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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Recrutas foram infectados pelo vírus Influenza B, informa Marinha

Vírus causa infecção grave nas vias respiratórias e pode acarretar problemas renais

Os aspirantes a fuzileiros navais internados após um treinamento da Marinha na zona oeste do Rio foram infectados pelo vírus Infuenza B. O diagnóstico foi confirmado nesta terça-feira (23) pelo Comando do 1º Distrito Naval, após o resultado de análises feitas pela Fiocruz.

De acordo com a organização militar, o vírus Influenza B causa uma infecção grave nas vias respiratórias. Feita por via aérea, a transmissão dele é comum em lugares com muitas pessoas confinadas.

Segundo o capitão de fragata e médico infectologista André Delorenzi, o problema de saúde que atingiu os militares não tem relação com esforço físico ou ingestão de alimentos e bebidas. Parentes das vítimas chegaram a relatar que elas tiveram pouco acesso à água potável durante o treinamento, mas a informação foi negada pela Marinha.

No total, 65 pessoas foram infectadas. Destas, 38 já tiveram alta e estão em estado de quarentena. Vinte e sete militares seguem internados, sendo 24 recrutas e três instrutores.

De acordo com a Marinha, a situação está controlada e o caso que necessita de mais cuidados é o de um recruta que apresentou um problema renal acarretado pelo vírus Influenza B. Ele está internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Naval Marcílio Dias, na zona norte do Rio.

"Estamos lidando com uma doença infecciosa grave que está em andamento. Mas estou razoavelmente tranquilo em relação ao andamento do estado de saúde dos pacientes", afirmou o capitão André Delorenzi.

A infecção dos recrutas ocorreu no Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (Ciampa), localizado no bairro de Campo Grande, zona oeste da capital fluminense. O curso de formação de soldados do corpo de fuzileiros navais dura quatro meses e meio e as vítimas apresentaram os primeiros sintomas, como tosse e febre, na terceira semana.

A Marinha informou que já solicitou vacinas contra o vírus Influenza B à Secretaria Municipal de Saúde. Elas serão aplicadas nos recrutas infectados e nas 800 pessoas que frequentam diariamente o Ciampa.

Fonte IG

Justiça permite volta de genérico de antidepressivo ao mercado

Objetivo da decisão foi afastar o risco do enfraquecimento da política pública dos medicamentos genéricos adotada no país


O Superior Tribunal de Justiça  (STJ) acatou o pedido da Anvisa e suspendeu a liminar que impedia o registro de medicamentos genéricos e similares da substância oxalato de escitalopram, usada como antidepressivo. Em sua decisão o vice presidente do STF Ministro Félix Fischer ressaltou que a suspensão da liminar tem como foco a saúde pública no Brasil.

Segundo ele, o objetivo da decisão foi afastar o risco do enfraquecimento da política pública dos medicamentos genéricos adotada no país, importante, principalmente, para a população de menor poder aquisitivo.

De acordo com a Anvisa, as normas brasileiras estabelecem requisitos de qualidade, segurança e eficácia dos genéricos, incluindo testes de equivalência farmacêutica e biodisponibilidade que comprovem o desempenho destes em comparação com os medicamentos de referência.
Fonte Zero Hora

Óleo de arroz alivia inflamações da pele

Um composto formado por nanopartículas promove a melhora da hidratação e da oleosidade da pele de pessoas diagnosticadas com dermatite atópica ou psoríase.

Nanopartículas já partículas que medem entre 50 e 200 nanômetros e que estão sendo cada vez mais usadas pela medicina. Vários cremes hidratantes e protetores solares já usam nanopartículas.

Neste novo estudo, realizado na USP, as nanopartículas foram fabricadas à base de óleo de arroz, obtido do farelo de arroz. O óleo de arroz também já está sendo usado na composição de protetores solares e hidratantes.

O que a farmacêutica Daniela Spuri Bernardi queria saber era se o uso da nanotecnologia poderia potencializar o óleo de arroz, permitindo seu uso não apenas na prevenção, mas também em situações críticas de problemas na pele.

Nanoemulsão
A nova substância, que contém água, óleo e tensoativo (produto que possibilita a mistura de água e óleo) tem a superfície de contato com a pele aumentada devido às minúsculas partículas que a formam.Ela atua como antioxidante e adjuvante no tratamento da pele ressecada de quem tem uma ou outra doença, pois ajuda na formação de uma proteção maior à camada mais externa da pele, além de evitar processos inflamatórios e reduzir a utilização de corticosteroides (hormônios sintéticos que inibem a inflamação).

Para a obtenção da nanoemulsão, Daniela testou diversos pares de tensoativos até chegar a um composto estável.

“Este cuidado é essencial para verificar se as partículas do composto mantêm o tamanho nanométrico e se o pH [indicador de acidez, alcalinidade ou neutralidade de uma solução], além da condutividade elétrica da substância, não se altera, ou seja, se há ou não perda das propriedades como cor, textura e validade do composto neste período,” explica ela.

Foi realizado o procedimento de cromatografia líquida de alta eficiência, que serve para identificar os compostos do óleo de arroz. “Dentre as substâncias encontradas no óleo de arroz, há a presença de gama-orizanol, substância já conhecida por sua capacidade antioxidante e, entre outras características, por já beneficiar o tratamento de outras doenças da pele sem ser a dermatite atópica e a psoríase.” diz Daniela.

