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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Estudo minimiza histórico familiar e apoia mamografia a partir dos 40 anos

Resultados enfatizam a importância na detecção precoce e a necessidade do exame

As mulheres sem histórico familiar de câncer de mama são igualmente propensas a desenvolvê-lo que aquelas que possuem antecedentes, indica um estudo apresentado na terça-feira (29), que apoia a realização de mamografias a partir dos 40 anos.

O estudo, apresentado na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), que está sendo realizando em Chicago, rebate as recomendações apresentadas em novembro de 2009 pelo grupo de trabalho da Comissão de Serviços Preventivos dos EUA, que causou controvérsia entre o público e a comunidade médica.

O grupo de trabalho, encarregado pelo governo americano de analisar o sistema das mamografias, havia constatado que os efeitos negativos potenciais para as mulheres que se submetem a esses exames a partir dos 40 anos seriam maiores que os benefícios, e sugeriu então reduzir o número desses exames.

Mas, segundo a médica Stamatia Destounis, radiologista e gerente do centro especializado em câncer Elizabeth Wende Breast Care, em Rochester (Nova York), sua pesquisa "demonstra a importância das mamografias para as mulheres neste grupo de idade, em oposição às recomendações emitidas pelo grupo de trabalho".

Destounis e sua equipe realizaram um estudo retrospectivo para determinar o número e tipo dos cânceres diagnosticados em mulheres de 40 a 49 anos, com e sem históricos familiares de câncer de mama, que se submeteram a uma mamografia no centro entre 2000 e 2010.

Os pesquisadores compararam o número de cânceres detectados, assim como a incidência dos que foram invasivos e os que tiveram metástases ente os dois grupos de mulheres.

Das 1.071 pacientes com câncer de mama registradas nesse período, 373 foram diagnosticadas após uma mamografia. Deste grupo, 39% tinham histórico familiar de câncer de mama, mas 61% não o possuíam.

No grupo que tinha algum caso na família, 63,2% sofreu um câncer invasivo, enquanto no caso das que não tiveram antecedente familiar, o índice foi de 64%.

As taxas de gânglios linfáticos metastáticos foram respectivamente de 31% e 29%. "No grupo de idade de 40 a 49, constatamos uma significativa taxa de câncer de mama e similares taxas de doença invasiva em mulheres com e sem antecedentes familiares".

Segundo Destounis, esses resultados enfatizam a importância da detecção precoce e a necessidade de se realizar mamografias a partir dos 40 anos para todas as mulheres, independentemente do histórico familiar.

Fonte R7

Usuários do SUS têm quatro vezes menos médicos que os do setor privado

Estados do Norte e Nordeste lideram a lista da desigualdade

Os usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) contam com quatro vezes menos acesso aos médicos que os usuários do setor privado na hora de serem atendidos. Essa é a conclusão da pesquisa Demografia Médica no Brasil, divulgada nesta quarta-feira (30), pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).

O cálculo levou em consideração que o total de postos de trabalho médico disponíveis para a clientela dos planos de saúde, em números absolutos, é 26% maior que o número dos postos em estabelecimentos públicos.

Quando se considera a dimensão da população que depende exclusivamente do SUS (3,25 vezes maior que a dos planos), constata-se que a clientela da saúde privada conta com 3,9 vezes mais postos de trabalho médico disponíveis que os usuários da rede pública.

Ao mapear postos de trabalho ocupados por médicos nos estabelecimentos de saúde públicos e privados, estamos diante de uma demografia médica ainda mais excludente que a verificada nas desigualdades regionais. No conjunto do país, são 46.634.678 usuários de planos de saúde, segundo dados de 2011 da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Gráfico médicos brasil

A pesquisa AMS-IBGE, por sua vez, contou 354.536 postos de trabalhos médicos em estabelecimentos privados que, em tese, prestam todos eles serviços às operadoras de planos de saúde. Isso significa que para cada 1.000 usuários de planos no país, há 7,6 postos de trabalho médico ocupados.

