Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Cursos de medicina sem estrutura crescem e chegam a custar R$ 7 mil

Dados do Conselho Federal de Medicina mostram que nenhuma faculdade de medicina do país tirou a nota máxima na última avaliação do Inep
 
Que médicos estão sendo formados pelas faculdades de medicina? Um levantamento inédito do Conselho Federal de Medicina mostrou que elas viraram um balcão de negócios. A qualidade do ensino fica em segundo plano. O Fantástico percorreu o país e encontrou escolas sem nenhuma estrutura para formar um médico. E até estudantes atendendo pacientes sozinhos, sem a supervisão de professores.
 
Não é Natal, nem réveillon. Mas a rodoviária da pequena Mineiros, no interior de Goiás, está lotada. É fim de julho e quem chega com as malas são todos jovens, com uma mesma expectativa. O objetivo é um só: fazer vestibular para medicina.
 
Mais de três mil alunos vieram de longe pro vestibular da faculdade particular Fama.
 
Há dois anos, Marcela tenta entrar em medicina. Já encarou mais de vinte vestibulares.
 
E quando soube de um curso novo em Goiás, ficou animada e viajou 1.200 quilômetros. O vestibular é só o primeiro passo de uma longa carreira. Mas o que esses estudantes podem encontrar pela frente está longe de ser um sonho.
 
Um estudo inédito do Conselho Federal de Medicina fez uma radiografia do ensino médico no Brasil. E expôs uma realidade preocupante: o número de faculdades disparou nos últimos anos. São instituições em sua maioria particulares, com mensalidades muito altas, que chegam a R$ 11 mil. Só que preço nem sempre quer dizer qualidade.
 
“Lamentavelmente hoje virou um balcão de negócios a abertura de cursos médicos. Isso é triste. A medicina brasileira está em decadência”, afirma José Hiram Gallo, conselheiro do Conselho Federal de Medicina.
 
Na nova faculdade de Mineiros, as salas de aula e os laboratórios já estão prontos. Os bonecos de plástico estão no lugar. Mas falta o espaço para a formação prática. Os últimos dois anos do curso de medicina são dedicados ao estágio, chamado de internato.
 
“Fundamentalmente a medicina precisa de campo de prática, os alunos precisam ser levados para as enfermarias”, Carlos Vital, presidente do Conselho Federal de Medicina.
 
Internato é diferente de residência, que vem depois da formatura, como especialização.
 
O MEC exige que, para cada vaga do curso de medicina, deve haver um mínimo de cinco leitos do SUS, ou conveniados, para o internato. mil leitos. Mas no lugar do futuro hospital universitário, por enquanto, só tem mato. No lugar onde serão os consultórios, também. E onde será construído um campus exclusivo pra faculdade de medicina, só se vê terra.
 
A rede pública da região também não comportaria os alunos. Só tem 379 leitos. Faltariam mais de 600 leitos para cumprir a exigência do MEC.
 
O diretor da faculdade garante que fez convênios para ter todos os mil leitos. Para atingir a cota, a faculdade promete vagas de estágio em Goiânia, a mais de 400 quilômetros de distância.
 
Alessandro Rezende, diretor da Faculdade Mineirense - Fama: A gente tem 1050 leitos conveniados em Goiás.

Fantástico: E são quais hospitais?

Alessandro Rezende: São três em Mineiros, 14 hospitais no interior de Goiás e são mais três grandes hospitais aqui de Goiânia.
 
“Não precisa ser uma pessoa que viva na área da saúde para saber que essa distância é absolutamente incompatível com esse processo de ensino de aprendizado”, observa Carlos Vital.
 
Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás diz que o convênio não existe. “Não foi feito nenhum contato conosco, até o momento, dessa faculdade para a busca de nenhuma possibilidade de nenhuma oferta de campo de estágio”, afirma Nelson Bezerra, da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás.
 
Por causa da falta de leitos para o estágio, o MEC não autorizou a abertura do curso. Mas a faculdade conseguiu uma liminar na Justiça para funcionar. Os alunos que passaram no vestibular começam as aulas nesta segunda (24), pagando R$ 7 mil por mês.
 
Fantástico: O aluno que vai estudar lá pode sair mal formado?

Maria do Socorro de Souza, presidente do Conselho Nacional de Saúde: Pode. Pode sair mal formado sim. E é lamentável porque é um custo caro pra família, é um custo caro para a sociedade porque muitos deles podem dispor do crédito educativo.
 
Só nos últimos cinco anos, foram abertas 81 escolas médicas. Quase a metade do total de faculdades de medicina criadas em mais de 200 anos. O governo federal diz que a abertura de novas faculdades é necessária porque faltam médicos no Brasil.
 
“Nós estamos ainda muito abaixo do que se espera para que nós possamos atender a nossa população com o número de médicos que queremos”, diz Luiz Cláudio Costa, secretário executivo do Ministério da Educação.
 
Atualmente, o Brasil tem 1,8 médico por mil habitantes. A média das Américas, incluindo Estados Unidos, é de 2,2. E a da Europa é 3,3.
 
“O Brasil está muito abaixo ainda do desejável no mundo, até dos nossos países vizinhos”, afirma Luiz Cláudio Costa.
 
Um especialista em educação médica estudou o surgimento recente de escolas de medicina. E afirma que o número de faculdades existentes hoje já seria suficiente para ultrapassar até os padrões europeus.
 
“Não há mais necessidade de nenhum curso de medicina novo no Brasil. O Brasil tem falta de médicos, com certeza, mas já houve uma expansão tão grande no número de cursos de medicina que essa falta de médicos vai ser resolvida com os cursos de medicina que já existem. O que o Brasil precisa é de médicos com formação de qualidade”, informa professor titular de Faculdade de Medicina da USP Milton de Arruda Martins.
 
E qual será a qualidade dos médicos que o Brasil está formando? Uma das respostas pode estar nos estágios que as faculdades oferecem.
 
Em Porto Velho, existem três faculdades de medicina. Nenhuma tem um local próprio para estágio.
 
O estudante João Otavio Salles Braga está quase se formando pela Universidade Federal de Rondônia. Ele faz estágio no Hospital Estadual João Paulo II, que está abarrotado de estudantes. “Tem um excesso de alunos, às vezes sete, oito ali para dez leitos”, conta.
 
