 400.000 ciclos de Fertilização in Vitro (FIV) revelou que em torno de 15 óvulos devem ser coletados em um único ciclo para conseguir as maiores chances de chegar a um nascimento.

O estudo, publicado no periódico científico Human Reproduction, revelou uma forte ligação entre o número de nascimentos e o número de óvulos coletados em um único ciclo de FIV.

Com um número maior de ovos coletados, chegando a 15 no total, os pesquisadores observaram um aumento no número de nascimentos. Porém, tal número não sofreu alterações com a coleta de 15 a 20 óvulos, sofrendo um declínio contínuo aos 20 óvulos coletados.

Para Arri Coomarasamy, pesquisador da Universidade de Birmingham que conduziu o estudo, as descobertas sugerem que a meta de 15 óvulos coletados por ciclo aumentaria ao máximo as chances de nascimento, ao mesmo tempo minimizando o risco de estimulação excessiva dos ovários – que pode levar à Síndrome da Hiperestimulação Ovariana (SHO).

Segundo especialistas, a infertilidade é um problema que afeta aproximadamente uma em cada sete casais em todo o mundo. Milhares de ciclos de FIV são conduzidos a cada ano por pessoas que querem ter um filho.

O processo envolve a remoção cirúrgica de óvulos, que são combinados ao sêmen no laboratório. Os melhores embriões são então escolhidos e transferidos para o útero.

É comum a prescrição de medicamentos antes do processo para estimular os ovários a produzir mais óvulos.

“A meta de uma estimulação padrão deve ser entre 10 e 15 óvulos. Acreditamos que esta quantidade está associada aos melhores resultados de FIV. Quando o número de óvulos é acima de 20, o risco de hiperestimulação ovariana é maior”, disse Coormarasamy.

A SHO é uma reação dos ovários aos hormônios administrados para estimular a produção de óvulos, que serão coletados para os ciclos de FIV. A síndrome pode causar dores abdominais, inchaço e muitas vezes náuseas e vômito; em casos mais graves o problema pode se transformar em uma emergência médica que põe risco à vida.

A equipe de pesquisa analisou dados do Departamento de Embriologia e Fertilização Humana do Reino Unido sobre 400.135 ciclos de FIV realizados naquele país entre abril de 1991 e junho de 2008.

Como houve um aumento no número de nascimentos neste período, os pesquisadores usaram dados de 2006 a 2007 para criar um modelo previsível que pudesse melhor refletir a prática atual.

Os dados revelaram que durante os anos de 2006 a 2007 o índice de sucesso de FIV com 15 óvulos coletados foi de 40% entre as mulheres de 18 a 34 anos, 36% para aquelas de 35 a 37 anos, 27% para aquelas entre os 38 e os 39 anos e 16% para as mulheres acima dos 40 anos.

Usando este modelo, eles traçaram um gráfico matemático chamado nomograma - que mostra a relação entre a idade da mulher, o número de ovos coletados e o número de nascimentos previstos.

Segundo Coomarasamy, médicos e pacientes poderiam usar o nanograma, combinado aos exames de hormônio anti-Mulleriano e contagem de folículos antrais ao tomar decisões sobre a quantidade de estimulação ovariana necessária para chegar ao número ideal de óvulos.“Com tais exames em mãos, os médicos podem em seguida usar nosso nomograma para converter o número estimado de óvulos na previsão de um índice de nascimentos, completando assim a cadeia de prognósticos para calcular as chances do que tanto eles quanto as mulheres anseiam: O nascimento de uma criança”, disse ele.

Remédios antigos - Elixir 914



O anúncio veiculado em 1924 , no Almanaque Pelo Mundo, foi reconstituído livremente por : www.almanaque.info mantendo o texto primitivo. A figura original (um pouco maior do que uma foto 3/4) apresentava o desenho de dois rapazes; um desolado com uma arma de fogo na mão, e, o outro, numa tentativa desesperada de fazê-lo desistir do ato tresloucado.

