Pílula especial e microcirurgia estão entre os métodos indicados para controle dos sintomas
Todos os meses, o endométrio (tecido que reveste o interior do útero) fica mais espesso à espera de um bebê. Quando a mulher não engravida, ele se descama e é eliminado na menstruação. Acontece que, em alguns casos, parte do que seria expelido migra em sentido oposto e cai nos ovários ou na cavidade abdominal, dando origem a um problema bastante comum atualmente: a endometriose. A doença, caracterizada pelo crescimento do endométrio fora da cavidade uterina (trompas, ovários, intestinos e bexiga) ainda não tem causas conhecidas, mas os médicos já descobriram que existe um risco aumentado se a sua mãe ou irmã tiverem o problema.
Atualmente, cerca de seis milhões de brasileiras sofrem de endometriose, sendo que até 50% delas podem ficar inférteis. "Mas existem tratamentos capazes de controlar o problema e os sintomas que ele traz, como cólicas muito fortes e sangramento intenso", afirma o ginecologista e obstetra Mauricio Abrão, presidente da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE). Recentemente a ANVISA aprovou o uso das pílulas com baixa concentração de dienogest (2 mg) no Brasil. O remédio é o primeiro desde 1988 a ser desenvolvido especificamente para o tratamento da endometriose e já está sendo comercializado por aqui, mas ainda passa por avaliação no FDA (Food and Drugs Administration), órgão regulamentador de medicações nos Estados Unidos.
Veja abaixo esse e outros tratamentos para endometriose.
Recentemente foi lançado um medicamento com baixa quantidade de dienogeste (2 mg) para tratar a endometriose. O ginecologista e obstetra Mauricio Abrão, presidente da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), explica que esse remédio foi feito especialmente para o tratamento da endometriose e, por isso, tem uma ação hormonal específica. "O dienogeste é um progestogênio (precursor da progesterona produzido em laboratório) que tem a mesma composição do hormônio natural feminino", afirma."Ele é antagonista do estrogênio, hormônio que alimenta a endometriose e tem também baixa ação androgênica, ou seja, não causa aumento de pelos, engrossamento da voz e outras características masculinas". Vale lembrar que o remédio não dá segurança anticoncepcional para mulheres sexualmente ativas que não queiram engravidar, mas dificulta a concepção, já que diminui a ovulação.
As pílulascom quantidades maiores de dienogeste (4 mg), segundo o ginecologista Maurício, são necessárias. O especialista lembra que, em 2010, foram publicados estudos sobre a dose ideal de dienogeste para o tratamento da endometriose. Doses de 1mg, 2 mg e 4 mg foram estudadas e um dos achados foi que dienogeste, nas doses de 2 e 4 mg dia, foram bem tolerados e associados com melhora dos sintomas e efeitos colaterais pouco significativos. "Comparando as doses, os pesquisadores concluíram que 2mg de dienogeste por dia é a dose ótima para o tratamento da endometriose".
O dispositivo intrauterino (DIU) é implantado no colo do útero, onde libera levonorgestrel por um período prolongado. Esse tratamento é um dos mais usados na endometriose. A vantagem desse método está em ser um anticoncepcional de ação local, mas não é uma medicação específica para o tratamento da endometriose. A ginecologista e obstetra Denise Coimbra, especialista em videolaparoscopia, conta que o DIU impede a formação do endométrio dentro do útero e, por isso, evita a formação do tecido do lado de fora, mas não trata a doença. "O DIU faz com que a endometriose não progrida, mas não age nas lesões já existentes".
A laparoscopia não é um método apenas para o tratamento da endometriose, mas, seguido pela biópsia do tecido, é a única ferramenta precisa para o diagnóstico da endometriose. Ela é feita de maneira minimamente invasiva, através de três pequenos orifícios no abdômen. Denise Coimbra explica que, no momento do diagnóstico, o cirurgião pode fazer a retirada ou destruição do tecido crescido. Mas não é toda mulher que pode lançar mão dessa técnica. "A laparoscopia é uma opção para mulheres que estão no estágio um (em que a doença só atingiu os ovários) e dois (quando atinge a cavidade uterina)", afirma Denise Coimbra. "Quando a doença se estende para reto, bexiga e outros órgãos, a medicação é o melhor método".
O tratamento para endometriose pode envolver a interrupção do ciclo menstrual e a criação de um estado similar à gravidez. Isso é chamado de pseudogravidez e pode ajudar a impedir que a doença piore. Para isso, são usadas pílulas anticoncepcionais com estrogênio e progesterona. Você deve tomar o medicamento, de forma contínua, durante seis a nove meses e parar de usá-lo por uma semana para menstruar. Os efeitos colaterais são spotting (manchas de sangue), sensibilidade nos seios, náusea e outros efeitos colaterais hormonais. Este tipo de terapia alivia a maioria dos sintomas da endometriose, mas não evita as cicatrizes (aderências) causadas pela doença. Essas lesões localizam-se nos locais em que o endométrio cresceu anormalmente (trompas, ovários, intestino e bexiga) e são responsáveis pelas dores crônicas e até pela infertilidade feminina, já que podem alterar o funcionamento dos órgãos pélvicos. Mas a ginecologista Denise faz a ressalva: essa medicação não é específica para o tratamento de endometriose, o mais eficiente é utilizar medicações que não tenham estrogênio, hormônio que aumenta o tecido endometrial.
O sintoma mais marcante da endometriose é a dor. Ela é tão forte que muitas mulheres acabam perdendo dias de trabalho. Maurício Abrão explica que a maioria das medicações para o tratamento da endometriose são analgésicas e algumas têm até ação antidepressiva. Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINE), como ibuprofeno, naproxeno, acetaminofeno ou analgésicos receitados são usados para aliviar a cólica e a dor.
"Durante a gestação, o corpo da mulher libera progesterona, hormônio que impede o crescimento indevido do endométrio", afirma a ginecologista Denise Coimbra. O problema é que as mulheres com endometriose têm uma dificuldade natural para engravidar e, geralmente, dependem do acompanhamento de um especialista em reprodução assistida para facilitar o processo. "Apesar de a maior parte das mulheres precisar de fertilização in vitro para engravidar, algumas conseguem naturalmente", conta Denise.
Fonte Minha Vida
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