Segundo João, os pacientes às vezes se sentem incomodados com tantos alunos: “Imagina, sete, oito pessoas apalparem aquele mesmo lugar. Eu tive paciente que falou: ‘Não, não, não aperta mais não. Já tá doendo, eu sei que tá doendo’. É um ambiente relativamente pequeno para acomodar todos os pacientes ali, mas os médicos, se você bota mais acadêmicos ali dentro, fica mais sobrecarregado", afirma.
 
Um funcionário diz que os alunos ficam a maior parte do tempo sem supervisão.
 
Funcionário: Foi um corte que ele teve na face, então foi feita a sutura de forma inadequada.

Fantástico: Mas o estudante fez a sutura sozinho?

Funcionário: Sozinho.
 
Um professor alerta.
 
Professor: As pessoas que estão se formando ali vão atender seres humanos daqui a pouco e isso é muito desagradável, pois vão dar um mau atendimento.

Fantástico: Qual pode ser a consequência disso?

Professor: A morte do doente.
 
O Fantástico visitou o Hospital Infantil Cosme e Damião, também em Porto Velho. Durante duas horas, nossa equipe flagrou vários estudantes, como uma jovem examinando uma criança na emergência, sem nenhum professor acompanhando. Outra aluna atendia uma criança que passava mal.
 
Mostramos as imagens para o representante de Rondônia no Conselho Federal de Medicina.
 
“Apalpou, auscultou, fez tudo que não era da competência dela. E sim do médico. Ela poderia até fazê-lo, mas do lado do médico professor”, avalia José Hiram Gallo.
 
E o segundo caso? “Essa criança precisava de um atendimento médico que estivesse um médico próximo, essa criança poderá ter até a morte por falta de um atendimento”, alerta José Hiram Gallo.
 
“Se esse tipo de denúncia chega pra gente, a primeira coisa que se faria, se houvesse, era demitir o professor preceptor”, afirma Nina Lee Magalhães, coordenadora acadêmica da Faculdades Integradas Aparício Carvalho.
 
“Eu vou apurar e será... Esse supervisor será desligado do serviço”, garante Maria Eliza de Aguiar, diretora da Faculdade São Lucas.
 
O coordenador de estágio da Universidade Federal de Rondônia diz que a presença do professor é indispensável.
 
“Se ele realizar alguma conduta isso é absolutamente ilegal porque ele não é médico, ele é um aprendiz e está ali pra aprender uma profissão”, diz José Ferrari.
 
Condições precárias de estágio são apenas uma das deficiências de escolas médicas brasileiras. Dados inéditos do Conselho Federal de Medicina mostram que nenhuma faculdade de medicina do país tirou a nota máxima na última avaliação do Inep, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Numa escala de um a cinco, mais da metade teve nota menor ou igual a três.
 
Além das notas baixas, o estudo chama atenção para a abertura de escolas em cidades pequenas, que não têm estrutura para estágio. Nos últimos dois anos, foram 20 casos assim.
 
“A interiorização dos cursos de medicina com condições de fixação é que nos vão garantir que esses médicos não vão ser atraídos somente para trabalhar nas capitais”, afirma Luiz Cláudio Costa.
 
O professor da Faculdade de Medicina da USP Mário Scheffer analisou médicos formados no interior, nos últimos 30 anos. E concluiu: apenas um em cada cinco permanece na cidade onde se formou.
 
“A interiorização dos cursos de medicina é totalmente insuficiente para fixar médicos no lugar. Os médicos formados nesses pequenos municípios migram para os grandes centros em busca de empregos e condições de trabalho e remuneração mais atraentes”, diz Mário Scheffer.
 
O estado de São Paulo concentra o maior número de escolas médicas do país: 44. O Conselho Regional de Medicina do estado é o único que aplica uma prova para recém-formados. Nos últimos três anos, o desempenho das particulares foi bem pior que o das públicas.
 
No ano passado, 67% dos alunos da rede pública foram aprovados na avaliação. Na rede privada, apenas 35% passaram.
 
Da universidade Camilo Castelo Branco, em Fernandópolis, onde a mensalidade custa cerca de R$ 6 mil, só 23% dos alunos passaram na prova. O curso está entre os três piores do estado.
 
“O risco de um médico mal formado são 43 anos, é a média que um médico depois de formado exerce a profissão, fazendo uma medicina de má qualidade”, diz Bráulio Luna Filho, presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo.
 
O número de denúncias de erros médicos no Conselho Regional de Medicina de São Paulo cresceu de 5 para 18 por dia, nos últimos 20 anos. O presidente do conselho atribui o aumento à má formação dos profissionais.
 
“Antigamente eram denunciados médicos com mais de 15, 20 anos de formado. Agora, não. São médicos com três, quatro, cinco anos de formado. Foi o que nos levou a fazer o exame do conselho”, diz Bráulio Luna Filho.
 
Pelas leis atuais, aprovados ou reprovados, todos os formados podem exercer a medicina. Mas o Cremesp propõe que só possam trabalhar como médicos os que forem aprovados no exame do conselho.
 
Em Cuiabá, num dia de festa tão simbólico, essa ideia divide opiniões.
 
“O bom aluno que estudou, que dedicou, ele não vai ter medo dessa prova, dessa avaliação, visando o bem comum, que é a melhora da medicina e consequentemente da qualidade de vida das pessoas”, opina Pedro Vitor Magalhães, formando em medicina.
 
“Depois da nossa faculdade, muitos fazem a residência, e pra você passar na residência é necessário passar por um novo processo seletivo, uma nova prova. Então acho que seria desnecessário”, comenta a formanda Camila Leite Teixeira.
 
Para esses recém-formados, existem duas certezas: o caminho até aqui não foi fácil. E o futuro é cheio de sonhos.
 
E a Marcela, aquela estudante do começo da reportagem, ainda não passou no vestibular de Mineiros, em Goiás. Já houve seis listas, e ela ainda não foi chamada.
 
