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Graças a novos equipamentos e sistemas computadorizados,
as técnicas de
combate ao câncer estão mais precisas
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Conhecer as técnicas que ajudam a enfrentar a doença facilita o tratamento.
Métodos vão além da quimioterapia
Câncer ainda é
uma doença que assusta. Muitas vezes o diagnóstico é associado a uma sentença de
morte e os tratamentos a verdadeiras torturas, com sequelas físicas e
emocionais.
Felizmente a medicina evolui a cada dia, com objetivo de combater ao máximo
os tumores e oferecer mais conforto e segurança aos pacientes.
Com o aumento da expectativa de vida, a doença avançou
e já é a segunda causa de morte dos brasileiros.
Diretor responsável pelo Centro Integrado de Oncologia do Hospital Nossa
Senhora de Lourdes, de São Paulo, o radio-oncologista Robson Ferrigno explica a
seguir quais são as técnicas não cirúrgicas de tratamento de câncer. Conhecê-las
certamente ajuda a diminuir os medos e contribui para o sucesso dos
tratamentos.
Quimioterapia
É um tratamento realizado por meio de um ou mais medicamentos com capacidade
de destruir as células tumorais. É considerado como sistêmico porque atinge todo
o organismo.
Quimioterapia oral e injetável
Dependendo da situação clínica, a quimioterapia pode ser realizada com
a ingestão oral de comprimidos ou por via venosa, dissolvida em soro. “Essa
última é mais frequente, porém, vem aumentando a disponibilidade de alguns
quimioterápicos novos por via oral”, explica o médico Robson Ferrigno.
Quimioterapia ambulatorial
Ocorre quando o tempo de infusão de soro com quimioterápicos é curto (em
torno de duas horas) e o paciente tem condições clínicas de ir ao ambulatório
para receber a medicação. Se o tempo de infusão for muito longo, às vezes
durante alguns dias, e o paciente não estiver clinicamente bem, a técnica é
realizada com o paciente internado.
Radioterapia
Ao lado da cirurgia e da quimioterapia, é uma das três principais modalidades
técnicas de combate ao câncer. É um tratamento localizado e feito por meio da
aplicação de radiação ionizante na região do corpo afetada pela doença. Quanto
mais concentrada a dose de radiação no tumor e menor nos tecidos normais
vizinhos, menores as possibilidades de complicações e melhor é o resultado.
Nos últimos anos houve substancial desenvolvimento de novas técnicas de
radioterapia. “A mais antiga é a convencional, que irradia um volume grande de
tecidos normais porque o planejamento é feito pela delimitação na pele do
paciente sem sabermos ao certo quais estruturas internas do corpo a radiação
está atingindo. Graças a novos equipamentos e sistemas computadorizados,
técnicas de maior precisão, tais como a radioterapia conformada e a de
intensidade modulada (IMRT), começaram a ser utilizadas na prática médica com
melhores resultados de tratamento”, diz o especialista.
Radioterapia conformada
Esta técnica foi desenvolvida para que a área de tratamento com radioterapia
pudesse ser visualizada e fosse possível avaliar a distribuição da dose no
organismo. Para tanto, o planejamento da dose é feito em um exame de imagem do
paciente, mais frequentemente uma tomografia computadorizada que, ao ser
exportada em um computador, permite ao médico determinar a área que deve receber
a radiação e as regiões que devem ser protegidas.
Com isso, tem-se a informação das estruturas internas atingidas pela radiação
e com qual intensidade. A radioterapia conformada, por ser mais segura para o
paciente, é a técnica mais recomendada pela SBRT para todas as situações
clínicas.
Radioterapia de intensidade modulada (IMRT)
A sigla é inglesa e significa “Intensity Modulated Radiation Therapy”. Como o
nome diz, é uma técnica com capacidade de modular a intensidade da radiação que
vai atingir cada órgão ou área acometida pela doença.
Isso é possível graças a alguns acessórios que são incorporados à máquina de
radioterapia, no caso um acelerador linear de partículas, e programas de
computador que passam informações para o aparelho para que filtros sejam
colocados na frente do feixe de radiação e assim ela seja dirigida de forma mais
concentrada. Com isso, pode-se aumentar a dose de radiação no tumor e diminuí-la
nos tecidos normais.
É a melhor técnica de distribuição de dose de radiação disponível no mundo e
bastante útil em regiões onde o tumor está muito próximo a estruturas que devem
ser protegidas. É a forma de radioterapia com menor toxicidade para o
paciente.
Atualmente, a IMRT é indicada para tratamento de tumores
de próstata, de cabeça e pescoço, de cérebro, de pulmão,
de tumores abdominais e pélvicos e de outras situações que necessitam de uma
adequada distribuição de dose.
Braquiterapia
É uma modalidade de radioterapia que consiste na colocação de um material
radioativo no interior ou próximo de um tumor que necessita receber altas doses
de radiação. O material radiativo, geralmente pequeno, pode ficar
permanentemente implantado ou ser colocado e retirado após liberação da dose
necessária. O tipo de braquiterapia depende da situação clínica. Essa técnica é
realizada em vários tipos de tumor, como de colo
uterino, endométrio, próstata, esôfago, mama, cabeça e pescoço, partes moles
e pulmão.
Braquiterapia de sementes para próstata
É um tipo de braquiterapia que consiste na introdução de sementes de
Iodo-125, um material radioativo do tamanho de um grão de arroz, no interior da
próstata, onde ficará implantado permanentemente. É utilizada para curar tumor
localizado de próstata.
Radiocirurgia e radioterapia estereotática fracionada
Tratam-se de técnicas sofisticadas de precisão para atingir alvos no interior
do cérebro com altas doses de radiação. Isso é possível graças aos recursos de
fixação da cabeça e liberação da radiação dirigida por computador.
Hormonioterapia
Alguns tipos de câncer, como de mama e próstata, são estimulados por
hormônios. Para tratar esses tumores, utilizam-se drogas que bloqueiam a ação do
hormônio sobre a doença. No caso do câncer
de mama, recorre-se ao bloqueador do hormônio feminino estrogênio, caso o
tumor manifeste receptor para o mesmo.
No caso do câncer de próstata, bloqueia-se a ação da testosterona, o que pode
ser feito com a retirada dos testículos (orquiectomia) ou por castração química,
por meio de medicações. Esses bloqueios hormonais são chamados de
hormonioterapia.
Iodoterapia
São injeções endovenosas de um material radioativo líquido, no caso o
Iodo-131, para tratamento de câncer de tireóide, uma vez que esses tumores
captam iodo. É um tratamento realizado por especialistas em Medicina Nuclear e
não por especialistas em radioterapia.
Quando a cirurgia é necessária?
Vários tipos de tumores necessitam que a doença macroscópica seja retirada
para um controle efetivo. A decisão vai depender do tipo de câncer e do estágio
em que ele se encontra. São exemplos da obrigatoriedade da cirurgia tumores
iniciais de mama, de próstata, de cabeça e pescoço, de pulmão, de estômago, de
reto, de endométrio entre outros.
iG