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terça-feira, 28 de julho de 2015

Dia Mundial de Combate à Hepatite

Hoje é comemorado o Dia Mundial de Combate à Hepatite. Grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, a hepatite é a inflamação do fígado. Pode ser causada por vírus, uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas
 
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Existem, ainda, os vírus D e E, este último mais frequente na África e na Ásia. Milhões de pessoas no Brasil são portadoras dos vírus B ou C e não sabem. Elas correm o risco das doenças evoluírem (tornarem-se crônicas) e causarem danos mais graves ao fígado como cirrose e câncer. Por isso, é importante ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que detectam a hepatite e manter as vacinas para hepatite A e B em dia.
 
Para saber se há a necessidade de realizar esses exames observe se você já se expôs a alguma dessas situações:

• Contágio fecal-oral: condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos (vírus A e E);

• Transmissão sanguínea: praticou sexo desprotegido, compartilhou seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam (vírus B,C e D);

• Transmissão vertical: da mãe para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação (vírus B,C e D)

No caso das hepatites B e C é preciso um intervalo de 60 dias para que os anticorpos sejam detectados no exame de sangue.
 
A evolução das hepatites varia conforme o tipo de vírus. Os vírus A e E apresentam apenas formas agudas de hepatite (não possuindo potencial para formas crônicas). Isto quer dizer que, após uma hepatite A ou E, o indivíduo pode se recuperar completamente, eliminando o vírus de seu organismo. Por outro lado, as hepatites causadas pelos vírus B, C e D podem apresentar tanto formas agudas, quanto crônicas de infecção, quando a doença persiste no organismo por mais de seis meses.
 
As hepatites virais são doenças de notificação compulsória, ou seja, cada ocorrência deve ser notificada por um profissional de saúde. Esse registro é importante para mapear os casos no país e ajuda a traçar diretrizes de políticas públicas no setor.
 
Sintomas
Em grande parte dos casos, as hepatites virais são doenças silenciosas, o que reforça a necessidade de ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que detectam os vários tipos. Geralmente, quando os sintomas aparecem a doença já está em estágio mais avançado. E os mais comuns são: febre, fraqueza, mal-estar, dor abdominal, enjoo/náuseas, vômitos, perda de apetite, urina escura (cor de café), icterícia (olhos e pele amarelados), fezes esbranquiçadas (como massa de vidraceiro).
 
Vacina - Atualmente, existem vacinas para a prevenção das hepatites A e B. Não existe vacina contra a hepatite C, o que reforça a necessidade de um controle adequado da cadeia de transmissão no domicílio e na comunidade, bem como entre grupos vulneráveis, por meio de políticas de redução de danos.
 
Vacina contra a hepatite A
A vacina contra a hepatite faz parte do calendário nacional de vacinação e é indicada para crianças de 1 ano a menores de 2 anos, em dose única, e com proteção permanente.
 
Quando necessário, a vacina de hepatite A pode ser recomendada pelos médicos e estão disponíveis nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) nas seguintes situações:
 
. hepatopatias crônicas de qualquer etiologia;

. portadores crônicos das hepatites B ou C;

. coagulopatias;

. crianças menores de 13 anos com HIV/aids;

. adultos com HIV/aids que sejam portadores das hepatites B ou C;

. doenças de depósito (doenças genéticas);

. fibrose cística;

. trissomias (como síndrome de Down);

. imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora;

. candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes;

. transplantados de órgão sólido ou de medula óssea;

. doadores de órgão sólido ou de medula óssea, cadastrados em programas de transplantes;

. hemoglobinopatias (doenças do sangue).
 
Vacina contra a hepatite B
A vacina contra a hepatite B faz parte do calendário de vacinação da criança, do adolescente e do adulto e está disponível nas salas de vacina do Sistema Único de Saúde (SUS), que ampliou a oferta da vacina para a faixa etária de 30 a 49 anos. Além disso, todo recém-nascido deve receber a primeira dose logo após o nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. Se a gestante tiver hepatite B, o recém-nascido deverá receber, além da vacina, a imunoglobulina contra a hepatite B, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão de mãe para filho. Caso não tenha sido possível iniciar o esquema vacinal na unidade neonatal, recomenda-se a vacinação na primeira visita à unidade pública de saúde.
 
Tratamento para Hepatite C
Os pacientes infectados com o vírus da hepatite C vão contar, a partir deste ano, com um tratamento que inclui três tipos de medicamentos e tem atingido a taxa de erradicação de 80% a 90% dos casos da doença. Serão incluídos no SUS os medicamentos Sofosbuvir, Daclatasvir e o Simeprevir.
 
O tratamento da hepatite C no Brasil durava 48 semanas, com inúmeros efeitos colaterais e taxa de resposta em torno de 50%. Com a evolução dos remédios, esse número avançou nos últimos anos e a taxa atingiu 70%, mas ainda apresentava efeitos colaterais, que afastavam os pacientes do tratamento.
 

