Um estudo recente sugere uma hipótese nada convencional para combater a depressão: o uso de aminoácidos, muito comum em academias para ajudar na hipertrofia muscular. De acordo com a pesquisa, a suplementação alimentar com creatina poderia potencializar os tratamentos convencionais para a chamada depressão maior.
Os resultados foram publicados no periódico American Journal of Psychiatry e partiu de dados coletados em grupos de mulheres que sofriam de depressão maior e estavam em tratamento com fármacos.
De acordo com os autores se além dos antidepressivos a dieta diária for suplementada com 5 gramas de creatina as chances de responder de forma positiva ao tratamento – que é bastante complicado para esse tipo específico de depressão – praticamente dobram quando os resultados são comparados ao de mulheres com depressão maior, em tratamento mas sem o uso da suplementação.
O uso desses aminoácidos, com a supervisão de médicos, poderia ajudar o cérebro a responder melhor aos fármacos antidepressivos, também conhecidos como inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).
A pesquisa, liderada por Perry Renshaw, da Universidade de Utah, nos EUA – e feita em conjunto com a Universidade Católica da Coréia do Sul – colheu dados iniciais em um grupo de mais de 50 mulheres com idade ente 19 e 65 anos com depressão maior e pode não só melhorar a resposta dos indivíduos ao tratamento, como melhora a adesão (continuidade do tratamento) no longo prazo.
“Se as pessoas se sentem melhor mais rapidamente, elas vão se sentir motivadas a continuar com o tratamento e as visitas aos seus médicos, psicólogos e psiquiatras, melhorando seu quadro cada vez mais”, explica Renshaw. Além disso, diz o autor, o custo total do tratamento também cai.
A creatina é um amino-ácido produzido nos rins, pâncreas e fígado e também presente nas carnes e peixes. A creatina está envolvida na manutenção e criação de fibras musculares e é popular nas academinas para aumentar a resposta muscular e melhorar a hipertrofia.
O modo como a creatina age para melhorar a resposta aos tratamentos tradicionais à depressão maior ainda não estão totalmente claras. Mas o grupo de mulheres observado apresentou melhoras nos quadros depressivos sensíveis após o consumo da suplementação.
Após duas semanas de suplementação, os níveis de depressão (indicadas por uma escala padronizada) eram até 32% melhores nas mulheres que consumiam as 5 gramas de creatina diariamente. Após 4 semanas elas obtiveram respostas até 68% melhores quando comparadas àquelas que não ingeriam a suplementação.
Os antidepressivos, de acordo com a literatura médica, atingem sua efetividade entre a quarta e sexta semana. A cretina pareceu adiantar os resultados dos fármacos.
No final dos testes (8 semanas), aproximadamente 50% das mulheres no grupo de suplementação tiveram remissão (controle da condição) total da depressão maior, enquanto essa taxa foi de 25% entre aquelas que não estavam no grupo.
“Fazer com que as pessoas sintam os efeitos do tratamento o quanto antes é um passo importante no tratamento de qualquer condição, mas em especial quando se fala de depressão”, observa Renshaw.
A equipe de pesquisadores tenta, agora, replicar os resultados em um grupo maior de mulheres e também ampliar os testes para a população masculina. Eles esperam até o final desse ano terem resultados mais substanciais sobre o tema e esperam que outros grupos de pesquisa também trabalhem para refinar os resultados da pesquisa.
Fonte O que eu tenho