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domingo, 4 de maio de 2014

Médica orienta sobre o que fazer em caso de dor de ouvido e como evitá-la

Foto: Reprodução
Pediatra e consultora Ana Escobar citou formas de acabar com o incômodo. Mais de 70% das infecções são por exposição à água, que empurra a cera
 
Depois de tomar um banho de mar, piscina ou uma simples chuveirada, quem nunca teve aquela sensação chata e irritante de água acumulada no ouvido? Há quem dê uns pulinhos, umas batidinhas na cabeça, um assopro.
 
Alguns preferem prender a respiração, outros esquentam uma toalha com ferro e a encostam na orelha. Para orientar as pessoas nesses casos, o Bem Estar convidou a pediatra Ana Escobar, que também é consultora do programa.
 
O incômodo, o abafamento e a dor podem ser ainda maiores se a água for doce - de rio ou lagoa. Isso porque é onde se proliferam as bactérias Pseudomonas sp, um dos micro-organismos causadores da otite. Mais de 70% das infecções são por exposição à água, que empurra a cera pelo canal auditivo. Se a água estiver contaminada, pior ainda, pois ela tira a proteção natural que é a membrana do tímpano.
 
Ao repórter Filippo Mancuso, o otorrinolaringologista Andy de Oliveira recomendou pingar no ouvido uma única gota de ácido acético (vinagre) contendo álcool, que evapora e ajuda a proteger a região - apenas se ainda não houver infecção. Se manobras como essa (veja outras abaixo) não resolverem, é preciso procurar um especialista.
 
 Água no ouvido (Foto: Arte/G1)
 
Como prevenção, é indicada ida a um médico antes de uma temporada na praia ou na piscina. Ele pode sugerir o uso de protetores, dependendo de cada caso. E não se deve esperar muito para marcar a consulta, pois o que começa com uma simples umidade pode terminar em infecção. Isso ocorre porque a cera deixa o pH do ouvido ácido, e a água o torna mais alcalino, criando um ambiente favorável à entrada de bactérias.
 
G1

Alergia respiratória ocorre quando corpo reage a agentes externos

Foto: Reprodução
Bem Estar recebeu a pediatra e consultora Ana Escobar. Otorrinolaringologista Lídio Granato também falou sobre a alergia
 
Limpeza e organização não servem só para deixar a casa bonita para as visitas. Varrer o chão, passar pano nos móveis, arrumar a cama, tudo isso é importante para a saúde. O pó acumulado irrita o nariz de muita gente: é a alergia respiratória.
 
O Bem Estar recebeu a pediatra Ana Escobar, consultora do programa, e do otorrinolaringologista Lídio Granato para explicar que alergia é essa, como identificá-la e como evitar o problema.
 
Como você pode ver no quadro abaixo, a alergia é uma reação do corpo contra a poeira, o mofo, ou qualquer outro agente que nosso sistema de defesa identifique como um intruso.
 
arte alergias (Foto: arte / G1)
 
Além de deixar a casa bem limpinha e de tomar todos os cuidados descritos, é preciso ficar atento a outros objetos que acumulam poeira, como bichinhos de pelúcia, cortinas e cobertores.
 
Os cobertores, aliás, podem ser um problema maior, pois junto com o frio vem o tempo seco do inverno. A baixa umidade resseca o muco que protege as vias respiratórias, que fazem parte da defesa do organismo. Com o muco seco, mais agentes externos chegam até o pulmão.
 
Em caso de crises, os médicos recomendam o uso de antialérgicos. A longo prazo, bombinhas à base de cortisona são indicadas, pois desinflamam a superfície e protegem as vias aéreas.
 
Rinite, asma e gripe
No frio, também é comum ter gripe, uma doença bem diferente das alergias, já que é causada por um vírus. Porém, os sintomas se confundem com os da rinite alérgica.
 
Nos dois casos, a pessoa espirra muito e fica com o nariz entupido e escorrendo. Ao contrário da rinite, a gripe provoca tosse e febre. Por outro lado, a rinite causa coceira nos olhos e no céu da boca, e a gripe não.
 
Existe ainda a asma de origem alérgica, que é uma inflamação crônica das vias aéreas. Os músculos dessas áreas se alteram diante de estímulos como pó e cheiro de produtos químicos. Ela pode levar a tosse, chiado no peito e dificuldades para respirar.
 
G1

Conheça melhor os barulhos que o corpo humano faz no dia a dia

Foto: Reprodução
Estalo dos dedos
Ronco e estalos de ossos estão entre os sons que produzimos. Ruídos são comuns, mas há casos em que podem indicar doenças
 
Pode parecer exagerado, mas a verdade é que para fazer barulho basta estar vivo. Todo corpo faz algum tipo de som, e essa variedade vai desde a respiração e a circulação, geralmente mais baixinhos, até estalos de ossos e movimentações dos gases no intestino que todo mundo consegue ouvir.
 
O Bem Estar entrou no corpo humano para explicar de onde vem tanto barulho. Para isso, teve a participação da pediatra Ana Escobar, do clínico geral Antônio Carlos Lopes, e a ajuda de uma nova ferramenta tecnológica, uma mesa holográfica em 3D que ilustrou o que acontece lá dentro do corpo.
 
O sistema respiratório é o que mais produz sons no corpo humano. A começar pela própria respiração, que fica bem mais barulhenta quando estamos ofegantes por algum motivo. A respiração também se torna mais perceptível quando estamos com o nariz entupido ou quando o pulmão fica mais cheio de secreção. Em caso de gripe, a pressão dentro da cabeça também faz tapar o ouvido, e ouvimos um estalo.
 
Outros barulhos que esse sistema faz e podem ser sintomas de doenças são a tosse e o ronco. O ronco, quando exagerado, pode indicar apneia do sono. No caso da tosse, é preciso reparar se ela é seca ou vem acompanhada de catarro, pois cada sintoma pode indicar uma doença diferente.
 
Do sistema digestório vêm alguns dos sons que mais nos incomodam. Quando comemos, ingerimos ar junto com a comida. Isso, além dos gases que cada alimento contém, provoca uma reação natural, que é a saída desses gases pela boca: o arroto. No intestino, muitas vezes é possível ouvir a comida se movimentando, e esse barulho pode ser ainda maior quando a pessoa está com gases. O que nos leva ao último barulho, que pode ou não vir acompanhado de mau cheiro: a flatulência – ou pum, em português bem claro.
 
O coração, quando fica acelerado, também pode ser ouvido. Isso só é normal em caso de susto ou grande esforço físico. Caso contrário, é melhor ver um médico.
 
Quanto aos ossos, é melhor evitar estalar o tempo todo. Nos dedos, o excesso de atrito que o estalo representa pode levar a algum processo inflamatório. Nos joelhos, o barulho pode não ser nada, mas pode também ser sinal de inflamação, então é sempre bom consultar um especialista.
 
G1

Saiba mais sobre: Dengue

Infográfico Dengue (Foto: Arte/G1)
 
G1

Anvisa divulga classificação de bares e restaurantes do Brasil para a Copa

Menu da Copa
Divulgação
Os locais serão categorizados com base em critérios que analisam
 os aspectos higiênico-sanitários
Agência analisou mais de 2 mil estabelecimentos em 24 cidades do país. Projeto ainda é piloto, mas deve ser expandido no segundo semestre
 
A categoria A é dada a serviços que cumprem a legislação corretamente; B, para locais com falhas de baixo ou médio impacto; C, para estabelecimentos com maior quantidade de falhas, mas ainda no limite sanitário aceitável.
 
Ainda segundo o levantamento, 15,6% dos locais avaliados ficaram sem nota – são serviços com condições abaixo das exigidas pela legislação sanitária. De acordo com a Anvisa, proprietários que ficaram "pendentes" podem se readequar e ganhar notas depois.
 
No fim deste mês, os selos com a classificação deverão ser expostos nos restaurantes. O projeto deve ser expandido para outras cidades ainda este ano, informou a Anvisa.

Veja a avaliação de estabelecimentos das cidades-sede da Copa do Mundo do Brasil:

- Porto Alegre (RS)
Categoria A: 3,90%
Categoria B: 26%
Categoria C: 37,6%
Pendente: 32,5%

Aeroporto Salgado Filho
Categoria A: 5,56%
Categoria B: 88,89%
Categoria C: 5,56%
Pendente: 0%

- Curitiba (PR)
Categoria A: 7%
Categoria B: 52%
Categoria C: 28%
Pendente: 13%

Aeroporto Afonso Pena
Categoria A: 100%
Categoria B: 0%
Categoria C: 0%
Pendente: 0%

- Rio de Janeiro (RJ)
Categoria A: 20,20%
Categoria B: 39,10%
Categoria C: 23,70%
Pendente: 17%

Aeroporto do Galeão
Categoria A: 4,76%
Categoria B: 66,67%
Categoria C: 28,57%
Pendente: 0%

- Belo Horizonte (MG)
Categoria A: 8,20%
Categoria B: 44,30%
Categoria C: 34,40%
Pendente: 19,40%

Aeroporto Confins
Categoria A: 100%
*Como o aeroporto de Confins está em reforma, apenas uma loja foi categorizada.
 