G1

Entenda por que o 'viagra feminino' não vai solucionar os problemas sexuais das mulheres

A flibanserina foi aprovada pela Food and Drugs Administration (FDA), agência reguladora dos EUA, com a promessa de aumentar o desejo sexual, mas a falta de libido tem inúmeras causas e pode ser sintoma de uma série de doenças
 
Por si só, a falta de desejo sexual não é considerada nem pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e nem pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação de Psiquiatria Americana (APA) uma anormalidade. A questão só passa a ser considerada um problema a partir do momento em que a pessoa nessa condição sofre. Assim, se a mulher se sente angustiada pela falta de desejo sexual ela pode (e deve) procurar uma solução, que nem sempre estará associada a um medicamento. A aprovação da flibanserina pela Food and Drugs Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, traz essa discussão para o espaço público na medida em que a substância chega ao mercado norte-americano com a promessa de aumentar o desejo sexual.
 
Professora da Escola de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP, Carmita Abdo afirma que a chegada da flibanserina ao mercado norte-americano é um fato positivo. “Sem entrar no mérito de a substância ser boa ou não, é a primeira vez que um órgão regulador aprova um medicamento para que as mulheres melhorem a sua função sexual. Rompe-se uma barreira de considerar a necessidade feminina e, junto com essa aprovação, temos uma mudança de paradigma”, pontua.

Sexólogo e membro da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMG), Gerson Lopes diz que o víeis machista persiste nas pesquisas que são desenvolvidas em relação à saúde da mulher. “Temos muitos trabalhos quando pensamos em reprodução feminina, temos muitos trabalhos quando nos referimos ao prazer masculino, mas não vemos o mesmo interesse em se pesquisar o prazer da mulher”, reforça.

Dentro dessa perspectiva, os especialistas consideram a notícia um fato positivo, mas quando pensam na eficácia e efeitos colaterais da substância em si são mais cautelosos. O medicamento que exige prescrição e acompanhamento médico foi desenvolvido para mulheres na fase da pré-menopausa que relatam a persistência da falta de desejo sexual.

Para Carmita Abdo, entretanto, não é toda mulher com falta de libido que se beneficiará dos efeitos da droga no organismo. “Às vezes a falta de desejo é sintoma de outros problemas como deficiência hormonal, conflito relacional sério, casamento desgastado ou depressão. Não será um remédio que vai resolver nesses casos. O problema anterior é que precisa ser combatido”, explica.

Ao contrário da classe de medicamentos pró-erétil - popularmente conhecidos como Viagra - que atuam perifericamente apenas nos órgãos sexuais, a flibanserina tem ação no sistema nervoso central modificando a concentração de neurotransmisssores no corpo. Os efeitos colaterais incluem desmaios, diminuição da pressão arterial, sonolência, náuseas e tonturas. Além disso, não deve ser associado ao consumo de álcool. A atenção médica é imprescindível no caso do uso dessa substância pelas mulheres.

O sexólogo Gerson Lopes rechaça a expressão que o medicamento ganhou no Brasil. Para ele, o nome ‘viagra feminino’ não reflete a diferença que é preciso ser estabelecida entre os medicamentos. Para ele, a efetividade da flibanserina é algo que se provará na prática com a sua comercialização. “Não é uma droga mágica e não chega aos pés das drogas desenvolvidas para ajudar na ereção do homem e que representam uma verdadeira revolução masculina”, pondera.

Um teste clínico feito com a flibanserina mostrou que as mulheres que fizeram uso do medicamento afirmaram ter tido, em média, 4,4 experiências sexuais satisfatórias em um mês. Já o grupo que consumiu o placebo, relatou 3,7 experiências sexuais satisfatórias.

Outra diferença em relação ao Viagra é que não basta tomar um comprimido. O efeito só é percebido com o uso continuado e após algumas semanas de consumo diário.

Carmita Abdo não acredita que a flibanserina vá mudar a experiência sexual das mulheres por si só, mas, para ela, a entrada do medicamento ao mercado é um acontecimento que vai proporcionar à mulher mais informação sobre a própria sexualidade. “Vamos ter mais informação, menos tabu e mais conceitos baseados em evidência científica do que é a sexualidade feminina, quais são seus bloqueios e quais as possibilidades para superá-los”, diz.

Preparo médico

A coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP defende que a formação médica deve incluir a disciplina de medicina sexual. “As escolas devem preparar os alunos para essa nova era para que as medicações que tratam as disfunções sexuais sejam administradas de forma correta com todo o arsenal de conhecimento disponível sobre o tema”, pontua. No caso dos profissionais que já se formaram, é hora de reciclar os conhecimento. “Digo e repito: a resolução das questões sexuais das mulheres envolve aspectos biopsicosociocultural”, reforça.

Para ela, o tratamento das dificuldades sexuais exige recursos dos mais diversos que incluem melhores hábitos de vida, exercícios físicos regulares, dormir o quanto a pessoa tem necessidade, evitar bebidas alcoólicas, conseguir administrar bem o estresse diário. “Doenças relacionadas ao sistema reprodutor e todas aquelas que afetam a oferta de sangue para os genitais, como a hipertensão, influenciam a libido. Depressão e ansiedade são também inimigas do desejo sexual”, reforça.

Descoberta acidental
A ação da flibanserina no desejo sexual foi descoberta, assim como ocorreu com Viagra, acidentalmente. A empresa Boehringer Ingelheim pesquisava a molécula para atuar como um antidepressivo e as mulheres que usaram o medicamento relataram um aumento no desejo sexual. Em 2010, a corporação tentou a aprovação na FDA, que foi negada.

Em seguida, a Sprout comprou a fórmula que, em 2013, também foi rejeitada pela agência dos EUA. As especulações em relação à aprovação que ocorreu em 18 de agosto se dividem entre os que acreditam que o ativismo feminino pressionou a agência reguladora e aqueles que afirmam que a farmacêutica teria pagado custos de entidades que defendem o direito das mulheres e do consumidor.

No Brasil
A flibanserina chega ao mercado norte-americano com o nome comercial Addyi. Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não poder divulgar se o pedido de registro já foi feito no Brasil, já que o procedimento é sigiloso, a expectativa é de que o aval da FDA seja um facilitador para a entrada da droga no país.

