Especialista afirma que população precisa usar mais camisinha; pesquisadores descobriram nova cepa do vírus HIV que causa Aids mais rapidamente
Embora tenha caído drasticamente o número de mortes por Aids no mundo nos últimos anos, o número de infectados pelo vírus do HIV continua alto. A doença matou 1,6 milhão de vítimas em 2012, depois de alcançar um auge de 2,3 milhões em 2005. Já o número de novos infectados foi de 35,3 milhões de pessoas no mundo no ano passado, apenas 200 mil novos casos a menos do que no ano anterior. No Brasil, entre os anos de 2001 e 2012, as mortes caíram 38,9%. Porém, o número de infectados passou de 430 mil para 530 mil, ou seja, alta de 23,3%.
Para a professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Maria Martha Ferreira Jeukens, o acesso ao tratamento da AIDS é uma das razões para a diminuição das mortes pela doença, já os novos casos de soropositivos mostram que é preciso investir em campanhas para o uso de preservativos. “No afã de ter prazer, as pessoas minimizam os riscos que correm ao não usarem preservativos. Se você perguntar por aí, a maioria das pessoas não usa camisinha”, disse.
O Brasil oferece terapia com retrovirais a todos os pacientes assim que a doença for diagnosticada. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 100 mil pessoas deverão ser beneficiadas com a expansão da oferta de tratamento. Atualmente, 313 mil recebem remédios. Já no que se refere à prevenção, as campanhas costumam ser centralizadas apenas em uma época do ano: o Carnaval.
De acordo com Maria Martha, o programa do Brasil de distribuição de antirretroviral é muito bom, mas a campanha nacional deveria ser ampliada. "Hoje não existem mais grupos de risco, e sim comportamentos de risco. Qualquer pessoa que não se proteger durante a relação sexual, principalmente com quem não conhece, está vulnerável a contrair o vírus. Não podemos esquecer que a AIDS ainda não tem cura”, afirma.
Mais letal
Pesquisadores estão preocupados com a descoberta de uma nova variedade do vírus HIV descoberta na África Ocidental. A cepa é uma forma mais agressiva do vírus e leva, entre a infecção e o desenvolvimento da doença, cerca de cinco anos, dois anos a menos que a cepa mais conhecida do vírus.
"O HIV é um vírus extremamente dinâmico e variável. Novos subtipos e formas recombinantes de HIV-1 foram introduzidos em partes do mundo, e é muito provável que exista um grande número de recombinantes de que sabemos pouco ou nada de circulação. Nós, portanto, precisa estar ciente de como o HIV-1 muda de epidemia ao longo do tempo", disse Patrik Medstrand, professor de Virologia Clínica da Universidade de Lund.
Existem cerca de 60 diferentes cepas do vírus HIV-1 no mundo, e algumas regiões são dominadas por um ou dois tipos de cepas. Porém, de acordo com pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, se uma pessoa for infectada por duas cepas diferentes, elas podem se fundir e uma nova combinação pode acontecer. “Estas novas combinações parecem ser muito mais vigorosas e agressivas que as cepas das quais elas se desenvolveram”, disse Angelica Palm, doutoranda da Universidade de Lund, e uma das autoras do estudo sobre a descoberta da nova variedade do vírus HIV.
A boa notícia é que, de acordo com os pesquisadores, os medicamentos disponíveis também são eficazes para o tratamento da doença desenvolvida a partir da nova cepa. "Até onde sabemos, os medicamentos disponíveis hoje no mercado funcionam igualmente para todas as formas do vírus HIV", explica Palm.
iG