Site orienta profissionais quanto a interações medicamentosas

Criado em 2010 para orientar médicos e especialistas quanto às interações medicamentosas, o site Hep Drug Interactions, da Universidade de Liverpool, é uma importante ferramenta no tratamento das hepatites virais
 
Um treinamento para profissionais de saúde sobre como utilizar o site aconteceu na última  sexta-feira (24), durante a 18ª edição do Simpósio Hepatologia do Milênio.
 
“Através do portal, o médico pode gerenciar o tratamento de seus pacientes e ver como os medicamentos interagem entre si, para que tenham a eficácia desejada”, declarou o professor de farmacologia da Universidade de Liverpool, David Back, coordenador do site. A página, que possui cerca de 10 mil acessos diários, também apresenta as possíveis consequências das interações de medicamentos utilizados para o tratamento de agressões ao fígado com vitaminas e ervas, como ginkgo biloba, por exemplo.
 
O site se propõe a oferecer informações clinicamente úteis e atualizadas sobre as interações, livremente disponíveis para os profissionais de saúde, pacientes e pesquisadores. Estes dados também estão disponíveis no aplicativo HEP iChart, disponível para Android e iOS.
 
Durante três dias, o Simpósio Hepatologia do Milênio 2015, coordenado pelo médico hepatologista Dr. Raymundo Paraná, reuniu mais de mil profissionais de diversas unidades da federação, além de países latino-americanos, Angola e Portugal. Realizado há 18 anos na capital baiana, o Simpósio tem como objetivo o treinamento multidisciplinar para acompanhamento das doenças do fígado.
 
Saúde Business

Solução é desenvolvida para evitar fraudes nas compras de OPMEs

Fraudes em compras de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs) podem ser punidas, em função de projeto de lei que prevê a pena para empresas, médicos e funcionários públicos que tentam lucrar, de forma ilícita, com a venda ou prescrição desses produtos
 
A proposta é do Ministério da Saúde e é resultado do relatório feito pelo grupo de trabalho criado em janeiro, depois de várias denúncias. A proposta é que a prática seja considerada estelionato, cuja pena é de um a cinco anos de prisão.
 
Para quem quer estar enquadrado de forma correta e evitar problemas, a solução está disponível no mercado brasileiro desde 2008. Trata-se da Inpart Saúde, que nasceu com o objetivo de controlar a gestão de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs) nos hospitais e planos de saúde.
 
Para isso, a empresa criou um sistema inovador de gestão e compras de OPMEs, que usa um banco de dados completo e preciso, com informações de mais de 1.300 fornecedores e um total de 320 mil materiais OPME únicos, qualificados por fabricante, fornecedor, tipo de cirurgia, incluindo código de fabricante, TUSS, descrições completas e consulta ao vencimento dos registros junto à ANVISA.
 
Por ser 100% automatizado, o sistema possibilita ao hospital ou entidade médica uma rápida montagem e solicitação de cotações, pedidos de materiais e de faturamento aos fornecedores, em tempo real e com histórico completo, gerando inúmeros ganhos de eficiência e organização.
 
Entre tantos diferenciais, o sistema da Inpart Saúde mantém o sigilo dos dados transacionados, ou seja, eles não podem ser visualizados por outras empresas cadastradas, o que garante a confidencialidade nas negociações e transações realizadas.
 
Com atuação nacional, a Inpart Saúde tem uma média de 16 mil cotações/mês, mais de 5 mil usuários cadastrados e 99,9% de disponibilidade do sistema 24/7.
 
De acordo com Neto Carloni, diretor da empresa, passa pelo sistema, mensalmente, mais de R$ 100 milhões de compras dos clientes. “Nosso trabalho tem como foco a transparência das transações de compras na área de saúde e, dessa forma, clientes têm ganho operacional e, principalmente, financeiro, além de poderem rastrear o processo e controlar fraudes”, destaca.
 
“Crescemos ano a ano e esperamos um crescimento de 20% em 2015, em razão de termos um sistema que é muito bom bem aceito pelo mercado e que pode ser utilizado por empresas de todos os portes, uma vez que é totalmente customizável. Como exemplo, temos cliente que economizou 13% no primeiro ano de utilização, o que equivale a R$ 1,1 milhão. Outro cliente, no quinto ano de utilização, economizou 5%, ou seja, mais de R$ 2 milhões”, finaliza Neto.
 
Saúde Business

Antes de operar, saiba mais sobre seu cirurgião

Por
 
Medir a performance dos profissionais de saúde e, com isso, identificar aspectos a serem melhorados para todos os lados, gerar transparência dos resultados da instituição, compartilhá-los com a população a fim de auxiliar a decisão de onde e com quem se tratar. Com base nisso, criar maneiras de estimular o desempenho dos profissionais, podendo até estabelecer remuneração diferenciada. Se as instituições perseguissem metas como essas, o caminho para o estabelecimento da confiança estaria sendo consolidado.
 