SYPHILIS!!

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Sêmen de "loiros altos" torna Dinamarca a "meca" de inseminação artificial

Cresce a procura por doadores nórdicos


Selecionar um potencial pai para o seu filho está se tornado mais parecido com fazer compras na internet do que você pensava.

Peter Bower, diretor da Nordic Cryobank, enquanto exibe seu acervo de doadores e diz que muitos dos clientes "querem tradicionalmente doadores de pelo menos 1,80 metros e olhos azuis".

Para estreitar as suas buscas, os clientes eliminam homens que estão acima ou abaixo de um determinado peso. Eles clicam no perfil do candidato e, mediante o pagamento de uma taxa, conseguem fazer o download de uma foto dele quando ele ainda era bebê.


Os funcionários da clínica ainda fornecem por escrito uma breve descrição ou detalhes a respeito do potencial doador. São passadas informações como a de que ''ele gostou de conversar no laboratório após ter feito a doação ou que se veste bem ou se interessa muito por esse ou aquele tipo de música''.

Anonimato

Mas nenhuma das informações fornecidas permite identificar um indivíduo, a não ser que ele opte em poder ser identificado. Na Dinamarca, a doação de sêmen não precisa vir acompanhada de nome e telefone do doador - ao contrário do que ocorre no Reino Unido e em um número cada vez maior de países europeus.

A opção pelo anonimato fez da Dinamarca uma espécie de Meca para mulheres estrangeiras que querem engravidar por meio de inseminação artificial, e fez com que no país não haja escassez de sêmen oficialmente examinado e testado.

Clínicas dinamarquesas que oferecem inseminação contam com três tipos principais de clientes: casais de lésbicas, casais heterossexuais e mulheres solteiras. É esta última categoria a que mais cresce.


Peter Bower diz que mulheres britânicas estão "na vanguarda'' desse serviço, mas a procura por estrangeiros, de um modo geral, está forte. Segundo dados do Departamento de Saúde da Dinamarca, em 2008, 2.694 mulheres estrangeiras foram às cidades dinamarquesas de Aarhus e Copenhague em busca de inseminação. Em 2010, esse número subiu para 4.665.

Como parte de uma curiosa estratégia de marketing e promoção, as amostras são levadas do banco de sêmen até a clínica de fertilização - chamada de Clínica da Cegonha -, em uma jornada pela capital dinamarquesa, em uma bicicleta no formato de espermatozoide.


Congeladas em nitrogênio líquido, as amostras são guardadas na cabeça esférica do espermatozoide, à frente do guidão.

Ambiente caseiro

As instalações da clínica representam o auge do estilo chique do design dinamarquês. A enfermeira-chefe da clínica, Lilian Joergensen, aponta para uma coroa de madeira situada acima da cama em que é feita a inseminação.

– Queremos que as mulheres se sintam como rainhas. Tentamos oferecer uma atmosfera de tranquilidade que deixará os clientes com boas memórias sobre onde a história de seus bebês começou. Em alguns dias, podemos realizar até 17 inseminações, mas o importante é destinar o mesmo tempo e atenção a cada mulher.

Ela diz que os funcionários "ouvem a história da mulher e seus problemas".

– Levamos o seu ânimo em consideração. Não é aceitável que ela seja apenas mais um número no nosso registro. Ela vem aqui e usa este quarto como se fosse o seu próprio quarto, pode trazer amigas, velas, o que ela quiser.

"David Beckham"

Em sua residência em New Malden, no sul de Londres, a britânica Kellie Lombard e sua parceira contam como a experiência dinamarquesa foi um êxito.

Kellie havia se submetido a tratamentos caros, mas mal-sucedidos, no Reino Unido e na África do Sul.

O casal tomou conhecimento do tratamento dinamarquês pela internet e agora tem uma família próspera, com duas "mães", dois gêmeos idênticos com quase cinco meses de idade, e uma menina de dois anos de idade. O pai biológico é o mesmo homem dinamarquês anônimo.

