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terça-feira, 10 de abril de 2018

Cientistas descobrem proteína capaz de recuperar a memória e a aprendizagem

Resultado de imagem para memóriaEm testes com ratos, o ISRIB retoma atividades cerebrais perdidas em decorrência de estresse. A molécula poderá ser a base de um medicamento contra o Alzheimer

Complicações neurais desencadeadas por problemas como concussões e por doenças neurodegenerativas desafiam médicos e pacientes devido à escassez de tratamento e à prevenção limitada. Com o objetivo de mudar esse cenário, cientistas dos Estados Unidos trabalham no desenvolvimento de uma droga que tem se mostrado promissora quanto à estimulação cerebral. Análises feitas em ratos renderam resultados positivos, e os pesquisadores também conseguiram observar minuciosamente a ação da molécula no órgão das cobaias. Segundo eles, as informações obtidas poderão ajudar na criação de um composto que servirá de base para uma droga a ser usada contra o Alzheimer e outras enfermidades do tipo. Os achados da pesquisa foram divulgados na edição desta semana da revista Science.

A droga testada - o inibidor de resposta ao estresse integrado (ISRIB) - foi descoberta em 2013, após uma extensa triagem de substâncias capazes de alterar a resposta ao estresse no corpo humano, evitando, dessa forma, o surgimento de problemas cognitivos. “O ISRIB foi isolado num rastreio de uma biblioteca de cerca de 100 mil compostos. Ele foi uma das 28 moléculas em potencial selecionadas pela nossa equipe”, conta ao EM Peter Walter, bioquímico da Universidade da Califórnia e principal autor do estudo. Nos testes, o ISRIB não se dissolveu bem em soluções aquosas, e isso fez com que os pesquisadores acreditassem que ele não seria um medicamento viável. Porém, após observações mais minuciosas, a equipe percebeu que a molécula teve ação mil vezes mais potente que muitas das outras opções testadas. Durante análises laboratoriais in vitro, mesmo a pequena quantidade de ISRIB que conseguiu penetrar nas células foi suficiente para provocar uma resposta ao estresse.

Com tantos dados animadores, os cientistas partiram para testes em animais. Em experimentos, observaram que o ISRIB melhorou a aprendizagem e a memória em camundongos e, por meio de uma técnica avançada de análise, a microscopia crioeletrônica, conseguiram perceber em detalhes como esses benefícios ocorreram. Segundo os cientistas, uma ligação do ISRIB a oito componentes da proteína eIF2B foi a responsável pela otimização cognitiva dos ratos.

A molécula, que tem a forma de uma hélice, se posiciona dentro da eIF2B e atua como um grampo, unindo subcomplexos idênticos da proteína. “Vemos que o ISRIB mantém o complexo eIF2B em conjunto, e isso pode ser suficiente para estabilizar a proteína e aumentar a sua atividade”, diz Walter. Em resumo, os pesquisadores mostram que o ISRIB previne a resposta ao estresse celular ao estabilizar a eIF2B. “Podemos ver com resolução quase atômica onde a droga se liga à proteína. É realmente incrível ver uma pequena molécula sob um microscópio”, ressalta Walter.

Uso ampliado
Para a equipe de cientistas, a ação desencadeada por ISRIB nas cobaias mostra o quanto a molécula tem potencial para se tornar um medicamento contra a neurodegeneração em humanos. “Como o ISRIB aumenta a cognição na aprendizagem espacial, espera-se que ele, ou algum derivado de atuação semelhante, seja útil para aliviar ou retardar algumas das disfunções cognitivas em pacientes com Alzheimer e em pacientes com outros distúrbios neurodegenerativos”, explica Walter. “Eu acredito que o ISRIB poderá ser uma terapia para muitos distúrbios cognitivos.”

Amauri Araújo Godinho, neurocirurgião do Hospital Santa Lúcia e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), acredita que os resultados da pesquisa americana são positivos para a área médica. “É interessante eles terem observado que essa droga promove o aprendizado e restabelece a memória em ratos que já tinham um tipo de lesão. É uma grande esperança. Se você consegue usar essa droga em um paciente com trauma encefálico, você poderá reduzir as sequelas”, ilustra.

O neurologista aponta outras possíveis aplicações para o medicamento. “Eu até extrapolo um pouco, mas, se pensarmos que essa ação pode ocorrer em qualquer célula nervosa, ela poderia ser usada de forma mais ampla. Temos casos de pacientes, como atletas, que, quando entram em coma, apresentam o que chamamos de catabolismo, que destrói a musculatura. Para evitar isso, usamos anabolizantes. Poderíamos evitar essa perda com essa proteína”, detalha.

Godinho pondera que a pesquisa precisa ter continuidade, a fim de que os efeitos sejam observados com mais cuidado e a eficácia em humanos, avaliada. “Outro ponto que deve ser visto são possíveis efeitos negativos. A expressão de genes responsáveis pela produção de proteínas está ligada ao câncer, é importante ter certeza de que não estamos estimulando o crescimento de um tumor, por exemplo”, sugere.