O órgão explica que se um medicamento não está no mercado brasileiro os motivos são:

1. Nenhum pedido de registro foi apresentado à Anvisa

2. O produto não comprovou eficácia e segurança e por isso o pedido foi indeferido

3. A substância faz parte de uma lista de produtos banidos por falta de segurança ou proibição legal (exemplo: anfetamínicos, LSD, etc)

4. O medicamento ainda está em análise na Anvisa.

5. O produto ainda está em fase de pesquisa.

Saúde Plena

Mastectomia não protege mulheres em estágios iniciais de câncer de mama


Mastectomia e lumpectomia podem não ser a solução para o carcinomas ductais in situ
Foto: Arquivo
Arquivo: Mastectomia e lumpectomia podem não ser a solução para o
carcinomas ductais in situ
Estudo que acompanhou 100 mil mulheres por 20 anos sugere que a probabilidade de morte é a mesma da população em geral
 
Nova York - Nos Estados Unidos cerca de 60 mil mulheres a cada ano são informadas de que têm uma fase muito precoce do câncer de mama — estágio 0, como é vulgarmente conhecido — um possível precursor do que poderia ser um tumor mortal.
 
E quase todas as mulheres fazem mastectomia, e muitas vezes uma dupla mastectomia, removendo uma mama saudável também, ou lumpectomia (procedimento cirúrgico que remove apenas o nódulo mamário e a parte adjacente de tecido normal). No entanto, agora parece que o tratamento pode não fazer diferença no resultado.
 
As pacientes com esta condição têm quase a mesma probabilidade de morrer de câncer de mama que mulheres na população em geral, e as poucas que morreram, morreram apesar do tratamento, não por falta dele, relatam pesquisadores à revista “JAMA Oncology”. As conclusões foram baseadas na mais ampla coleta de dados já analisados de carcinomas ductais in situ (DCIS, na sigla em inglês): 100 mil mulheres acompanhadas por 20 anos.
 
A descoberta deve acender o debate sobre se milhares de pacientes estão se submetendo a tratamentos desnecessários e, muitas vezes, desfigurantes para condições malignas não suscetíveis de evoluir para cânceres fatais.
 
O diagnóstico de DCIS envolvendo células anormais confinadas em dutos de leite da mama subiram nas últimas décadas. Eles agora representam um quarto dos diagnósticos feitos com mamografia, e os radiologistas encontram lesões cada vez menores. Mas os novos dados sobre os resultados levantam questões provocantes: O DCIS seria um precursor do câncer ou apenas um fator de risco para algumas mulheres? Existe alguma razão para a maioria dos pacientes com o diagnóstico receber terapias brutais? Se o tratamento não faz diferença, as mulheres devem mesmo saber que têm a condição?
 
O diretor médico da Sociedade Americana de Câncer, Otis W. Brawley, disse não estar pronto para abandonar o tratamento até que um grande ensaio clínico seja feito para testar se o melhor é que as mulheres façam mastectomia, lumpectomia ou não façam nada quando diagnosticadas com CDIS, e este estudo mostre que o tratamento é desnecessário para a maioria dos pacientes. Brawley, que não esteve envolvido no estudo, também disse que não tinha dúvidas de que o tratamento tem sido usado excessivamente.
 
ADVERTISEMENT
— Na medicina temos uma tendência a ficar muito entusiasmados com uma técnica e a usarmos excessivamente — disse Brawley. — Isso aconteceu com o tratamento de carcinoma ductal in situ.

Cerca de metade das 100 mil pacientes no banco de dados usado pelos pesquisadores, de um registro nacional de câncer, tinha feito lumpectomia, e quase todo o resto tinha feito mastectomia. O risco de essas mulheres morrerem de câncer de mama nas duas décadas seguintes ao tratamento era de 3,3% independentemente do tratamento usado — e este percentual de risco é similar ao da média das mulheres em geral, diz a cirurgiã de mama Laura J. Esserman, pesquisadora da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que escreveu um editorial que acompanha o estudo.
 
Os dados mostraram que algumas pacientes tinham alto risco: as que tinham menos de 40 anos, negras, e com células anormais contendo marcadores moleculares encontrados em cancros avançados com prognósticos pobres.
 
Precursor de câncer ou fator de risco?
O DCIS há muito tem sido considerado um precursor de tumores letais, análogo aos pólipos no cólon que podem se transformar em câncer de intestino, diz o autor do estudo Steven A. Narod, pesquisador do Women’s College Research Institute, em Toronto, no Canadá. A estratégia de tratamento tem sido a de se livrar das partículas minúsculas de células mamárias anormais, assim como os médicos se livram de pólipos do cólon quando os veem em uma colonoscopia. Mas o entendimento da condição ficou fora do esperado, já que mulheres que fizeram mastectomia deveriam estar protegidas do tumor, quando na verdade elas passaram a ter o mesmo risco de desenvolver a doença daquelas que tinham feito lumpectomia. Quase nenhuma ficou sem tratamento, então não tem como saber ser a falta de procedimento teria sido uma alternativa pior.
 
Laura Esserman disse que se os cânceres de mama mortais começassem como DCIS, a incidência da doença deveria despencar com o aumento dos índices de detecção. Isso não aconteceu, mesmo na era pré-mamografia, antes de 1980, o número de mulheres com DCIS ficava na casa das centenas. Agora, cerca de 240 mil mulheres recebem diagnóstico de câncer de mama invasivo a cada ano.
 
Esses fatos levaram Narod a uma visão contundente. Depois que um cirurgião removeu as células aberrantes para a biópsia, ele disse:
 
— Eu acho que a melhor maneira de tratar DCIS é não fazer nada.
Outros se desviaram desse conselho.
 
Monica Morrow, diretora da cirurgia de câncer de mama no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, disse que fazia mais sentido ver o DCIS como precursor de câncer que deveria ser tratado como é hoje, com lumpectomia ou mastectomia. Ela questiona se haveria falha no diagnóstico se as mulheres que foram tratadas morressem de câncer de mama.
 
Na maioria dos casos, os patologistas observam apenas uma pequena amostra do tumor, diz Monica, e podem perder áreas de câncer invasivo. Mesmo a melhor mastectomia deixa células cancerosas para trás, o que, segundo ela, pode explicar o fato de um pequeno número de mulheres com DCIS ter morrido de câncer de mama, mesmo após a mastectomia.
 
Brawley disse que o novo estudo, ao mostrar que os pacientes com DCIS estão em risco maior, pode ajudar a definir quem se beneficiaria de tratamentos como lumpectomia ou mastectomia — as mais jovens, negras e com marcadores moleculares. Ele diz que gostaria que ensaios clínicos tratassem dessa questão, assim como o fato do restante das mulheres com DCIS, 80% delas, ficarem bem sem tratamento ou com drogas antiestrogênio, como tamoxifeno ou raloxifeno, que podem reduzir os riscos gerais de câncer de mama.
 
