Mais de um décimo afirmou que havia dito para um adulto ou guardião de um menor algo que não era verdade |
Uma nova pesquisa descobriu que alguns médicos não são sinceros quanto a recuperação dos pacientes, e o motivo pode ser o medo de processos.
Em um novo estudo, mais de 1.800 médicos dos Estados Unidos responderam a uma pesquisa anonimamente. “50% afirmou que descreveram, no ano passado, um prognóstico melhor para o paciente do que o verdadeiro”, comenta a pesquisadora Lisa Lezzoni, do Hospital Geral de Massachusetts.
Mais de um décimo afirmou que havia dito para um adulto ou guardião de um menor algo que não era verdade. “Quase 20% dos médicos não revelou algum erro aos pacientes por medo de serem processados”, afirma a pesquisadora.
Entretanto, a pesquisa não perguntou por explicações. Em alguns casos, podia haver uma razão plausível para distorcer a verdade, de acordo com ela. Um paciente com uma doença terminal pode pedir ao médico para não dizer o quão ruim a situação é, por exemplo.
Os pesquisadores quiserem estudar se os médicos seguiam a cartilha de profissionalismo recomendada. Essa cartilha, publicada pela bancada de médicos americanos em 2002, foi apoiada por mais de 100 grupos profissionais do meio. Ela assegura as responsabilidades e tópicos de comunicação, como a honestidade no trato com os pacientes.
Cada profissional recebeu quase R$ 40 para responder às perguntas. Entre as descobertas, a maioria concordou que deveria:
- Informar os pacientes sobre todos os riscos e benefícios de um tratamento.
- Não mentir.
- Não comentar informações confidenciais com pessoas não autorizadas.
Entre as respostas estão:
- Mais de um terço não concorda plenamente que deveriam divulgar os laços financeiros com empresas médicas e de medicamentos.
- Mais de um quarto afirma ter revelado informações de saúde confidenciais sobre um paciente.
- As mulheres tiveram mais tendência a afirmar que seguem os princípios do que os homens.
- Médicos pertencentes a minorias raciais tiveram mais tendência a dizer que seguem os princípios do que brancos ou asiáticos.
E, de acordo com Lezzoni, a honestidade também varia de acordo com a especialidade médica. Cardiologistas e cirurgiões gerais têm mais tendência a dizer que possuem uma comunicação sincera com os pacientes do que os outros.
Lezzoni afirma não ter se abatido pelos resultados. “Eu não penso que isso traga muitas questões sobre o modo de cuidado entre os pacientes e os médicos”, diz. “Você não vai conseguir uma relação entre os dois até que os pacientes estejam totalmente informados e possam ser educados e envolvidos em seus cuidados médicos, até onde eles quiserem. Meu conselho para os pacientes é que eles pensem muito bem sobre até que ponto querem uma conversa aberta. Se querem, que estejam conscientes que isso é algo que os médicos são obrigados profissionalmente e eticamente a fazer”, explica.
Para ela, os pacientes deveriam se sentir confortáveis em fazer perguntas aos médicos. Entretanto, ela admite que isso pode ficar complicado. Um exemplo: perguntar se o médico tem ligações com a empresa que fabrica o remédio receitado. (Nos Estados Unidos, as empresas farmacêuticas devem informar pagamentos maiores do que U$ 10. A medida começa a valer em março de 2013. A informação estará na internet).
Também, às vezes um médico pode estar distorcendo a verdade para seu interesse próprio ou do paciente. Por exemplo, se o paciente é altamente ansioso e tem um exame que foge levemente do normal – mas não é um problema para sua saúde, o médico pode preferir não acionar um alarme desnecessário.
E você? O que pensa sobre isso?
Fonte Hypescience