Intenção do Ministério da Saúde é reduzir o custo de exames laboratoriais em unidades federais em 40%; proposta é criticada
O Ministério da Saúde estuda terceirizar exames laboratoriais dos seis hospitais federais do Rio. A intenção, que encontra resistência entre servidores e especialistas, é reduzir o custo com exames em 40%. A pasta desembolsa R$ 37 milhões ao ano com esse tipo de serviço na rede federal no Rio de Janeiro.
O chefe do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde, no Rio, João Marcelo Ramalho, encomendou estudo para identificar quantos funcionários trabalham nos laboratórios dos hospitais federais e o custo dos exames. Segundo ele, os preços para hemogramas são bons. "Mas, quando fazemos exames mais sofisticados, eles ficam caros, porque os hospitais não compram muitos insumos. Em alguns casos, a diferença é de 500% em relação ao custo do laboratório particular", afirmou.
Para Lígia Bahia, professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a terceirização dos serviços de laboratórios pode afetar a pesquisa científica nesses hospitais. "Não se faz medicina sem pesquisa. Esses laboratórios foram responsáveis por grandes avanços da medicina no Rio. Com a terceirização, não será a rede pública quem terá a inovação tecnológica, mas sim a iniciativa privada."
Para a especialista, a proposta caminha no "sentido contrário" do que ocorre em outros países, onde os laboratórios passaram a ser próprios para melhorar a colaboração entre as unidades hospitalares. "Não estou dizendo que a ideia não seja boa. Poderia servir para um hospital. Mas, de atacado, parece atender mais a necessidade dos laboratórios contratados do que da rede pública."
Ramalho refuta a crítica de que haveria perda para a pesquisa. "Exames que não sejam automatizados, não tenham ganho de escala e precisem do trabalho especializado, como o de biópsia, continuaremos fazendo. Mas não mais em duas ou três unidades. A ideia é que uma unidade centralize os exames."
Crítica. Entre os funcionários públicos, a ideia também não agradou. Profissionais do Hospital de Ipanema chegaram a fazer protesto, criticando a ideia. "Terceirizar não é solução. É preciso reestruturar o serviço, melhorar a gestão. Esse é o caminho. Entregar para terceiros não resolve os problemas", disse Josemilton Costa, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Rio.
Fonte Estadão