Mas se o DCIS é um fator de risco para câncer invasivo, ao invés de um precursor, talvez seja possível ajudar as mulheres a reduzir seu risco, talvez com terapias hormonais ou imunológicas para mudar o ambiente da mama, tornando-o menos hospitaleiro para as células cancerosas, disse Laura Esserman.
 
— À medida que aprendemos mais, temos coragem de tentar algo diferente — disse ela.
 
O Globo

Vitamina C e xarope não ajudam a curar a gripe, dizem especialistas

Soluções populares são mitos
 
Rio - O pneumologista Carlos Alberto de Barros Franco e a alergista Teresa Seiller, palestrantes do Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar, desmistificaram as doenças respiratórias e algumas crenças populares, durante o evento na Casa do Saber O GLOBO. Ambos especialistas, convidados por Cláudio Domênico, responderam a diversas questões dos leitores que se inscreveram para participar do debate.
 
— A vitamina C não adianta para nada. Não há comprovação científica que ajude no tratamento da gripe e dos resfriados. E o xarope nada mais é do que água com açúcar. Podemos colocar qualquer remédio aí dentro. Até para o coração. Aí, terá função — brincou o pneumologista, afirmando também que pisar descalço no chão gelado ou tomar vento nas costas não causa doenças — É só desagradável.
 
Já Teresa esclareceu que as bombinhas não fazem mal à saúde se usadas corretamente:
 
ADVERTISEMENT
— Há novos broncodilatadores associados ao corticoide. E o corticoide é o melhor anti-inflamatório já inventado. Um santo remédio. Que, sabendo usar, na dose certa e na sequência certa, não faz mal. Bombinha não mata, não!

Os espaçadores, acoplados às bombinhas, também foram recomendados. Barros Franco disse que eles servem para facilitar a coordenação entre a respiração e a entrada do remédio, que passa pelo espaçador antes de chegar à boca.
 
Outra questão respondida pelo pneumologista foi sobre a importância da tosse para o diagnóstico das doenças respiratórias. A tosse pode ser resultado do refluxo gastroesofágico, da sinusite ou da asma.
 
— A tosse é um espetáculo! Além da função respiratória, o pulmão é treinado para tossir e produzir secreção quando algo o agride. Se não, morreríamos a cada caroço engasgado. Mas, se a tosse persistir, mesmo após o sumiço do catarro, do tratamento para a asma ou para a sinusite, será preciso pesquisar a nova causa.

O Globo

Saiba como funciona a conexão entre cérebro e intestino

Saiba como funciona a conexão entre cérebro e intestino Dmitry Demyanenko/Deposit Photos
Foto: Dmitry Demyanenko / Deposit Photos
Dispepsia, constipação e diarreia são sintomas de distúrbios funcionais, problemas que ocorrem devido às manifestações que acontece entre relação
 
Depois do cérebro, o corpo humano apresenta mais um sistema equivalente em funcionalidade — o digestivo, desde o esôfago até o intestino. Ele trabalha com um conjunto de diferentes sinais químicos e tipos de interconexões. Se você tivesse de dar um chute, confesse que o último seria o intestino. Para a alemã Giulia Enders, formada em Medicina, é hora de deixar de subestimar a importância daquele que ela considera um de nossos órgãos mais charmosos.
 
O interesse de Giulia pelo intestino começou depois que ela contraiu uma doença misteriosa que a deixou coberta de feridas. Após inúmeros tratamentos, ela ficou convencida de que o problema teria relação com o intestino. Então, em 2007, aos 17 anos, mergulhou em pesquisas gastroenterológicas.
 
Em 2009, a jovem alemã se matriculou na Faculdade de Medicina da Universidade Goethe, de Frankfurt, e, após participar de palestras sobre o assunto em 2012 — que foram gravadas e viraram sucesso em vídeos na internet —, ela foi convidada por uma editora a escrever um livro sobre o assunto.

Uma experiência com camundongos feita em 2011 se tornou uma dais mais elucidativas pesquisas sobre motivação e depressão, conta a alemã no capítulo Cérebro e Intestino de O Discreto Charme do Intestino Tudo Sobre um Órgão Maravilhoso, livro da escritora de 25 anos que chegou ao Brasil há pouco tempo, depois de se tornar best-seller na Alemanha. Nessa pesquisa, um rato nadador foi colocado em uma pequena bacia com água. Buscou-se descobrir por quanto tempo ele poderia nadar para sair do fundo. Aqueles com traços depressivos se mobilizaram menos e reagiram com mais intensidade ao estresse.
 
O que aconteceu, então, quando a equipe do pesquisador irlândes John Cryan decidiu alimentar metade dos camundongos com Lactobacilus rhamnosus JB-1, uma bactéria que cuida do intestino? Estes nadaram por mais tempo e motivação e apresentaram níveis de estresse reduzidos. Mas quando os cientistas cortaram o nervo vago, que liga o sistema gastrointestinal ao cérebro por meio de uma estrutura que passa pelo tórax, a diferença entre os grupos de camundongos deixou de existir. O resultado mostrou que, como escreve Giulia, “esse nervo funciona um pouco como uma linha telefônica, por meio da qual um colaborador externo transmite suas impressões à central, ou seja, à cabeça”.

— O conceito atual é de que existe um eixo cérebrointestino. O intestino pode sofrer influência do cérebro, por exemplo, quando a pessoa tem um estresse. Uma diarreia, por exemplo. Ou quando muda de ambiente e o intestino tranca. O contrário também ocorre. Quando a pessoa tem algum desconforto intestinal, fica preocupada, deprime- se, fica ansiosa. Então, na realidade, é um caminho de duas mãos — reforça Carlos Francesconi, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, professor titular do Departamento de Medicina Interna da UFRGS e membro do comitê de Relações Internacionais da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).
 