Kellie costuma brincar em relação ao critério que elas escolheram para encontrar um pai.

– Inicialmente, estávamos buscando David Beckham, mas também queríamos alguém que tivesse qualificações acadêmicas.'

Surpreendentemente, elas possuem muitas informações a respeito do pai biológico de suas crianças: sua idade, peso, o fato de que ele é um estudante de medicina e como ele se parece.

Elas também conhecem o som da voz dele, pois ouviram uma gravação de áudio na qual ele explica porque estava fazendo a doação. Sua principal motivação era financeira. E elas acharam que ele soava como uma "boa pessoa".

Kellie admite que a sua não é uma família típica. Quando ela leva a sua filha de aparência escandinava ao parque, as pessoas perguntam se o "papai" dela é muito alto. Ela apenas responde que ele tem 1,93 m de altura.

Se essa nova tendência da inseminação ganhar ainda mais força, os genes nórdicos poderão se espalhar mais do que muitos poderiam imaginar.

Propagandas antigas - Por que está tão carrancudo?


“Por que sua testa está sempre franzida e por que foge do convívio dos outros? Responde mal humorado e está zangado sem motivos? Sua cara e seus olhos estão vermelhos? Estômago inchado? Falta de ar, dores de cabeça, gases e bilis? Sofre de prisão de ventre? Se for assim tem razão para estar triste, pois a prisão de ventre, por suas consequências, faz o homem verdadeiramente infeliz. Com a Cascarina D’Oska V. S. ficará livre do problema”.

4 de janeiro de 1913

Governo quer 2,5 médicos por mil habitantes até 2020

Governo quer que número de formados por ano aumente para 20 mil e que os novos médicos tenham perfil para atuar no SUS

AE - Agência Estado
O governo federal pretende ampliar em 4 mil o número de médicos formados no País até 2020. O objetivo é alcançar a taxa de 2,5 médicos por mil habitantes, ante o índice atual de 1,73 profissional por mil pessoas. Os dados compõem as diretrizes do Plano Nacional de Educação Médica, que será lançado pelos Ministérios da Educação e da Saúde em cerca de dois meses. O projeto - o primeiro a mapear uma carreira no Brasil - será estendido a outras profissões estratégicas para o desenvolvimento do País, como as engenharias.
Para atingir o índice, que se aproxima de países como Japão (2,1), Grã-Bretanha (2,3) e Argentina (2,7), está em estudo a criação de um estágio remunerado nos prontos-socorros federais, por um período de dois anos, logo após a conclusão do curso. O estágio teria valor semelhante ao das titulações acadêmicas, como mestrado e doutorado, e garantiria um bônus nas provas de residência médica em que o profissional concorrer.

Hoje, são formados cerca de 16 mil médicos por ano no País em 180 escolas, segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM). O governo quer ampliar para 20 mil anuais, com perfil para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS). O desafio, contudo, é equalizar a distribuição geográfica dos profissionais. É gritante a desproporção de médicos entre os Estados, dentro de cada região e entre a capital e o interior. Enquanto o Maranhão tem um médico para cada 2.066 pessoas, o Rio tem um para 306. Em São Paulo, o terceiro colocado no ranking, há um para cada 443. Na média, 70% dos profissionais se concentram nas capitais.

O plano também tem o desafio de equalizar a distribuição de vagas de graduação e residência, garantindo formação de qualidade em todo o País. "Não queremos um aumento indiscriminado de vagas", diz Milton Arruda Martins, coordenador do plano.

Hoje, a maior necessidade é a de clínicos gerais para trabalhar no SUS, segundo Antônio Celso Nunes Nassif, um dos membros da comissão de especialistas do MEC e autor do site Escolas Médicas. Estão em discussão a ampliação da oferta de bolsas de residência e de valorização do salário do médico do SUS. As informações são do Jornal da Tarde.