Esse índice salta de 3,17 no Amazonas – o pior colocado entre os Estados –, para, em unidades como Sergipe, Piauí, Acre, Distrito Federal e Bahia, entre 12 e 15 postos ocupados por 1.000 usuários privados.

Esse índice cai para 1,95 quando se faz a razão entre postos ocupados nos estabelecimentos públicos – que são 281.481 –, e a população que depende exclusivamente do SUS, que soma 144.098.016 pessoas.

Para o IBGE, são considerados postos de trabalho com vínculos públicos aqueles mantidos com estabelecimentos que recebem recursos do governo, sejam eles instituições públicas, da administração direta ou quando prestam serviços ao SUS – no caso de serviços particulares e filantrópicos conveniados.

Estados mostram desigualdade gritante
O quadro de desigualdade é ainda maior em Estados como Maranhão e Pará, que contam com menos de um posto de trabalho médico ocupado por 1.000 habitantes/SUS. (Veja detalhes nas tabelas abaixo)

Em Roraima, a razão é de 2,13 postos ocupados por 1.000 usuários/SUS; no Rio Grande do Norte, 1,89; no Amazonas, 1,88; em Pernambuco e Paraíba, 1,77. Todos têm mais postos por habitantes que Santa Catarina (1,71), Paraná (1,63) e Rio Grande do Sul (1,57).

No entanto, este dado não indica, necessariamente, melhor acesso ou qualidade na assistência médica, pois fatores como ausência de equipamentos públicos e extensão geográfica são complicadores no Norte e no Nordeste.

Há ainda diferenças significativas na concentração de médicos nos serviços público e privado entre as regiões. Os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo estão num extremo –, com mais de 3 postos ocupados por 1.000 usuários do serviço público – seguidos pelo Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais e Roraima, que contam entre 2 e 3 médicos por 1.000 habitantes SUS.

A Bahia ilustra a distorção de forma dramática. Quando se trata da população usuária do SUS, conta-se apenas 1,25 posto ocupado por 1.000 habitantes – fica à frente apenas do Maranhão e do Pará. Quando se olha a população usuária de planos de saúde, o número de médicos ocupados por 1.000 habitantes salta para 15,14.

Aqueles que têm acesso somente à saúde pública – que representam 89,7% da população daquele Estado – contam com 12,11 vezes menos postos de trabalho médico ocupados que seus vizinhos de planos de saúde.

Mesmo em Estados onde a taxa de cobertura dos planos de saúde é elevada, como São Paulo, onde 44,5% da população tem plano de saúde, é grande a diferença no índice geral de médicos entre os sistemas público e privado.

A população paulista usuária de planos de saúde conta com 6,23 postos de trabalho médico ocupados por 1.000 habitantes clientes. Já os usuários do SUS no Estado têm menos da metade: 3,04 postos ocupados por 1.000 habitantes.

 Postos de trabalho em estabelecimento público e população
usuária do SUS, segundo Unidades da Federação - Brasil 2011
UF/BrasilPosto público*População**Razão**
Rio de Janeiro36.42410.047.2333,63
São Paulo69.18122.793.7733,04
Distrito Federal5.3981.936.6472,79
Espírito Santo6.1282.409,992,54
Minas Gerais31.46014.712.4602,14
Roraima900422.9512,13
BRASIL281.481144.098.0161,95
Rio Grande do Norte5.0182.658.8561,89
Amazonas5.7063.030.4141,88
Pernambuco13.1867. 452.2531,77
Paraíba6.0533.424.7521,77
Santa Catarina8.1284.748.4321,71
Paraná13.0398.000.6171,63
Mato Grosso do Sul3.3392.040.9161,63
Sergipe2.8801.812.6021,59
Rio Grande do Sul12.8648.199,951,57
Tocantis1.9401.293.0481,5
Amapá888599.4751,48
Piauí4.1292.904.7221,42
Goiás7.2785.147.2121,41
Ceará10.0587.381.5811,36
Rondônia1.8241.338.8881,36
Acre936687.8391,36
Alagoas3.6072.766.4401,3
Bahia15.75712.581.6391,25
Mato Grosso3.1582.656.0261,18
Maranhã6.0906.199.4940,98
Pará6.1126.850.6750,89