- São Paulo (SP)
Categoria A: 39%
Categoria B: 54,60%
Categoria C: 6,40%
Pendente: 0,90%

Aeroporto de Guarulhos
Categoria A: 79,07%
Categoria B: 18,60%
Categoria C: 2,33%
Pendente: 0%

- Brasília (DF)
Categoria A: 24,50%
Categoria B: 29,70%
Categoria C: 29,20%
Pendente: 16,50%

Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek
Categoria A: 52,63%
Categoria B: 31,58%
Categoria C: 10,53%
Pendente: 5,26%

- Cuiabá (MT)
Categoria A: 5,10%
Categoria B: 25,60%
Categoria C: 28,20%
Pendente: 41,10%

Aeroporto Marechal Rondon
Categoria A: 100%
Categoria B: 0%
Categoria C: 0%
Pendente: 0%

- Manaus (AM)
Categoria A: 3%
Categoria B: 41%
Categoria C: 34%
Pendente: 23%

*Aeroporto não foi avaliado porque está em reforma

- Recife (PE)
Categoria A: 2,60%
Categoria B: 29,70%
Categoria C: 40,60%
Pendente: 27,10%

Aeroporto Gilberto Freyre
Categoria A: 0%
Categoria B: 72,2%
Categoria C: 22,22%
Pendente: 5,56%

- Salvador
*A cidade não avaliou seus estabelecimentos alimentícios, apenas os do aeroporto

Aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães
Categoria A: 26,32%
Categoria B: 52,63%
Categoria C: 10,53%
Pendente: 10,53%

- Fortaleza (CE)
Categoria A: 8%
Categoria B: 42,60%
Categoria C: 32%
Pendente: 17,30%

Aeroporto Pinto Martins
Categoria A: 76,92%
Categoria B: 15,38%
Categoria C: 7,69%
Pendente: 0%

- Natal (RN)
Categoria A: 11,53%
Categoria B: 39,20%
Categoria C: 24,61%
Pendente: 24,61%

Aeroporto Augusto Severo
Categoria A: 33,33%
Categoria B: 66,67%
Categoria C: 0%
Pendente: 0%

G1

Projeto universitário ajuda deficientes físicos a retomarem a independência

produção órtese unicentro (Foto: Divulgação / Coorc Unicentro)
Foto: Divulgação / Coorc Unicentro
Projeto já entregou gratuitamente 1.725 órteses, próteses e meios
de locomoção auxiliares à população 
Projeto da Unicentro foi criado há 10 anos e já contabiliza 4,5 mil pacientes. 'Órtese e Prótese' atende a 20 municípios da região central do Paraná
 
Um projeto desenvolvido pelo curso de fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com outros cursos da área de saúde da universidade já beneficiou mais de 4,5 mil pacientes que viram a vida mudar repentinamente após acidentes ou por doenças degenerativas. Desde 2003, o projeto "Órtese e Prótese" oferece gratuitamente órteses, próteses e meios de locomoção auxiliares para pessoas que tiveram partes do corpo amputadas ou que perderam os movimentos de algum membro.
 
Entre os beneficiados está José Altanir Marques, de 43 anos, que participa do projeto desde agosto do ano passado. Ele trabalhava em uma companhia de energia elétrica de Guarapuava quando, em um dia normal de trabalho, recebeu um choque de 34 mil volts. "Perdi o braço direito e a perna direita.
 
Logo depois que recebi alta do hospital eu me inscrevi no projeto. No período entre agosto e dezembro eu fiquei só fazendo fisioterapia e andava só com a cadeira de rodas. Eu ainda estava me questionando se eu ia voltar a andar ou não", revelou ao G1.
 
Após passar por uma avaliação, José começou a receber treinamentos para fortificar a musculatura da perna, procedimento que faz parte da preparação do corpo para receber a prótese. Ele também passou a receber acompanhamento psicológico, que analisou uma possível existência de traumas ocasionados pelo acidente e pelas amputações. "Consultei três meses com ela e recebi alta. Cheguei de cadeiras de rodas e saí andando. Hoje tenho apenas a prótese da perna, mas estou na fila de espera para receber a prótese do braço. Além disso, todas as terças e quintas-feiras eu faço atividades físicas na Unicentro. Eles me ensinaram a andar novamente, aprendi a viver uma nova vida. Era um milagre eu estar vivo, era para eu ter perdido a vida", explicou.
 
Conforme a coordenação do projeto, o caso do José está entre as patologias mais atendidas pelo "Órteses e Próteses", que são as relacionadas a complicações decorrentes do parto - as paralisias celebrais - e as amputações de membros inferiores ocasionados por traumas, diabetes ou vasculopatias. O programa da Unicentro atende atualmente a 20 municípios pertencentes a 5ª Regional de Saúde do Paraná, que abrange a região central do estado, e já entregou 1.725 órteses, próteses e meios de locomoção.
 
Além de fornecer órteses e próteses, o projeto realiza a prescrição, avaliação, adequação, treinamento e o acompanhamento de pessoas com deficiência física natural ou adquirida. O programa também visa a reinserção dos pacientes com deficiência a uma vida normal, de acordo com a professora coordenadora do projeto, Maria Regiane Trincaus.
 
Segundo a coordenadora, atualmente são atendidos uma média de 35 novos pacientes por mês, além dos que já estão cadastrados. Entre os pacientes antigos está o estudante Leandro de Oliveira, de 22 anos. Este ano completa 11 anos que ele participa do projeto. "Quando tinha 11 anos eu sofri um acidente de trânsito e acabei perdendo a perna direita. Eu comecei o tratamento desanimado, pensava que minha vida tinha acabado. Foi bem estressante, mas conversando com a psicóloga e com outros pacientes eu percebi que tinha gente com problemas muito piores do que o meu", disse.
 
O jovem, que vive no município de Rio Bonito do Iguaçu, também na região central do estado, afirmou que termina o 3º ano do ensino médio este ano e está se preparando para o vestibular. "Eu tenho uma vida completamente normal, vou para a aula a pé, jogo bola, às vezes eu até esqueço que tenho a prótese. Agora eu estou aguardando uma prótese nova, já que a recomendação é trocar a cada dois anos", explicou. O estudante vai até Guarapuava, onde está localizado o campus da Unicentro que sedia o projeto, uma vez por mês para acompanhar o tratamento. "Antes eu ia com mais frequência, mas reduzi as visitas para poder estudar", contou.
 
projeto unicentro (Foto: Divulgação / Coorc Unicentro)
Foto: Divulgação / Coorc Unicentro
O projeto 'Órtese e Prótese' foi desenvolvido pelo curso de
fisioterapia da Unicentro
Equipamentos assistivos
De acordo com a coordenação do "Órtese e Prótese", entre os equipamentos mais fornecidos entre 2012 e 2013 estão os andadores, bengalas e muletas, contabilizando o total de 147 equipamentos. A pedagoga aposentada por invalidez, Simone de Fátima Siqueira, de 38 anos, foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2007 e também é beneficiada pelo projeto, que forneceu um par de muletas do tipo canadense e sessões de fisioterapias. A doença deixou sequelas na perna direita de Simone. "No começo eu usava uma bengala de madeira. Foi então que me inscrevi no projeto para conseguir as muletas. Se não fosse o projeto, eu não ia ter como arcar com o custo dessas muletas, que são caras e pelo projeto saiu de graça", revelou.
 
O "Órtese e Prótese" fornece, também, calçados especiais, palmilhas, coletes, talas, tutores, cadeiras de rodas especiais e adaptações para o banho, em cadeiras e em carrinhos. Todos os aparelhos são fornecidos pelo projeto são fabricados por empresas de Curitiba e de Pato Branco. Cinquenta e três profissionais atuam nos trabalhos do "Órtese e Prótese", entre estudantes e professores. Atualmente, alunos e docentes dos cursos de psicologia, fonoaudiologia, serviço social, fisioterapia, enfermagem e terapia ocupacional colaboram com o programa.
 
Serviço
Os atendimentos são feitos no campus Cedeteg da Unicentro de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Os agendamentos de consultas devem ser feitos pelos telefones (42) 3629-8140 ou (42) 3629-8141. Para a avaliação, os pacientes precisam apresentar RG ou certidão de nascimento, CPF, cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), comprovante de residência e encaminhamento de um profissional de saúde. Todos os procedimentos são gratuitos.
 
G1

Mãe concilia tratamento de câncer com gravidez e dá à luz bebê saudável

Cintia com seu filho Lucas, ainda na incubadora (Foto: Cintia Valle/Arquivo Pessoal)
Foto: Cintia Valle/Arquivo Pessoal
Cintia com seu filho Lucas, ainda na incubadora
Diagnosticada durante a gravidez, ela iniciou químio a partir do 2º trimestre. Tratamento nessa situação nem sempre é possível, explicam médicos
 
A bancária Cintia Valle, de 39 anos, recebeu uma das melhores notícias de sua vida, a da gravidez, enquanto passava por uma bateria de exames que finalmente levariam a um diagnóstico de câncer.
 
Ela chegou a ouvir da equipe médica a possibilidade de ter de interromper a gestação para fazer o tratamento. Mas seus médicos avaliaram a situação e decidiram adiar o início da quimioterapia para o segundo trimestre da gravidez, quando a medicação não traria riscos ao feto.
 