A próxima etapa do estudo consiste em destrinchar ainda mais a molécula estudada e a proteína à qual ela se liga, segundo Walter. “Trabalhamos para determinar estruturas de eIF2B com ISRIB a fim de aprender sobre suas atividades. Nós também estamos procurando um metabólito natural que possa ter atividade semelhante ao ISRIB”, adianta. Os investigadores acreditam que será possível adaptar os experimentos para testes clínicos, em humanos, já que, até agora, a molécula não parece ser tóxica.

Novo circuito das lembranças
Victor Correia*

O caminho para recuperar uma memória não é uma linha reta, segundo pesquisadores do Centro de Genética dos Circuitos Neurais Riken-MIT, nos Estados Unidos. Eles descobriram que o circuito percorrido no cérebro quando lembramos de uma experiência desvia para uma pequena região chamada subículo, dentro do hipocampo. A descoberta contrasta com os circuitos diretos conhecidos até então.

Usando a optogenética, os pesquisadores ligaram e desligaram, em ratos, os neurônios do subículo para descobrir qual o papel da estrutura na formação e na recuperação de memórias. Eles descobriram que a região está ligada à recuperação de memórias emocionais, que causam, por exemplo, medo ou ansiedade. Detalhes do trabalho foram divulgados na revista Cell.

Durante o experimento, os roedores foram condicionados a associar um som com um choque desconfortável, formando uma memória. Ao ouvir o mesmo barulho, eles reagiram com medo e ficaram paralisados. Porém, quando os cientistas desativaram os neurônios do subículo usando a optogenética, os roedores não conseguiram mais recuperar a memória que formaram do medo e pararam de reagir negativamente ao som.

Além disso, quando o subículo foi superestimulado pelos pesquisadores, as cobaias passaram a sentir medo mais frequentemente, o que sinaliza que a região tem uma ligação direta com a recuperação de memórias emocionais. “O subículo é único porque tem efeito bidimensional na recuperação de memórias”, ressaltou, em comunicado, o líder da pesquisa, Susumu Tonegawa.

Inédito
Cleiton Aguiar, professor adjunto do Núcleo de Neurociências da Universidade Federal de Minas Gerais, destaca o ineditismo da descoberta. “Até então, não se sabia direito que o subículo poderia ter tal função. É uma região pequena, de difícil acesso”, explica.

Um estudo publicado por Shane M. O’Mara em 2009, na revista Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry, mostrou que o subículo está ligado à representação espacial, à memória, ao estresse, à ansiedade e ao medo. “A memória tem várias fases. Uma delas é captar, criar a informação. Outra é deixar a informação mais forte e, depois, recuperá-la. O subículo é muito mais importante para o resgate”, disse Carlos Uribe, neurologista do Hospital Brasília, que não participou do estudo.

Na pesquisa conduzida por Tonegawa, manipular o subículo antes da formação da memória, por exemplo, não teve nenhum efeito: a informação foi consolidada no cérebro da mesma forma, e os ratos conseguiram recuperá-la normalmente. Segundo os pesquisadores, esse desvio permite que memórias capazes de gerar respostas instintivas importantes sejam renovadas rapidamente.

* Estagiário sob supervisão da subeditora Carmen Souza

Saúde Plena

Anticoncepcional: o mais novo “amigo” do homem

Resultado de imagem para anticoncepcional masculino“Você toma pílula?”

Por Dr. Pedro Romanelli

Desde a revolução sexual dos anos 1960 – fenômeno marcado pela chegada da pílula anticoncepcional feminina ao mercado -, estamos bem (ou mal) acostumados a fazer essa pergunta a nossas parceiras sexuais. Muito em breve, teremos que nos habituar não só a ouvir o mesmo questionamento como a estabelecer novas negociações e acordos com as mulheres com as quais nos relacionamos.

Preparem-se, pois, para discutir com o médico o método mais adequado para se evitar uma gravidez indesejada. Num futuro próximo, carregar na carteira “cartelinhas” timbradas com os dias da semana, inevitavelmente, será considerado “coisa de homem” também. O contraceptivo masculino, afinal, já é uma promessa prestes a ser cumprida pela ciência.

A novidade foi anunciada por duas respeitadas universidades americanas. Uma delas é a Universidade de Washington, em Seattle. Cientistas da instituição apresentaram ao mundo, há menos de 15 dias, a dimethandrolone undecanoateou – ou apenas DMAU. De acordo com os pesquisadores, a pílula anticoncepcional feita para homens vem passando nos testes de eficácia e segurança “com louvor”.

A última etapa do estudo envolveu cem homens com idade entre 18 e 50 anos, que receberam cápsulas com formulações e doses diferentes (100, 200 e 400 miligramas). Eles tiveram que tomá-las por 28 dias, na hora das refeições.

Os participantes que ingeriram a maior dose testada (400 miligramas) tiveram supressão considerada marcante dos hormônios necessários à reprodução. Isso, sem os efeitos colaterais encontrados em tentativas anteriores, como inflamações no fígado ou perda do desejo sexual.