Postos de trabalho em estabelecimento privado e população
coberta por planos e seguros de saúde, segundo unidades
da federação - Brasil 2011
UF/BrasilPosto público*População**Razão**
Bahia21.8051.439.79315,14
Distrito Federal8.492626.31613,56
Acre59644.95413,26
Piauí2.576214.29312,02
Sergipe2.951255.42911,55
Rio Grande do Sul26.9112.495.58010,78
Tocantins88490.4059,78
Goiás8.327856.8339,72
Paraíba3.237342.4629,45
Rio Grande do Norte4.626509.2779,08
Paraná21.8682.438.9848,97
Minas Gerais43.1134.882.8498,83
Mato Grosso do Sul3.594408.4258,79
Pará6.328737.4038,58
Santa Catarina12.7421.501.2508,49
Pernambuco10.6751.343.7797,94
Alagoas2.793354.4827,88
Mato Grosso2.957377.9657,82
Espírito Santo8.4621.103.1737,67
BRASIL354.53646.634.6787,6
Roraima21128.2767,46
Maranhão2.499370.1896,75
São Paulo114.99018.458.3876,23
Rondonia1.354221.6136,11
Rio de Janeiro35.2205.946.3505,92
Ceará5.5621.066.4745,22
Amapá33769.2144,87
Amazonas1.426450.5233,17
Fonte: IBGE (ANS)/MAS: Pesquisa Demografia Médica no Brasil, 2011
*Posto de trabalho médico ocupado em estabelecimentos de saúde público -
postos de 20h e 40h (IBGE/ANS,2009);
**População usuária do SUS - População geral (IBGE 2010) deduzida da população
usuária de plano de saúde (ANS,2011);
*** Razão pelo posto de trabalho médico ocupado em estabelecimento de saúde
pública/habitante usuário do SUS (1.000 habitantes).

Fonte R7

Estudo com veneno de cobra-coral do Texas auxilia produção de analgésicos

Viajar pelos desertos texanos, nos Estados Unidos, pode ser uma aventura bem perigosa. Ali, além dos cactus e das paisagens dominadas pelas areias escaldantes, vive um animal capaz de derrubar inimigos muito maiores que ele. Trata-se da Micrurus tener, mais conhecida como cobra-coral do Texas.

Uma picada do réptil produz uma das dores mais fortes já catalogadas pela medicina. Em um estudo publicado recentemente na revista Nature, cientistas da Universidade da Califórnia São Francisco (UCSF) conseguiram desvendar o mecanismo único que envolve a imensa dor causada pela coral. A novidade pode ajudar não apenas a entender a ação de sua agressiva toxina como a compreender de maneira agem no organismo outras formas de dor extrema.

Segundo a pesquisa, a grande chave para causar um desconforto tão grande está em dois componentes: o Alfa-MitTx e o Beta-MitTx. Embora as proteínas já fossem conhecidas por cientistas, eles não sabiam que era a ação combinada das substâncias a causa da dor — isoladamente, elas não produzem esse efeito. “Descobrimos que as duas proteínas devem se combinar para formar um complexo que tem novas propriedades”, conta ao Correio o pesquisador da UCSF David Julius, que participou do estudo. “Essas combinação, que resulta no Complexo-MitTx, é o que as torna adequadas para interagir com canais de Asic1 e ligá-los”, completa.

Os Asic 1, aos quais o especialista se refere, são os chamados ácidos sensoriados do canal iônico. Essas substâncias, quando ativadas, estão relacionadas, entre outras ações, à sensação de dor, estando presentes em várias partes do corpo, mas em especial no cérebro. Normalmente, esses canais só são ativados quando o pH do corpo (seu nível de acidez) está alterado, geralmente em circunstâncias em que o organismo sofre grandes lesões — o que não é o caso da pequena picada da cobra.

