Image: annedehaas/Getty |
Ideia antiga
Não é coisa de vampiro, nem proposta sem sentido. Os cientistas têm
evidências de que esse tratamento pode produzir bons resultados.
Estudos com animais já demonstraram que uma transfusão de sangue de
ratos jovens para velhos pode melhorar a cognição e a saúde de vários
órgãos e até fazer os animais idosos parecerem mais novos (imagina se a
mesma coisa acontece com humanos? Já vejo toda uma indústria de
cosméticos e fármacos nascendo).
A ideia do sangue novo versus o velho remonta aos anos 1950, quando
Clive McCay, da Universidade Cornell (EUA), costurou o sistema
circulatório de um rato velho com o de um novo, uma técnica chamada de
parabiose heterocrônica. McCay constatou que a cartilagem dos ratos
velhos logo pareceu mais jovem do que seria esperado.
Foi só recentemente, no entanto, que os mecanismos por trás deste experimento foram mais claramente compreendidos.
Em 2005, Thomas Rando da Universidade de Stanford (EUA) e sua equipe
descobriram que o sangue jovem rejuvenescia as células do fígado e
tronco esquelético de ratos velhos, que também foram capazes de reparar
músculos lesionados como fariam animais mais jovens.
Em 2012, Amy Wagers da Universidade de Harvard (EUA) mostrou que
sangue novo pode reverter o declínio cardíaco em ratos velhos. Uma vez
que ela e seus colegas descartaram a influência da redução da pressão
arterial nos ratos mais velhos, identificaram uma proteína no plasma do
sangue jovem chamada “fator de crescimento de diferenciação 11” (GDF11)
que parecia cair em número com a idade.
Para ver se a proteína estava ligada aos efeitos de rejuvenescimento,
a equipe deu a ratos velhos injeções diárias de GDF11. Em resumo, eles
descobriram que a proteína ajuda a saúde de várias maneiras, por
exemplo, aumentando o número de vasos sanguíneos e de células-tronco no
cérebro, ambos fatores conhecidos por melhorar o funcionamento do órgão.
De volta aos pacientes de Alzheimer
Resultados preliminares de um estudo feito por Tony Wyss-Coray,
também da Universidade de Stanford (EUA), sugerem que o sangue humano
também tem benefícios rejuvenescedores similares aos vistos em ratos.
Por isso, em breve, uma pesquisa irá estudar os efeitos de dar sangue
humano jovem a pessoas idosas com uma condição médica – Alzheimer.
A equipe de Wyss-Coray vai fazer transfusões de plasma sanguíneo
doado por pessoas com menos de 30 anos a voluntários idosos com doença
de Alzheimer leve a moderada. Os pesquisadores esperam ver melhorias
imediatas na cognição. Eles acompanharão cada participante do estudo por
alguns meses para ver se algum de seus familiares ou cuidadores relata
quaisquer efeitos positivos.
Apesar do otimismo, Wyss-Coray adverte que o tratamento ainda é muito
experimental e que os efeitos benéficos podem ser transitórios.
Além disso, os cientistas não pensam que o GDF11 é o único fator que mantém os órgãos jovens. É muito mais provável que existam vários fatores exercendo estes efeitos em combinação.
Como não é prático que as pessoas vivam fazendo transfusões de sangue
(começa pelo problema de quem vai doar todo esse sangue), a ideia dos
pesquisadores é identificar diversos fatores que poderiam melhorar a
cognição em pessoas mais velhas para mais tarde serem capazes de criar
uma droga que faça a mesma coisa.
O jeito é torcer para que os resultados do estudo sejam promissores. [NewScientist]
Hypescience
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