Há iniciativas no Brasil, mas o que impera nas relações entre os players ainda é a desconfiança e a tentativa de encontrar culpados. Entretanto, uma notícia nos EUA me chamou a atenção, demostrando um avanço neste sentido. A corporação norte-americana sem fins lucrativos ProPublica anunciou um serviço, em parceria com o Medicare, que mede a performance de cirurgiões em oito procedimentos eletivos.
 
Conduzido por especialistas, a ferramenta faz os cálculos considerando índices de mortalidade, de complicações, assim como as condições de saúde dos pacientes, a idade e a qualidade do hospital.
 
Apesar de muitos hospitais serem considerados bons nos EUA, a ProPublica tem encontrado grandes variações na performance dos cirurgiões. Quase metade dos hospitais analisados obtiveram desempenhos abaixo do esperado, com altos índices de complicações.
 
• 16.827 cirurgiões foram analisados em 3.575 hospitais

• 63.173 pacientes do Medicare foram readmitidos com complicações entre 2009 e 2013

• 3.405 pacientes do Medicare morreram durante a o período de internação para a cirurgia, também entre 2009 e 2013

• O sistema de seguros de saúde Medicare pagou $645.3 milhões para os hospitais por essas readmissões
 
Os procedimentos selecionados foram os mais comuns, aqueles realizados mais de mil vezes por dia, e em geral sem incidentes. Foram contemplados os procedimentos programados com antecedência e excluídos os pacientes provenientes de emergências, assim como de procedimentos particulares ou pagos por convênios médicos.
 
São eles:

01. Substituição de joelho
Substituição do joelho doente (articulação) por um artificial
 
02. Substituição de quadril
 
03. Remoção da vesícula biliar | Laparoscopia
Remoção da vesícula biliar por meio de procedimento minimamente invasivo
 
04. Fusão da Espinha Lombar / posterior
A fusão de duas ou mais vértebras da parte inferior das costas (coluna vertebral), realizada na parte de trás da coluna vertebral
 
05. Fusão da Espinha Lombar / coluna anterior
A fusão de duas ou mais vértebras da parte inferior das costas (coluna vertebral), realizada na parte frontal da coluna vertebral
 
06. Ressecção da próstata
Ressecção e remoção de uma porção da próstata através da uretra
 
07. Remoção da próstata
Remoção de toda a glândula da próstata através do método aberto, ou laparoscópica ou robótico
 
08. Fusão da Espinhal Cervical (pescoço)
Fusão de duas ou mais vértebras do pescoço, com dispositivos ortopédicos para mantê-los no lugar
 
Saúde Business

Abrafarma defende maior prazo para implantação da rastreabilidade

Entidade defende mais discussão para garantir eficiência na execução da Lei

O Brasil vem se preparando para adotar a rastreabilidade, uma solução para trazer mais segurança aos medicamentos consumidos no País. No entanto, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) defende mais tempo de discussão para que a medida não seja implementada erroneamente e amplie o risco de falta de medicamentos nas prateleiras.

Aprovada em 2009 pela Lei 11.903, a medida prevê que cada um dos mais de quatro bilhões de medicamentos produzidos e comercializados contenha uma forma de ser identificado individualmente e possa ser acompanhado desde sua produção até o consumidor final, inclusive com informações sobre o médico que o prescreveu. “Porém, o primeiro entrave é o tempo de implantação. Enquanto na Europa e nos Estados Unidos foi estipulado um prazo de dez anos, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impôs um limite de apenas três”, observa o presidente executivo da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto.

“A mudança trará um impacto em mais de três mil linhas de produção, que terão de ser modificadas em tempo recorde, inclusive nos laboratórios públicos, cuja escassez de recursos é conhecida. Mais de quatro bilhões de unidades serão monitoradas diariamente e, para isso, os mais de 180 mil estabelecimentos – entre farmácias, hospitais e postos de saúde – terão de se adequar tecnologicamente. Será uma complexa operação logística”, adverte.

O executivo propõe que essas informações sejam gerenciadas diretamente pelo governo federal, assim como ocorrerá na Argentina e na Turquia e seguindo o que será implementado nos Estados Unidos e na Comunidade Europeia. Estas preocupações já foram levadas à Anvisa, que está estudando o assunto. “O debate com a Anvisa e no Congresso são positivos, pois aprofundam a discussão quanto à implantação da rastreabilidade, cuja importância é inegável, desde que adotada com eficácia, segurança e respeito à inviolabilidade da informação das farmácias, dos prescritores e dos usuários de medicamentos”, conclui.

Guia da Pharmacia

Dieta sem glúten: necessidade médica ou moda injustificada?

Jornalista pesquisou dieta por causa de doença de seu filho, e descobriu que seu apelo - e crescente popularidade - é bem mais forte do que pensava
 
Milhões de pessoas em todo o mundo estão abrindo mão do glúten. O jornalista da BBC William Kremer é um deles. Ele tem suas razões para ter deixado de comprar pão e bolos tradicionais. Mas ele não tem certeza do porquê de tantas pessoas estarem cortando esse alimento de suas dietas, como ele pondera abaixo:
 
É assim que você se livra do glúten na sua vida. Primeiro, tire todo os pães, farinhas e cereais matinais de trigo do seu café da manhã. Em seguida, jogue fora todos os potes de manteiga ou geleia que estavam aberto, porque pode ter migalhas de pão ou bolacha neles.
 
