A história da cirurgia bariátrica partiu da observação que pacientes
gastrectomizados ( exemplo:cirurgia de úlcera gástrica com retirada de parte do
estômago) evoluíam com restrição gástrica e conseqüente perda de peso, assim
como aqueles que perdiam parte do segmento intestinal evoluíam com disabsorção e
também conseqüente perda de peso.
As primeiras cirurgias para o
emagrecimento, realizadas na década de 50, tiveram como objetivo a
redução da absorção dos nutrientes. Os primeiros procedimentos cirúrgicos para
fins de perda ponderal foram realizados por PAYNE em 1956 e consistiam em
um “By-pass” jejunal, ou seja, puramente disabsortivos,com resultados
insatisfatórios provavelmente pelo pequeno entendimento das bases
fisio-patológicas da doença obesidade e da repercussão clínica deste
procedimento, desencorajando os cirurgiões da época .
O comprimento
intestinal era reduzido através de uma anastomose entre o jejuno proximal e o
íleo proximal e, assim, ocorria diminuição da superfície de absorção. Apesar de
promoverem redução de aproximadamente 40% do peso pré-cirúrgico, foram
observadas algumas complicações nutricionais e metabólicas decorrentes da
má-absorção. Insuficiência hepática, cirrose, esteatose, litíase renal, enterite
na porção exclusa do trato alimentar, hipocalemia, e hipovitaminose (vitaminas
B12 e K) foram algumas das complicações relacionadas a este tipo de
cirurgia.
Na década de 60, surgiram os
primeiros trabalhos restringindo a capacidade gástrica. Através da gastroplastia
e de alterações na parte distal do estômago, foram verificadas mudanças nos
hábitos alimentares e reduções no consumo de alimentos sólidos. Inicialmente, a
gastroplastia foi realizada no plano horizontal e dividia o estômago em dois
compartimentos de tamanhos diferentes, unidos por um pequeno orifício de
passagem. As primeiras gastroplastias foram realizadas por MASON em 1967
com resultados mais animadores por procedimentos gastro-restritivos,
iniciando uma nova era na cirurgia da obesidade. MASON, em 1982, foi o
primeiro a utilizar o plano vertical para a redução da cavidade gástrica. A
exclusão de parte do estômago do trânsito digestivo também tem sido proposto
para tratar a obesidade. Através da utilização de grampos metálicos, foi obtida
uma linha de grampeamento que se estendia da porção proximal do estômago até a
ângulo de His. Associada a esta linha foi proposta uma banda de reforço na
abertura distal da nova cavidade, com o objetivo de evitar o seu alargamento e a
dilatação da cavidade. Essa técnica passou a ser conhecida como gastroplastia
vertical com bandagem. Nos últimos anos, foi proposto o uso de um anel de
contenção, para diminuir a velocidade de esvaziamento gástrico.
A
ingestão de alimentos hipercalóricos sob a forma líquida, a deiscência da linha
de grampeamento e a estenose da anastomose gastrojejunal foram algumas
complicações relacionadas a esta técnica. Alguns estudos mostraram que a perda
de peso obtida ao longo de períodos maiores que dois anos foi insatisfatória.
Isto levou alguns cirurgiões a abandonarem esta técnica, enquanto outros
propuseram modificações na proposta inicial.
Procedimentos mistos
(restrição+disabsorção), porém com o componente disabsortivo predominando,
iniciaram com SCOPINARO em 1979 . Importantes publicações sobre este tipo de
procedimento surgiram no final da década de 80 e início da década de 90,
respectivamente pelos doutores FOBI e CAPELLA. A cirurgia original dividia o
estômago em uma cavidade menor, vertical, com aproximadamente 30 ml de
capacidade, próxima à cárdia e outra maior, distal, que excluía o restante do
estômago e o duodeno do trânsito alimentar, mas ligadas ao intestino em Y de
Roux. A partir de 1991 inicia a era da videolaparoscopia em cirurgia
bariátrica.
Ainda na década de 90, WITTGROVE e CLARK
publicaram os resultados de seus primeiros 500 pacientes submetidos ao bypass
gástrico, dessa vez por videolaparoscopia. Nunca se estudou, pesquisou e operou
tantos pacientes em tão pouco tempo como no início desse século. Passamos a
entender não somente o efeito mecânico de restrição alimentar e menor absorção
que esse procedimento produz, mas também efeitos hormonais tão importantes
quanto os efeitos mecânicos.
Outra variação da cirurgia bariátrica é o
bypass bilio-pancreático, descrito por SCORPINARO (citado acima). Esta técnica
utiliza o princípio da má-absorção de nutrientes, mas tem como principal
mecanismo o escoamento das secreções pancreáticas e biliares para o íleo distal,
a uma distância de 50 cm da junção íleo-ceco. Desta forma, os alimentos entram
em contato com as secreções digestivas apenas nesta porção intestinal. Além
deste procedimento, é feita uma gastrectomia distal. Assim, a combinação de uma
gastro-ileostomia, um trato biliar longo e um canal alimentar comum curto
resulta em uma significativa má-digestão e má-absorção. Estes procedimentos têm
sido reportados como muito eficientes em promover e manter um intenso
emagrecimento, em pacientes extremamente obesos ou super obesos (com IMC=50).
Apesar de ser uma das técnicas mais eficientes para o emagrecimento, foram
observados vários efeitos colaterais tais como: má-absorção de ferro, cálcio e
vitaminas lipossolúveis (A, D. E e K). O bypass bilio-pancreático com duodenal
switch, combina os efeitos de uma restrição gástrica a uma parcial má-absorção e
má-digestão. Nesta técnica, os nutrientes e as secreções digestivas se encontram
a aproximadamente 100 cm da junção íleo-ceco, formando um canal digestivo.
Apesar dos bons resultados em relação à perda de peso, o risco de subnutrição, a
deficiência de vitaminas e minerais persiste.
A utilização de bandas
gástricas ajustáveis surgiu como proposta para o emagrecimento nos últimos anos.
É colocada ao redor do estômago proximal, geralmente por via laparoscópica e tem
a função de restringir a quantidade de alimento ingerida. Esse procedimento,
considerado interessante por alguns cirurgiões por ser pouco invasivo, tem tido
resultados insatisfatórios em relação à manutenção da perda de peso em longos
períodos. Complicações como erosão, sangramentos e obstruções têm sido
associadas ao seu uso e alguns estudos mostram alta incidência de refluxo
gastro-esofágico.
Porém , qual a melhor cirurgia ? Qual seria a mais
indicada para o meu caso? Estas questões são melhores discutidas no consultório,
com cirurgião e sua equipe , e , após exposto todas as vantagens e desvantagens
de cada técnica , o paciente desenvolve uma visão crítica ajudando na escolha da
que melhor se adaptará ao seu caso.Devemos sempre lembrar , que os pacientes são
diferentes , com perfis nutricionais , psicológicos e estilo de vida diferentes
, e todos estes aspectos influenciam nesta decisão.
Fonte www.aobesidade.com.br
Fonte www.aobesidade.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário