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terça-feira, 12 de março de 2013

Conheça a história da cirurgia bariátrica

A história da cirurgia bariátrica partiu da observação que pacientes gastrectomizados ( exemplo:cirurgia de úlcera gástrica com retirada de parte do estômago) evoluíam com restrição gástrica e conseqüente perda de peso, assim como aqueles que perdiam parte do segmento intestinal evoluíam com disabsorção e também conseqüente perda de peso.

As primeiras cirurgias para o emagrecimento, realizadas na década de 50, tiveram como objetivo a redução da absorção dos nutrientes. Os primeiros procedimentos cirúrgicos para fins de perda ponderal foram realizados por PAYNE em 1956 e consistiam em um “By-pass” jejunal, ou seja, puramente disabsortivos,com resultados insatisfatórios provavelmente pelo pequeno entendimento das bases fisio-patológicas da doença obesidade e da repercussão clínica deste procedimento, desencorajando os cirurgiões da época .

O comprimento intestinal era reduzido através de uma anastomose entre o jejuno proximal e o íleo proximal e, assim, ocorria diminuição da superfície de absorção. Apesar de promoverem redução de aproximadamente 40% do peso pré-cirúrgico, foram observadas algumas complicações nutricionais e metabólicas decorrentes da má-absorção. Insuficiência hepática, cirrose, esteatose, litíase renal, enterite na porção exclusa do trato alimentar, hipocalemia, e hipovitaminose (vitaminas B12 e K) foram algumas das complicações relacionadas a este tipo de cirurgia.

Na década de 60, surgiram os primeiros trabalhos restringindo a capacidade gástrica. Através da gastroplastia e de alterações na parte distal do estômago, foram verificadas mudanças nos hábitos alimentares e reduções no consumo de alimentos sólidos. Inicialmente, a gastroplastia foi realizada no plano horizontal e dividia o estômago em dois compartimentos de tamanhos diferentes, unidos por um pequeno orifício de passagem. As primeiras gastroplastias foram realizadas por MASON em 1967 com resultados mais animadores por procedimentos gastro-restritivos, iniciando uma nova era na cirurgia da obesidade. MASON, em 1982, foi o primeiro a utilizar o plano vertical para a redução da cavidade gástrica. A exclusão de parte do estômago do trânsito digestivo também tem sido proposto para tratar a obesidade. Através da utilização de grampos metálicos, foi obtida uma linha de grampeamento que se estendia da porção proximal do estômago até a ângulo de His. Associada a esta linha foi proposta uma banda de reforço na abertura distal da nova cavidade, com o objetivo de evitar o seu alargamento e a dilatação da cavidade. Essa técnica passou a ser conhecida como gastroplastia vertical com bandagem. Nos últimos anos, foi proposto o uso de um anel de contenção, para diminuir a velocidade de esvaziamento gástrico.

A ingestão de alimentos hipercalóricos sob a forma líquida, a deiscência da linha de grampeamento e a estenose da anastomose gastrojejunal foram algumas complicações relacionadas a esta técnica. Alguns estudos mostraram que a perda de peso obtida ao longo de períodos maiores que dois anos foi insatisfatória. Isto levou alguns cirurgiões a abandonarem esta técnica, enquanto outros propuseram modificações na proposta inicial.

Procedimentos mistos (restrição+disabsorção), porém com o componente disabsortivo predominando, iniciaram com SCOPINARO em 1979 . Importantes publicações sobre este tipo de procedimento surgiram no final da década de 80 e início da década de 90, respectivamente pelos doutores FOBI e CAPELLA. A cirurgia original dividia o estômago em uma cavidade menor, vertical, com aproximadamente 30 ml de capacidade, próxima à cárdia e outra maior, distal, que excluía o restante do estômago e o duodeno do trânsito alimentar, mas ligadas ao intestino em Y de Roux. A partir de 1991 inicia a era da videolaparoscopia em cirurgia bariátrica.

Ainda na década de 90, WITTGROVE e CLARK publicaram os resultados de seus primeiros 500 pacientes submetidos ao bypass gástrico, dessa vez por videolaparoscopia. Nunca se estudou, pesquisou e operou tantos pacientes em tão pouco tempo como no início desse século. Passamos a entender não somente o efeito mecânico de restrição alimentar e menor absorção que esse procedimento produz, mas também efeitos hormonais tão importantes quanto os efeitos mecânicos.

Outra variação da cirurgia bariátrica é o bypass bilio-pancreático, descrito por SCORPINARO (citado acima). Esta técnica utiliza o princípio da má-absorção de nutrientes, mas tem como principal mecanismo o escoamento das secreções pancreáticas e biliares para o íleo distal, a uma distância de 50 cm da junção íleo-ceco. Desta forma, os alimentos entram em contato com as secreções digestivas apenas nesta porção intestinal. Além deste procedimento, é feita uma gastrectomia distal. Assim, a combinação de uma gastro-ileostomia, um trato biliar longo e um canal alimentar comum curto resulta em uma significativa má-digestão e má-absorção. Estes procedimentos têm sido reportados como muito eficientes em promover e manter um intenso emagrecimento, em pacientes extremamente obesos ou super obesos (com IMC=50). Apesar de ser uma das técnicas mais eficientes para o emagrecimento, foram observados vários efeitos colaterais tais como: má-absorção de ferro, cálcio e vitaminas lipossolúveis (A, D. E e K). O bypass bilio-pancreático com duodenal switch, combina os efeitos de uma restrição gástrica a uma parcial má-absorção e má-digestão. Nesta técnica, os nutrientes e as secreções digestivas se encontram a aproximadamente 100 cm da junção íleo-ceco, formando um canal digestivo. Apesar dos bons resultados em relação à perda de peso, o risco de subnutrição, a deficiência de vitaminas e minerais persiste.

A utilização de bandas gástricas ajustáveis surgiu como proposta para o emagrecimento nos últimos anos. É colocada ao redor do estômago proximal, geralmente por via laparoscópica e tem a função de restringir a quantidade de alimento ingerida. Esse procedimento, considerado interessante por alguns cirurgiões por ser pouco invasivo, tem tido resultados insatisfatórios em relação à manutenção da perda de peso em longos períodos. Complicações como erosão, sangramentos e obstruções têm sido associadas ao seu uso e alguns estudos mostram alta incidência de refluxo gastro-esofágico.

Porém , qual a melhor cirurgia ? Qual seria a mais indicada para o meu caso? Estas questões são melhores discutidas no consultório, com cirurgião e sua equipe , e , após exposto todas as vantagens e desvantagens de cada técnica , o paciente desenvolve uma visão crítica ajudando na escolha da que melhor se adaptará ao seu caso.Devemos sempre lembrar , que os pacientes são diferentes , com perfis nutricionais , psicológicos e estilo de vida diferentes , e todos estes aspectos influenciam nesta decisão.

Fonte www.aobesidade.com.br

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