Além disso, chame seus amigos para acabar com todas as cervejas que você tenha em casa. Milhões de pessoas estão fazendo isso e muito mais à medida que estão convertendo seus corpos em áreas livres de glúten.
 
Apenas nos Estados Unidos, cerca de 70 milhões de pessoas – ou 29% da população adulta – garante que está tentando cortar o consumo de glúten, de acordo com um levantamento divulgado pela empresa de pesquisas NDP.
 
Já no Reino Unido, 60% dos adultos já compraram um produto sem glúten, de acordo com dados do site de pesquisas YouGov, e em 10% dos lares há alguém que acredita que glúten faz mal para a saúde.
 
Foi assim que a minha casa passou a fazer parte desses 2,6 milhões de lares.
 
Em fevereiro, o meu filho Sam, de 21 meses, contraiu o que parecia ser um vírus. Eu e minha mulher nos revezamos para lidar com o vômito e a diarreia, na expectativa de que tudo fosse melhorar em alguns dias.
 
Mas semanas se passaram e isso não aconteceu. Sam começou a perder peso. No banho, podíamos ver suas costelas em cima da barriga, que estava inchada como um balão.
 
Ele parou de andar e não conseguia mais ficar de pé – sua personalidade animada começou a desaparecer. Ele gritava com estranhos e se recusava a nos olhar nos olhos. Dia e noite, nossa casa estava imersa em canções de ninar de vídeos do YouTube – a única coisa que parecia animar Sam.
 
Um dia, na área de emergência de um hospital, um pediatra mencionou pela primeira vez algo que eu nunca tinha ouvido falar: doença celíaca. Um exame de sangue e uma biópsia confirmaram que meu filho tinha essa doença autoimune que é causada pelo glúten, um conjunto de proteínas.
 
O glúten pode ser encontrado no trigo e proteínas muito semelhantes estão presentes na cevada e no centeio. Segundo os médicos nos disseram, até mesmo uma migalha de pão pode desencadear os sintomas de Sam.
 
Dificuldades para processar o glúten
Vou dizer isso do melhor jeito possível, mas o Sam é um retrocesso evolucionário. Volte no tempo 10 mil anos e todo mundo estava numa dieta sem glúten. E então eles começaram a cultivar a terra: uma revolução agrária que deu à nossa espécie tempo livre para construir civilizações e desenvolver cultura e tecnologia.
 
Os seres humanos têm muito a agradecer ao glúten. Ele transforma o pão em um produto mais suave ao fazer com que a massa cresça durante a cocção.
 
No corpo dos celíacos, a presença do glúten faz o sistema imunológico acreditar que está sendo atacado por micróbios
 
Mas ele é a única das proteínas que não pode ser decomposta totalmente pelo corpo humano e transformada em aminoácidos.
 
O máximo que conseguimos fazer é dividi-lo em cadeias de ácidos chamados peptídios.
 
Eles normalmente passam pelo corpo da maioria das pessoas. No entanto, os sistemas imunológicos de celíacos (pessoas que sofrem do transtorno) são geneticamente predispostos a vê-los como micróbios invasores.
 
Uma guerra começa e há vários efeitos colaterais: uma redução das vilosidades intestinais, dobras que cobrem o intestino delgado e são responsáveis por absorver os nutrientes e levá-los até o fluxo sanguíneo.
 
À medida que se atrofiam, sua superfície diminui e não faz seu trabalho como deveria.
 
Dieta em moda
A doença celíaca é bem comum. Ela afeta cerca de 1% das pessoas do mundo desenvolvido, de onde se tem dados.
 
Mesmo com essa abrangência, isso não explica a crescente popularidade da dieta sem glúten.
 
Segundo a empresa de análise de mercado Mintel, 7% dos adultos britânicos evitam o glúten por conta de alergia ou intolerância (estritamente falando, a doença celíaca não é nem uma coisa nem outra) e mais de 8% o evitam por conta de um "estilo de vida saudável".
 
A opinião de que o glúten faz mal não apenas para celíacos mas para todo mundo é apoiada por uma corrente de blogueiros, nutricionistas que vendem best sellers e famosos.

Estou tentando cortar ou evitar glúten em minha dieta - gráfico bbc (Foto: bbc )
Um levantamento da Mintel estima em US$ 9 bilhões o mercado americano de produtos sem glúten.

Uma análise nas buscas on-line nos últimos anos sugere que o aumento do interesse nas dietas sem glúten tem pouco a ver com uma crescente consciência sobre o celíaco e está muito mais relacionado à popularidade de dietas como a "paleo", que busca um retorno à Idade da Pedra no que se refere a hábitos alimentares.
 
Mas muitos acabaram se interessando pelo conceito de abrir mão do glúten pela simples razão de acreditarem que isso as fará se sentir melhor, pelo que percebi nas conversas com visitantes de uma feira de alimentação em Londres, a Allergy and Free From exhibition, dedicada a alimentos que causam alergia e dietas alternativas como vegetariana e vegana.
 