Já no Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano (Nichd) dos Estados Unidos, os esforços se concentram no desenvolvimento de um gel contraceptivo. A substância bloqueia a produção de esperma no corpo humano por cerca de 72 horas e deve ser aplicada nos braços e costas todos os dias, por pelo menos quatro meses. Os testes começam a ser feitos agora em abril, com 400 casais que serão acompanhados por quatro anos. As mulheres também são orientadas a usar contraceptivos (normas de ética em pesquisas, afinal, incluem limitar riscos aos envolvidos). Neste período, os pesquisadores vão monitorar os níveis de espermatozoide dos homens, que devem cair a menos de um milhão por mililitro, para prevenir a gravidez de maneira eficaz.

Mal posso esperar para ver chegada desses novos tempos, em que meu consultório passará a ser frequentado por homens e mulheres que dividem a mesma responsabilidade quando o assunto é a contracepção. E vocês, o que me dizem?

Dono da Pague Menos pode ser preso a qualquer momento por determinação da Justiça

Imagem relacionadaDeusmar Queirós foi condenado a 9 anos por crime contra o sistema financeiro nacional

O maior empresário farmacêutico do Nordeste e o segundo do Brasil, Deusmar Queirós vai para a cadeia. Ele já foi condenado em segunda instância. O juiz federal Danilo Fontenele decretou a prisão do dono da Pague Menos na semana passada.

Ele ainda não foi preso porque conseguiu uma liminar. Mas com o desenrolar do caso de Lula, a situação de Deusmar deve ter o mesmo final.

O empresário cearense pode ser preso a qualquer momento. Diferente de Lula, Deusmar não deve fazer discurso antes de descer para o presídio.

Anvisa promove capacitação sobre análise de medicamentos

medicamentoanvisaTreinamento internacional para países latino-americanos e do Caribe terá foco na análise de estabilidade de medicamentos

O processo de análise de estabilidade de medicamentos, item essencial para o registro de produtos farmacêuticos, é o tema de um treinamento internacional que será sediado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nos dias 7 e 8 de agosto deste ano, em Brasília. A atividade será destinada a técnicos das agências de regulação e vigilância sanitária dos países da América Latina e Caribe. O objetivo é ampliar, aprofundar e qualificar o conhecimento técnico-científico sobre o tema. São esperados até 80 participantes.

O curso será aplicado em parceria com a Northeastern University, instituição norte-americana com sede em Boston (EUA) e que integra o Programa de Treinamento Piloto do Conselho Internacional para Harmonização de Requisitos Técnicos para Produtos Farmacêuticos para Uso Humano (ICH). Essa instituição (ICH), com sede em Genebra, na Suíça, reúne autoridades reguladoras e indústria farmacêutica, promovendo a discussão sobre aspectos científicos e técnicos do registro de medicamentos.

O Programa de Treinamento Piloto teve início em 2017 com uma série de capacitações realizadas nos Estados Unidos, Japão, Canadá e Alemanha, com as atividades sempre ancoradas a universidades, como é o caso da Northeastern University. A Anvisa será a primeira agência reguladora no mundo a sediar um dos treinamentos desse projeto piloto do ICH. O curso que será realizado no Brasil é o mesmo que foi ministrado nos Estados Unidos, no ano passado.

Alguns dos temas que serão explorados durante a atividade são as diretrizes do ICH - Guias ICH Q1A, Q1B, Q1C, Q1D e Q1E, e as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre testes de estabilidade de fármacos em zonas climáticas III e IV que substituíram o Guia ICH Q1F; importância do monitoramento, análise de dados e avaliação de risco; estudo de estabilidade de novas drogas e biotecnológicos, entre diversos outros.

O estudo de estabilidade faz parte do processo de registro de produtos farmacêuticos e é fundamental para garantir que um medicamento mantenha suas qualidades depois de sair da fábrica até o final da sua data de validade. Também determina quais são os cuidados necessários para a adequada conservação do produto, com a adoção de boas práticas de armazenamento.

Facilidade
A iniciativa de realizar o treinamento no Brasil visa facilitar a participação de países da América Latina e de regiões do Caribe nesse tipo de atividade. “Essa será uma excelente oportunidade de aprendizado e capacitação para os técnicos da Anvisa e de outras agências reguladoras, além de proporcionar a troca de experiências na nossa região”, afirma o diretor de Autorização e Registro Sanitários, Fernando Mendes Garcia Neto.

O diretor ressalta que o momento para a realização do treinamento é bastante oportuno porque a Anvisa está revendo o processo de análise de estabilidade de medicamentos. O tema está em consulta pública*. Ele afirma que este foi um dos motivos pelos quais o Brasil foi escolhido para sediar o treinamento, além de sua localização geográfica estratégica na região e também por ser o único país da América Latina que é membro do ICH.

Para a Anvisa, o êxito desse primeiro evento poderá abrir portas para o Brasil, que poderá sediar e fomentar outras capacitações do ICH para os países da América Latina e Caribe. A Anvisa fará a identificação das agências que deverão participar da atividade e o convite será formalizado pela Northeastern University.

*Saiba mais sobre a consulta pública da Anvisa que está coletando contribuições sobre critérios para a realização de estudos de estabilidade de insumos farmacêuticos ativos e medicamentos, exceto biológicos.

Fonte: Anvisa