Uma criança de nove anos aguardou por mais de 40 dias para colocar gesso em uma perna fraturada. Após tentativas pelo SUS, a família de Lucas Gustavo Carboneiro da Ponte procurou atendimento em uma clínica de ortopedia particular.
Lucas voltava da escola de bicicleta quando foi atropelado por um caminhão. O acidente ocorreu no dia 1º de outubro deste ano, no município de Alvorada, região metropolitana de Porto Alegre. Lucas quebrou a tíbia da perna esquerda, foi socorrido pelo motorista e levado para o Hospital Cristo Redentor, referência em traumatologia em Porto Alegre, conta a mãe, Lívia Marcela Fagundes Carboneiro, de 29 anos, que trabalha como a auxiliar técnica de higienização em um hospital de Porto Alegre.
— Estava em casa quando fui informada do atropelamento do meu filho. Levei um susto, mas graças à Deus, a motorista do caminhão parou para prestar socorro. Ela foi muito atenciosa.
Ao chegar ao hospital, o menino recebeu os primeiros atendimentos no setor de emergência, onde foi feito um raio X e colocada uma tala para amenizar provisoriamente o problema, por causa do inchaço resultante da fratura. De lá, o garoto foi encaminhado para a Secretaria de Saúde de Alvorada, município onde reside, para dar continuidade ao tratamento, onde deveria colocar gesso, conforme orientação médica.
Há mais de 40 dias a família de Lucas realiza uma peregrinação de hospital em hospital em busca de um atendimento pelo SUS, para que o menino troque a tala pelo gesso na perna fraturada. A Secretaria de Saúde de Alvorada encaminhou a criança para atendimento com um médico ortopedista. Durante a consulta, o médico solicitou outro exame de raio X.
Para a surpresa da mãe, a data marcada para a realização do exame, por intermédio do SUS, era para abril de 2016.
— Não pude acreditar. Meu filho está com a perna quebrada há mais de 40 dias, só com uma tala e ainda tenho que esperar até fevereiro do ano que vem para colocar gesso. Um absurdo!.
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Na pressa e angustiada em ver seu filho com dor, Lívia levou o garoto a uma clínica médica particular, em Porto Alegre, para realizar o exame, onde desembolsou R$ 40.
Com o raio X em mãos, Lívia levou o filho novamente ao médico, no final do mês de outubro, para colocar o gesso. Ao ligar para marcar o procedimento, foi informada que não poderia ser feito em função de problema com o convênio com a Secretaria da Saúde de Alvorada. Procurada pela reportagem, a assessoria informou que a secretária da pasta estaria em reunião e não poderia atender ao chamado.
Levando o filho em uma cadeira de rodas, de uma cidade a outra, Lívia tentou atendimento no Hospital de Viamão, referência no serviço de traumatologia na região metropolitana da capital gaúcha. No local, a mãe de Lucas alega que foi informada por servidores da instituição que o governo estadual não repassou as verbas necessárias para a prestação de serviços na área da saúde.
A reportagem entrou em contato com o Hospital de Viamão, que ressalta que o nome do paciente Lucas Gustavo Carboneiro da Ponte não consta no sistema. A assessoria da direção do hospital alega que a situação dos repasses financeiros do governo estadual estão regularizadas e o que o atendimento está normalizado.
Já a Secretaria Estadual da Saúde/RS ficou de enviar um comunicado, via e-mail, esclarecendo os fatos, mas até as 16 horas, o documento não foi recebido.
Lívia e seu filho Lucas procuraram, no final da manhã desta quarta-feira, 11, atendimento em uma clínica de ortopedia particular para colocar o gesso. Mãe e filho viajaram de carona de Alvorada a Porto Alegre, um gesto solidário oferecido por um amigo da família. Na ocasião, a esposa do amigo pagou a consulta e os procedimentos ambulatoriais.
Estadão