No entanto, o composto formado pelas toxinas tem a capacidade de agir mesmo que o pH do corpo esteja normal e atingir regiões do corpo que outras substâncias não afetam, resultando na paralisante dor da picada da cobra-coral do Texas. “Por que isso acontece, ainda não sabemos explicar”, admite Julius.

Desdobramentos
Mesmo longe do hábitat do réptil, que chega a medir, no máximo 1m de comprimento, quem está no Brasil pode se beneficiar pela descoberta dos norte-americanos. Para os especialistas, o conhecimento da atuação do veneno da cobra-coral do Texas vai ajudar a entender outras questões. “Esse trabalho identifica Asic1 como uma peça importante na sensação de dor e deve, eventualmente, fornecer pistas sobre como projetar as drogas que atuam sobre esse canal para suprimir a dor”, opina o norte-americano. Ele espera que, no futuro, medicamentos analgésicos para esse tipo de dor possam ser projetados com base nas novidades publicadas agora.

Yara Cury , pesquisadora do Laboratório Especial de Dor e Sinalização do Instituto Butantã, explica que, ao contrário do que muita gente pensa, os venenos dos animais estão longe de serem vilões na saúde pública. “Existe uma série de usos benéficos para os seres humanos das toxinas animais, inclusive a produção de medicamentos”, afirma a bióloga. “Entendendo o mecanismo de ação desse veneno, podemos, por exemplo, projetar drogas que ajam nesse tipo específico de mecanismo.”

Diferentes animais fornecem toxinas úteis para a ciência. “A compreensão da ativação de substâncias presentes no veneno da cascavel e das anêmonas-do-mar, por exemplo, contribuíram para o desenvolvimento de analgésicos”, lembra Yara. “Há também uma série de outras aplicações para esse tipo de substância, como em tratamentos de hipertensão ou em questões relacionadas à coagulação sanguínea”, exemplifica a brasileira.

Em outros casos, o benefício não é tão direto. “O veneno da jararaca da Costa Rica é rico em uma enzima bastante parecida com a causadora da artrite em seres humanos”, conta a pesquisadora do Butantã. “Com a ajuda dessa substância, pudemos padronizar um modelo em laboratório, e estudar a artrite com mais efetividade”, explica.

“Prima” brasileira
Embora façam parte da mesma família (Micrurus), a cobra-coral do Texas e a brasileira têm suas diferenças. Visualmente, a principal distinção é a cor. Enquanto nas nacionais são observados anéis brancos, que aparecem alternados com manchas vermelhas e pretas, na norte-americana esses círculos são amarelos. Além disso, a principal espécie brasileira, a Micrurus corallinus, vive em regiões úmidas da Mata Atlântica, já a texana Micrurus tener prefere regiões áridas e desérticas.



Fonte Correio Braziliense

Nova técnica para redução de estômago diminui a dor e os efeitos colaterais

A esperança das pessoas que sofrem com problemas causados pela obesidade foi renovada assim que começaram a aparecer os primeiros relatos da cirurgia bariátrica (redução de estômago). Desde então, técnicas diferentes desse procedimento foram se multiplicando, cada uma para um tipo de indicação e, com o passar do tempo, surgem métodos para minimizar os desconfortos, as cicatrizes e os efeitos colaterais.

A mais recente técnica é a gastrectomia vertical por orifício único. Esse procedimento, realizado pela mesma cicatriz do umbigo, deixa o pós-operatório ainda mais indolor, entre diversas outras vantagens.

