Afinal de contas, existe ou não o tal do "Ponto G"? Dá para localizar essa região mágica de prazer? É possível definir uma anatomia para ele ou cada mulher tem uma zona erógena onde sente mais prazer? As perguntas são muitas e as respostas divergem. Especialistas dizem que há um caminho para encontrá-lo. Outros, no entanto, dizem que sua existência é um mito. Só uma coisa é certa: a polêmica continua.
As pesquisas surgem e os resultados diferem. Num estudo publicado na nova edição do "Journal of Sexual Medicine do King's College" de Londres, realizado no começo de 2012, afirma que a suposta zona erógena pode nem existir. Após analisar mais de 1.800 mulheres, os pesquisadores não acharam provas da existência desse ponto mítico. Já outro estudo, publicado na revista médica "The Journal of Sexual Medicine" afirmando que havia encontrado o ponto G na região genital feminina, além de ter feito um mapa anatômico da zona erógena que é responsável por intensificar orgasmos.
Por que o nome 'ponto G'?
A história é simples: em 1944, o obstetra e ginecologista alemão Ernest Gräfenberg apresentou uma pesquisa relatando a descoberta do tal ponto em 1944. Quase 40 anos depois, os pesquisadores norte-americanos Beverly Whipple e John D. Perry é que criaram o nome numa homenagem a Gräfenberg, num trabalho científico deles publicado em 1982, chamado de 'O ponto G e outras recentes descobertas da sexualidade humana'.
Para terapeuta sexual, sua existência é incerta
A médica urologista e terapeuta sexual Sylvia Marzano avalia que é incerta a existência do ponto G. 'O local existe como uma rugosidade na porção anterior da vagina, uns 3 cm para dentro do intróito vaginal. Mas ainda não se sabe se é um ponto que todas as mulheres sentem prazer. Muitas gostam quando o parceiro coloca o dedo na vagina e comprime ritmicamente esse local', observa Sylvia. No entanto, para a médica, a questão é mais ampla do que se tratar apenas de um ponto físico corporal.
Ponto G não existe, opina ginecologista
'Anatomicamente o ponto G não existe', opina a sexóloga e ginecologista Carol Ambrogini. 'Biópsias realizadas no interior da vagina não mostraram nenhuma variação. O que ocorre é que a base do clitóris se encontra sobre esta região e talvez por isto o estímulo neste local seja mais prazeroso para algumas mulheres', conta Carol, que também é coordenadora do Projeto Afrodite, centro de sexualidade feminina do Departamento de Ginecologia da Unifesp
Não é um ponto, mas uma região, diz professora
Na opinião da professora de Ginástica Íntima e colunista de amor e sexo do Tempo de Mulher, Regina Racco, o ponto G é real e nem é tão difícil de achar. Mas, para ela, não é um ponto e sim uma região com ligação direta com o clitóris. 'Ele fica a meio caminho entre a entrada da vagina e o final do canal vaginal. É facilmente alcançado introduzindo-se o dedo indicador e voltando o dedo para frente fazendo um movimento de um lado a outro até encontrar um local que nos dá a sensação de algo rugoso e um prazer muito grande ao toque. Aí é a região do ponto G', diz.
Mas, observa a professora, só depois de a própria mulher reconhecer seu ponto é que ela será capaz de passar essa informação ao parceiro. 'Essa é uma procura cuja sinalização é totalmente através da sensação', completa.
Não existe um ponto exato para todas as mulheres, diz fisioterapeuta
Para Débora Pádua, fisioterapeuta especializada em Uroginecologia e autora do livro 'Prazer em conhecer – Você acha que sabe tudo sobre sexo?' (Ed. Alaúde), o ponto G existe, mas ela não entende que seja um ponto específico e acessível a todas as mulheres. A ideia que temos sobre o ponto G, analisa Débora, é como se ele fosse um quarto escuro onde é preciso apenas achar o interruptor e, assim que achado, tem-se um baita dum orgasmo como se a luz se acendesse. Mas não é assim que funciona.
'O ponto G provavelmente existe. É simplesmente um lugar dentro do canal vaginal um pouco mais sensível, mais enervado, e por isso provoca mais prazer quando tocado. Mas acredito que não é aquela coisa onde existe um ponto exato para todas as mulheres que, estimuladas nesse local, têm um orgasmo. Para isso, a mulher precisa estar excitada, conhecer o próprio corpo, mostrar ao parceiro quais as melhores posições que estimulam esse lugar no canal vaginal que é mais sensível a ela. Nesse tipo de ponto G eu acredito', opina Débora.
É muito mais fácil uma mulher ter um orgasmo clitoriano
O canal vaginal, em comparação ao clitóris, é um lugar escondido, diferente do clitóris, que é um local exposto. Um terço do canal vaginal tem sensibilidade, e o restante quase não tem sensibilidade. Então, explica a fisioterapeuta, é muito mais fácil uma mulher ter um orgasmo clitoriano do que sentir um grande estímulo vaginal. “Isso fica muito confuso para algumas mulheres quando falamos em orgasmo clitoriano e orgasmo vaginal. Qual a diferença? Muitas vezes é pelo estímulo desse ponto G, que eu entendo como o local mais sensível na mulher”, explica Débora.
Existe o orgasmo do 'ponto G'?
A questão de o ponto G existir ou não é tanta que até já existe um tipo de orgasmo para ele: o orgasmo do ponto G. Mas, para a sexóloga e ginecologista Carol Ambrogini, o orgasmo não muda se for obtido na vagina ou no clitóris, por exemplo. 'É a mesma sensação. O que faz o orgasmo ser menos ou mais intenso é o grau de excitação prévio a ele. Do ponto de vista científico esse tipo de orgasmo não existe', explica Carol.
Vários 'pontos G' no corpo
Segundo Sylvia Marzano, cada mulher pode ter vários pontos G se souber explorar o corpo. E cada pedaço do corpo feminino pode ser uma zona erógena passível de proporcionar muito prazer e orgasmos incríveis. “Basta que ela aprenda e ensine ao parceiro como gostaria de ser tocada. Mas ainda acho que as mulheres têm dois pontos G: os ouvidos”, completa a terapeuta.
O importante são as preliminares
O importante no sexo, garante Sylvia Marzano, são as preliminares. 'Não deveriam ser chamadas nem de 'preliminares' e sim deveria ser toda a relação sexual, já que o orgasmo só tem segundos de duração. O prazer maior é ficar muito tempo na exploração mútua, na troca de carícias, na cumplicidade, no que vem antes da hora e no que vem depois do ato sexual. É o dia a dia, o companheirismo, o estar presente', destaca a terapeuta.
Esqueçam esse ponto, homens!
E os homens que ficam fissurados na ideia de achar essa região? O ideal, segundo a terapeuta, é focar na troca de vivências do casal. 'Homens devem ficar preocupados é com a sinceridade, o envolvimento, o dar e o receber, o prestar atenção na parceria, no que gosta ou não, mas sem achar que são os responsáveis únicos pelo prazer dela. Deixem ou peçam que elas mostrem como gostam de ser levadas. Muitas mulheres reclamam que, na ânsia de procurar o ponto G, o homem chega até a machucá-las! Esqueçam o ponto G', aconselha a terapeuta sexual Sylvia Marzano.
MSN
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