A história tem um final feliz: o bebê Lucas, hoje com 9 meses, é uma criança saudável e Cintia, que conseguiu fazer o câncer regredir, já até voltou a trabalhar. Mas a família do Rio de Janeiro ficou comovida com o caso da funcionária pública Patrícia Alves Cabrera, que decidiu interromper a quimioterapia durante a gravidez para proteger seu filho e acabou morrendo na semana passada, poucos dias após um parto prematuro. Cintia e seu marido, Fabio Sergio Valle, procuraram o G1 para compartilhar sua história, que pode ser vista como uma esperança para famílias que passam pelo mesmo problema. Contudo, nem sempre o tratamento de câncer é compatível com a gravidez e, em cada caso, a decisão final é dos pacientes (leia mais abaixo).
 
De acordo com especialistas, apesar de a quimioterapia não ser recomendada no primeiro trimestre de gravidez, alguns tipos de medicações podem ser usadas com segurança a partir do segundo trimestre de gestação. “Existem vários casos de pacientes que recebem quimioterapia nesse período e isso não impacta em uma maior taxa de malformação”, diz a oncologista clínica Solange Moraes Sanches, do A.C.Camargo Cancer Center. No entanto, nem sempre o início do tratamento pode ser adiado sem prejuízo para a saúde da mãe.
 
Surpresa
Fazia quatro anos que Cintia Valle e seu marido, Fabio Sergio Valle, tentavam engravidar. Mas os planos ficaram de lado quando Cintia começou a investigar alguns sintomas, a princípio atribuídos a um abscesso na mama. A notícia da gravidez veio de repente, em um teste rápido pedido pela médica antes de Cintia se submeter a uma ressonância magnética. O exame foi apenas um dos muitos realizados pela bancária, que levaram finalmente até o diagnóstico de um linfoma não-Hodgkin de células B.
 
A gravidez foi descoberta em janeiro do ano passado. O diagnóstico veio em seguida, depois da retirada de sua mama para biópsia. A possibilidade de interrupção da gravidez foi levantada, mas os médicos resolveram adiar o início da quimioterapia, para garantir o desenvolvimento normal do bebê. Cintia conta que fez as sessões de quimioterapia entre março e junho. Lucas nasceu prematuro, no dia 26 de julho, na 33ª semana de gestação.
 
Pesando 1,7 quilo, ele ficou 21 dias na UTI para ganhar peso e aprender a sugar. Cintia conta que nos primeiros meses ele ainda passou por muitos especialistas para ter certeza de que a quimioterapia realmente não tinha afetado seu desenvolvimento. Hoje com 9 meses, Lucas é uma criança saudável. “É uma criança iluminada, é muito bonzinho e nunca me deu trabalho”, diz.
 
Já Cintia está sem sinais do linfoma e agora faz acompanhamento a cada três meses. Segundo ela, encarar os problemas de forma positiva foi essencial para que sua família conseguisse passar por essa situação. “Com tudo isso que passamos, meu marido e eu passamos a cuidar mais do lado espiritual, ficamos mais unidos e conhecemos pessoas maravilhosas.”
 
Decisão difícil
Em casos de tumores mais agressivos ou em estágios mais avançados, a ocorrência de uma gravidez pode levar a família a ter de tomar uma decisão mais difícil, de acordo com o oncologista João Soares Nunes, do Hospital de Câncer de Barretos. “Uma situação difícil é quando a paciente engravida durante o tratamento para câncer de mama metastático, chamado assim quando já se disseminou para outros órgãos do corpo, e essencialmente precisa de quimioterapia para controlar a doença. Neste caso, tanto o feto quanto a mãe ficam em risco muito grande.”
 
De acordo com a oncologista Solange Moraes Sanches, neste momento o médico explica todas as alternativas de tratamento e esclarece se existe a possibilidade de manter a gestação de uma forma segura ou se os únicos tratamentos possíveis são incompatíveis com a manutenção do feto. “A decisão final é do paciente”, diz a médica.
 
Segundo Nunes, caso a exposição à quimioterapia ocorra na fase inicial da gestação, o feto está sujeito a aborto, parto prematuro, deformidades ou outros cânceres como leucemia. Por causa dos riscos do tratamento, toda paciente diagnosticada com câncer que esteja em idade fértil é orientada a usar métodos contraceptivos.

G1

Saiba quais são as vantagens de manipular medicamentos

Saiba quais são as vantagens de manipular medicamentos  Divulgação/Divulgação
Foto: Divulgação
De baixo custo e feitos sob medida, fármacos podem ser preparados em diversas versões
 
Os medicamentos manipulados são "personalizados" de acordo com a necessidade de cada paciente, ou seja, ele pode ser feito em forma de cápsulas, shakes, gomas de colágeno, cremes, chocolates ou pós-aromatizados.
 
Para comprar um remédio na farmácia de manipulação, é preciso ter uma receita médica que indique o princípio ativo necessário e a dose recomendada, assim o farmacêutico irá preparar o fármaco com a concentração exata e no tempo certo do tratamento, evitando a automedicação.
 
De acordo com a farmacêutica e homeopata Adriana Márcia Gonçalves, cada medicamento manipulado é único e só deve ser utilizado pelo próprio paciente.
 
Outro diferencial é a associação de medicamentos, pois há doenças que precisam ser tratadas com vários remédios ao mesmo tempo.
 
— Dependendo do quadro clínico do paciente, o médico pode prescrever um medicamento manipulado que possibilite a associação de várias substâncias, impedindo que o paciente tome vários simultaneamente— afirma a farmacêutica.
 
Ainda está com dúvida sobre o consumo dos manipulados? Veja quais são as suas diversas vantagens:
 
Baixo custo
Segundo dados do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), os medicamentos manipulados são 50% mais baratos do que os industrializados e apresentam as mesmas qualidades.
 
— Eles não preveem desperdícios. Já os medicamentos industrializados têm custos altos devido à pesquisa e desenvolvimento de novos remédios— revela Adriana.
 
Segurança
Toda matéria prima utilizada na farmácia de manipulação vem acompanhada de um laudo de análise do fabricante. Além disso, os estabelecimentos geralmente possuem o seu laboratório próprio de controle de qualidade, garantindo a segurança das fórmulas.
 
Medicamentos não disponíveis no mercado
Alguns tratamentos de doenças raras requerem medicamentos que não existem mais no mercado. Nesses casos, o médico pode recorrer à farmácia de manipulação, pois se a farmácia tiver a matéria-prima do medicamento, poderá manipular o remédio para o tratamento.
 
A dose certa para cada pessoa
Somente na farmácia de manipulação, sob prescrição, é possível preparar doses diferenciadas que atendam às necessidades de cada paciente. A farmacêutica alerta para o uso individual do manipulado e o cuidado com a automedicação.
 
— Mesmo que o medicamento seja eficaz, nunca o indique para outra pessoa, pois ele foi formulado para atender as suas necessidades específicas. E não tome remédio por conta própria, a automedicação pode trazer consequências graves para a saúde— alerta.
 
Tipos de medicamentos manipulados
O medicamento pode ser manipulado sob diversas formas: em envelope, cápsulas, shakes, chocolate, comprimidos, pastilhas efervescentes, balas de colágeno e, dependendo do caso, podem ser feitos em gel, sabonete ou loção. Se um medicamento industrializado só existe em cápsulas e o paciente tem dificuldade de engoli-lo, na farmácia de manipulação ele poderá ser feito em xarope.
 
Rótulo personalizado
No rótulo dos medicamentos contém dados do paciente, evitando riscos como a troca ou o consumo inadequado por outras pessoas.
 
Atenção na hora de escolher a farmácia!
 
Independente do tratamento, qualquer pessoa pode usufruir dos medicamentos manipulados. Fique atento e escolha uma boa farmácia para manipular o seu remédio:
 
-Observe se a farmácia oferece assistência farmacêutica e se o farmacêutico está presente. Ele é o profissional habilitado a dar orientação correta sobre seu medicamento
 
-Verifique a higiene do estabelecimento e de seus funcionários
 
- Exija pontualidade na entrega do seu medicamento

Zero Hora

Descubra quais são os principais malefícios da fritura


Descubra quais são os principais malefícios da fritura Divulgação/Divulgação
Foto: Divulgação
Doenças cardiovasculares e má absorção de nutrientes pelo
organismos ocorrem quando há consumo excessivo de frituras
Preparo consiste em processo químico que transforma o óleo em gordura saturada
 
Um hambúrguer apetitoso acompanhado de batata frita, o salgadinho da festa irresistível ou até mesmo a praticidade do bife na frigideira pode se tornar um fator de risco a sua saúde ao longo dos anos.
 
O excesso de fritura na alimentação aumenta o risco de doenças cardiovasculares, pois quando o óleo é submetido a altas temperaturas, transforma-se em uma gordura maléfica para saúde, entupindo as artérias e causando sérios danos.
 
De acordo com a médica Anna Bordini, para garantir a longevidade e qualidade de vida é necessário evitar o consumo de frituras.
 
— O ideal é evitar ao máximo. Dê preferência aos alimentos assados, grelhados e no vapor— sugere ela.
 
Os principais problemas de saúde relacionados com estes tipos de gordura são: doenças cardiovasculares, aumento da pressão arterial, desenvolvimento de câncer, redução do crescimento, má absorção de nutrientes, diminuição da fertilidade, entre outras.
 
— A fritura deixa o alimento consumido com uma característica inflamatória que pode estimular o acúmulo de gordura abdominal e também levar à resistência à insulina, o que pode desencadear cansaço, mal estar, dores de cabeça e falta de energia— explica Anna.
 