A gastrectomia vertical faz com que parte do estômago que produz o hormônio da fome, a grelina, seja ressecada, fazendo com que o órgão suporte uma quantidade menor de comida, ficando com a capacidade entre 80ml e 100ml. A técnica provoca a perda de 40% a 60% do excesso de peso quando comparada, por exemplo, com o resultado obtido com o bypass gástrico (veja infografia). Praticada há 10 anos, esse método representa 15% das cirurgias do tipo realizadas no Brasil.

Como é realizado pelo método laparoscópico (com pequenos furos no abdômen), o procedimento se tornou ainda menos invasivo pela junção de duas eficazes técnicas: a cirurgia por orifício único — laparoscopia single port — e o uso de robôs no procedimento. O especialista em cirurgia geral, gastrocirurgia e orientador de cirurgias robóticas da área de cirurgia geral e do aparelho digestivo do Hospital Albert Einstein, em São paulo, Vladimir Schraibman, explica que, assim como na laparoscopia convencional, a cirurgia por orifício único é realizada com a insuflação de gás para a criação de uma cavidade virtual. A partir daí, realiza-se a incisão de cerca de 2,5cm na região da cicatriz umbilical. Por essa incisão, instala-se um pequeno dispositivo, no qual estarão inseridas uma câmera e duas pinças de trabalho.

Eficiente
O executivo André Gustavo Albuquerque, 42 anos, se submeteu à gastrectomia vertical em abril deste ano. Ainda não foi pelo novo método do orifício único, mas só de não ter grandes cortes ele já se sente aliviado. “Pude começar a fazer exercícios pouco tempo depois da cirurgia”, diz. Ele, que já emagreceu 29kg, conta que em nenhum momento sentiu enjoos, tonturas ou qualquer desconforto comum às outras técnicas de cirugia bariátrica. “Eu conversei com o médico e ele me indicou esse procedimento. Só tenho a agradecer, porque me sinto saudável e bem.” Caso tivesse se submetido à cirurgia pela nova técnica, dizem especialistas, ele provavelmente poderia comemorar uma recuperação ainda mais rápida.

A grande diferença da gastrectomia vertical para outros tipos de cirurgia bariátrica, salienta o médico, é que ela é pouco agressiva, sem dor, com recuperação rápida, perda de peso eficiente, ausência de vômitos ou diarreia, possibilidade de ingerir volumes razoáveis de alimentos e ausência da necessidade de ingerir vitaminas para evitar a desnutrição. “Sem contar o resultado estético, visto que os pacientes apresentam um resultado final sem cicatrizes visíveis, principalmente quando emagrecem, em especial as mulheres, que passam a usar ate biquínis”, observa.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Ricardo Cohen, explica que e as desvantagens desse procedimento ainda são discutíveis. Ele conta que é preciso esperar que novos trabalhos comparem os resultados da laparoscopia com quatro ou cincos punções (de 0,5cm a 1cm
cada) com a de orifício único (uma incisão de 3cm a 4cm no umbigo) e, às vezes, mais uma punção de auxílio. Para ele, não há diferença na recuperação ou no resultado do novo procedimento se comparado com o “antigo”. “A operação dentro da cavidade é igual a feita por uma videolaparoscopia convencional”, afirma.

Credibilidade
A gastrectomia é realizada há mais de 15 anos no mundo e, no Brasil, há cerca de 10. Segundo Vladimir Schraibman, o procedimento apresenta inúmeras vantagens, como ausência de desnutrição, queda de cabelo, vômitos pós-prandiais e complicações no pós-operatório, a exemplo da hipovitaminose — doença causada pela deficiência de vitaminas no organismo —, geralmente causada por uma alimentação incompleta. “A gastrectomia vertical permite ao paciente ingerir qualquer tipo de alimento em pequenas quantidades”, diz.

Schraibman avalia que essa é uma técnica moderna e bem aceita nos centros de referencia mundial por gerar poucas alterações anatômicas. “A utilização do robô torna o procedimento mais preciso e tecnicamente ainda mais seguro”, avalia. O especialista conta que a indicação é para pacientes com índice de massa corpórea (IMC) maior que 40 ou entre 35 e 40, para os que apresentam comorbidades como hipertensão arterial, diabetes, colesterol e triglicérides elevados e apneia do sono.

