Por Dr. Pedro Romanelli
Desde a revolução sexual dos anos 1960 – fenômeno marcado pela chegada da pílula anticoncepcional feminina ao mercado -, estamos bem (ou mal) acostumados a fazer essa pergunta a nossas parceiras sexuais. Muito em breve, teremos que nos habituar não só a ouvir o mesmo questionamento como a estabelecer novas negociações e acordos com as mulheres com as quais nos relacionamos.
Preparem-se, pois, para discutir com o médico o método mais adequado para se evitar uma gravidez indesejada. Num futuro próximo, carregar na carteira “cartelinhas” timbradas com os dias da semana, inevitavelmente, será considerado “coisa de homem” também. O contraceptivo masculino, afinal, já é uma promessa prestes a ser cumprida pela ciência.
A novidade foi anunciada por duas respeitadas universidades americanas. Uma delas é a Universidade de Washington, em Seattle. Cientistas da instituição apresentaram ao mundo, há menos de 15 dias, a dimethandrolone undecanoateou – ou apenas DMAU. De acordo com os pesquisadores, a pílula anticoncepcional feita para homens vem passando nos testes de eficácia e segurança “com louvor”.
A última etapa do estudo envolveu cem homens com idade entre 18 e 50 anos, que receberam cápsulas com formulações e doses diferentes (100, 200 e 400 miligramas). Eles tiveram que tomá-las por 28 dias, na hora das refeições.
Os participantes que ingeriram a maior dose testada (400 miligramas) tiveram supressão considerada marcante dos hormônios necessários à reprodução. Isso, sem os efeitos colaterais encontrados em tentativas anteriores, como inflamações no fígado ou perda do desejo sexual.
Já no Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano (Nichd) dos Estados Unidos, os esforços se concentram no desenvolvimento de um gel contraceptivo. A substância bloqueia a produção de esperma no corpo humano por cerca de 72 horas e deve ser aplicada nos braços e costas todos os dias, por pelo menos quatro meses. Os testes começam a ser feitos agora em abril, com 400 casais que serão acompanhados por quatro anos. As mulheres também são orientadas a usar contraceptivos (normas de ética em pesquisas, afinal, incluem limitar riscos aos envolvidos). Neste período, os pesquisadores vão monitorar os níveis de espermatozoide dos homens, que devem cair a menos de um milhão por mililitro, para prevenir a gravidez de maneira eficaz.
Mal posso esperar para ver chegada desses novos tempos, em que meu consultório passará a ser frequentado por homens e mulheres que dividem a mesma responsabilidade quando o assunto é a contracepção. E vocês, o que me dizem?
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