O órgão “espião” no meio do tumulto
Segundo Giulia, como o cérebro se encontra isolado e protegido como nenhum outro órgão, ele precisa dessas informações transmitidas pelo nervo vago para poder fazer uma ideia da situação atual do corpo. Ao adotar no livro uma linguagem que se pretende engraçada e mais acessível ao público leigo — provavelmente o motivo de tamanho sucesso da obra na Alemanha —, a autora explica: “Já o intestino se encontra em meio ao tumulto. Conhece todas as moléculas desde nossa última refeição, aborda com curiosidade os hormônios em circulação no sangue, pergunta às células imunocompetentes como foi seu dia ou, então, ouve concentrado o zumbido das bactérias intestinais. É capaz de contar ao cérebro coisas sobre nós das quais ele jamais suspeitaria”.
 
Dois anos após o estudo realizado com camundongos, a primeira pesquisa sobre os efeitos de um intestino bem cuidado em um cérebro humano saudável foi publicada em 2013. Pessoas ingeriram por quatro semanas uma mistura de determinadas bactérias, e algumas áreas do cérebro se alteraram claramente, sobretudo as responsáveis pela elaboração das sensações e de dor. Tais resultados podem ajudar a compreender melhor por que mau humor, bem-estar ou preocupação não se originam isoladamente da cabeça.

“Em pessoas com intestino irritável, a conexão entre intestino e cérebro pode ser muito carregada. Na síndrome do intestino irritável, com frequência se sente uma pressão ou um gorgolejar desagradável no abdômen, além de uma tendência à diarreia ou a constipações. As pessoas afetadas também costumam sofrer de ansiedade e depressão acima da média”, escreve Giulia.
 
Distúrbios funcionais
Os distúrbios que podem ocorrer pelo que se estabelece no eixo cérebrointestino, explica o gastroenterologista Carlos Francesconi, são chamados de funcionais. Entre as manifestações mais frequentes dessas alterações está a dispepsia funcional — também popularmente chamada de gastrite —, a diarreia, a constipação e a síndrome do intestino irritável.

No estudo epidemiológico de 2012 SIM Brasil — Saúde Intestinal da Mulher Brasileira, realizado com cerca de 3,5 mil mulheres em 10 cidades do país para dimensionar os impactos da condição intestinal na qualidade de vida das mulheres, mostrou-se que duas a cada três mulheres brasileiras declaram sofrer de algum tipo de desconforto intestinal.
 
— A pesquisa dá uma ideia geral de como essas coisas afetam a população. Fizemos um estudo no Hospital de Clínicas e vimos que a dispepsia atinge quase 40% dos brasileiros, a síndrome do intestino irritável, 18%, e a constipação em torno disso também — complementa Francesconi.

Segundo o especialista, a forma como essas alterações da conexão eixo cérebrointestino afeta a qualidade de vida depende de pessoa para pessoa:
 
— Há aquelas que são profundamente prejudicadas nesse sentido e outras que convivem muito bem. Tudo tem uma escala de gravidade. Imagine uma pirâmide. A base dela são as pessoas que convivem pacificamente com essas doenças. Tomam seu chazinho, fazem suas manipulações dietéticas e vivem muito bem. No extremo da pirâmide, estão aquelas que não conseguem trabalhar ou sair de casa porque têm as manifestações muito graves. Mas a maioria convive pacificamente com essas doenças.
 
Os principais sintomas dos distúrbios funcionais
 

 Intestino irritável
Alteração do funcionamento do intestino, diarreia ou constipação (ou alternância entre esses dois) e alguma dor ou desconforto em algum lugar da barriga que acompanha essas alterações do padrão evacuatório.
 
 Dispepsia
Sensação de comer e já ficar cheio (plenitude) e arrotar ao longo do dia, com a percepção de sentir o gosto do alimento que fez parte da refeição anterior. Sensação de digestão demorada. Normalmente relatado pelos pacientes como "basicamente tudo que eu como faz mal”.
 
 Constipação
Evacuar menos de três vezes na semana, ter um quarto das evacuações com fezes muito duras, frequentemente em pequenas porções redondas, expelidas com forças e apenas com auxílio de remédios. Não se sentir completamente esvaziado depois de sair do banheiro.
 
 Diarreia
Evacuações de consistência diminuída ou aumento da frequência. Com base em pesquisas feitas na população em geral, mais do que três evacuações por dia podem ser definidas como sintomas de diarreia.
 
 Sobreposição de sintomas
É relativamente comum que pacientes apresentem mais de um sintoma digestivo ao mesmo tempo. Às vezes, pode ocorrer não apenas sobreposição desse tipo de sinais, mas aparecer simultaneamente dores de cabeça, cansaço, fadiga, falta de ar, pânico, ansiedade, dor na articulação temperomandibular, fibromialgia, dor pélvica entre as mulheres.

Quanto mais grave as disfunções, mais o órgão fica sensível a outros estímulos também.
 
 Remédios
Para todas essas aflições existe remédio, explica Francesconi. Depende da intensidade. Nos quadros mais leves, a ação é sobre os órgãos em que a pessoa sente mais o problema. São os remédios laxantes e constipantes.

Quando os casos são mais severos, ou seja, quando o cérebro é mais afetado, a dor é mais grave. É um sinal de que o cérebro é o órgão mais importante a ser medicado. Nestes casos, existem opções de intervenção no sistema nervoso. Antidepressivos, hipnose, abordagens psicológicas, terapia cognitivocomportamental. Em situações muito graves, são feitas modificações na dieta.
 
Fontes: Carlos Francesconi, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, O Discreto Charme do Intestino – Tudo Sobre um Órgão Maravilhoso, de Giulia Enders, e International Foundation for Functional Gastrointestinal Disorders ( iffgd.org)
 
Zero Hora

Com crise, demanda do SUS aumenta

Por Fuad Noman*
 
A Lei 8.080, que trata da organização e funcionamento dos serviços de saúde vedava a participação e o controle de capital estrangeiro nas empresas destinadas a instalar, operacionalizar ou explorar um hospital geral, inclusive filantrópico, ou especializado, assim como policlínicas e clínicas
 
Com a Lei 13.097/15, em vigor desde janeiro deste ano, esta proibição caiu com grandes reflexos para o setor hospitalar no Brasil. Agora é permitida “a participação direta ou indireta, inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro” nos casos em que esta participação era, até então, vedada”.
 
Esta modificação ocorreu, e segue sendo amadurecida, em um momento econômico do Brasil que mostra inflação as portas dos dois dígitos; previsão de queda do PIB chegando aos 2%; aumento médio da energia elétrica em mais de 30%; emprego na indústria em queda livre. Se tudo der certo até o final de 2016 podemos ter o início de uma recuperação.
 
