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Foto:
Arte / Kzuka |
Especialista dão dicas para adolescentes que estão na dúvida sobre a própria aparência
Tá pensando em fazer uma cirurgia plástica, mas ainda não tem certeza
se é uma boa? Então a gente explica direitinho o que é preciso saber
antes de encarar uma mudança radical dessas.
Você sabia que o Brasil foi o país que mais realizou cirurgias
plásticas no mundo em 2013? Esse foi o primeiro ano em que o nosso país
ficou à frente dos EUA. Isso mostra o quanto estamos inseguros e
insatisfeitos com a nossa aparência. E os jovens estão cada vez mais
procurando esses recursos como forma de melhorarem suas auto-estimas.
No ano passado, foram realizadas no Brasil 1,491 milhão de cirurgias
plásticas*, que significa mais de 4 mil operações por dia.
Dessas, mais
da metade foram em modificações nos seios (implantes de silicone,
diminuição e reparo) e em lipoaspiração. Outros procedimentos menores
também fazem parte da lista, como operações nas orelhas (abano) e nariz.
Esse crescimento, que nos colocou em primeiro lugar no ranking das
plásticas, tem muito a ver com o aumento da procura dos jovens.
O
primeiro passo antes de se comprometer com a cirurgia é identificar se
você realmente quer essa mudança ou é apenas uma vaidade. O cirurgião
plástico Dr. Antônio Carlos S. Minuzzi Filho comenta que cabe ao médico
identificar se a queixa da paciente é justificável e se a cirurgia está
indicada ou não. Às vezes, o jovem pode estar certo de que precisa de
uma mudança radical, mas nem conhece alguns tipos de tratamentos não
invasivos que podem ajudar.
Outra preocupação tem que ser se você já pode realizar uma operação.
Não existe uma idade mínima, mas, dependendo do procedimento, como no
caso da prótese de silicone, é preciso que a menina já tenha menstruado
pela primeira vez há mais de cinco ou seis anos, para que tenha tido
tempo suficiente para desenvolver as mamas. E, em casos como
rinoplastia, a plástica no nariz, é preciso que o corpo já tenha
estabilizado o crescimento.
Você decide, mas com ajuda
Antes de tomar essa
decisão, o melhor que o paciente pode fazer é conversar com os pais ou
com alguém de confiança. Segundo a psicóloga e psicanalista Juliana
Corte Vitória, quando a imagem que vemos no espelho traz algum tipo de
tristeza, cabe perguntar-se se essa insatisfação diz respeito a algo
físico ou se revela uma dor de ordem emocional, que necessita ser
compreendida, e não será curada com uma cirurgia. Isso serve
principalmente para quem está entrando nessa onda por causa dos
comentários dos amigos. Se algo não te incomoda, não faça pelos outros.
Ainda de acordo com a psicóloga, algumas insatisfações que você pode ter
enquanto jovem podem desaparecer ou se transformar com o tempo, então
não apresse uma decisão definitiva.
– Sabemos que somos seres que se constituem a partir do olhar do
outro, e também no olhar de nossos amigos esperamos responder à dúvida
de quem somos, ou se somos amados ou não. Sabemos também que os jovens
são muito preocupados em ser aceitos pelo seu grupo, e que qualquer
diferença ou característica que denuncie a não correspondência aos
ideais pode ser apontada como uma falha e motivo de deboche comenta a
psicóloga Juliana.
Para menores
O número de cirurgias plásticas em
adolescentes entre 14 e 18 anos mais do que dobrou em quatro anos.
Saltou de 37.740 procedimentos em 2008 para 91.100 em 2012 (141% a
mais), segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
(SBCP). Algumas cirurgias, como as correções de orelha, podem ser
realizadas ainda cedo, quando crianças, mas em alguns casos é preciso
esperar o tempo certo. Independentemente da cirurgia, uma operação
plástica em menores de idade só é realizada com a autorização e a
presença dos pais, então não adianta ter a grana em mãos se os pais não
liberarem.
Trace um plano
Além de certeza, é preciso
planejamento. Se você decidir operar alguma parte do corpo, vai ser
preciso fazer diversos exames, inclusive do coração, para que comprove
que você está em perfeitas condições. Entre a decisão e o dia da
cirurgia, podem se passar meses. Aproveite esse tempo para estudar o
procedimento e a sua recuperação.
Relatos
"Sempre fui superinsatisfeita com o meu
nariz na época da escola. Todo mundo me zoava e me chamava de nariguda, e
outros apelidos chatos. Tinha muito medo de fazer a cirurgia, mas na
época meus pais me incentivaram. Tomei coragem e fiz com 17 anos, um
pouco antes da minha festa de formatura. Sofri bastante durante a
recuperação, parecia que não tinha ficado como eu queria, mas, no fim,
depois de uns seis meses, curti o resultado. Logo que saí da escola, dei
uma engordada e resolvi voltar no médico. Queria fazer uma lipo, pois
tinha perdido o medo de cirurgias plásticas. Nem contei para minha mãe,
só quando tomei a decisão e precisava do dinheiro para pagar. Mas meus
pais foram contra e não me apoiaram. Comecei a fazer estágio e, dois
anos depois, consegui dinheiro para fazer a cirurgia por conta própria.
Amei o resultado e hoje já penso em colocar silicone."
M., 22 anos
"Eu sempre gostei de corpão e era uma magrela na escola. Não tinha
corpo nenhum, zero curvas. Nenhum menino me olhava. Quando fiz 15 anos,
minha mãe me perguntou se eu queria ir pra Bariloche com a turma da
escola. Eu neguei e implorei para trocar por uma cirurgia plástica.
Deixei de viajar para colocar silicone. No início, meus pais negaram e
acharam que eu tinha surtado. Mas os convenci a irmos a um cirurgião. O
médico explicou que meu corpo já estava formado e colocar prótese não
seria um problema. Foi uma briga, mas meus pais acabaram cedendo. Nas
férias de julho, enquanto todo mundo viajava, eu colocava peitos! Não me
arrependo e acho que foi a melhor compra que eu já fiz na vida!"
B., 19 anos
"Todo mundo deve falar que a sua operação era essencial, mas a
minha foi mesmo. Aos 13 anos, eu usava sutiã tamanho 56. Tinha tanta dor
nas costas por conta do peso que até surgiu um caroço! Além de me
sentir estranha perto das minhas amigas que nem tinham peitos ainda, eu
sentia muita dor. Só queria ficar em casa deitada. Até que um dia minha
mãe me levou ao médico e descobrimos a possibilidade de fazer uma
redução. A cirurgia e a recuperação não foram nada fáceis, pelo
contrário, foi dolorido e demorado. Mas hoje, com o número 44, posso
fazer tudo normal: esportes, danças, caminhadas."
J., 15 anos
Zero Hora