Segundo dados da ANS, procedimento bariátrico é segunda maior negativa de convênios de saúde, atrás somente das consultas
O volume de cirurgias bariátricas e metabólicas por videolaparoscopia dobrou em 2012, somando 54 mil procedimentos. O salto na adesão à videolaparoscopia verificado em apenas um ano deve-se à mudança na legislação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Desde de janeiro de 2012, o novo rol de cobertura obriga os planos e operadoras de saúde a oferecer tratamento cirúrgico sem qualquer restrição aos portadores de obesidade mórbida, respeitando a decisão médica e o direito do paciente.
Mais seguro, confortável e vantajoso ao paciente, o método menos invasivo já representa 75% das cerca de 72 mil operações bariátricas que são realizadas no país. Para se ter uma ideia do tamanho dessa evolução, a cirurgia convencional aberta, mais invasiva e dolorosa, predominou em 60% das operações feitas em 2011.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Almino Ramos, a medida representa um enorme avanço na atenção ao paciente bariátrico, por ter beneficiado milhares de pessoas com uma tecnologia avançada e consagrada mundialmente.
“Mesmo assim, muitos pacientes ainda continuam sendo submetidos à cirurgia aberta, que é mais dolorosa e exige uma recuperação lenta. Tudo isso demonstra que, para o pleno atendimento dessa demanda, a rede de saúde suplementar precisa expandir e adaptar seus centros cirúrgicos, leitos e unidades de terapia intensiva, além de assegurar o acompanhamento multidisciplinar do paciente antes e depois da operação”, afirma Ramos.
Negativas
Dados mais recentes divulgados pela ANS posicionam a cirurgia bariátrica como o segundo procedimento mais negado pelas operadoras de saúde, perdendo apenas para a marcação de consultas médicas. Em 2012, das reclamações registradas de janeiro a maio, 23,1% para consultas médicas e 3,1% para procedimentos bariátricos. Do terceiro procedimento em diante, registrado pela pesquisa, a representatividade de reclamações não ultrapassou o índice de 1%.
Para estes casos, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) recomenda que o consumidor tente, em primeiro lugar, entrar em contato diretamente com o fornecedor, expondo seu problema e exigindo uma solução, preferencialmente por escrito. Não obtendo sucesso, ou mesmo em caso de emergência, é possível entrar na Justiça. É importante notificar os órgãos de defesa do consumidor e a ANS para o registro dos problemas e maior fiscalização.
Benefícios da videolaparoscopia
As vantagens da cirurgia bariátrica por videolaparoscopia para o paciente são muitas, desde a redução do tempo de cirurgia, diminuição do risco de infecção, menor incidência de hérnia no local do corte até a volta às atividades normais em menos tempo. Em vez de abrir o abdômen do paciente, o cirurgião realiza de quatro a cinco mini-incisões de 0,5 cm cada uma, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo. Apesar do custo mais elevado, o método representa uma economia bastante significativa em médio prazo, devido à redução dos dias de internação e da incidência de possíveis complicações posteriores.
Outro detalhe importante é que o registro do procedimento feito pela câmera de vídeo fica gravado e o paciente pode levar consigo uma cópia do DVD, que constitui um documento da operação.
Evolução da cirurgia bariátrica no Brasil
Na última década, o desenvolvimento tecnológico é um dos fatores que tem mudado o cenário da cirurgia bariátrica e metabólica no país, com o aumento do número de cirurgiões habilitados e maior esclarecimento dos pacientes sobre as indicações de cada técnica cirúrgica e as vantagens da abordagem menos invasiva.
A SBCBM, por meio de suas regionais espalhadas por todo o país, vem realizando cursos para capacitar os cirurgiões e para certificar os hospitais brasileiros como Centros de Excelência em Cirurgia Bariátrica. “Não apenas a inclusão da videolaparoscopia no rol da ANS é importante. É necessário o empenho de todas as entidades para promover a educação continuada, com o objetivo de capacitar e aperfeiçoar os profissionais de saúde no método cirúrgico menos invasivo, e garantir um serviço cada vez melhor ao paciente bariátrico”, completa Ramos.
Indicação da cirurgia bariátrica
Atualmente, a cirurgia bariátrica e metabólica é indicada para portadores de obesidade mórbida que não conseguem perder peso apenas com o tratamento clínico tradicional (dieta, medicamentos e exercícios). Estão nesse parâmetro pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35 kg/m² com uma ou mais doenças associadas (diabetes, apneia do sono, hipertensão etc.) ou com IMC acima de 40 kg/m², independentemente da presença de outras doenças. O IMC é calculado pela divisão do peso (em quilos) pela altura (em metros) elevada ao quadrado.
Fonte Saudeweb