Quero chamar atenção sobre algo que pode passar despercebido. Os dados divulgados sobre a economia brasileira são números médios e não mostram variações que podem ser muito maiores se olharmos setores e regiões específicas.
 
As regiões mais dependentes do petróleo, como o Rio de Janeiro, parte do Espírito Santo, Baixada Santista em São Paulo estão sofrendo muito mais. Regiões mais vinculadas à indústria automobilística como o ABC de São Paulo, Betim em Minas Gerais e parte do Vale do Paraíba em São Paulo convivem com as consequências da queda de produção prevista para o setor.
 
Nestas regiões há forte redução da atividade econômica e aumento do desemprego. Para o setor de saúde pode-se esperar uma transferência de demanda do setor privado e de convênios para o SUS, aumentando a sobrecarga neste último.
 
Outro ponto que precisamos ficar atentos é para a alteração dos preços relativos. Uma inflação de 9% é uma média de aumento de preços, portanto, temos preços subindo pouco e temos, por exemplo, o aumento dos preços de energia elétrica (33%). Temos ainda a “inflação” dos importados, resultado do aumento da taxa de câmbio que foi de R$ 2,23 em maio de 2014 para algo em torno de R$ 3,50 (aumento de mais de 50% em pouco mais de um ano). Setores como o de saúde que trabalham com muitos insumos importados ou fabricados com matérias primas importadas são fortemente impactados. Da mesma forma são fortemente impactadas as dívidas em moeda estrangeira em especial aquelas contraídas na importação de equipamentos. Assim, surge de imediato uma primeira pergunta: Qual é a inflação se sua empresa? Sim. Cada empresa tem uma variação de custos própria, que inevitavelmente impacta seus preços finais e o seu desempenho.
 
A conclusão é que, para a maior parte das empresas, de qualquer ramo de negócios, a conjuntura 2015/2016 é um grande desafio. E nele também podem estar grandes oportunidades de negócios.
 
Neste contexto, a palavra-chave é gestão. E as figuras principais para enfrentar situações atípicas são os gestores. Cabe a eles liderar as equipes para promover mudanças, aumentar a produtividade, buscar novos nichos para aumentar a base de cliente, dentre outras. Não podemos esquecer também a importância nestes momentos de crise de uma boa estrutura de Governança Corporativa, com o Conselho de Administração exercendo seu papel de definir a estratégia e a Diretoria propondo os caminhos e os planos a serem executados pelos seus liderados.
 
*Fuad Noman – Economista, diretor da EconPrev Consultoria
 

Lei obriga presença de palhaços em hospitais infantis em Buenos Aires

Lei argentina agora obrigará hospitais infantis a terem tratamento
 'não convencional' com palhaços
O projeto social do médico americano Hunter “Patch” Adams chegou à Argentina. A ideia dele, que ficou famosa no filme protagonizado por Robin Williams em 1998, consistia em adotar métodos não convencionais para curar doenças, como usar palhaços para melhorar o bem-estar dos pacientes
 
Agora, os hospitais da província de Buenos Aires, a maior da Argentina, terão de contar com palhaços nos hospitais para humanizar o tratamento com crianças doentes, de acordo com uma nova lei promulgada na última quarta-feira.
 
Cada serviço de terapia pediátrica deverá oferecer ‘palhaços hospitalares’.
 
“O palhaço de hospital será aquela pessoa especialista na arte de ser palhaço e que reúna as condições e requisitos para o desenvolvimento dessa tarefa em hospitais públicos provinciais e municipais”, diz a lei, que não especifica se o palhaço precisa necessariamente ser um médico.
 
‘Desdramatizar’
Segundo a ONG Payamédicos, existem cerca de 2 mil profissionais realizando essas tarefas em centros médicos da Argentina e do Chile com narizes laranjas – o vermelho lembra o sangue, dizem – e roupas que se assemelham aos jalecos dos médicos.
 
Entre os objetivos dos palhaços está contribuir para a saúde emocional do paciente hospitalizado, ‘desdramatizar’ o espaço de tratamento e oferecer momentos de distração através do riso, da música e da fantasia. Há anos, os “payamédicos” trabalham no Hospital das Crianças e em outros centros hospitalares de Buenos Aires.
 
“A capacidade do riso melhora o ato médico e isso tem sido comprovado cientificamente que o córtex cerebral libera impulsos elétricos negativos um segundo depois que começamos a rir e que, quando rimos, o cérebro emite informações necessárias para ativar a liberação de encefalinas (que aliviam a dor”, segundo um dos autores da lei, Darío Golía.
 
No Brasil, ainda não há uma lei específica sobre isso, mas existem diversos projetos espalhados pelo país com o intuito de levar alegria a pacientes nos hospitais.
 
O Doutores da Alegria é o maior deles, que existe há 23 anos e leva palhaços para hospitais em todo o país para qualificar a experiência de internação dos doentes. O Hospitalhaços é outro projeto similar, que reúne palhaços com esse mesmo objetivo desde 1999.
 
BBC Brasil

Anvisa: um terço dos alimentos consumidos no Brasil está contaminado por agrotóxico

Em audiência pública promovida nesta segunda-feira pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, especialistas assinalaram que um terço dos alimentos consumidos no dia a dia pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos
 
A análise foi feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com base em amostras coletadas nos 26 estados em 2011.
 
O debate sobre o vínculo entre agrotóxicos e doenças graves foi realizado na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.
 
Os agrotóxicos usados na agricultura, no ambiente doméstico e em campanhas de saúde pública como inseticida estão associados a diversas doenças como o câncer, o mal de Parkinson e a depressão.
 
O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Luiz Claudio Meirelles, alertou para a ingestão contínua de quantidades pequenas de agrotóxicos no dia-a-dia. “75% dos alimentos têm resíduos de agrotóxicos. A cada vez que você bota uma refeição na mesa, ela está ali com uma quantidade de resíduos enormes, e os estudos têm mostrado que chegam a 17 diferentes tipos de agrotóxicos para o qual a ciência sequer tem ferramental para dizer como é que isso vai funcionar para a vida.”
 
Herbicidas banidos
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) alguns herbicidas banidos do mercado internacional ainda têm livre trânsito no País. É o caso do glifosato, usado no plantio da soja geneticamente modificada. Esse agrotóxico, que foi associado ao surgimento de câncer pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é o mais consumido no Brasil.
 
