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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nova técnica para redução de estômago diminui a dor e os efeitos colaterais

A esperança das pessoas que sofrem com problemas causados pela obesidade foi renovada assim que começaram a aparecer os primeiros relatos da cirurgia bariátrica (redução de estômago). Desde então, técnicas diferentes desse procedimento foram se multiplicando, cada uma para um tipo de indicação e, com o passar do tempo, surgem métodos para minimizar os desconfortos, as cicatrizes e os efeitos colaterais.

A mais recente técnica é a gastrectomia vertical por orifício único. Esse procedimento, realizado pela mesma cicatriz do umbigo, deixa o pós-operatório ainda mais indolor, entre diversas outras vantagens.

A gastrectomia vertical faz com que parte do estômago que produz o hormônio da fome, a grelina, seja ressecada, fazendo com que o órgão suporte uma quantidade menor de comida, ficando com a capacidade entre 80ml e 100ml. A técnica provoca a perda de 40% a 60% do excesso de peso quando comparada, por exemplo, com o resultado obtido com o bypass gástrico (veja infografia). Praticada há 10 anos, esse método representa 15% das cirurgias do tipo realizadas no Brasil.

Como é realizado pelo método laparoscópico (com pequenos furos no abdômen), o procedimento se tornou ainda menos invasivo pela junção de duas eficazes técnicas: a cirurgia por orifício único — laparoscopia single port — e o uso de robôs no procedimento. O especialista em cirurgia geral, gastrocirurgia e orientador de cirurgias robóticas da área de cirurgia geral e do aparelho digestivo do Hospital Albert Einstein, em São paulo, Vladimir Schraibman, explica que, assim como na laparoscopia convencional, a cirurgia por orifício único é realizada com a insuflação de gás para a criação de uma cavidade virtual. A partir daí, realiza-se a incisão de cerca de 2,5cm na região da cicatriz umbilical. Por essa incisão, instala-se um pequeno dispositivo, no qual estarão inseridas uma câmera e duas pinças de trabalho.

Eficiente
O executivo André Gustavo Albuquerque, 42 anos, se submeteu à gastrectomia vertical em abril deste ano. Ainda não foi pelo novo método do orifício único, mas só de não ter grandes cortes ele já se sente aliviado. “Pude começar a fazer exercícios pouco tempo depois da cirurgia”, diz. Ele, que já emagreceu 29kg, conta que em nenhum momento sentiu enjoos, tonturas ou qualquer desconforto comum às outras técnicas de cirugia bariátrica. “Eu conversei com o médico e ele me indicou esse procedimento. Só tenho a agradecer, porque me sinto saudável e bem.” Caso tivesse se submetido à cirurgia pela nova técnica, dizem especialistas, ele provavelmente poderia comemorar uma recuperação ainda mais rápida.

A grande diferença da gastrectomia vertical para outros tipos de cirurgia bariátrica, salienta o médico, é que ela é pouco agressiva, sem dor, com recuperação rápida, perda de peso eficiente, ausência de vômitos ou diarreia, possibilidade de ingerir volumes razoáveis de alimentos e ausência da necessidade de ingerir vitaminas para evitar a desnutrição. “Sem contar o resultado estético, visto que os pacientes apresentam um resultado final sem cicatrizes visíveis, principalmente quando emagrecem, em especial as mulheres, que passam a usar ate biquínis”, observa.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Ricardo Cohen, explica que e as desvantagens desse procedimento ainda são discutíveis. Ele conta que é preciso esperar que novos trabalhos comparem os resultados da laparoscopia com quatro ou cincos punções (de 0,5cm a 1cm
cada) com a de orifício único (uma incisão de 3cm a 4cm no umbigo) e, às vezes, mais uma punção de auxílio. Para ele, não há diferença na recuperação ou no resultado do novo procedimento se comparado com o “antigo”. “A operação dentro da cavidade é igual a feita por uma videolaparoscopia convencional”, afirma.

Credibilidade
A gastrectomia é realizada há mais de 15 anos no mundo e, no Brasil, há cerca de 10. Segundo Vladimir Schraibman, o procedimento apresenta inúmeras vantagens, como ausência de desnutrição, queda de cabelo, vômitos pós-prandiais e complicações no pós-operatório, a exemplo da hipovitaminose — doença causada pela deficiência de vitaminas no organismo —, geralmente causada por uma alimentação incompleta. “A gastrectomia vertical permite ao paciente ingerir qualquer tipo de alimento em pequenas quantidades”, diz.

Schraibman avalia que essa é uma técnica moderna e bem aceita nos centros de referencia mundial por gerar poucas alterações anatômicas. “A utilização do robô torna o procedimento mais preciso e tecnicamente ainda mais seguro”, avalia. O especialista conta que a indicação é para pacientes com índice de massa corpórea (IMC) maior que 40 ou entre 35 e 40, para os que apresentam comorbidades como hipertensão arterial, diabetes, colesterol e triglicérides elevados e apneia do sono.

Dos 14 robôs existentes na América Latina, quatro estão no Brasil. Já há centros norte-americanos que só realizam a cirurgia por meio da robótica. Trata-se de um procedimento de alta complexidade e que exige alto grau de treinamento da equipe cirúrgica. “Exige um hospital bem capacitado, reduzindo as chances desse procedimento ser realizado em muitos centros”, acredita.
Fonte Correio Braziliense

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