Muitos dos 35 mil visitantes buscavam informações ou produtos ligados a dietas particulares específicas. Mas, como me disse o diretor do evento, Tom Treverton, é cada vez mais comum achar pessoas "que querem cortar algo de sua dieta por outra razão - não porque são alérgicas, mas porque se sentem melhor quando o fazem, e acreditam que isso seja saudável".
 
Muitas das pessoas com quem conversei tinham preocupações genuínas com a saúde. Encontrei celíacos que estavam ali em busca de um pão ou uma cerveja (sem glúten) decentes, mas falei com um número ainda maior de pessoas que se descreveram como "intolerantes a glúten".
 
Elizabeth Jones, por exemplo, me contou que começou a sofrer de intolerância a glúten aos 15 anos. "É muito constrangedor aparecer em um evento social com os lábios ou a cara inchada", disse ela.
 
Ela cortou glúten e outros alimentos de sua dieta - a lista incluía sementes de uva - o que pareceu ter aliviado os sintomas.
 
Outra mulher, Debra, de Hertfordshire, costumava sofrer de refluxo gástrico. Ela testou negativo para doença celíaca, mas um nutricionista do hospital recomendou que ela cortasse glúten de sua dieta mesmo assim.
 
Ela é enfermeira especializada em gastroenterologia pediátrica e me disse que sua situação melhorou; ela disse também que entre seus pacientes havia várias crianças que não apresentavam danos nas vilosidades intestinais - e que, portanto, também não sofriam de doença celíaca - mas que, como ela, tiveram uma melhora em sua condição quando pararam de comer glúten.
 
Médicos especialistas acreditam que é hora de ampliar o espectro do que são considerados problemas causados pelo glúten, que abarcaria desde a doença celíaca como também a sensibilidade ao glúten.
 
O médico italiano Alessio Fasano, diretor do Centro de Pesquisas Celíacas nos Estados Unidos, é um grande defensor dessa visão.
 
Em 1993, ele assumiu o departamento de gastroenterologia pediátrica na Universidade de Medicina de Maryland. Ele era um médico jovem vindo de Nápoles, onde ele atendia ao menos 20 ou 30 crianças por semana com doença celíaca.
 
Mas nos Estados Unidos, a história era outra: "Passavam-se dias, semanas, meses e eu não atendia nenhum caso sequer." Depois, ele percebeu que o problema era uma questão de diagnóstico mal feito.
 
Mesmo diante do ceticismo de seus colegas, ele fez um estudo com 13 mil pessoas que o ajudou a mudar os dados: a prevalência de um celíaco para 10 mil pessoas passou de um para cada 133.
 
Interesse ao longo do tempo pela dieta sem glúten (Foto: bbc)
Interesse ao longo do tempo pela dieta sem glúten (Foto: BBC)

Sua clínica agora atende mais de mil pacientes por ano.
 
Diferentemente de alergia ao trigo, a sensibilidade ao glúten não tem uma série de biomarcadores conhecidos e, por isso, os médicos não podem saber se o paciente sofre desse problema com um simples teste – há um exame de sangue, mas os resultados são imprecisos para muitos pacientes.
 
Assim, essa doença só pode ser diagnosticada ao se eliminar outros problemas e, em seguida, testar uma dieta sem glúten.
 
Mas, para Fasano, ainda que o glúten não tenha valor nutricional em si, fazer uma mudança radical no que se come sem a ajuda de um especialista é péssima ideia.
 
"Deixar de ingerir glúten te priva de muitos elementos-chave em sua dieta, como vitaminas e fibras, fundamentais para uma nutrição equilibrada."
 
Perder peso?
Parte da polêmica em torno do glúten vem da dificuldade de se distinguir os benefícios que qualquer um pode experimentar ao adotar uma dieta sem glúten com efeito placebo (o poder das expectativas do paciente de que o tratamento levará à cura).
 
Outra parte dessa questão controversa vem do fato de não se saber exatamente quantas pessoas são afetadas.
 
Fasano calcula que o número pode estar em até 6% da população. Mas com 29% dos americanos adultos tentando evitar glúten, há 22% (ou 53 milhões de pessoas) que não estão no espectro de doenças relacionadas ao glúten, mas ainda sim querem deixar de ingeri-lo.
 
Apenas em 2013, 200 milhões de pratos sem glúten foram pedidos em restaurantes americanos, segundo a NPD.
 
"Estamos quebrando a cabeça para entender esse fenômeno social. Começamos essa batalha, por assim dizer, para sensibilizar os americanos sobre os celíacos. Mas nos demos conta que esse pêndulo está descontrolado e agora foi para o outro extremo", diz Fasano.
 
Quando questionado se essa dieta ajudar a perder peso, Fasano dá risada.
 