Experimento de célula-tronco reverte envelhecimento anormal

Cientistas estudavam uma rara doença que causa envelhecimento precoce, a disceratose congênita

MAGGIE FOX - REUTERS

Em um resultado surpreendente que pode ajudar na compreensão do câncer e do envelhecimento, pesquisadores que trabalham com um tipo alterado de célula-tronco disseram ter revertido o processo de envelhecimento associado a uma rara doença genética.


A equipe do Children's Hospital, de Boston, e do Instituto da Célula-Tronco de Harvard trabalhava com um novo tipo de célula chamada célula-tronco pluripotente induzida (ou iPS, na sigla em inglês), muito parecida com as células-tronco embrionárias, mas feitas com células cutâneas comuns.
Eles queriam estudar uma rara doença que causa envelhecimento precoce, a disceratose congênita, um distúrbio da medula óssea que provoca sintomas da velhice como cabelos brancos e unhas tortas, além de um risco mais elevado de câncer.

Raríssima, a doença costuma ser diagnosticada entre os 10 e 30 anos de idade. Em cerca de metade dos pacientes a medula óssea deixa de produzir sangue e células imunológicas de forma adequada.

Um dos benefícios das células-tronco e das células iPS é que os pesquisadores podem obtê-la de uma pessoa com uma doença para estudar a enfermidade em laboratório. George Daley, de Harvard, e seus colegas estavam produzindo células iPS de vítimas de disceratose congênita para estudar o problema.
Mas, segundo relato na edição de quinta-feira da revista Nature, o próprio processo de fabricação das células iPS pareceu reverter um dos principais sintomas celulares da doença --a perda da telomerase, uma enzima que ajuda a manter os telômeros (as "pontas" no fim dos cromossomos que carregam o DNA). Quando o telômero se decompõe, a célula envelhece, o que leva a doenças e à morte.
No câncer, no entanto, a telomerase parece ajudar as células tumorais a se tornarem imortais e a se replicarem descontroladamente. Alguns medicamentos experimentais contra o câncer atacam a telomerase.
Um gene chamado Terc ajuda a restaurar os telômeros, e a equipe de Daley disse que talvez as células tumorais usem o Terc para se tornarem imortais.
Ao produzir células iPS e fazê-las crescerem em laboratório, a equipe de Daley descobriu que elas tinham o triplo de Terc do que as células doentes das quais foram obtidas.
A mera transformação das células cutâneas em células iPS ajudava a restaurar os telômeros danificados, disse a equipe de Daley. Isso, na teoria, paralisa também um importante componente do processo de envelhecimento.

"Não estamos dizendo que encontramos a fonte da juventude, mas o processo de criar células iPS recapitula parte da biologia que a nossa espécie usa para se rejuvenescer a cada geração", disse Suneet Agarwal, colega de Daley, em nota.

Tratamentos para restaurar o gene Terc podem ajudar pacientes com disceratose congênita, disse a equipe. Agarwal afirmou que a busca agora é por verbas para continuar os estudos.

Cientistas relatam avanços na busca para reverter envelhecimento

Com o estímulo às enzimas, os camundongos pareciam fazer o relógio biológico 'andar pra trás'


Cientistas vêm pouco a pouco desvendando os segredos do envelhecimento e alguns sugerem que em breve poderão desenvolver tratamentos para reduzir a velocidade ou mesmo reverter o processo.
No ano passado, uma equipe do Instituto do Câncer Dana-Farber, de Boston, nos EUA, divulgou na revista científica Nature um estudo no qual diz ter conseguido reverter o processo de envelhecimento em camundongos.

Eles manipularam cromossomos presentes nos núcleos de todas as células. O alvo principal da ação era a proteção dos telômeros. Os telômeros são estruturas presentes nas extremidades dos cromossomos. Eles protegem os cromossomos de possíveis danos, mas também diminuem de tamanho com a idade, até que as células não conseguem mais se reproduzir.

