Implante de aparelho elétrico nas costas e dois anos de treinamento físico permitiram a americano de 25 anos recobrar movimentos
Londres
Esperança. Rob Summers se levantou da cadeira de rodas AFP
Rob Summers, um americano de 25 anos que ficou paraplégico após um acidente de carro em 2006, conseguiu se levantar e caminhar graças a uma combinação pioneira de estímulo epidural e treinamento. O feito é fruto do trabalho de especialistas do Centro de Pesquisa da Medula Espinhal da Universidade de Louisville e da Universidade da Califórnia e está descrito na revista médica The Lancet.
Imagens que acompanham a pesquisa mostram que Summers é capaz de se levantar e ficar em pé por até quatro minutos (com ajuda periódica, chega a uma hora). Com o auxílio de outras pessoas, pode dar vários passos sobre uma esteira. Ele consegue mover voluntariamente o quadril, os joelhos, os tornozelos e os dedos dos pés. Segundo os pesquisadores, o paciente também recuperou parcialmente o funcionamento dos órgãos sexuais e da bexiga.
Os cientistas basearam seu projeto na estimulação elétrica contínua da parte inferior da medula espinhal do paciente, simulando os sinais que o cérebro transmite em condições normais para iniciar um movimento. Uma vez que o sinal é transmitido, a rede neurológica da medula, em combinação com a informação sensorial que as pernas enviam, é capaz de dirigir os movimentos dos músculos e das articulações necessários para se levantar e andar, sempre com a ajuda de terceiros.
O outro aspecto fundamental do trabalho foi "reeducar" as redes neurológicas da medula para produzir o movimento muscular necessário para as atividades. Esse processo de intenso treinamento físico durou mais de dois anos e exigiu o implante de um dispositivo de estimulação elétrica nas costas do paciente.
Os professores Susan Harkema e Reggie Edgerton, que dirigiram a pesquisa, afirmam no estudo que seu objetivo é permitir a pessoas com lesões medulares que portem uma unidade portátil de estímulo elétrico. Isso aumentaria a possibilidade de o paciente se levantar, manter-se de pé e dar alguns passos de maneira independente, embora sempre com a necessidade de se apoiar em um andador.
Edgerton explica que "a medula pode interpretar esses dados de maneira independente e mandar instruções de movimento às pernas, tudo isso sem participação cortical".
Cautela. Mesmo com o sucesso de Summers, Harkema e Edgerton se mostram cautelosos e ressaltam que ainda há muito trabalho a ser feito antes que essa técnica que desenvolveram possa ser disseminada.
"É um passo adiante. Abre uma grande oportunidade para melhorar a vida diária desses indivíduos, mas ainda temos um longo caminho a percorrer", disse Harkema.
Os autores ressaltaram que o caso de Summers é especial porque, apesar de ele estar paralisado do tronco aos pés, ele ainda mantinha uma certa sensibilidade nessa área. / EFE
Revolução
ROB SUMMERS
PACIENTE
"Esse procedimento mudou minha vida. Para alguém que há quatro anos era incapaz de mover um dedo do pé, ter a liberdade e a capacidade de levantar sozinho é uma sensação incrível."
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