"Se você começa a comer substitutos como cerveja sem glúten ou massa ou bolacha sem glúten, o que vai acontecer é você engordar. Uma bolacha comum tem 70 calorias. Sem glúten, o mesmo biscoito pode chegar a 210 calorias."
 
"Você tem que substituir o glúten com algo que faça essa bolacha palatável, então você precisa carregá-la de gordura e açúcar. Tenha em mente isso: um grama de proteína contém quatro calorias. Um grama de gordura, nove."
 
Mas ele diz ser possível perder peso com uma dieta sem glúten ao trocar alimentos processados (como biscoitos) por outros frescos, como verduras, frutas, peixe e carne.
 
Exageros e generalizações
Dois livros muito populares, Barriga de Trigo, de William Davis, e Grain Brain (Mente de Grãos, em tradução livre) de David Perlmutter, têm sido especialmente importante para alertar os americanos sobre os "perigos" do glúten.
 
Ambos fazem referências à pesquisa de Fasano, mas o especialista diz que os dois livros estão cheios de exageros e generalizações. "O glúten e os carboidratos estão destruindo seus cérebros", se lê na obra de Perlmutter.
 
Frustrado com a cobertura sensacionalista, Fasano publicou seu próprio livro no ano passado, o Gluten Freedom (não lançado em português), co-escrito com Susie Flaherty.
 
Ele diz que comer glúten não oferece risco a pessoas fora do espectro dos transtornos ligados ao glúten - e a maior parte dos especialistas concorda com ele.
 
Outro livro pulicado sobre o tema é The Gluten Lie (A Mentira do Glúten, em tradução livre), de Alan Levinovitz. É estranho pensar que Levinovitz tenha entrado nesse debate, visto que ele é um especialista em religião e literatura.
 
Mas ele diz que vê essa moda contra o glúten como uma combinação entre os poderosos mitos de um paraíso passado com uma atitude anticorporativa contra a indústria alimentícia.
 
Levinovitz diz que não é a primeira vez que um tratamento para celíacos entra na moda. Já ocorreu nas décadas de 1920 e 1930, quando médicos - que ainda não sabiam do papel do glúten na doença - receitavam uma dieta de banana e leite, suplementada com caldos, gelatina e quantidades pequenas de carne.
 
Muitos dos famosos que abandonaram o glúten, como Gwyneth Paltrow, Miley Cyrus e Victoria Beckham, dizem que eliminar a proteína de suas dietas não foi algo feito por diversão, mas que têm intolerância.
 
"Os principais defensores dessa dieta fazem isso porque ela genuinamente funcionou para eles", diz Levinovitz. "Então talvez haja algumas pessoas que não tenham sido diagnosticadas como celíacas ou alguém que não seja celíaco mas tenha sensibilidade ao glúten. Mas essas histórias viraram uma bola de neve e abarcaram toda uma comunidade de pessoas que pensam "ah, se funcionou para o meu amigo, também vou tentar".
 
"E tem o efeito placebo (psicológico), combinado com o fato de que você não está mais bebendo cinco cervejas toda a noite, e por isso se sente melhor, e acha que tem a ver com o glúten."
 
Em seu livro, Levinovitz também fala do efeito "nocebo": a ideia de que se você acredita que algo pode te fazer mal, isso pode realmente te causar efeitos negativos.
 
Pode ser que grande parte dos americanos esteja sob o que médicos chamam de "doença sociogênica em massa" quando se trata de glúten?
 
Bom, o que se pode dizer é que as pessoas não gostam que lhes digam que a doença está na cabeça delas.
 
Vilosidades intestinais com aparência normal (esq.) e com as características de um celíaco  (Foto: BBC)
Vilosidades intestinais com aparência normal (esq.) e com as características de um celíaco (Foto: BBC)
 
E Levinovitz sabia que seria bastante criticado por seu livro. Mas não esperava a quantidade de e-mails de ódio que recebeu.
 
"Se alguém diz: 'Olha, acabaram de descobrir que Plutão não é um planeta', ninguém se ofende, apenas dizem: 'Ah, não? Genial!'". Mas ele diz que falar para as pessoas sobre mitos da comida é como atacar a identidade delas.
 
E, para ele, a moda da dieta sem glúten não é uma dieta sem perigos.
 
Muitos pacientes que sofrem de distúrbios alimentares contam que começaram a ter problemas justamente com as dietas que excluíam algum alimento.
 
Há provas que sugerem que uma ansiedade extrema sobre o que comemos pode levar a sintomas que não são tão diferentes daqueles da sensibilidade ao glúten.
 
Mas ao menos agora a doença celíaca não é mais um tabu nem algo totalmente desconhecido.
À medida que cresce, meu filho vai se beneficiar de uma quantidade jamais vista de produtos alimentícios para os celíacos.
 
E também é fantástico entrar em um restaurante e as pessoas saberem do que você está falando quando explica que seu filho é celíaco.
 
Mas se por um lado eu nunca recebo olhares tortos, eu às vezes pego uma troca de olhares sarcásticos entre funcionários.
 
