Azia, gases,
sensação de estômago pesado e sonolência são sintomas que já acometeram
todos nós pelo menos uma vez. Apesar de serem comuns a pessoas com
condições crônicas, como a doença do refluxo gastroesofágico, esses
males podem surgir em qualquer um que exagerou no prato ou não tomou os
devidos cuidados na refeição - mesmo aqueles que seguem uma dieta
equilibrada.
Confira os conselhos dos especialistas e fique atento aos
deslizes que podem causar má digestão:
Comer muito rápido
Ao comer rapidamente, cometemos dois erros
cruciais - não mastigamos direito e não damos tempo suficiente ao nosso
cérebro para perceber que estamos comendo. "Quando começamos a mastigar,
nosso organismo libera uma enzima que facilita a quebra do alimento,
iniciando o processo de digestão", explica o nutrólogo Fernando Bahdur
Chueire, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Desta maneira, é
fundamental triturar bem os alimentos antes de engolir, para que a
enzima tenha tempo de agir, facilitando o trabalho do estômago e
evitando que o órgão fique sobrecarregado - fator que deixaria a
digestão mais lenta. Além disso, cada refeição deve ter duração de pelo
menos 20 minutos. "Esse é o tempo médio que leva para o intestino
liberar o hormônio que ativa o centro de saciedade do cérebro depois que
começamos a nos alimentar", explica. Almoçar em menos tempo que isso
não irá proporcionar a sensação de saciedade, fazendo que com a ingestão
seja exagerada, dificultando a digestão e favorecendo problemas como
refluxo. "Comer demais também torna o processo de digestão mais
demorado, causando sensação de mal estar", alerta o nutrólogo. De acordo
com o profissional, o ideal é comer até sentir-se bem e não até ficar
"cheio".
Manias à mesa
Manias à mesa
A gastroenterologista Mara Rita Salum, da
Unifesp, explica que os órgãos do sistema digestivo se localizam na
caixa torácica e, dependendo da forma como nos posicionamos, eles se
comprimem, dificultando o processo digestivo, culminando na má digestão.
Por isso, atitudes como comer deitado ou em qualquer posição que não
seja ereta afeta diretamente a digestão. Outra mania comum é falar
enquanto comemos - isso pode aumentar a ingestão de ar durante a
refeição, favorecendo problemas relacionados a gases.
Líquidos durante a refeição
Líquidos durante a refeição
"Quando alguém bebe muito líquido enquanto come, o
estômago enche mais, podendo causar mal estar devido ao maior tempo de
digestão necessário para esvaziar o órgão", aponta a gastroenterologista
Mara. Tomar um copo de suco de até 150 ml, no entanto, não interfere de
forma significativa na digestão e pode até facilitar o processo de
mastigação. Mas a ressalva fica para as bebidas gaseificadas: elas
provocam a dilatação do estômago, levando a uma maior ingestão de comida
e prejudicando o processo digestivo. "Acompanhar a refeição com
qualquer tipo de bebida não é recomendado apenas para quem sofre de doença do refluxo gastroesofágico, pois aumenta o risco de azia."
Jejum prolongado
Para entender porque o jejum prolongado interfere
na digestão, é preciso conhecer o mecanismo do corpo que causa a azia.
Na ligação do nosso esôfago com o estômago, temos um órgão chamado
esfíncter esofágico inferior, uma espécie de anel responsável por
permitir a passagem de comida e se manter fechado quando não estamos
fazendo uma refeição. "Ele se abre para o alimento passar do esôfago
para o estômago e, em seguida, deve se fechar para reter o que foi
ingerido e impedir que os sucos gástricos atuantes na digestão subam
para o esôfago, causando a azia", explica o gastroenterologista Ricardo
Blanc, da Sociedade Brasileira de Gastroenterologia. Quando uma pessoa
fica sem comer, o ácido gástrico produzido normalmente pelo estômago se
acumula e pode refluir, irritando o final do esôfago e causando a azia.
"Comer a cada três horas mantém o sistema digestivo em funcionamento,
sem sobrecarga na produção de ácido gástrico", explica o
gastroenterologista Luiz Eduardo Rossi Campedelli, do Hospital Albert
Einstein.
Boca seca
Ficar com água na boca não indica apenas que você
está com fome - a saliva é parte importante do processo de digestão,
pois é ela quem inicia esse processo. É pela saliva que são liberada as
primeiras enzimas que ajudam na trituração dos alimentos. Além disso, a
saliva ajuda na eliminação de bactérias da cavidade bucal, prevenindo
contra cáries e outras doenças. Dessa forma, pessoas que tem a boca mais
seca podem ter o processo digestivo prejudicado, já que a saliva não
será suficiente. Segundo os especialistas, o uso de determinados
medicamentos - entre anti-histamínicos, descongestionantes, analgésicos,
diuréticos e remédios para pressão alta e depressão -, tabagismo, abuso
de álcool, menopausa e doenças que afetam as glândulas salivares, como
diabetes, Parkinson e HIV, são causadores de secura na boca. Ela também
pode surgir uma vez ou outra, sem qualquer relação com esses problemas,
mas se persistir o ideal é procurar um médico. Algumas dicas para evitar
a secura na boca são beber bastante água, mascar gomas ou chupar balas
sem açúcar e evitar bebidas com cafeína.