Mesmo que se utilize óleo de boa qualidade, ele também pode ser prejudicial à saúde, já que o processo faz alterações químicas que o transforma em gordura saturada, causadora de diversas doenças.
 
Ainda assim, se você optar por fritar a comida, é indicado usar óleos de soja, canola, milho e girassol. Isso porque o azeite de oliva, apesar de mais indicado para temperar salada e outros alimentos, não é bom para ser aquecido, porque oxida rapidamente.
 
Depois do preparo do alimento, jamais guarde o óleo na própria frigideira dentro do forno para reutilizar depois. Segundo a especialista, o ideal é usar o produto, esperar esfriar, filtrar e colocar em um recipiente, como uma garrafa PET, para encaminhá-lo a um ponto de reciclagem.
 
Substituições inteligentes
Uma opção para se livrar dos males das frituras é substitui-la pelos grelhados.
 
— Peixe, frango e cortes mais finos de carne são indicados para grelha, pois são de cozimento rápido. Assim, os nutrientes dos alimentos são preservados, o que não acontece com as frituras— diz a médica.
 
Mas não é preciso riscá-la de vez do cardápio. É permitido ingerir esses alimentos, mas com cautela. As comidas fritas podem ser consumidas até uma vez por semana e o recomendado é optar por somente um tipo. Ou seja, se quiser manter a saúde, é bom evitar a famosa combinação bife frito com batatas fritas.
 
Zero Hora

Longe de casa, adolescentes bebem brindando à ingenuidade adulta e ao desrespeito à lei

Longe de casa, adolescentes bebem brindando à ingenuidade adulta e ao desrespeito à lei Carlos Macedo/Agencia RBS
Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Em frente a clubes, jovens passam mal. O motivo: o uso
abusivo de álcool antes das festas
Consequências podem ser observadas em postos de gasolina, clubes ou salões de festas de Porto Alegre
 
É comum pais externarem uma certeza em relação aos filhos que saem para uma festa no final de semana: “Meu filho não bebe”, “Minha filha só toma um golinho”, “Ele sabe o limite”.

Longe de casa, os adolescentes brindam à ingenuidade dos adultos e ao desrespeito à lei que proíbe a venda de bebida para menores de idade: “Eles sabem que eu bebo, mas não imaginam o quanto”, “Roubei Jägermeister do meu pai”, “Ninguém pede carteira de identidade”.

As consequências desse descompasso podem ser observadas em postos de gasolina, clubes ou salões de festas. Em pouco tempo, os jovens sucumbem ao alto teor alcóolico do que ingerem.

Nesta reportagem, ZH mostra um retrato dos exageros frequentes nas noites de Porto Alegre, a capital que lidera o consumo de bebida alcoólica por adolescentes no país.

Da festa para a enfermaria
A chuva não apressa meninos e meninas que desembarcam dos carros dos pais. Abrigam-se sob árvores, marquises e orelhões, retardando a entrada na Associação Israelita Hebraica, no bairro Bom Fim, na sexta-feira, 11 de abril, onde começa a festa Stop and Go, para adolescentes a partir de 14 anos. Compartilham garrafas de vodca, ingerida pura e em misturas com refrigerante de limão ou energético.

Dentro do clube, está proibida a venda de álcool, e do lado de fora se intensifica o consumo para compensar a restrição. Isis* é um dos muitos jovens já trôpegos pouco depois da meia-noite. Encostada na grade de um prédio residencial próximo, está alheia à negociação travada a sua frente. Mantém-se de pé porque um dos três amigos que a acompanha a segura contra as barras de ferro.

– Vamos, moça – insiste o segurança.

– Água – balbucia Isis, a saliva pingando do queixo.

Os jovens se apavoram com a possibilidade de a mãe de Isis ser alertada, em casa, sobre o estado da filha. Tentam demover o funcionário do clube da intenção de levá-la até a ambulância contratada pelos organizadores, estacionada perto dali.

– Ela já vai melhorar. Eu vou falar com ela – pede uma menina, engrolando as palavras.

Irritado com o diálogo desconexo, o homem interrompe os apelos das vozes arrastadas, ergue Isis no colo e a leva para dentro da Hebraica. Outros seguranças circulam pelas calçadas recolhendo garrafas vazias e dispersando as aglomerações mais ruidosas. Um menino cambaleante provoca gargalhadas: procura se firmar apoiando a bochecha na parede enquanto abre a braguilha para urinar. Com as calças caindo, logo é enlaçado em um beijo por uma menina. Abraçam-se, desequilibram-se, trançam as pernas e quase caem.

– Vamos lá, casalzinho apaixonado – alerta um segurança. – É uma creche – reclama.

Cheiro de vômito na sala de entrada
No tráfego intenso da Rua General João Telles, motoristas ignoram a ciclovia e param junto ao meio-fio. Uma mulher não arranca enquanto não se certifica de que a filha passou pela portaria. Logo transfere o olhar para um menino de camiseta encharcada sentado no chão, indiferente ao piso molhado, a cabeça apoiada nas mãos.

– É muito cedo. Já estão assim – lastima ela.

Afirma conhecer o garoto de vista. Observa-o por alguns minutos, atônita.

– Minha filha não bebe. Ela sabe que não pode beber – assegura, antes de partir.

Durante a semana, a Wazzap?!, produtora da festa, alertou no Facebook que não permitiria a entrada de menores de idade apresentando sinais de embriaguez. “Kkkkkkk”, desdenhou um adolescente em um dos posts, “rindo” na linguagem de internet. Muitos são admitidos apesar da bebedeira.

Joel Fridman, presidente da Hebraica, afirma que foi combinado com a Wazzap?! que haveria um bafômetro na entrada para impedir o acesso de jovens alcoolizados. Adolescentes com sinais de embriaguez seriam encaminhados à enfermaria, onde aguardariam a chegada dos pais, em segurança.

Gabriel Rodrigues de Freitas, sócio da Wazzap?!, alega que a empresa de segurança contratada não dispunha de bafômetro e que a produtora teve dúvidas quanto à viabilidade legal de impor o uso do aparelho a menores de idade.

– Temos entre 40 e 50 casos de embriaguez prévia por festa. Esta mos começando uma campanha para tentar diminuir o consumo.

Há uma enfermaria improvisada no térreo, de onde exala um fortíssimo cheiro de vômito. É o primeiro e último destino de quem não consegue subir a escadaria rumo à pista de dança – Isis é um dos pacientes em atendimento. Em um sofá em frente à porta guardada por um segurança, à vista de todos, dois rapazes dormem, encostados um no outro, caídos para a direita – um deles é o que, minutos antes, tentava fazer xixi na rua. Patrícia, representante do clube, não larga o celular, contatando familiares.

– Estou aqui com a Luciana. Ela está passando muito mal – informa por volta da 1h. – Ela está alcoolizada – esclarece.

Despertados de súbito, alguns interlocutores, desnorteados, custam a entender. No susto, cogitam até ocorrências mais graves, como acidentes de trânsito e lesões sérias. É frequente a incredulidade.

– Minha filha não faz isso – reage uma mãe.

Equipe se esforça para contatar pais
Patrícia recepciona pais de passo acelerado que demandam explicações. Um menino se adianta e detém a contrariedade do pai com um abraço.

– Desculpa – pede ele, recebendo um beijo.

A equipe se esforça para localizar os responsáveis por dois que estão desacordados – um não conseguiu pronunciar o telefone de contato, o outro forneceu um número errado. Uma enfermeira segura um cesto de lixo diante do que está em pior estado, aparando o vômito. Massageia as costas e os braços para reanimá-lo. O segurança aborda os passantes pedindo ajuda:

– Ô, meu, não conhece esse magrão aí?

Na porta da enfermaria, a mãe de Isis se apresenta. Encontra a filha em uma poltrona, incapaz de levantar. Conta que a jovem não costuma tomar nem o champanha para o brinde de Ano-Novo. É orientada a levá-la direto para o Hospital de Pronto Socorro. Isis sai como entrou: inerte, carregada por um segurança.

– E são recém 2h – lamenta Patrícia.

"Por favor, uma Natasha"
Com um litro de vodca Natasha e um copo de plástico vermelho revezando entre as mãos, as amigas Luana, 15 anos, e Paula, 17 anos, chegam de táxi ao Clube Farrapos no fim da noite de sexta-feira, 4 de abril. Como tradição, a festa começa na calçada. Antes de entrarem na festa, por volta da 1h, a garrafa comprada uma hora antes já está um terço consumida.

Com riso frouxo, as duas colegas contam como é fácil adquirir o álcool que em teoria seria proibido para sua faixa etária. Sequer precisaram de intermediários para fazer a compra, na loja de conveniência de um posto de combustível na Avenida Nilo Peçanha – conhecido point teen.

– A gente vai na cara dura mesmo – explica Paula.

– Tem que chegar segura de si e dizer: “Oi, por favor, uma Natasha”. Com atitude – conta Luana, que aparenta mais idade com figurino mulherão: blusa de oncinha, bota cano alto, microssaia preta.

Ninguém pediu a identidade quando compraram a bebida. Se pedissem, estariam prevenidas. Laura leva na bolsa a carteira de motorista da irmã mais velha – que tirou uma nova via quando pensou ter perdido o documento. Paula usou o scanner e a impressora de casa, no bairro MontSerrat, para emitir um documento falso.

