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domingo, 24 de agosto de 2014

Pacientes com Alzheimer receberão injeções de sangue de pessoas jovens

Time to give something back <i>(Image: annedehaas/Getty)</i>
Image: annedehaas/Getty
Pessoas com doença de Alzheimer vão receber, em outubro, sangue de pessoas mais jovens durante um ensaio clínico na esperança de que isso reverta alguns dos danos causados pela condição 

Ideia antiga
Não é coisa de vampiro, nem proposta sem sentido. Os cientistas têm evidências de que esse tratamento pode produzir bons resultados.

Estudos com animais já demonstraram que uma transfusão de sangue de ratos jovens para velhos pode melhorar a cognição e a saúde de vários órgãos e até fazer os animais idosos parecerem mais novos (imagina se a mesma coisa acontece com humanos? Já vejo toda uma indústria de cosméticos e fármacos nascendo).

A ideia do sangue novo versus o velho remonta aos anos 1950, quando Clive McCay, da Universidade Cornell (EUA), costurou o sistema circulatório de um rato velho com o de um novo, uma técnica chamada de parabiose heterocrônica. McCay constatou que a cartilagem dos ratos velhos logo pareceu mais jovem do que seria esperado.

Foi só recentemente, no entanto, que os mecanismos por trás deste experimento foram mais claramente compreendidos.
Em 2005, Thomas Rando da Universidade de Stanford (EUA) e sua equipe descobriram que o sangue jovem rejuvenescia as células do fígado e tronco esquelético de ratos velhos, que também foram capazes de reparar músculos lesionados como fariam animais mais jovens.

Em 2012, Amy Wagers da Universidade de Harvard (EUA) mostrou que sangue novo pode reverter o declínio cardíaco em ratos velhos. Uma vez que ela e seus colegas descartaram a influência da redução da pressão arterial nos ratos mais velhos, identificaram uma proteína no plasma do sangue jovem chamada “fator de crescimento de diferenciação 11” (GDF11) que parecia cair em número com a idade.

Para ver se a proteína estava ligada aos efeitos de rejuvenescimento, a equipe deu a ratos velhos injeções diárias de GDF11. Em resumo, eles descobriram que a proteína ajuda a saúde de várias maneiras, por exemplo, aumentando o número de vasos sanguíneos e de células-tronco no cérebro, ambos fatores conhecidos por melhorar o funcionamento do órgão.

De volta aos pacientes de Alzheimer
Resultados preliminares de um estudo feito por Tony Wyss-Coray, também da Universidade de Stanford (EUA), sugerem que o sangue humano também tem benefícios rejuvenescedores similares aos vistos em ratos.

Por isso, em breve, uma pesquisa irá estudar os efeitos de dar sangue humano jovem a pessoas idosas com uma condição médica – Alzheimer.

A equipe de Wyss-Coray vai fazer transfusões de plasma sanguíneo doado por pessoas com menos de 30 anos a voluntários idosos com doença de Alzheimer leve a moderada. Os pesquisadores esperam ver melhorias imediatas na cognição. Eles acompanharão cada participante do estudo por alguns meses para ver se algum de seus familiares ou cuidadores relata quaisquer efeitos positivos.

Apesar do otimismo, Wyss-Coray adverte que o tratamento ainda é muito experimental e que os efeitos benéficos podem ser transitórios.

Além disso, os cientistas não pensam que o GDF11 é o único fator que mantém os órgãos jovens. É muito mais provável que existam vários fatores exercendo estes efeitos em combinação.

Como não é prático que as pessoas vivam fazendo transfusões de sangue (começa pelo problema de quem vai doar todo esse sangue), a ideia dos pesquisadores é identificar diversos fatores que poderiam melhorar a cognição em pessoas mais velhas para mais tarde serem capazes de criar uma droga que faça a mesma coisa.

O jeito é torcer para que os resultados do estudo sejam promissores. [NewScientist]

Hypescience

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