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Mudança de hábitos pode dificultar a progressão da doença ou
até mesmo revertê-la
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Em 15 anos o índice do pré-diabetes caiu de 140 para 99; ao entrar nessa faixa, rim e olhos já podem sofrer lesões
Parece exagero o valor de referência do pré-diabetes cair, dentro de
15 anos, de 140 para 99. Mas não é. Estudos mostraram que o organismo já
começa a ser lesado quando a glicose em jejum passa de 99 e o resultado
da hemoglobina glicada, hoje considerado o teste mais fidedigno do
diabetes, vai além de 5,7%. O sofrimento dos tecidos é silencioso, mas
os rins já começam a ter alterações e elevam-se os riscos de problemas
nos microvasos da retina, o que pode levar à perda de visão total.
Como
forma de prevenção e não por "terrorismo médico", os valores de
referência baixaram. O endocrinologista do Hospital Villa-Lobos Vinicius
Eduardo D’Andrea explica que esses valores servem para nortear um
tratamento e estipular o ponto de corte para começar os cuidados.
Segundo ele, o estudo UPKDS, feito na Grã-Bretanha durante 20 anos,
mostrou o surgimento de doenças em quem apresentava glicose a partir de
99 - o que na época não era considerado pré-diabetes - e norteou a
decisão de baixar esses valores de referência.
Muita calma nessa hora
Apesar
do perigo, quem recebe a notícia de que está com pré-diabetes não
precisa se desesperar. Nessa fase, felizmente, não é preciso usar
medicamentos, apenas mudar os hábitos de vida. O recomendável é trocar
carboidratos simples por integrais (eles retardam a absorção de açúcar
no organismo), fazer exercícios físicos e, em casos de sobrepeso ou
obesidade, emagrecer.
No
Brasil, mais da metade da população está em sobrepeso (IMC de 25 a 30)
ou obesa (IMC superior a 30), o que leva a um aumento da doença, explica
Airton Goldbert, endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia.
Por isso, mesmo que o diabetes esteja
sendo diagnosticado precocemente, os casos não param de crescer.
Exame da hemoglobina glicada
É
possível que alguém já tenha tentado abrir o próprio exame de
diagnóstico de diabetes e tenha ficado confuso. Pode acontecer de a
glicemia em jejum estar dentro dos padrões, mas a hemoglobina glicada
não, configurando o pré-diabetes ou diabetes. Mas como isso acontece?
O
exame de sangue que indica os valores da hemoglobina glicada é o
padrão-ouro em diagnóstico. “A glicemia em jejum é uma ‘fotografia do
momento’, a hemoglobina glicada é como um vídeo, que mostra o
comportamento ao longo de três meses”, explica o endocrinologista Fadlo
Fraige Filho. Dessa forma, aquela clássica dieta que muitos fazem uma
semana antes do exame não vai alterar em nada no diagnóstico do
diabetes, já que a avaliação da hemoglobina glicada tem o histórico dos
últimos 3 meses.
Devido à importância do assunto, Fraige Filho
prefere chamar a pré-diabetes como "início da doença." "Essa
terminologia 'pré' se entende como situação prévia. Se sou pré, eu não
sou. É uma terminologia inadequada. Prefiro chamar isso de início da
doença porque já podem aparecer sintomas."
iG
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