– Essa eu fiz hoje às sete da noite – mostra a estudante, entre risos.

Aos 15, Luana bebe regularmente e já se sente experiente – como boa parte das colegas, seu primeiro porre foi aos 14 anos. Diz que seus pais sabem que bebe, mas não imaginam o quanto. 

– Acham que eu não fico bêbada, que só fico feliz – ri.

Os seguranças da Festa das Tintas, que reúne mais de mil jovens naquela noite, impedem a entrada de garrafas no clube. Mas isso não significa que os frequentadores deixem de beber. Com os documentos falsos, Luana e Paula ingressam com pulseirinha de “maior”. Paula paga R$ 15 por uma cerveja.

– Dá pra ver que a identidade é falsa, mas eles deixam passar – diz.

O coronel Alcery Frota Pinto, vice-presidente administrativo do Clube Farrapos, diz que ficou “horrorizado” com o que assistiu naquela noite, com jovens caídos pelos cantos e um saldo de oito vidros quebrados no fim da noite:

– Não sabíamos que seria uma festa de jovens, alugamos o salão pensando que seria uma festa particular. Aqui dentro não pode beber, mas já chegam bêbados. Vi um pai que encostou o carro e desceram cinco jovens, já embriagados. Agora proibimos essas festas. Não vamos ser coniventes com esse tipo de coisa.

Mãe ajuda a comprar
Na casa de Paula, beber não é uma transgressão. Sua mãe não apenas sabe que ela bebe como chegou a acompanhar a filha na compra de destilados. O assunto veio à tona às vésperas de uma “noite” agendada pela turma da filha no condomínio onde moravam, no bairro MontSerrat, no ano passado.

– Mãe, a gente tem que comprar as comidas e as bebidas – avisou a filha, aluna do segundo ano do Ensino Médio.

– Tá, mas comprar o quê? – questionou a empresária de 39 anos.

A mãe já sabia que a turma da filha andava bebendo. No ano anterior, no primeiro encontro no condomínio onde moram, se surpreendera ao encontrar garrafas de vodca e tequila vazias no final da festa.

Em vez de proibir o consumo, imaginando que o veto seria facilmente driblado, desta vez a mãe preferiu acompanhar a filha ao supermercado. Entre as compras do carrinho, incluíram garrafas de vodca, tequila e energéticos.

– Eu não proíbo ela de beber, porque todo mundo um dia vai beber, mas converso para que respeite o limite dela própria. Na turma dela, a maioria acaba fazendo tudo escondido, o que é pior – justifica.

A estratégia de Magda segue a linha da redução de danos. Ao acompanhar a filha no supermercado, orientou a garota a dar prioridade à compra dos salgadinhos que seriam servidos na noite.

– Se deixar eles compram só a bebida – diz.

A mãe diz confiar na capacidade de discernimento de Paula. Mas já observou que nem sempre os adolescentes sabem respeitá-lo. Na terceira festa em sua casa, encontrou colegas da filha passando mal de tanto beber. E começou a repensar sua posição de fornecer álcool aos adolescentes.

– Agora já disse que chega, não quero essa responsabilidade. Vai que aconteça alguma coisa. Vão perguntar: quem comprou? – reflete.

Números
Porto Alegre é a capital brasileira campeã no consumo de álcool entre estudantes de 13 a 15 anos do 9º ano do Ensino Fundamental, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada em 2013.

O estudo ouviu 1.455 alunos em 52 escolas.

36,7% dos entrevistados consumiram bebida alcoólica nos 30 dias anteriores.

81,9% das meninas já experimentaram álcool. Entre meninos, o percentual é de 75,3%

Em Florianópolis, a segunda colocada, o índice foi de 34,1%

Os menores percentuais foram encontrados em Belém (17,3%) e Fortaleza (17,4%).

A média brasileira foi de 26,1%

Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) do IBGE

A pressão pelo primeiro porre
Giovana sempre foi a certinha da escola. Enquanto os colegas aprontavam desde os 13 anos, levando doses de bebidas alcoólicas escondidas para festas em tubos de Cepacol, ela e suas amigas mais próximas se orgulhavam de não precisar beber para se divertir.

Mas, na medida em que o tempo passava, a curiosidade aumentava. Giovana queria entender que sensação era aquela, que fazia com que os colegas parecessem aproveitar bem mais a festa do que ela.

No final de 2013, aos 15 anos, decidiu que era hora de experimentar. A oportunidade surgiu numa formatura de oitava série. Como de costume, o pai de uma das amigas deu carona até a festa. Só que, em vez de entrarem no clube, ela e outras duas amigas se dirigiram a um posto nas redondezas. Chegando lá, compraram vodca. Quando saíam, um segurança da festa apareceu.

– Vocês tão bebendo, não vão entrar na festa – repreendeu.

As três meninas se olharam. Chegaram a hesitar.

– Ah, mas eu já tô aqui, já fiz o que minha mãe disse para eu nunca fazer, que era sair da festa, então vou beber – raciocinou Giovana.

Ao experimentar a vodca diluída em energético, Giovana sentiu repulsa. Achou o gosto muito ruim.

– Não tem um jeito de fazer isso mais rápido? – perguntou aos colegas que as acompanhavam.

– Só se tu tomar pura.

Giovana não teve dúvidas. Virou um copo de vodca em “gute-gute”.

Enquanto bebiam na calçada, uns conhecidos passaram por ela e zombaram.

– Ih, isso aí nem pega.

Sentindo-se desafiada, Giovana virou o segundo copo.

Enquanto voltavam para o clube, começou a sentir tonturas.

– Ah, não te faz – duvidaram as amigas, que haviam bebido o destilado com energético.

Ao chegar na festa, a tontura só piorou. Foi para um canto e encontrou um colega em estado parecido.

– Bá, vou vomitar – avisou ele.

Giovana vomitou junto, no canto do salão.

Ao perceberem seu estado, as amigas a carregaram para o banheiro. E foi ali que ela “morreu”, como dizem no jargão adolescente quando a pessoa passa muito mal. Foi levada para uma ambulância.

Horas depois, a mãe levou um choque quando a filha abriu a porta de casa, pedindo perdão.

– A gente sempre acha que na casa da gente não vai acontecer. Mas a pressão do grupo é muito grande – constatou a mãe.

O choque de uma mãe
Janaína estava encarregada, naquela noite, de buscar a filha Mariana e a amiga Renata ao final de uma festa. O telefonema da mãe de Renata, por volta da 1h, obrigou-a a sair mais cedo de casa:

– Tô levando a minha filha e não sei cadê a tua.

Renata nem chegou a entrar na festa – caiu bêbada do lado de fora, depois de comprar vodca em um posto de combustíveis. Janaína partiu imediatamente para localizar Mariana. Na frente de uma casa de eventos localizada no Jardim Europa, deparou com vans vendendo bebida e dezenas de adolescentes em atendimento junto a uma ambulância. Tentaram detê-la, transtornada, na entrada do evento. Pediram que se acalmasse. Quando conseguiu passar, a médica levou um susto ao abrir a porta: uma menina embriagada caiu por cima dela. O que viu a seguir a impactou profundamente.

– Era degradante, uma orgia. Jovens que pareciam em transe, meninos com a mão dentro das calcinhas das meninas no meio do salão, na frente de todos, quase cenas de sexo explícito. Estavam todos alcoolizados, os olhos arregalados, vários sendo carregados para fora. Não sou careta, babaca, moralista, mas fiquei apavorada. Estamos falando de pessoas de 13, 14 anos de idade – lembra.

Janaína demorou a localizar a filha, que estava um pouco alterada, “fora do prumo”. No dia seguinte, abalada, a mãe não conseguiu tocar no assunto, culpando-se pela demora em perceber o tipo de ambiente que a estudante começava a frequentar. Uma decisão foi tomada em seguida: Mariana estava proibida de frequentar eventos semelhantes, o que motiva frequentes confrontos entre ambas até hoje, quase um ano depois. As saídas noturnas não foram de todo suspensas.

Desde então, a jovem participou de comemorações de 15 anos, também marcadas por excessos – a gurizada é servida por barmen contratados pelos anfitriões, ficando à vontade para escolher quantas doses querem em cada drinque. Janaína determinou que Mariana não pode consumir qualquer quantidade de álcool. 

– Não tem negociação. Sei que ela vai transgredir em algum momento, mas agora ela é muito jovem, muito imatura. Algo precisa ser feito, este é um sintoma de adoecimento cultural e social de grandes proporções que estamos deixando passar batido, enquanto nos ocupamos em pagar escolas privadas de alto custo, atividades extraclasse, viagens, roupas, próteses de silicone – revolta-se.

Tentativa de reação
Desde 2012, um ônibus do Ministério Público estaciona diante das festas de formatura, para identificar casos de adolescentes embriagados e chamar os responsáveis. A atenção ao tema começou há cerca de cinco anos. Provocada por um grupo de pais preocupado com as festinhas regadas a álcool, a instituição atuou junto às produtoras para assegurar a proibição de venda de bebidas alcoólicas para adolescentes. A medida deu resultado, só que produziu um efeito inesperado: para driblar a proibição, os adolescentes começaram a beber na frente dos clubes.

