Especialistas propõem ao Conselho Federal de Medicina mudança no protocolo de indicação da cirurgia que cuida da doença metabólica. Hoje, o valor do IMC é o principal critério, mas eles defendem que a análise considere fatores de risco
Por novas perspectivas de tratamento, o Conselho Federal de Medicina recebeu uma proposta de modificação dos critérios de cirurgia para o diabetes tipo 2, com base em um escore de risco metabólico (ERM) e não apenas no índice de massa corporal (IMC).
Segundo Ricardo Cohen, coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e atual presidente do Conselho Consultivo e Fiscal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o ERM considera diversos fatores de risco para a saúde da pessoa com diabetes, permitindo uma avaliação do quadro clínico geral dela a fim de determinar critérios de elegibilidade e priorização que embasem a realização do procedimento cirúrgico.
“Evidências clínicas indicam a necessidade de adoção de outros parâmetros, além do IMC, que levam em conta detalhes técnicos, acesso, perfis de paciente e resultados“, explica.
De acordo com o cirurgião bariátrico Leonardo Salles de Almeida, hoje, podem ser operados pacientes que sofrem obesidade mórbida, ou seja, com IMC superior a 40; ou pacientes que têm o índice superior a 35 e co-morbidades passíveis de melhora após a operação.
De acordo com o cirurgião bariátrico Leonardo Salles de Almeida, hoje, podem ser operados pacientes que sofrem obesidade mórbida, ou seja, com IMC superior a 40; ou pacientes que têm o índice superior a 35 e co-morbidades passíveis de melhora após a operação.
“Se os novos critérios forem aprovados, o IMC passará a ser secundário, levando-se em consideração mais os benefícios clínicos que o procedimento vai trazer aos pacientes do que simplesmente um número”, diz.
Almeida explica que, na prática, os pacientes que apresentarem IMC maior que 30 e indicação do endocrinologista para a cirurgia poderão ter acesso ao procedimento.
“Outros critérios são diabetes há pelo menos cinco anos, idade mínima de 30 anos e hemoglobina glicosilada acima de 8”, complementa o cirurgião e titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Segundo Cohen, a nova proposta é importante porque a utilização isolada do IMC discrimina sexo, idade, grau de aptidão física e etnia de pessoas com síndrome metabólica, obesidade e/ou diabetes tipo 2.
Segundo Cohen, a nova proposta é importante porque a utilização isolada do IMC discrimina sexo, idade, grau de aptidão física e etnia de pessoas com síndrome metabólica, obesidade e/ou diabetes tipo 2.
“O critério atual não leva em consideração riscos cardiovasculares e a quantidade e distribuição de gordura corpórea, fatores que agravam a doença. O IMC isoladamente não prevê se qualquer tratamento terá sucesso ou não. Com o ERM, ao contrário, é possível ampliar a indicação da cirurgia metabólica e permitir que mais pacientes tenham o controle da doença, evitando danos comuns associados à evolução da doença”, detalha.
Correio Braziliense