Quando minha mulher explicou a doença de Sam para um chef, ele disse: "Oh, então ele não pode mesmo comer glúten. A maioria das pessoas muda de ideia quando eu mostro as opções para alérgicos e acaba pedindo algo do cardápio normal".
 
G1

SBR e Pfizer lançam aplicativo para pacientes com fibromialgia

Produto está disponível para IOS

A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), em parceria com a Pfizer, lança aplicativo FIQr (Questionário de Impacto na Fibriomialgia - Revisado) para pacientes com fibromialgia.

O aplicativo FIQr é uma versão revisada do FIQ (Questionário de Impacto na Fibriomialgia) pela SBR, com validação em publicações científicas, que avalia a capacidade funcional, status de trabalho, distúrbios psicológicos, sintomas físicos e dolorosos do paciente, com o objetivo de facilitar o acompanhamento da evolução da doença pelo médico.

Entre uma consulta e outra, o paciente poderá anotar os níveis de dor de acordo com as atividades executadas. O sistema vai gerar um gráfico mostrando a intensidade e os pontos de dor durante cada atividade exercida. Desta forma, será possível realizar um mapeamento completo da evolução e dos picos de dor no período. Os gráficos serão enviados por e-mail para o médico, facilitando as consultas futuras e o tratamento.
 
Guia da Pharmacia

Novas drogas mudam paradigma de tratamento da hepatite C, dizem médicos

Maria Augusta Dantas iniciou seu tratamento graças a uma decisão judicial: terapia deverá durar seis meses e custar mais de R$ 400 mil ao plano de saúde Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo
Fernando Quevedo / Agência O Globo
Maria Augusta Dantas iniciou seu tratamento graças a uma decisão judicial:
terapia deverá durar seis meses e custar mais de R$ 400 mil ao plano de saúde
SUS vai oferecer remédios com 90% de chances de cura, mas alcance ainda será limitado
 
Brasília e Rio - Ela é silenciosa, os sintomas só aparecem em casos mais graves e, muitas vezes, o diagnóstico ocorre por acaso. Mas a hepatite C afeta 150 milhões de pessoas, quase cinco vezes o número de portadores de HIV. E seu tratamento, até pouco tempo, era pouco eficaz e repleto de efeitos adversos. Agora, uma nova geração de drogas mais potentes e caras será incorporada ao SUS, anunciou nesta segunda-feira o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
 
As drogas sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir, fabricadas por três laboratórios, oferecem 90% de chances de cura e reduzem o tempo de tratamento. Os custos, entretanto, são altos. Em média, chega a R$ 300 mil o tratamento completo. Por isso, desde o ano passado os medicamentos vinham sendo aguardados com expectativa por médicos e pacientes. Ainda não há uma data exata, mas, segundo o ministério, estarão disponíveis a partir de dezembro.
 
Atualmente, são notificados dez mil casos da doença por ano no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, entre 350 mil e 700 mil pessoas morrem em todo mundo em decorrência da hepatite C. A doença também pode levar ao desenvolvimento do câncer de fígado.
 
Segundo o ministério, em 13 anos de assistência à doença no SUS, foram confirmados 120 mil casos e realizados cem mil tratamentos. O órgão reforça que nem todas as pessoas que contraem o vírus precisam das novas medicações, que serão distribuídas para até 30 mil pessoas — o dobro das 15.821 que são tratados anualmente no Brasil —, ao longo dos 12 meses subsequentes ao início do programa.
 
Estimativas indicam que entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de brasileiros têm o vírus HCV, responsável pela hepatite C crônica. Destes, 20% evoluem para cirrose e câncer de fígado.
 
— É um grande passo do governo, só não se pode esquecer que é um número muito aquém do necessário — comentou o hepatologista Carlos Terra, professor de medicina da Uerj e presidente do Grupo de Fígado do Rio de Janeiro.
 
Tratamento mais curto e eficaz
O atual tratamento leva de 48 a 52 semanas e oferece chances de cura que vão de 40% a 47%. Além disso, não pode ser aplicado caso o paciente tome uma série de outros medicamentos. O novo protocolo, que leva de 12 a 24 semanas, diminui essa interação medicamentosa e tem chances de cura superiores a 90%.
 
O grupo de pessoas que antes não podiam se tratar e que agora poderão recorrer à nova terapia inclui: portadores de HIV; quem tem cirrose descompensada; quem está em fase pré e pós-transplante; pacientes com má resposta ao medicamento Interferon; e os que não se curaram com tratamentos anteriores.
 
— São medicamentos muito mais avançados. O paradigma de tratamento muda completamente com eles — acrescentou Terra, reforçando que as drogas quase não têm efeitos colaterais, enquanto os antigos provocavam anemias graves, febre e mal-estar, entre muitos outros sintomas.

Terra lembra ainda que, além de mais prevalente, a hepatite C tem mortalidade mais alta que a Aids.
 
Mas esta foi a que recebeu os maiores investimentos e campanhas nas últimas décadas. Durante o anúncio das novas drogas ontem, em Brasília, Chioro destacou o outro lado da moeda:
 
— O Brasil assume a vanguarda na oferta dessa terapia, como já fizemos com a Aids com os antirretrovirais.
 