Para lidar com o problema, foi criado em 2011 o Fórum Permanente de Prevenção à Venda e ao Consumo de Bebidas Alcoólicas por Crianças e Adolescentes. Em reuniões mensais e abertas ao público, pais, professores, médicos, policiais, produtores de festas e representantes de instituições interessadas discutem como enfrentar o problema. Uma das propostas em estudo é a colocação de bafômetros na entrada das festas. Assim, adolescentes alcoolizados ficariam impedidos de entrar.

A vulnerabilidade a que os jovens ficam expostos quando bebem é uma das preocupações do fórum, coordenado pela procuradora Maria Regina Fay de Azambuja. Em um dos atendimentos, foi encontrada uma menina desacordada nas macegas, com vestidinho curto erguido e expondo as partes íntimas.

Para intensificar suas ações e proibir festas em residências onde menores de idade consomem álcool, o MP pede o auxílio da população. Segundo Maria Regina, o maior empecilho é a escassez de denúncias – sem saber antecipadamente a data e o local dos eventos, o órgão não pode notificar os pais.

Outro obstáculo é a interpretação da lei: o artigo 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê como crime a venda e o fornecimento de “produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica”, com previsão de até quatro anos de detenção. Para alguns, o álcool não estaria incluído entre esses produtos, leitura que acaba inviabilizando a aplicação das penalidades.

Riscos que se estendem além do porre
Engana-se quem pensa que os efeitos do álcool no organismo se esgotam quando acaba o porre.

Especialmente entre os adolescentes, o risco é maior porque nesta fase o cérebro está em um período crucial de formação – e o álcool pode comprometer esse desenvolvimento.

Uma das consequências associadas é o maior risco a se tornar alcoólatra. De acordo com o National Institute on Drug Abuse, dos Estados Unidos, 15,2% dos que começam a beber aos 14 anos tendem a desenvolver o alcoolismo, enquanto, entre os que esperam até os 21 anos ou mais, o índice é de 2,1%.

A relação é química, explica o psiquiatra do Hospital de Clínicas Thiago Pianca, especialista em crianças e adolescentes. No cérebro adolescente, o córtex pré-frontal, responsável pelo autocontrole, ainda não está totalmente formado. Com o uso de álcool, pode nunca se desenvolver. Já o circuito de recompensa, associado ao prazer, está plenamente desenvolvido nesta idade. 

– O adolescente está pronto para o prazer, mas não tem o mecanismo de freio – alerta Pianca.

Sem autocontrole, a tendência de abuso de substâncias químicas é cada vez maior. Com o tempo, o usuário precisa de doses para ter o mesmo prazer.

Autora de uma tese de doutorado sobre o uso de álcool entre estudantes de Ensino Médio, a enfermeira Efigenia Aparecida Maciel de Freitas tem percebido o aumento de um hábito conhecido como binge drinking – a ingestão de grande quantidade de bebida em um curto período para acelerar a embriaguez.

– Os jovens começam a ter essa cultura: “Quanto consigo consumir nesse tempo?” Querem ficar alterados logo para aproveitar melhor a festa – afirma Efigenia.

As consequências do consumo abusivo
Sem noção de limites, os adolescentes acabam expostos a riscos adicionais quando bebem demais.

E as consequências não se restringem a ver o mundo girar: não raramente, seus passos cambaleantes podem parar na delegacia, no hospital, em exposição íntima na internet.
Para Benício, o choque de realidade veio aos 16 anos, em uma noite no apartamento de um colega.

Nenhum dos 20 reunidos estranhou quando Jonatan bebeu demais e foi deitar num dos quartos quando não parava mais em pé. De tempo em tempo, Benício ia até o dormitório para ver como o amigo estava, até que, numa das aproximações, Jonatan agarrou seu pé e jogou seu calçado pela janela do segundo andar.

– Por que tu fez isso, cara? Fica aí que eu vou lá embaixo buscar – reagiu.

Enquanto Benício procurava pelo pátio seu sapato, ouviu um grito de pavor. Olhou para o lado e viu uma mão esticada no chão. Desesperou-se ao perceber que era Jonatan estirado no concreto. Embriagado, havia caído do segundo andar. A festa acabou no Pronto Socorro. Felizmente, os ferimentos de Jonatan naquele dia se restringiram a uma lesão no tornozelo.

Cristina, 16 anos, também exagerou na combinação de vodca e energético. Em um feriado prolongado recente, saiu à noite com uma amiga. A certa altura da festa, perderam-se uma da outra – Cristina não recorda de detalhe algum sobre o que fez até o amanhecer.

Despertou em uma casa distante, na companhia de dois jovens, ambos maiores de idade. Refazendo-se do susto resultante da imprudência, surpreendeu-se, semanas depois, ao saber que fotos íntimas suas estavam circulando na internet. Não teve coragem de olhá-las.
 
Mais números
O primeiro contato com álcool e cigarro costuma ocorrer aos 13 anos.

35,3% dos alunos afirmam terem experimentado bebida pela primeira vez na casa de amigos.

Para 28,7%, o gole inicial foi em casa, com pessoas do convívio diário.

O consumo abusivo é mais frequente entre os meninos:
70,2% deles relataram episódios de uso excessivo de bebida.

39,5% dos meninos e 33,2% das meninas praticaram o binge drinking (consumo de grande quantidade em curto espaço de tempo) no mês anterior à pesquisa.

47% dos pais nunca conversaram com os filhos, ou conversaram poucas vezes, sobre as consequências do uso de bebidas alcoólicas.

Fonte: Consumo de Bebidas Alcoólicas e Outras Substâncias Psicoativas entre Estudantes do Ensino Médio de Uberlândia-MG, tese de doutorado de Efigenia Aparecida Maciel de Freitas
 
Zero Hora

Teste do olhinho ajuda a prevenir doenças oculares nos bebês

Teste do olhinho ajuda a prevenir doenças oculares nos bebês Adriana Franciosi/Agencia RBS
Foto: Adriana Franciosi / Agencia RBS
Teste é rápido, fácil e indolor
Exame deve ser realizado ainda na maternidade, a partir das primeiras 48 horas do recém-nascido
 
Durante o período de gestação, mãe e filho passam por diversos exames a fim de garantir condições saudáveis para ambos, afinal uma nova vida está sendo formada e depende de muita atenção. Logo após o nascimento, o cuidado dos pais e médicos deve continuar, incluindo a realização de outros testes para averiguar como será o desenvolvimento do bebê e detectar possíveis problemas que não foram possíveis de serem percebidos na gravidez.
 
Entre os muitos exames que devem ser realizados nos recém-nascidos, um dos mais importantes é o Teste do Olhinho. Conhecido também como Teste do Reflexo Vermelho, o exame deve ser realizado, preferencialmente, ainda na maternidade, a partir das primeiras 48 horas do bebê. Segundo o oftalmologista Richard Yudi Hida, o teste é rápido, de um a dois minutos de duração, fácil, indolor e não há necessidade do uso de colírio.
 
— Ele é feito com um oftalmoscópio, equipamento parecido com uma lanterna, na qual sai uma luz e é possível enxergar o reflexo alaranjado das pupilas— explica o especialista.
 
De acordo com o médico, o reflexo esperado na pupila de uma criança, sem quaisquer problemas, é que a retina reflita tons de vermelho, laranja ou amarelo.
 
— O efeito é parecido como quando tiramos fotos com flash, o que quer dizer que a retina está dentro dos padrões de normalidade no eixo óptico examinado, sem nenhum obstáculo para a entrada e saída de luz— esclarece ele.
 
Caso o reflexo não seja possível de ser visto ou a visão ficar dificultada ou esbranquiçada, significa que há alguma alteração em uma das estruturas do eixo da visão, podendo ser alguma doença ocular que possa causar uma cegueira irreversível. Entre as doenças e problemas que o diagnóstico pode prevenir ou tratar estão: retinopatia da prematuridade, catarata congênita, glaucoma, tumores oculares (retinoblastoma) e traumas de parto.
 
Segundo o Ministério da Saúde, por meio do Teste do Olhinho, 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados, mas, como na maioria dos serviços pediátricos do país, os recém-nascidos não são examinados adequadamente e não há cobrança dos pais, muitas vezes por puro desconhecimento. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) estima que 40 mil crianças sejam cegas no mundo e, desse total, 94% encontram-se nos países em desenvolvimento.
 
A mãe ainda pode realizar um exame prévio em casa: basta tirar uma foto com flash da criança de frente para ela (não tire a foto de lado). Caso o reflexo da pupila dos olhos não fique alaranjado, pode ser sinal de alguma alteração. O teste caseiro serve apenas como um alerta ou ajuda no diagnóstico.
 
Ele não substitui o Teste do Olhinho, que deve ser feito por um médico pediatra ou oftalmologista.
 
Zero Hora

Maionese pode ser aliada da alimentação saudável

Maionese pode ser aliada da alimentação saudável Patrick Rodrigues/Agencia RBS
Foto: Patrick Rodrigues / Agencia RBS
Maionese pode ser uma boa coadjuvante da alimentação
Apesar da má fama, alimento não é vilão
 
Se você está entre aquelas pessoas que não abrem mão da maionese no sanduíche, fique tranquilo: o produto, ao contrário do que muitos imaginam, não integra o time dos vilões da alimentação saudável.
 
— A maionese não é protagonista na alimentação, mas pode ser uma boa coadjuvante — defende o nutrólogo Paulo Henkin.
 
