Foto: Mark Dadswell/Reuters
Flores são colocadas como tributo aos mortos no voo MH17, na base de
símbolo
da Conferência da Aids, em Melbourne, na Austrália, neste domingo (20)
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As leis contras homossexuais, que em alguns países incluem a pena de
morte, aumentam a propagação do HIV, segundo integrantes da Conferência
Internacional sobre a AIDS, em Melbourne.
Com base na experiência na luta contra a doença - que já deixou 39
milhões de mortos em 33 anos - os especialistas consideram que o Vírus
da Imunodeficiência Humana (HIV) propaga-se silenciosamente entre as
minorias estigmatizadas, até chegar ao resto da população.
Isso acontece porque, se os homossexuais ou bissexuais são presos ou
perseguidos, evitam submeter-se a testes de HIV ou buscar tratamento
quando estão infectados.
A francesa Françoise Barré-Sinoussi, prêmio Nobel de Medicina, alertou
no domingo (20), duramente a cerimônia inaugural do evento, que em
"todas as regiões do mundo o estigma e as discriminação seguem sendo os
principais obstáculos para o acesso efetivo à saúde".
"Não ficaremos de braços cruzados enquanto governos, em violação de
todos os princípios dos direitos humanos, aplicam leis monstruosas, que
apenas marginalizam as pessoas mais vulneráveis da sociedade",
acrescentou a médica, uma das responsáveis pela descoberta do HIV.
Enquanto cada vez mais países ocidentais aprovam projetos sobre a
igualdade de direitos no matrimônio, saúde, e pensões a homossexuais,
outros países endurecem suas legislações contra o grupo LGBT.
Segundo um relatório publicado na semana passada pelo Programa Conjunto
das Nações Unidas sobre o HIV/ADIS, 79 países contam com leis que
penalizam as práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Em sete deles
está prevista a pena de morte como punição.
Nigéria, Uganda
e Índia são alguns dos países que adotam leis desse tipo. Na Rússia
está proibida até mesmo a distribuição de informação sobre a
sexualidade.
Doadores impacientes Kene Esom, ativista nigeriano que trabalha na África do Sul
em um grupo de defesa dos direitos dos gays, afirmou que as leis
dificultam a difusão de informações sobre sexo seguro e acesso a
medicamentos contra o HIV.
"Algumas leis proíbem a liberdade de reunião e a liberdade de
associação para os homossexuais", explicou Esom, fazendo com que grupos
como o seu não possam se reunir ou receber fundos.
Os países ocidentais doaram 19 bilhões de dólares para a luta contra a
AIDS nos países em desenvolvimento em 2013, mas estão começando a perder
a paciência, de acordo com Michael Kirby, ex-juiz do Tribunal Supremo
da Austrália, que discursou na conferência.
As autoridades dos países com leis homofóbicas "não podem esperar que
os contribuintes de outros países continuem pagando indefinidamente",
acrescentou, "enquanto eles se recusam a reformar suas leis para ajudar
seus próprios cidadãos".
A vigésima conferência internacional sobre a AIDS começou no domingo na
Austrália, com uma homenagem aos especialistas do tema que morreram no
voo MH17, derrubado no leste da Ucrânia, que iriam ao encontro.