A equipe do professor Ronald DePinho manipulou as enzimas que regulam os telômeros, as telomerases, obtendo resultados significativos. Com o estímulo às enzimas, os camundongos pareciam fazer o relógio biológico "andar pra trás".

"O que esperávamos era uma estabilização do processo de envelhecimento, mas ao contrário, observamos uma reversão dos sinais e sintomas de envelhecimento", disse ele à BBC.

"Os cérebros destes animais cresceram em tamanho, aumentaram sua cognição, suas peles ganharam mais brilho e a fertilidade foi restaurada."

Humanos

Obviamente, aplicar estes princípios em humanos será um desafio bem maior. As telomerases já foram ligadas à incidência de câncer.

Muitos acreditam que as mitocôndrias possam desempenhar um papel bem maior no processo de envelhecimento. As mitocôndrias - material genético contido na célula, mas fora do núcleo - são as "usinas de energia" das células, mas também geram produtos químicos que são ligados ao envelhecimento. Há ainda o papel desempenhado por radicais livres - moléculas ou átomos altamente reativos que atacam o corpo humano.

Apesar de estarmos apenas começando a compreender como funciona o envelhecimento, alguns cientistas já testam tratamentos em humanos.

O professor David Sinclair é pesquisador de um laboratório especializado em envelhecimento da escola de Medicina da Universidade de Harvard.

Ele e seus colegas vêm trabalhando em uma droga sintética chamada STACs (ou Sirtuin activating compounds).

Estudos em camundongos obesos indicam que as STACs podem restaurar a saúde e aumentar a expectativa de vida dos animais. Já foram iniciados testes em humanos.

Há também estudos sobre o resveratrol, um antioxidante encontrado naturalmente no vinho tinto, que indicam que ele reduz o colesterol.

Sinclair diz que estas pesquisas "não são uma desculpa para comer batata frita o dia todo em frente à TV, mas uma forma de aumentar o modo de vida sadio e explorar as potencialidades de um corpo saudável".

"Não mudamos a quantidade de comida ingerida, os camundongos comem normalmente, mas seus corpos não sabem que eles estão gordos e seus órgãos e até a expectativa de vida são iguais a de um animal sadio", disse ele.

Questões éticas

Mas é correto fazer experiências em algo tão fundamental como envelhecer? Quais são as questões éticas envolvidas?

O professor Tim Spector, do hospital Kings College em Londres, que também faz pesquisas na área, diz que o foco não é aumentar a duração da vida, mas prolongar a saúde.

"Não interessa muito prolongar a vida se isto significar que você terá tanta artrite, por exemplo, que não poderá sair de casa", disse ele.

"Mas ao entender o processo de envelhecimento, podemos ajudar no combate a artrite, diabetes, doenças cardíacas, todas os males ligados ao envelhecimento", disse ele.

Já o professor James Goodwin, do programa Age UK de amparo à terceira idade do governo britânico, diz que a questão levantada pelas pesquisas é se seus resultados vão ser acessíveis a todos ou apenas aos mais ricos.

"Será que todos vão poder se beneficiar desta tecnologia?", pergunta ele

Pessoas com menor grau de educação envelhecem mais rápido, sugere estudo

Pesquisa indica que educação melhor ajuda pessoas a tomar decisões mais apropriadas para a saúde a longo prazo

Uma pesquisa britânica realizada com 400 homens e mulheres sugere que pessoas com menos educação tem tendência a envelhecer mais rapidamente.

Análises do DNA dos pesquisados sugerem que o envelhecimento celular é mais avançado em adultos sem qualificações comparados com aqueles que tem um diploma universitário.

A instituição de caridade britânica para problemas do coração, British Heart Foundation, afirmou que o estudo, realizado em Londres e publicado na revista especializada Brain, Behaviour and Immunity, reforça a necessidade de enfrentar as diferenças sociais.