As maioneses industrializadas, inclusive, levam vantagem na comparação com sua irmã caseira. A principal diz respeito aos ovos. O ovo cru, utilizado na preparação em casa, oferece grande risco de contaminação por bactérias, especialmente pela salmonela, que provoca infecções intestinais. Na indústria esse risco não existe, pois os ovos são pasteurizados, processo que elimina a possibilidade de contaminação.
 
Quando o assunto são as calorias, a versão industrializada também sai na frente. Segundo a nutricionista Vanessa Leite, uma colher de sopa de maionese regular industrializada equivale a 40 calorias. Em contrapartida, a mesma quantidade da caseira tem 171, ou seja, quatro vezes mais. Na versão light vendida no supermercado, são 30 calorias por porção.
 
A maionese industrializada não traz em sua fórmula a vilã de todas as gorduras: a trans, que aumenta o colesterol ruim (LDL) e diminui o bom (HDL). Ao contrário da caseira que, conforme o modo de preparo, pode trazer um percentual de 0,6g em uma colher de sopa. Em relação ao colesterol, a caseira tem 14mg na porção e a industrializada apresenta 2,2g.
 
O óleo vegetal, usado na fabricação da maionese, é uma rica fonte das chamadas gorduras boas (mono e poliinsaturadas). Essas gorduras apresentam ômegas 3 e 6, que auxiliam no bom funcionamento do organismo.
 
Como escolher a melhor
Para escolher a melhor maionese no supermercado, a professora dos cursos de engenharia de alimentos e gastronomia da Unisinos Liziane Lacerda, indica atenção ao rótulo: quanto menos ingredientes listados, melhor.
 
— Além disso, a ordem dos ingredientes no rótulo é decrescente e corresponde a quantidade que eles estão inseridos na maionese. Se o sal é o último ingrediente do rótulo, significa que ele está presente em menor valor no produto — esclarece.
 
Liziane recomenda ainda descartar as maioneses que contenham aromas e corantes artificiais. Deve-se sempre optar pelos idênticos ao natural. Esse item, geralmente, vem especificado nos rótulos.

O preparo da maionese industrial
Os ingredientes da maionese são óleos vegetais comestíveis, ovos, agentes acidificantes e adoçantes, sal, condimentos alimentares e amidos. O alimento deve ter, no mínimo, 65% de óleo vegetal e, no máximo, 0,5% de amido. A utilização de ovos pasteurizados na maionese industrializada elimina os riscos de contaminação por salmonela. Nesse processo, os ovos são rapidamente aquecidos e permanecem assim por um determinado tempo. Isso elimina os microorganismos patogênicos, conferindo segurança microbiológica. A pasteurização não chega a cozinhar os ovos, não afetando seu sabor, odor, cor e valores nutricionais.
 
Compare
Os valores por uma colher de sopa de cada tipo de maionese
 
Maionese industrializada
Energia: 40 kcal
Gordura total: 4,0g
Gordura trans: 0
Colesterol: 2,2mg

Maionese industrializada light
Energia: 30 kcal
Gordura total: 2,9 g
Gordura trans: 0
Colesterol: 2,2mg
 
Maionese industrializada sem colesterol
Energia: 16 kcal
Gordura total: 1,2 g
Gordura trans: 0
Colesterol: 0
 
Maionese caseira
Energia: 171kcal
Gordura total: 18,6g
Gordura trans: 0,6g
Colesterol: 14mg
 
Fonte: nutricionista Vanessa Leite
 
Zero Hora

'Brasil vai envelhecer rápido e na pobreza'

Divulgação
Para Alexandre Kalanche, os idosos de hoje devem viver a gerontolescência
Para Alexandre Kalache, países desenvolvidos enriqueceram para depois envelhecer; Brasil, que terá 65 milhões de idosos em 2050, deve priorizar investimentos em saúde e previdência
 
Alexandre Kalache adora falar de velhos. Ele é o presidente do Centro Internacional de Longevidade e um dos mais respeitados especialistas no assunto. Os números espantam. Em pouco tempo a população brasileira vai envelhecer rapidamente e, diferente do que aconteceu no Japão e em países da Europa, a mudança ocorrerá na pobreza. E, ainda por cima, em uma sociedade muito voltada para os valores ligados à juventude.
 
O médico considera que é preciso pensar sobre o que as pessoas de 40 anos hoje querem fazer com os anos que lhes foram dados de presente. Se vão viver 80 ou 90 anos, que seja com saúde. Mas isso não tem sido prioridade no Brasil. Achou que o cenário é de caos à vista? A boa notícia é que você vai viver bastante.
 
iG: Quais serão as transformações no País com esta mudança populacional?Alexandre Kalache: O Brasil é entre os países com mais de 10 milhões de habitantes o que vai mais rapidamente envelhecer. E eu sempre afirmo isso, os países desenvolvidos primeiro enriqueceram para depois envelhecer, nós estamos envelhecendo muito mais rápido que eles e com pobreza. Daqui há 35 anos, o Brasil vai ter 65 milhões de idosos. É muita gente! Com exceção do México, é uma população maior que a de qualquer país latino americano. É um país tão grande quanto a Alemanha. É um contingente imenso que precisa de investimentos.
 
iG: Como devem ser feitos estes investimentos?
Kalache: Não só de política para os idosos, mas também de política para que os adultos de hoje possam chegar bem na velhice. Basta você ter 30 anos hoje para que daqui a 35 você tenha 65. A gente não está falando de um grupo que saiu do vácuo. Estamos falando dos adultos de hoje. São duas linhas que não competem, mas que se somam. A forma como as pessoas vão envelhecer vai depender de oportunidades para ter quatro capitais fundamentais: saúde (acesso e prevenção), finanças (previdência privada e público), social (caprichar para ter amigo), e educação. Isso depende de políticas. Não se faz do nada. Infelizmente, o governo federal está desleixado. Faz lei, mas não tem orçamento. 
 
iG: Como essas políticas poderiam ser complementares?
Kalache: A lógica é que, se houver boa política de saúde e previdência, o idoso sai mais barato pra País. Um idoso que recebe uma pensão não contributiva [sem ter contribuído para o INSS] e que vai comprar comida e remédio para a família, está sendo um agente de desenvolvimento. Das grandes políticas do Brasil de redistribuição de renda, a de pensão não contributiva a que mais favorece para a construção de uma classe C. É apontada como a mais eficaz. Em relação à saúde, vemos isto nas medidas de prevenção. O que é caro? Caras são as complicações em decorrência de doenças como hipertensão, por exemplo. Não é melhor investir em prevenção?
 
iG: O Brasil está envelhecendo rapidamente. A seu ver, o que está sendo feito em termos de políticas públicas sobre o envelhecimento da população?
Kalache: Já foi muito pior do que é hoje. Está bom hoje? Não. De qualquer forma, houve um avanço. Nestes últimos 20, 25 anos, mudou muito a perspectiva. A criação do Estatuto do Idoso, em 2003, fez com que o idoso passasse a ser um cidadão com direito, não mais um alvo de ações filantrópicas ou de caridade. Então, quando uma velhinha entra numa fila de prioridades, ou que tem direito de não pagar o ônibus, não é caridade, é direito. Outro grande avanço, como eu já disse, são as pensões não contributivas. Aquela velhinha do interior que trabalhou na roça a vida inteira nunca contribuiu para o INSS não porque não quisesse, mas porque não tinha emprego formal. Ao receber sua aposentadoria, ela vai ser respeitada na família em vez de ser visto como um fardo. Ela pode decidir onde vai gastar o dinheiro. Vai comprar comida para o neto, remédio para o filho doente.
 
iG : Mas ainda é preciso melhorar muito...
Kalache: Ah, sim. Está muito ruim. Se você comparar o Programa Nacional do Idoso com os programas que cuidam de política para mulheres e crianças, por exemplo, vai ver que a estrutura do primeiro é muito menor, com equipe e recursos muito menores. E o pior: mesmo com um orçamento pequeno de R$ 12 milhões no biênio, que não é nada, somente 20% do montante foi gasto. Então é muito ruim. A gente ainda precisa fazer muito esforço para dizer que as políticas estão respondendo a este envelhecimento rápido e sem precedentes.
 
iG: Há 40 anos, uma pessoa de 40 anos era considerada velha. Hoje, uma de 60 não é. O que explica esta mudança?
Kalache: A gente vive numa sociedade muito voltada para aos valores da juventude, para a aparência. O que é bonito é o jovem, a força, a potência, o poder. Nos fixamos muito à beleza externa, física, sem perceber e valorizar uma beleza que você só acumula quando tem experiência, na sabedoria. Você não consegue ser um sábio aos 32 anos. Se for para ser um dia, vai ser mais velho, lá pelos 70. 
 
iG: Quando você acha que este estigma de velho pode mudar? 
Kalache: Acho que já está havendo uma revolução de valores aqui. Temos esta geração de babyboomers muito grande que nasceu depois da Segunda Guerra e que teve mais acesso a saúde, educação e dinheiro no bolso. Foi a primeira geração a ter a adolescência, um conceito novo - antes ou a pessoa saía abruptamente da infância com 14 anos para trabalhar ou morreria de fome. Em todas as fases da vida, os baby boomers contestaram. Isto tudo está no nosso DNA. Os velhos de hoje vivem a gerontolescência.