Segundo o ministério, serão gastos R$ 500 milhões este ano para a compra dos remédios. Apesar dos gastos, o órgão diz que haverá economia: o valor gasto com dois pacientes no antigo tratamento é suficiente para cuidar de cinco agora. O anúncio do novo tratamento ocorreu na véspera do Dia Mundial de Combate a Hepatites Virais, celebrado nesta segunda-feira.
 
O alto custo de medicamentos vinha incentivando uma enxurrada de processos judiciais. A advogada Crispina Caju conta que, em seu escritório, chegava a mover mais de 300 pedidos por ano:
 
— E eu acho que vão continuar, porque o acesso ainda será limitado.
 
Esta foi a opção da empresária Tânia Tavares, que recentemente conseguiu na Justiça o acesso aos sofosbuvir e daclatasvir, tratamento que terá duração de três meses e custará em torno de R$ 350 mil ao seu plano de saúde, que ainda precisa pagar uma multa diária de R$ 2 mil devido ao atraso na compra. Há dez anos, ela teve o diagnóstico da infecção, provocada, provavelmente, por uma das cirurgias que fez na córnea. Logo começou o tratamento com interferon e ribavirina, mas, por causa de erro médico, tomou doses muito superiores ao que deveria.
 
— Perdi o movimento das pernas por um período e nunca me recuperei totalmente. Continuo com uma hipersensibilidade nelas. Não havia mais opções de tratamento para mim — relata Tânia, que hoje não pode trabalhar. — Mantive a qualidade de vida como pude, com dieta, sem beber... Mas, nos últimos dois anos, vinha piorando muito: os níveis do vírus estão altos, perdi peso, comecei a desenvolver uma cirrose. A verdade é que estava morrendo. A chegada destes remédios me traz uma ansiedade enorme.
 
Maria Augusta de Souza Dantas não contém o ânimo com o início do seu tratamento, também possível após uma decisão judicial favorável para a compra do harvoni, uma combinação de ledipasvir e sofosbuvir, que, segundo seu médico, já está a um passo à frente dos que foram liberados pelo SUS. Ela também não podia usar os tratamentos disponíveis e convivia desde 2005 com a hepatite C. Em abril, começou a terapia, que deverá durar seis meses e custar mais de R$ 400 mil ao plano de saúde.
 
— Estava com cirrose, mas, felizmente, a doença não se manifestava. Com um mês de uso, a carga viral ficou indetectável — conta Maria Augusta.

Campanha de prevenção
Ambas relatam terem “entrado em pânico” com a descoberta da doença. Pouco se sabia, a não ser que um certo estigma a permeia. Mesmo assim, garantem que falam abertamente da doença, transmitida principalmente por sangue contaminado, geralmente em transfusões e contato com utensílios cortantes, mas também, em raros casos, por contato sexual e de mãe para filho.
 
O ministério também lançou nesta segunda-feira a campanha de prevenção a hepatites. O foco é o incentivo ao diagnóstico e ao tratamento. As hepatites B e C têm poucos sintomas e, por isso, podem passar despercebidas. O ministério pretende, até o fim do ano, lançar também um novo protocolo de tratamento contra a hepatite B.
 
A campanha da hepatite B tem como alvo jovens adultos, com incentivo à vacinação em três doses. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da população mundial já foi exposta à hepatite B, mas apenas 1% não se cura espontaneamente. No Brasil, há 17 mil casos confirmados a cada ano.
 
O Globo

Oncologistas pedem redução no custo de medicamentos contra o câncer

Total de 118 especialistas renomados redigiram uma série de recomendações para garantir a diminuição de despesas
 
Rio - Um grupo de oncologistas americanos está se juntando a organizadores comunitários e políticos para pedir que as empresas farmacêuticas reduzam o custo dos tratamentos contra o câncer.
 
Em um editorial publicado nesta quinta-feira na revista “Mayo Clinic Proceedings”, 118 especialistas em câncer redigiram uma série de recomendações que, afirmam, poderiam levar a uma redução das despesas de tratamento.
 
No texto, os médicos ressaltam que um em cada três indivíduos vai ter câncer em algum momento da vida, mas os remédios poderiam facilmente exceder a renda familiar média de um paciente com seguro. Quatro doses de uma droga contra o câncer em particular, de acordo com o relatório, em 2012, custa um total de US$ 120 mil.
 
“É hora de os pacientes e seus médicos pedirem uma mudança”, disse Ayalew Tefferi, hematologista da Mayo Clinic, em um comunicado à imprensa.
 
Entre as recomendações estão permitir que o seguro Medicare negocie preços, permitir importações de drogas contra o câncer para pacientes individuais, e aprovar leis para impedir que as empresas farmacêuticas atrasem o acesso aos medicamentos genéricos.
 
As recomendações dos médicos vêm na esteira de uma petição change.org liderada por pacientes que pedem uma redução nos custos de remédios, particularmente por aqueles com câncer.
 
O Globo