Dos 14 robôs existentes na América Latina, quatro estão no Brasil. Já há centros norte-americanos que só realizam a cirurgia por meio da robótica. Trata-se de um procedimento de alta complexidade e que exige alto grau de treinamento da equipe cirúrgica. “Exige um hospital bem capacitado, reduzindo as chances desse procedimento ser realizado em muitos centros”, acredita.
Fonte Correio Braziliense

É possivel resgatar visão de crianças com catarata congênita

Despertar para a luz Pesquisadores e cirurgiões pediátricos mostram como é possível resgatar a visão de recém-nascidos com catarata congênita. País tem poucos centros especializados, mas bons profissionais na área

Quando se fala em catarata, o senso comum remete imediatamente a uma doença ocular de idosos. A doença, contudo, é a principal causa de cegueira prevenível em crianças — no Brasil e no mundo. Poderia ser detectada desde os primeiros dias de vida com o teste do olhinho — uma lei federal estabelecendo a necessidade dos exames foi aprovada em 2007, mas apenas 10 dos 27 estados brasileiros cumprem a determinação com rigor, entre os quais o Distrito Federal, com legislações locais que tornam o exame obrigatório. Além do mais, no Brasil, existem poucos centros de referência na rede pública de saúde com especialistas em oftalmologia pediátrica capazes de identificar e fazer a correção da catarata congênita em recém-nascidos.

“Essa área é muito delicada. A lei existe para todos os médicos, mas é difícil para um clínico fazer o diagnóstico correto”, observa o oftalmopediatra Wilson Takashi Hida, que coordena pesquisas sobre a doença no Serviço de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) — unidade de atendimento responsável por fazer cerca 80 cirurgias de catarata congênita (veja infografia) por mês e dona de um índice de recuperação de 88% a 94%.

A catarata se caracteriza por um processo de opacificação — parcial ou total — do cristalino, a principal “lente” do olho humano, responsável por capturar e acomodar as imagens lançadas na retina. Com a anomalia, o cristalino se turva, assume tons de branco, amarelo, marrom e até preto. “As causas são várias, como fatores hereditários, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus (ou herpes-vírus, o mais frequentemente transmitido para um feto em desenvolvimento), radiações etc., que a criança pega da mãe”, aponta Takashi Hida. “O teste do olhinho é importante não apenas por identificar a catarata congênita, mas também outras patologias, como a microftalmia (olho pequeno), megalocórnea, microcórnea, glaucoma, leucoma (quando a córnea fica transparente)”, destaca o médico.

Excelência
Um desses centros, criado há quatro anos na Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), consegue atingir uma média de recuperação de visão dos bebês operados de catarata de cerca de 90%, segundo o oftalmopediatra e professor da FMB Antonio Carlos Lottelli, que coordena o Programa de Pesquisas para a Melhoria de Atendimento do Sistema Único de Saúde, em São Paulo.

“O grande problema no Brasil é que a cirurgia de catarata congênita é feita quase sempre por um cirurgião de adulto, mas há detalhes na cirurgia de criança que somente o oftalmologista especializado é capaz de resolver, principalmente quando o procedimento exige implante de lentes. Na criança, o olho está crescendo, o grau (da lente) vai mudar, há mais facilidade de inflamações e rejeição do material”, explica Antonio Carlos. Ele acrescenta que a cirurgia deve ser feita até os 3 meses, para garantir um pós-operatório sem sequelas —mas há como corrigir falhas depois dessa idade, dependendo do grau de perda da visão.

O número de casos de catarata congênita no Brasil é modesto, com uma prevalência de cinco a 15 casos por 10 mil habitantes, mas esse número pode ser subestimado, devido às dificuldades para um diagnóstico precoce.

