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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Clínicas em SP vendem vacina da dengue pelo dobro do estabelecido

Anvisa determina que dose custe entre R$ 132,76 e R$ 138,53. Estabelecimentos, porém, podem cobrar pela aplicação e armazenamento

Vacina da dengue aprovada no Brasil foi desenvolvida por laboratório francês (Foto: Sanofi Pasteur/Patrick Boulen)
Vacina da dengue aprovada no Brasil foi desenvolvida por laboratório francês (Foto: Sanofi Pasteur/Patrick Boulen)

Clínicas em São Paulo estão vendendo vacinas contra a dengue por até o dobro do preço permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As doses, cujo preço estipulado pelo governo é de entre R$ 132,76 e R$ 138,53, chegam a ser comercializadas a até R$ 300, segundo levantamento do G1.

A vacina é fabricada pelo laboratório Sanofi Pasteur e passou a ser distribuída a clínicas privadas do estado de São Paulo. Cada pessoa deve tomar três doses, no intervalo de seis meses cada.

Em nota, a Anvisa afirma que as clínicas e serviços de imunização devem repassar ao consumidor o preço exato pelo qual a vacina foi adquirida pelo fabricante. Os estabelecimentos, porém, podem cobrar pelo serviço prestado para aplicação e o armazenamento da vacina.

A Clínica Vacinarte, na Lapa, Zona Oeste, deve receber até o final desta semana as doses e cobrará entre R$ 200 e R$ 300. O laboratório está agendando os atendimentos.

As clínicas receberam doses que podem ser aplicadas em até cinco pessoas no prazo de seis horas. Por essa razão, os estabelecimentos estão apostando em agendamentos em grupos. Dessa forma, conseguem garantir que as doses sejam aplicadas sem desperdícios.

A Clínica Faster, no Morumbi, na Zona Sul, ainda está avaliando se fará o pedido das vacinas. Já a Clínica Climuni, em Santana, na Zona Norte da capital, tem as vacinas e cobra R$ 250 por dose. A aplicação deve ser agendada previamente.

Segundo a Anvisa, caso as clínicas cobrem um preço maior que o estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que regula de preços dos remédios, o estabelecimento estará sujeito a multas que podem variar entre R$ 590 e R$ 8,9 milhões.

“Para evitar cobrança abusiva, o consumidor deve pedir a discriminação do preço cobrado pela vacina e pelo serviço prestado em nota fiscal. As denúncias relacionadas ao preço da vacina deverão ser encaminhadas para o e-mail cmed@anvisa.gov.br. É importante encaminhar, também, as comprovações do abuso”, afirma a Anvisa em nota.

O consumidor que se sentir lesado por cobranças abusivas pelo serviço de aplicação da vacina deve procurar os órgãos de defesa ao consumidor, como o Procon e o Ministério Público.

Vacina no SUS
De acordo com o Ministério da Saúde, ainda não há uma previsão de compra para o Sistema Único de Saúde. Serão feitos estudos de custo para a distribuição nacional e, caso seja viável, a vacina poderá ser distribuída de graça aos pacientes. O estado do Paraná, no entanto, já anunciou que deverá comprar 500 mil doses da vacina.

Para a infectologista Rosana Richtmann, do comitê de imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o impacto da vacina na saúde pública vai depender diretamente do número de pessoas que vão se vacinar.Para ela, é pouco provável que somente a vacinação em clínicas privadas traga um impacto significativo. “Precisaria de uma cobertura muito elevada para observar esse impacto, o que acredito que não haverá na rede privada.”

A Dengvaxia é uma imunização recombinante tetravalente, para os quatro sorotipos existentes da doença. Ela poderá ser aplicada em pacientes de 9 anos a 45 anos, que deverão tomar três doses com intervalo de seis meses entre elas.

Para a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, a vacina deve trazer benefícios do ponto de vista individual, mas a possível adoção da vacina de dengue pelo sistema público de saúde deve levar em conta fatores como a incidência da dengue nas diferentes localidades, a capacidade de se conquistar uma boa adesão e o custo da vacina.

“Com certeza, do ponto de vista individual, a vacina tem benefícios e acredito que para grande parte das regiões onde a doença é endêmica, ela pode ter um impacto”, diz.

Um dos maiores desafios em relação a uma possível vacinação em massa, segundo Isabella, deve ser em relação à adesão. A vacina da Sanofi é destinada a pessoas de 9 a 45 anos de idade. “Esta é uma faixa-etária super difícil de vacinar. Seria preciso avaliar qual a melhor estratégia para a campanha. Não seria um programa de fácil implantação.”

Vacina do Butantan
Até o momento, a vacina Dengvaxia é a única aprovada por órgãos regulatórios no mundo. Mas existem outras vacinas em estudo. A que está em fase mais avançada é a que foi desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), que já deu início à ultima fase de testes clínicos antes de ser submetida à Anvisa para registro.

G1