iG: O que é isso?
Kalache: Os adultos estão passando a velhice como uma transição gradual. Só que, diferente da adolescência, a velhice vai durar 20, 25 anos. Você vai com 50 e poucos anos até os 80 fazendo barulho, com muito mais percepção dos seus direitos e coerente com o que sempre pensou. Se sempre foi um ativista, sempre lutou pelos direitos humanos, vai cada vez mais lutar para dizer: 'é possível ser um velho bonito, com recursos para a sociedade'. Vai ser uma batalha do ativismo de exigir os direitos. Existe um estatuto, mas a gente vai lutar para que ele seja posto em prática, que empodere a pessoa para que ela seja um cidadão pleno, atuante, ativo da sua sociedade.
 
iG: Houve um aumento grande na expectativa de vida. Hoje, uma pessoa com 40 está ainda na metade da vida. Antes, ela estava se preparando para o fim da vida. As referências são outras. Que conselho você daria para essas pessoas? Kalache: Meu conselho é que elas parem e pensem se querem que a o outra metade da sua vida seja da mesma forma que estão vivendo hoje. Será que não é preciso se reinventar? Fazer um ano sabático, um mestrado, mudar de carreira. Antigamente, se você fizesse uma escolha aos 18, ela te seguiria até os 50, 55 anos. Hoje, não. Então é preciso pensar muito na qualidade da sua vida para que estas décadas que foram dadas de presente sejam usufruídas com qualidade. Não é uma crise dos 40, é uma oportunidade de repensar. Quer ver só um exemplo?
 
iG: Quero.
Kalache: É o caso do Jorginho Guinle. Ele era um playboy de uma das famílias mais ricas do Brasil. Quando chegou ao final da vida [morreu aos 88], ele disse: 'se eu soubesse que ia durar tanto, teria feito coisas diferentes'. Jorginho morreu pobre, queimou o dinheiro todo da família. Aproveitou bem até os 50, mas terminou doente e morando em apartamento emprestado. Isso porque não previu que viveria tanto. Por isso, meu conselho para as pessoas de 40 anos é que prevejam que vão viver muito, que vão chegar aos 80 ou 90 anos. A forma que elas vão viver vai depender das escolha que fizerem hoje. 
 
iG

Suplemento engorda?

Suplemente academia
Foto: Reprodução
Quem deve prescrevê-lo para você é o nutricionista, não o
professor da academia
Se você não tiver uma boa orientação de como consumi-lo, a resposta é sim
 
Quando se pensa em começar a treinar, muitos automaticamente consideram tomar algum tipo de suplemento para potencializar os resultados (os famosos Whey Protein, Creatina e Fat Burners). Mas ocorre também que várias pessoas que procuram ganhar massa muscular têm medo de engordar e, consequentemente, de consumir qualquer tipo de suplemento. Como isso é algo comum, vamos tentar esclarecer o assunto para que você possa, com o auxílio do suplemento, conseguir o resultado que deseja.
 
Suplemento é um produto da cadeia alimentar que deve ser prescrito apenas por um profissional especializado na área, os nutricionistas – educadores físicos especializados em nutrição não podem prescrever dietas.
 
Para que você possa adicionar um suplemento à sua dieta, terá que saber qual a sua necessidade energética — ou seja, o quanto de nutrientes você precisa ingerir durante o dia para ganhar, perder ou manter o peso levando em conta uma série de fatores como metabolismo, gasto energético durante o treino e gasto energético com atividades diárias.
 
Se apenas com sua dieta você já consegue suprir todas as suas necessidades energéticas e nutricionais dos macro (carboidratos, proteínas e lipídeos) e micronutrientes (vitaminas, minerais) e consegue atingir o total de calorias necessárias para o seu objetivo, mas mesmo assim resolve adicionar um suplemento com conteúdo calórico, certamente irá engordar, pois estará ingerindo mais calorias do que necessita e este excesso será armazenado na forma de gordura.
 
Esse é o motivo pelo qual quando você pergunta ao seu professor se pode tomar um suplemento, ele diz (ou deveria dizer) que só um nutricionista pode responder isso. Só esse profissional saberá escolher e adequar o suplemento ideal à sua dieta (considerando também a dosagem a se tomar) sem que você corra o risco de engordar excessivamente.
 
Contudo, mais do que isso é necessário que a sua dieta esteja de acordo com os resultados que você pretende alcançar — pois nem o melhor suplemento do mundo oferecerá algum efeito positivo se sua alimentação não estiver de acordo com seu objetivo. Devemos lembrar sempre que o suplemento vem para complementar e não substituir.
 
El Hombre

Aprenda a dizer o que seu chefe espera ouvir

Thinkstock/Getty Images
Nunca diga que não conseguiu cumprir uma tarefa
Adiar a entrega de uma tarefa ou falar que não tem proposta para resolver um problema são reações que podem atrapalhar sua carreira
 
Faltam cinco minutos para você desligar o computador e encerrar o expediente. Seu chefe vai até sua mesa e pede o relatório das vendas do mês passado que ele não consegue encontrar. Você explica que já está de saída e que pela manhã faz o levantamento. Certo? Não, resposta errada. Esta é uma daquelas situações em que vale a pena ficar meia hora além do horário normal de trabalho.
 
Há frases e comportamentos que podem comprometer a carreira. Não que você deva ficar disponível dia e noite para as tarefas profissionais, mas estar pronto para um pedido de última hora pode ajudá-lo a ganhar pontos na hora da avaliação do chefe antes de uma promoção, explicam os especialistas em Recursos Humanos e coach.
 
"Aquele funcionário que nunca está disponível pode começar a ser mal visto pelo chefe, que prefere os colaboradores mais disponíveis, mais comprometidos", avalia Simone Leon, diretora de Gestão de Carreiras e Talentos da Right Management. "A maioria dos gestores espera que você se mostre aberto a cooperar".
 
Ainda segundo a especialista, a cultura do ambiente corporativo no Brasil dá alguns sinais de mudança. Isso porque, explica Simone, a nova geração que chega ao mercado de trabalho começa a impor um comportamento diferente, principalmente quanto às tarefas dadas pelo chefe que levam o profissional a estender a jornada de trabalho.
 
"A nova geração impõe o desafio maior de equilibrar a vida profissional e pessoal", diz. Mas por enquanto vale a regra de não fazer cara feia quando pedem uma tarefa importante perto do fim do expediente.
 
Use bem o tempo no trabalho
A receita ideal é aproveitar da melhor forma possível o tempo de expediente, com o foco nas tarefas e evitando se dispersar, por exemplo, com bate-papo nas redes sociais ou ao telefone.
 
"Não estar disponível para quando o chefe precisa pode ser um problema, mas ficar no trabalho muito além do expediente não necessariamente é um sinal de que você está comprometido com a empresa. Pode ser um indicativo de que você passou o dia perdendo tempo com outras atividades sem relação com o trabalho", lembra a diretora da Right Management.
 
Não dê desculpas, encontre soluções
Henri Fernandes Cardim, da HFC Consultoria e Treinamento, defende que o funcionário passe confiança ao chefe quando receber uma tarefa. Nada de dizer que é difícil ou que não sabe como fazer. "Mostre-se focado naquilo e procure respostas. Lembre-se que o empregador paga por aquilo, pela solução de problemas."
 
Ainda segundo o especialista, um dos piores comportamentos, na visão de um chefe, é quando o funcionário começa a conversa com justificativas para explicar a razão de não conseguir executar um trabalho. "As empresas precisam de respostas, não de desculpas", alerta Cardim.
 
Para o especialista, os chefes também esperam que sua equipe tenha bons ouvintes, que saibam se colocar na posição dos colegas de outros departamentos, do presidente da empresa e até dos acionistas. "Isso dá ao profissional uma visão mosaica e faz com que ele comece a entender o papel do outro na corporação. Ao final deste processo, ele não dirá mais 'lá, na empresa tal', mas sim 'nós, na empresa tal'. O papel do profissional deve ser colaborativo", salienta .
 
Cardim lembra ainda que é importante para o chefe saber que o seu grupo conhece a cultura da empresa. Com essa informação, o funcionário terá mais clareza de até onde pode ir nas suas atividades.
 
Para os chefes, também é relevante saber que seus funcionários estão fazendo investimentos pessoais, como um curso voltado ao trabalho até frequentar uma academia. Se isso pode melhorar a vida do funcionário, pode ter reflexo positivo na sua vida profissional, com aumento de criatividade e mais disposição e conhecimento para resolver problemas e apresentar propostas.
 
O que seu chefe espera ouvir de você:
1) "A tarefa foi dada. Fique tranquilo que será cumprida. Estou acostumado a pressões"
 
2) "Surgiu um problema, mas tenho algumas ideias para resolvê-lo"
 
3) "Conheço a cultura da empresa e sei até onde podemos ir em uma negociação"
 
4) "Procuro me colocar no lugar do chefe, dos colegas de outras áreas e até dos acionistas"
 
5) "Estou pensando em todas as possibilidades para reduzir os riscos"
 
 O que você deve evitar dizer ao chefe:
 1) "Depois do feriado eu entrego o que você me pediu"
 
2) "Não consegui resolver o problema"
 
3) "Isto não faz parte das minhas atribuições"
 
4) "Já está quase no meu horário e não posso fazer isto agora. Resolvo amanhã"
 
5) "Desculpe-me, mas não me preparei para a reunião"
 
iG