Recomendações
Para a oftalmopediatra Virgínia Cury, do Hospital de Olhos de Brasília, certas orientações devem ser observadas para evitar problemas que podem ser superados. “Primeiro, quando a catarata no bebê ocorre nos dois olhos e caso não haja complicações, não é aconselhável colocar lentes intraoculares até os 6 anos. Se existir problemas, deve-se esperar até os 12.”

Quando a catarata é unilateral, há necessidade de colocar lente intraocular no ato da cirurgia e usar um suporte como estímulo visual (tampão ou óculos) para corrigir a visão. Virgínia explica que a área do cérebro que capta a imagem pelo senso visual opera esse fenômeno até os 3 meses. “Por isso, essa é a idade ideal. Depois disso, o cérebro já escolheu o olho favorito para desenvolver o senso visual e fica mais difícil a correção.” Em síntese, quando a doença atinge os dois olhos, as chances de correção sem sequelas são muito maiores. “Os prognósticos são melhores nesse caso, porque os dois olhos desenvolvem a visão igualmente”, diz Takashi Hida.

Para Virgínia Cury, o Brasil tem bons cirurgiões na área de oftalmologia pediátrica; o problema é a falta de estrutura para acompanhar a criança. “O cirurgião resolve o problema naquele instante, mas quem acompanha é o oftalmopediatra.” O drama se torna mais intenso quando se fala em rede pública de saúde, mas, na medicina corporativa, as cirurgias de catarata infantil têm sido praticadas já há um bom tempo com sucesso, resume Wilson Takashi Hida. “Isso é lamentável. Todos deveriam ter acesso à saúde.”

Simples e certeiro
O teste do olhinho (ou o teste do reflexo vermelho) é um exame que deve ser realizado rotineiramente em bebês na primeira semana de vida, preferencialmente antes da alta da maternidade, e que pode detectar e prevenir diversas patologias oculares, assim como o agravamento dessas alterações, como uma cegueira irreversível.

Acompanhamento contante
Em certo momento da vida do casal Gracielly Furquim e Ricardo Perinel, a descoberta de um problema visual na filha de 5 meses, Gabrielly, mudou a rotina da casa e levou os pais da garota a adotar providências para superar as dificuldades — mesmo que essas tenham ocorrido após os 90 dias de vida da bebê, a idade ideal para a cirurgia. Os primeiros sinais de que algo não ia bem apareceram em 2007 —basicamente, rejeição à luz e alterações na maneira de tatear e de pegar objetos.

“Procuramos ajuda e iniciamos o tratamento. Hoje, ela está bem, mas precisa continuar o acompanhamento. A visão baixa interfere nas condições motoras dela, que andou tarde, mas atualmente brinca, melhorou bastante e leva uma vida normal”, diz a mãe de Gabrielly, hoje com 4 anos e 9 meses.

O caso da menina é típico de hereditariedade, um dos fatores de risco da catarata congênita mais frequentes. Pessoas da família do casal viveram situações semelhantes, porém com mais dificuldades, porque antes não havia os recursos tecnológicos de hoje para tratar a doença. “O que aconteceu nessa área nos últimos 15 anos, em termos de avanços, é impressionante. E isso nos anima a acreditar que muito mais poderá ser feito”, avalia Virgínia Cury, que acompanha Gabrielly.

Há 20 anos, a cirurgia de catarata era costumeiramente feita com uma abertura de 10mm a 15mm no olho, número que hoje não passa de 3mm. Segundo os pais, terem colocado a filha no Centro Integrado de Estímulo Educacional e Visual (Cieev), mantido pelo Governo do Distrito Federal, foi fundamental para sua recuperação. Quando Gabrielly fez a cirurgia, aos 8 meses, chegou a usar um óculos com 4,5 graus e uma lente com 12. “Hoje, ela está com menos de um de miopia”, comemora a médica da menina. Virgínia afirma que unidades de acompanhamento como o Cieev são raras, mas promovem um trabalho de apoio “especial” para o paciente e a família.(CT)

Fonte Correio Braziliense