A pesquisadora do Inca, Márcia Sarpa, acredita que a Anvisa precisa reavaliar o teor nocivo de alguns agrotóxicos. Entre as medidas defendidas pelo instituto, ela cita proibir também no Brasil o uso de agrotóxicos que já são proibidos em outros países. “Se já são proibidos em outros países, porque jogar para a gente.” O Inca também propõe o fim dos subsídios públicos aos venenos e a implantação também nos municípios das vigilâncias em saúde dos trabalhadores expostos e da população.
 
Durante o debate, o deputado Zeca do PT (MS) afirmou que para enfraquecer o uso de herbicidas ilegais, a ideia é apresentar um projeto de lei na Câmara por intermédio da bancada do PT e do Núcleo Agrário, “que determine que a propriedade em que for encontrado produto agrotóxico contrabandeado, com componentes que sejam proibidos no Brasil, essa propriedade seja passível de ser desapropriada para efeitos de reforma agrária.”
 
Para ser comercializado no Brasil, o agrotóxico deve passar pela análise da Anvisa, vinculada ao Ministério da Saúde, e também dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.
 
Câmara dos Deputados

Conheça o coletor menstrual que permite sexo sem vazamento

O coletor menstrual se assemelha ao anel vaginal contraceptivo e ao diafragma
Prudence/Divulgação: O coletor menstrual se assemelha ao anel
 vaginal contraceptivo e ao diafragma
Colocado no fundo do saco vaginal, o Softcup não compromete a penetração e nem causa desconforto à mulher
 
Lançamento no Brasil, o Softcup é o único coletor descartável que permite que as mulheres façam sexo sem vazamento durante o período menstrual. O coletor não absorve o fluxo, ele apenas armazena, e por isso deve ser descartado após o uso. A grande vantagem do produto que acaba de chegar ao mercado nacional - mas que está em uso nos Estados Unidos desde 1996 – é que ele deve ser posicionado acima do canal vaginal, no fundo do saco vaginal, e por isso não causa nenhum empecilho para a penetração. Durante a relação, o parceiro não percebe que mulher está menstruada.
 
Feito de um material fino e flexível (elastómeros e óleo mineral), o coletor menstrual pode ser usado por até 12 horas seguidas e não precisa ser retirado para urinar, nadar ou praticar atividades físicas. Como o produto coleta o sangue imediatamente na saída do útero, o fluído não tem contato com o ar e por isso não apresenta odor. O formato do Softcup é muito parecido com o do anel vaginal contraceptivo e o do diafragma. E diferentemente de outros coletores reutilizáveis, ele tem um tamanho único que se adapta a todas as mulheres.
 
Como usar
A melhor posição para introduzi-lo na vagina é sentada ou de cócoras. É preciso pressionar o aro flexível ao meio, formando o número oito, e inseri-lo empurrando para baixo no canal vaginal, que tem em média de 6 a 12 centímetros. Portanto, o temor de o coletor menstrual se perder no organismo é infundado.
 
A garantia de que o Softcup está colocado na posição adequada, ou seja, “abraçado" ao colo do útero, é quando a mulher não o estiver sentindo dentro de si. Para retirá-lo, basta colocar o dedo na vagina e puxar o aro do coletor. A recomendação é que ele seja retirado com cuidado e de preferência durante o banho ou no vaso sanitário para evitar vazamento. O produto então deve ser descartado e um novo pode ser inserido em seguida.
 
Como o fluxo menstrual de uma mulher comum é de cerca de 30 ml por ciclo, a quantidade diária eliminada é muito inferior à capacidade de armazenamento do coletor.
 
A marca Prudence, comercializadora do Softcup, recomenda que mulheres virgens, usuárias de DIU, que acabaram de dar à luz, que sofreram aborto, que passaram por algum tipo de cirurgia ginecológica recentemente, que já sofreram com a Síndrome do Choque Tóxico ou têm útero inclinado (como o retrovertido) consultem um ginecologista antes de usar o produto.
 
Veja a posição do novo coletor Softcup na vagina,
Divulgação
Veja a posição do novo coletor Softcup na vagina, "abraçado" ao colo do útero
 
O coletor menstrual Softcup é vendido em caixa com quatro unidades e o preço médio é de R$ 27. Para saber onde encontrá-lo, acesse o site do produto.
 
iG

Pesquisa aponta que aspirina pode prevenir câncer em pessoas com sobrepeso

Um grupo de cientistas britânicos das universidades de Newcastle e de Leeds divulgou nesta segunda-feira uma pesquisa que mostrar que tomar uma aspirina por dia pode ajudar pacientes com sobrepeso a prevenir o desenvolvimento de câncer de cólon
 
Os especialistas descobriram que as pessoas nesta condição que sofriam da síndrome de Lynch, uma mutação genética hereditária, tinham o dobro de possibilidades de desenvolver câncer de cólon em comparação com o restante da população.
 
Esta síndrome afeta os genes responsáveis por detectar e reparar o DNA danificado, que por sua vez produz proteínas que identificam e corrigem as anomalias. Cerca da metade das pessoas com esta condição, assim, acabará desenvolvendo um tumor maligno. A pesquisa, que foi desenvolvida nos últimos dez anos, mostrou que o risco de desenvolvimento de câncer pode ser neutralizado com uma dose regular de aspirinas.
 
O estudo, publicado no “Journal of Clinical Oncology”, coletou dados de 43 centros distribuídos em 16 países do mundo, seguindo o progresso de aproximadamente mil pacientes, que eram portadores da síndrome.
 
Jhon Burn, pesquisador de genética clínica na Universidade de Newcastle, afirmou que se trata de um grande avanço não só para as pessoas que sofrem com a síndrome, mas também para todas as outras. “Muitos pessoas têm problemas com o peso, e estas descobertas sugerem que o risco extra de sofrer câncer pode ser neutralizado”, afirmou o especialista.
 
A pesquisa foi supervisionada pela fundação de hospitais de Newcastle, órgão vinculado ao Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, sendo financiada pelo Conselho de Pesquisas Médicas do país, o centro de pesquisa Cancer Research UK, a União Europeia e a empresa farmacêutica Bayern Pharma.
 
Terra