Os resultados da pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, a pedido do
Conselho Federal de Medicina (CFM), sobre a saúde no país foram
questionados pelo governo e representantes da saúde privada
Divulgado
na última terça-feira (19), o estudo aponta que os serviços públicos e
privados de saúde no Brasil são considerados regulares, ruins ou péssimos por 93% da população.
De acordo com a pesquisa, 60% dos entrevistados deram nota de 0 a 4
para a saúde (pública e privada); 32%, nota de 5 a 7; 7%, nota de 8 a
10; e 0,4% responderam que não sabem.
Em nota, a Federação
Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa as principais
operadoras de saúde do país, considera que o resultado da pesquisa
contraria o cenário apontado por indicadores do próprio órgão regulador
do mercado e do Procon-SP.
“Segundo a última edição da publicação
Foco – Saúde Suplementar, da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS), em março de 2014, o índice de reclamações dos beneficiários caiu
pelo quinto mês consecutivo, para os conjuntos de operadoras de pequeno,
médio e grande porte. Entre as dez áreas monitoradas pelo Procon-SP, os
planos de saúde ocupam, ano após ano, as posições 7º, 9º, 8º e 7º no ranking
de queixas, de 2010 a 2013. As operadoras de planos de saúde estão
empenhadas em corrigir eventuais imperfeições no atendimento e os
indicadores mostram essa determinação”.
Procurada pela
reportagem, a ANS, agência que regula os planos de saúde, informou que
não vai comentar os resultados da pesquisa porque não há um recorte que
trate especificamente da saúde privada no país. A pesquisa do CFM tinha o
objetivo de "conhecer a percepção e as opiniões da população
brasileira com idade acima de 16 anos sobre a saúde no país, com foco
especial no atendimento oferecido pelo SUS [Sistema Único de Saúde]".
Já
o Ministério da Saúde divulgou ontem (20) uma nota de repúdio ao
estudo, argumentando que o levantamento foi feito de maneira tendenciosa
e distorcida e se referindo aos dados como um desserviço ao SUS. “A
atitude desrespeita e denigre o esforço de milhões de gestores e
profissionais que atuam na rede pública e privada de saúde, como os
próprios médicos. A pesquisa, se analisada com seriedade, poderia trazer
contribuições para o aperfeiçoamento do sistema de saúde brasileiro,
nas suas esferas público e privada.”
Para a pasta, o conselho
induz a opinião pública ao erro quando afirma que 93% da população
atribuíram uma nota negativa ao sistema de saúde (público e privado) no
país, já que a pesquisa mostra que 74% dos entrevistados deram notas
superiores a 5 para os serviços ofertados pelo SUS. De acordo com a
pesquisa, dos entrevistados que usaram um serviço da rede pública, 26%
deram nota de 0 a 4 sobre a qualidade dos serviços; 44%, nota de 5 a7;
30%, nota de 8 a10; e 1% não sabem.
“Não há dúvida que, ao
apontar que 96,7% dos entrevistados tiveram acesso aos serviços de
saúde, a pesquisa permite dizer que União, estados, municípios,
prestadores de serviço complementar e parceiros estão no caminho certo
para a garantia do direito constitucional à saúde”.
O CFM, por
sua vez, divulgou uma nota de esclarecimento onde ressalta que os
resultados da pesquisa expressam a percepção dos brasileiros sobre o
tema e que os dados foram coletados e analisados por uma das
instituições mais reconhecidas do país.
“As conclusões foram
organizadas metodologicamente pelos pesquisadores do Datafolha, que
fizeram a análise dos resultados com autonomia, isenção e idoneidade,
cabendo ao CFM apenas sua divulgação. Para o CFM, a efetiva e real
construção do Sistema Único de Saúde (SUS) passa pela transparência e
pelo respeito à percepção e às necessidades dos cidadãos, as quais devem
pautar as políticas públicas e as decisões dos gestores nas três
esferas – União, Estados e Municípios”.
O conselho acrescentou
que repudia ataques à instituição, que representa 400 mil médicos e
participou do processo de construção do SUS com outorga legal para agir
em defesa da medicina e da assistência de qualidade. “Ao revelar os
dados da pesquisa, o CFM agiu imbuído do seu senso de responsabilidade e
apresentou ao conhecimento público a percepção dos brasileiros, que,
como reiterado, diariamente demonstram sua insatisfação com os rumos da
saúde do país”, concluiu.
Agência Brasil
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