"Não é aceitável que o local onde você vive ou o quanto você ganha - ou a menor bagagem acadêmica - possam significar um risco maior de doenças", afirmou o professor Jeremy Pearson, diretor médico associado da instituição.

A ligação entre boa saúde e status socioeconômico já foi estabelecida em outras pesquisas.

As pessoas mais pobres tem mais probabilidade de fumar, fazer menos exercícios e ter menos acesso atendimento de saúde de boa qualidade, quando comparadas as pessoas mais ricas.

Mas, o novo estudo sugere que a educação pode ser um fator determinante mais preciso da saúde no longo prazo do que o status social e a renda.

Além do University College de Londres, também participaram especialistas da University of Wales Institute, em Cardiff, e da Universidade da Califórnia, em San Francisco.

Decisões

Os pesquisadores sugerem que uma educação melhor permite que as pessoas tomem decisões melhores que afetam a saúde no longo prazo.

Os cientistas também especulam que as pessoas mais qualificadas poderão sofrer menos com o estresse no longo prazo ou então ter mais habilidade para lidar com o estresse.

"Educação é um marcador de classe social que as pessoas adquirem logo no início da vida e nossa pesquisa sugere que é a exposição no longo prazo às condições de um status mais baixo que promove o envelhecimento celular acelerado", afirmou o professor Andrew Steptoe, do University College de Londres, que liderou o estudo.

A equipe de Steptoe pegou amostras de sangue de mais de 400 homens e mulheres com idades entre 53 e 75 anos e então mediram o comprimento de partes do DNA encontrado na extremidade dos cromossomos.

Estas partes, chamadas telômeros (representado pela cor vermelha na imagem acima), protegem os cromossomos de danos. Os cientistas acreditam que telômeros mais curtos podem ser um indicador de envelhecimento mais rápido.

Os resultados da nova pesquisa do University College de Londres mostraram que pessoas com menos educação tinham telômeros mais curtos, o que indica que elas podem envelhecer mais rapidamente.

Estes resultados também indicaram que o comprimento dos telômeros não foi afetado pelo status social e econômico de uma pessoa em um período mais tardio de sua vida, como se pensava anteriormente.

Para o professor Stephen Holgate, presidente do Conselho de Pesquisa Médica e da Diretoria de Sistemas de Medicina, as experiências de uma pessoa no início da vida "podem ter influências importantes na saúde".

"Assim como em todas as pesquisas de observação, é difícil estabelecer as causas destas descobertas, mas este estudo fornece provas de que ter uma educação em um nível mais alto pode trazer mais benefícios do que apenas no mercado de trabalho", afirmou.

Empresa espanhola produz teste para indicar expectativa de vida

Teste controverso avaliaria tempo restante de vida pelo estudo dos telômeros

SÃO PAULO - Um teste criado por um empresa espanhola tem causado polêmica na Europa, de acordo com o site Medical Xpress. Life Length, que é de propriedade da bióloga Maria Blasco, do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer da Espanha, diz ter desenvolvido um método que mostra quanto tempo resta de vida para as pessoas.

De acordo com pesquisadores, o teste não é tão claro a ponto de dizer quanto anos, ou meses, as pessoas ainda têm de vida. O mecanismo usado para saber se alguém ainda tem muito para viver tem como o principal alvo de estudo os telômeros, que são estruturas encontradas nas pontas dos cromossomos. Pelo que se sabe hoje, quanto menor o tamanho dos telômeros, menor a expectativa de vida da pessoa. Esta avaliação poderia ser feita por meio de exame de sangue.

A preocupação que toma conta da comunidade científica é que, além de deixar as pessoas preocupadas em relação a um futuro incerto, os resultados podem ser usados, por exemplo, por companhias de seguro na avaliação de risco dos clientes.

