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O educador físico Christian Krause explica os principais beneficios
de
cinco exercícios praticados no treinamento funcional
Foto: Ricardo Duarte / Agencia RBS |
Promessa é de um corpo saudável para enfrentar os desafios do dia a dia e banir
as limitações do envelhecimento
Esqueça os pesados aparelhos de musculação ou horas intermináveis de aulas
que mais parecem uma tortura. O método do futuro, quando se fala em malhação
eficaz e nada monótona, tem um nome e sobrenome: treinamento funcional. Como o
termo diz, o objetivo é que o corpo mantenha sua funcionalidade. Em resumo, é
preservar a capacidade de executar os movimentos do dia a dia, que vão desde
sentar e levantar até alcançar um pote de biscoitos no alto da prateleira. A
técnica ganhou imensa notoriedade nos últimos anos por ter sido eleita para
esculpir o corpo de celebridades como Juliana Paes, Deborah Secco e Jennifer
Lopez, bem como para turbinar o desempenho de atletas de alta performance, como
jogadores de futebol e de tênis, nadadores e lutadores de MMA (Artes Marciais
Mistas, popularizada por Anderson Silva).
— Nada mais é do que tentar reproduzir a ação natural do corpo. Usamos tanto
para a reabilitação quanto para o condicionamento físico — afirma Henrique
Valente, um dos fisioterapeutas do Grêmio.
Assim como Valente — que utiliza os princípios do treinamento funcional no
time titular do Grêmio há alguns anos — um dos fisioterapeutas do Inter, Mauren
Mansur, explica que a "febre" nas academias nada mais é que uma nova roupagem
para a chamada cinesioterapia funcional:
— É uma terapia que promove, através dos movimentos naturais do corpo,
agilidade, potência,
coordenação e estabilidade da parte central do corpo, garantindo maior
eficiência neuromuscular.
Enquanto os exercícios localizados, como a musculação, estimulam os músculos
de forma isolada, no modelo funcional o treino é dinamizado com a ajuda de
aparelhos simples, como bolas, elásticos, pesos e pranchas. O educador físico
Christian Krause (que aparece na capa deste caderno), da academia Porto do
Corpo, na Capital, diz que um dos grandes benefícios é o ganho de consciência
corporal:
— Os resultados vão de maior força e equilíbrio à propriocepção, que é a
percepção do próprio corpo, incluindo a consciência da postura, do movimento,
das partes do corpo e das mudanças no equilíbrio.
Também é possível gastar energia — e muita energia — em uma das aulas, que
duram de 45 a 60 minutos. O valor médio da mensalidade gira em torno de R$ 180,
com aulas duas vezes por semana. Dependendo do nível de treinamento e
intensidade, são queimadas de 400 a 800 calorias. A advogada Luciana Minuzzi, 34
anos, diz que, desde que começou a fazer as aulas, há um ano, conseguiu "secar"
oito quilos, além de se livrar de uma lombalgia (dor na região lombar):
— O melhor foi que substituí gordura por músculos. Sinto uma enorme diferença
no meu corpo, em todos os sentidos — diz ela.
Ávido praticante de esportes, o autônomo Luciano Di Concilio, 37 anos, diz
que o treinamento lhe deu maior potência para surfar e nadar, por exemplo.
— A musculatura melhora como um todo. Além de ser bem menos monótono —
avalia.
Uma opção que se encaixa em todos os perfis e idades
A personal trainer Márcia Refinski, da academia MR Fitness, em Porto Alegre,
garante que qualquer pessoa, em qualquer idade e perfil, está apta para se
beneficiar deste tipo de treinamento:
— O programa apenas precisa ser ajustado para cada condição física. E, é
claro, é preciso de regularidade: no mínimo duas vezes por semana, fazendo parte
da rotina de exercícios. Defendo que ele não substitui a musculação, e sim
complementa.
Um dos instrutores da academia Cia. Athletica de Porto Alegre, Gabriel
Azambuja, afirma que a região central do corpo (chamada de core, composta por 29
músculos que sustentam o complexo quadril-pélvico-lombar) é a mais
trabalhada:
— Tudo se baseia no fortalecimento desta estrutura, que é o centro de
produção de força e da geração de estabilidade, além da manutenção do
alinhamento postural — afirma o professor.
A fisioterapeuta Cláudia Joffre, do Vitta Exercício e Clínica de Saúde,
lembra de outro benefício:
— Para a correção de vícios posturais, é excelente. Como exige um trabalho de
concentração maior, ativa mais áreas do sistema nervoso central. Além de tudo, é
bom para a mente.
Conheça os principais movimentos do treinamento
funcional
O que é treinamento funcional
O nome treinamento funcional é autoexplicativo: vem traduzido do inglês
(Functional Movement System — Sistema de Movimentos Funcionais). É uma proposta
criada pelo fisioterapeuta americano Gray Cook e pelo educador físico Lee Burton
há mais de uma década. A proposta básica é fazer com que os movimentos feitos
pelo corpo sejam corretos por meio de exercícios que usam o desequilíbrio com
objetos como a bola medicinal, o bosu (meia bola) e elásticos, para recrutar um
número maior de fibras musculares na execução do mesmo exercício, que é feito em
um lugar plano. O principal aparelho, porém, é o peso do próprio corpo.
Principais benefícios
Os exercícios do treinamento funcional focam em cadeias musculares, são bem
variados e envolvem força, equilíbrio, agilidade, consciência corporal, entre
outros fatores. Praticantes afirmam que ganham maior massa muscular, melhor
performance e disposição nas atividades diárias. O corpo passa a se movimentar
melhor e com mais equilíbrio. Além disso, é excelente para prevenir lesões — por
isso, caiu no gosto de treinadores de atletas de elite das mais diversas
modalidades.
Quem pode praticar
Qualquer pessoa, independentemente de idade ou gênero. O que diferencia o
treino de uma pessoa para outra são os exercícios e o grau de dificuldade destes
para atingir o objetivo. Os exercícios são definidos de acordo com as
necessidades e capacidades do aluno.
Como obter melhores resultados
O ideal para o condicionamento físico completo, segundo os especialistas, é
aliar o treino de musculação com o funcional, mesclando as propostas com
exercícios aeróbicos, como natação e corrida. Se o objetivo for emagrecer, é
preciso de um treino intenso, o que não é possível nas primeiras aulas. Os
ganhos de equilíbrio e coordenação começam a ser notados a partir da quarta
aula. Já o ganho de massa muscular e maior definição dos músculos, a partir da
oitava aula.
Você sabe o que é o core?
O conjunto de 29 músculos que se estendem da porção logo abaixo do peito até
a base da cintura é a "região de ouro" do treinamento funcional. Os músculos que
se encontram nesta área específica são responsáveis pela estabilização da coluna
vertebral e, do ponto de vista fisiológico, é o mais importante do organismo. O
core (termo em inglês que significa "centro" ou "miolo") é dividido em dois
grupos: do primeiro, fazem parte os músculos mais profundos, cuja função é
manter a estabilidade da coluna lombar. O segundo é composto dos músculos
globais, que ficam mais na superfície e são responsáveis pela flexibilidade da
região — além de darem a aparência de "barriga de tanquinho" tão desejada.
O treinamento do core é preconizado por todos os treinadores de atletas de
alto rendimento, como os jogadores de futebol, lutadores e maratonistas. Isto
porque ele tem tudo a ver com performance: quanto mais forte a região, maior a
eficiência dos movimentos e menor a quantidade de lesões.
Fonte Zero Hora