Divulgação: BB Brasil - Jogo de realidade virtual desenvolvido em Israel
ajuda pacientes a lidar com traumas violento
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Estudo submete participantes a situação de perigo
em jogo de realidade virtual; pesquisadores defendem que em segunda
exposição, a tendência é intervir e sofrer menos com a culpa
Se na vida real não é possível voltar no tempo, uma
pesquisa que possibilitava essa viagem em um ambiente de realidade
virtual descobriu que a experiência pode até ajudar a superar traumas.
Divulgado
na publicação científica Fronteiras da Psicologia, o estudo avaliou 32
participantes que presenciaram, em realidade virtual, um homem abrir
fogo dentro de uma galeria de arte e matar cinco pessoas.
No
teste, o participante aprendia a controlar um elevador, e sem saber,
deixava o assassino subir ao piso superior, onde estavam as vítimas.
Metade
dos participantes voltava no tempo para reviver os acontecimentos, mas
na segunda vez se deparavam com um dilema moral: não fazer nada e ver
cinco pessoas morrerem ou intervir e salvá-las, condenando apenas uma
pessoa à morte.
Como era esperado, a maioria das cobaias resolveu intervir e não deixar o assassino subir.
No mundo virtual, as pessoas podiam se deslocar e conversar livremente, de forma semelhante à vida real.
O mais interessante, segundo os pesquisadores, foi o impacto emocional que a experiência virtual teve sobre os participantes.
A maioria teve menos sentimentos de culpa e remorso após "voltar no tempo" e salvar mais vidas.
"Quanto
mais eles sentiam a ilusão, maior o senso de sua própria moral",
explicou o co-autor Mel Slater da Icrea (Instituto Catalão de Pesquisa) e
da University College London.
"Na realidade virtual, o sistema
mais superficial de percepção do cérebro não distingue entre o mundo
virtual e o real. E o cérebro considera verdadeiro o que vê e ouve no
ambiente."
Por isso, a equipe afirma que viagens virtuais no tempo
podem ajudar a superar transtornos de estresse pós-traumático ou mesmo
reavaliar decisões ruins que tenham sido tomadas anteriormente.
Segundo
as leis da física, é claro, a viagem no tempo é algo impossível. Mas o
principal autor do estudo, Friedman Doron, da Faculdade Ofer de
Comunicações, em Israel, disse que a sua equipe chegou o mais perto
possível do torná-la possível.
"A realidade virtual imersiva é
muito visceral. As pessoas se escondem atrás da mesa quando levam um
tiro. É o mais próximo que podemos chegar a uma viagem no tempo, até que
os físicos façam o seu trabalho e inventem uma verdadeira máquina do
tempo”, diz.
O físico Robert Nemiroff, da Universidade de
Tecnologia de Michigan, nos Estados Unidos, afirmou que o trabalho é
interessante, embora ache isso estranho, já que "a capacidade de mudar o
passado não é algo provável de acontecer".
"Se alguma
versão da ‘terapia de viagem no tempo’ pode ajudar as pessoas a tomar
melhores decisões no futuro, e a entender melhor suas decisões ruins,
apoio a ideia”, disse.
Mas Nemiroff alerta que essa ilusão de mudar o passado pode ter "repercussões negativas" que não foram examinadas.
Para
o pesquisador James Broadway, da Universidade da Califórnia em Santa
Barbara, as pessoas há tempos fantasiam em voltar no tempo.
“É
comum ouvirmos pessoas dizerem: ‘Se naquela época eu soubesse o que seu
hoje’. E, apesar de obviamente ser impossível mudar ações do passado, os
resultados desse estudo sugerem que essa técnica poderia ser usada para
promover uma maior aceitação dos erros no passado, assim como uma
melhor capacidade de tomar decisões no futuro.
BBC Brasil / iG
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