Fumo e álcool
Você deve estar se perguntando por que o cigarro
iria interferir na digestão, já que a fumaça se deposita nos pulmões. A
resposta é simples: a nicotina, quando entra na corrente sanguínea,
também vai para o sistema digestivo, e lá provoca a diminuição da
contração do estômago, dificultando a digestão. "O uso contínuo do
cigarro também enfraquece o esfíncter esofágico inferior, aumentando o
contato do ácido gástrico com a mucosa esofágica e causando azia", diz o
gastroenterologista Luiz Eduardo. Além disso, o tabaco altera o paladar
e induz a produção de ácido clorídrico pelo estômago, o que facilita a
infecção pelas bactérias Helicobacter pylori, causadoras da úlcera
gástrica. Segundo o especialista, o cigarro ainda estimula a ida de sais
biliares do intestino para o estômago, tornando suco gástrico mais
nocivo ao organismo e intensificando o aparecimento de úlceras.
Com o álcool não é diferente. Quando ingerimos alguma bebida alcoólica, a substância logo é absorvida pelo nosso sistema gastrointestinal, irritando as mucosas do esôfago e do estômago e alterando as membranas do intestino, prejudicando a absorção de nutrientes. "Os resultados podem ser esofagite, gastrite e até diarreia", explica o gastroenterologista Ricardo Blanc. Já no fígado, o álcool vai alterar a produção de enzimas, sobrecarregando o órgão. "Ele passa a produzir mais enzimas para metabolizar o etanol, levando a uma inflamação crônica ou hepatite alcoólica, podendo evoluir para cirrose", completa. Outro órgão afetado pelo excesso de bebidas alcoólicas é o pâncreas, responsável pela fabricação de insulina e de enzimas digestivas. O álcool pode causar uma inflamação no pâncreas, e essa inflamação pode evoluir para uma pancreatite.
Sono inadequado
Com o álcool não é diferente. Quando ingerimos alguma bebida alcoólica, a substância logo é absorvida pelo nosso sistema gastrointestinal, irritando as mucosas do esôfago e do estômago e alterando as membranas do intestino, prejudicando a absorção de nutrientes. "Os resultados podem ser esofagite, gastrite e até diarreia", explica o gastroenterologista Ricardo Blanc. Já no fígado, o álcool vai alterar a produção de enzimas, sobrecarregando o órgão. "Ele passa a produzir mais enzimas para metabolizar o etanol, levando a uma inflamação crônica ou hepatite alcoólica, podendo evoluir para cirrose", completa. Outro órgão afetado pelo excesso de bebidas alcoólicas é o pâncreas, responsável pela fabricação de insulina e de enzimas digestivas. O álcool pode causar uma inflamação no pâncreas, e essa inflamação pode evoluir para uma pancreatite.
Sono inadequado
Descansar após as refeições, tirando um cochilo
leve, pode ajudar na digestão porque está relacionada, sobretudo, ao
repouso. "Dando um tempo das atividades pesadas, o fluxo sanguíneo
permanece focado nos órgãos envolvidos na digestão sem qualquer
problema", afirma o nutrólogo Fernando. Além disso, o ideal é repousar
com a cabeça levemente inclinada para cima, pois isso ajuda na descida
dos alimentos. "Ficar completamente deitado pode favorecer o refluxo ou
mesmo atrapalhar a digestão", explica o especialista. A soneca,
entretanto, deve durar apenas alguns minutos, pois ao entrarmos em sono
profundo, o metabolismo fica lento, dificultando o processo de digestão.
Caso queira dormir mais profundamente, espere de duas a três horas após
a refeição.
Respirar pela boca ou sorver alimentos
Respirar pela boca ou sorver alimentos
É comum pessoas com alergias respiratórias
passarem a maior parte do tempo com as narinas entupidas, precisando
respirar pela boca. Nesse cenário, ela acaba respirando pela boca também
enquanto come, levando mais ar para o estômago e causando gases. O
mesmo acontece quanto usamos canudinho ou sorvemos alimentos, como uma
colher cheia de sopa. O ato de sugar a bebida ou o alimento também traz
mais ar para dentro do corpo, podendo causar má digestão ou então
intensificando um problema que a pessoa já tenha normalmente, como
refluxo ou azia.
Erros ao fazer exercícios
Erros ao fazer exercícios
"Logo depois que você se alimenta, o organismo
direciona maior fluxo sanguíneo para os órgãos envolvidos na digestão
para que, dessa maneira, o processo seja realizado mais rapidamente",
aponta o nutrólogo Fernando. Quando fazemos exercícios, por outro lado,
quem solicita maior fluxo sanguíneo são os músculos. Assim, é
fundamental esperar a digestão completa da refeição - que leva cerca de
duas horas - para treinar, pois, do contrário, nenhuma atividade será
bem realizada. Segundo o nutrólogo, a diminuição do fluxo sanguíneo
ocorre até mesmo no cérebro e, por isso, é normal sentirmos preguiça,
cansaço ou dificuldade de concentração logo após comer. O ideal,
portanto, é esperar cerca de 15 minutos para voltar a trabalhar, estudar
ou realizar outra atividade que exija atenção.
Roupas ou cintos apertados
Roupas ou cintos apertados
Usar calças ou saias com elásticos apertados, bem
como abusar dos cintos, pode apertar o estômago e obrigar a comida a
retroceder para o esôfago. Após as refeições, seu estômago dilata por
conta da produção de ácidos gástricos, e a pressão das roupas pode fazer
com que esses ácidos retornem para o esôfago, causando azia e refluxo.
Esse problema é mais intenso em pessoas que estão acima do peso, pois a
obesidade aumenta ainda mais a pressão no estômago. Essa pressão pode
empurrar o conteúdo do estômago para dentro do esôfago, causando azia.
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