O desenvolvimentos do teste é controverso, mas a Life Length já está em contato com empresas de diagnósticos médicos para torná-lo viável no mercado. O principal argumento da empresa é que o uso do teste ajudará a fornecer dados sobre a saúde das pessoas e possíveis mortes prematuras. Pesquisadores acreditam que daqui 5 a 10 anos os testes de telômeros serão bem comuns. Hoje, o teste custaria cerca de US$ 700, mas Blasco espera diminuir este custo à medida que a procura aumenta.

Manicures ignoram vacina para hepatite B

MARIANA LENHARO

Todas as manicures da cidade de São Paulo podem ser vacinadas contra a hepatite B gratuitamente. Mas, apesar do direito que a categoria tem, 74% delas não estão protegidas contra a doença. Dessas, 8% têm o vírus, o dobro da incidência constatada na população geral entre 18 e 60 anos. Além disso, 59% das profissionais não sabem do direito à imunização.


A descoberta faz parte de uma pesquisa de doutorado desenvolvida no Instituto Emílio Ribas pela enfermeira Andréia Cristine Deneluz Schunck de Oliveira. “Quando fiz o levantamento, percebi que as manicures não têm noção do risco a que estão se expondo e o risco a que estão expondo as clientes”, diz Andréia.

No caso da hepatite B, o contágio é comumente associado ao sexo desprotegido, mas ele também pode ocorrer por meio de sangue – sobretudo porque essa variedade de vírus é mais resistente do que o tipo C, por exemplo, e pode permanecer vivo em objetos, como lixas e polidores, por até sete dias. Além disso, o risco é potencializado por um hábito cultural da brasileira: retirar a cutícula antes de pintar as unhas, o que favorece sangramentos.

Por seis meses, Andréia visitou 100 salões de beleza em vários bairros da cidade, metade deles localizados dentro de shoppings. Em cada salão, escolheu uma manicure, aplicou um extenso questionário e observou seu trabalho durante cerca de 10 horas.

As 100 entrevistadas foram submetidas a testes para verificar se tinham hepatite: 8 foram diagnosticadas com o tipo B e duas com hepatite C. Segundo os médicos, a eficácia do tratamento para essas doenças aumenta quanto mais cedo for feito o diagnóstico. Se não forem constatadas antes, podem evoluir para outras enfermidades potencialmente perigosas, como a cirrose hepática ou o câncer de fígado.

Andréia lembra que a vacina contra hepatite B tem 95% de eficiência quando tomadas as três doses. “O problema que é uma doença silenciosa e assintomática. E as pessoas vão muito pela aparência”, conta, lembrando ter ouvido das manicures: ‘minhas clientes são limpinhas, não tem risco de transmitirem alguma doença’.

A manicure Elisângela Soares, 31 anos, trabalha em um salão de beleza na zona norte da capital e já tomou a vacina contra hepatite B, mas mesmo assim capricha na prevenção. “Aqui limpamos todos os instrumentos com água e sabão e depois esterilizamos. Lixas e palitos são todos descartáveis”, diz.

Sua colega de trabalho, Maria Antônia da Silva, de 55 anos, não se lembra de ter tomado as doses. Ela conta que, em seus 25 anos de profissão, as medidas de higiene mudaram muito. “Antes, não se tinha conhecimento sobre a importância de se esterilizar os equipamentos como hoje temos”, lembra.

Outra conclusão da pesquisa foi a de que em nenhum estabelecimento a esterilização dos instrumentos havia sido feita da maneira correta: 54% dos salões usavam a estufa para esterilizar alicates, porém em temperatura e tempo inadequados. Outros 26% usavam de maneira errada a autoclave.

A pesquisadora também constatou que os salões não tinham pias adequadas para a higienização e que 74% das manicures não lavavam as mãos entre uma cliente e outra. Para Andréia, a desinformação se deve ao fato de que não é obrigatório ter um curso preparatório para exercer a função. Para oferecer mais informações às profissionais, ela lançou o manual Meu salão livre das hepatites, em parceria com o Ministério da Saúde.