Irritabilidade, hidratação e oleosidade
Foram realizados testes com 26 voluntários em que o óleo de arroz foi aplicado no antebraço (sem lesões) de 17 pessoas com pele normal, 9 com psoríase e 8 com dermatite atópica.

A preparação da pele do antebraço para receber o produto ocorreu pela lavagem da região com água e sabão com duas hora de antecedência à aplicação, e 15 minutos de aclimatação à sala onde o produto seria aplicado.

Os resultados demonstraram alta hidratação da pele dos dois grupos e um aumento positivo de oleosidade.

Conforme relata a farmacêutica, “isto implica numa melhora na função de barreira da pele e não uma cura, mas na possibilidade de um tratamento complementar ao usual que pode atuar também como preventivo, uma vez que a pele menos ressecada causa menor possibilidade de formação de placas ou de feridas.”

Dermatite Atópica e Psoríase
A Dermatite Atópica é considerada uma forma específica de alergia, não contagiosa e hereditária.

Caracteriza-se pela inflamação crônica da pele, que causa muitas vezes vermelhidão e coceiras principalmente em regiões como o cotovelo, joelhos e pregas da pele devido ao ressecamento. O ato de coçar o local alivia, mas também, provoca lesões e contaminação devido à fragilidade da pele.

Em contrapartida, a pele de pacientes com psoríase sofre com inflamações crônicas e a renovação rápida das células das regiões afetadas, o que além de engrossar a camada mais superficial da pele, gera a formação de placas e escamações.

“Em ambos os casos a complementaridade da nanoemulsão ao tratamento dos pacientes funciona por meio do aumento da hidratação e da oleosidade e pode, com isto, aliviar a sensação incômoda de coceira provocada pelo ressecamento e diminuir as lesões provocadas pelos próprios pacientes em seu corpo ao se coçarem”, diz a farmacêutica.

Fonte: Diário da Saúde, com informações da Agência USP

Toxina do combustível e do cigarro afeta sistema imunológico

Substância presente em combustíveis adulterados e cigarros é mais prejudicial do que se imaginava


Pesquisadores da USP realizaram testes que indicam que uma substância tóxica liberada por combustíveis adulterados e cigarros é mais prejudicial do que se imaginava. Atualmente, no Brasil, os níveis permitidos de hidroquinona na atmosfera, composto derivado do benzeno, são altamente prejudiciais à saúde.

Camundongos que foram submetidos a uma exposição bem menor do que o valor tolerado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e, ainda assim, apresentaram problemas. Os resultados mostraram que a toxina prejudica a resposta imune do organismo dos animais.

Segundo a professora Sandra Farsky, que coordenou a pesquisa, a hidroquinona prejudica a ação dos neutrófilos, células que circulam pelo sangue, migram para os tecidos e eliminam agentes inflamatórios, como bactérias. No entanto, Sandra afirma que ainda não é possível relacionar os resultados dos experimentos com animais com a exposição dos seres humanos.

Benzeno

O benzeno, que origina a hidroquinona, era utilizado como aditivo na gasolina até a década de 1970, quando sua utilização foi proibida devido a alta toxicidade.

- O combustível adulterado chega a apresentar até 8% de benzeno, que é liberado no ar pela queima de combustível e chega ao organismo pelas vias aéreas e pela pele - aponta Sandra.

O benzeno, bem como a hidroquinona, integram os quase 4 mil compostos presentes no cigarro.

Fonte Zero Hora

Alimentação inadequada causa deficiência de vitaminas e minerais em adolescentes


Pouca ingestão de frutas e legumes é a principal vilã entre os jovens de 14 a 18 anos

A ladainha é sempre a mesma: alimentação saudável pode prevenir doenças. No entanto, mesmo que esse conselho seja repetido à exaustão e sempre acompanhado de abundantes comprovações , muitas pessoas parecem não dar a menor bola para hábitos alimentares saudáveis. Os adolescentes, então, nem se fala. A quantidade de jovens que torce o nariz para ingredientes verdes e reluta para comer frutas e legumes ainda é altíssima.

Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) constatou que os 512 jovens avaliados, de 14 a 18 anos, apresentaram consumo inadequado das vitaminas A, C e E e dos minerais cálcio, magnésio e fósforo, todos importantíssimos para a manutenção dos órgãos e dos ossos – e abundantes nos ingredientes saudáveis. De acordo com especialistas, a falta desses nutrientes pode ocasionar doenças, e o hábito de ingeri-los deve ser inserido pelos pais, os responsáveis pela alimentação da casa – de preferência, desde cedo.

– Se essa ingestão inadequada de nutrientes continuar a longo prazo, poderá levar a um risco aumentado para o desenvolvimento de câncer, doenças cardíacas e osteoporose. Essa constatação, entretanto, não é motivo para a suplementação vitamínica e sim para a adoção de uma dieta equilibrada, com a presença de frutas e vegetais – afirmou o autor do estudo, o nutricionista Eliseu Verly Junior.

Segundo a nutricionista Amil Pollyanna Ayub, a deficiência de vitaminas e minerais em adolescentes é causada, principalmente, pelo pulo ou pela troca das refeições.

– Por querer dormir um pouco mais, o jovem pula o café da manhã, momento em que a ingestão de laticínios ricos em cálcio é maior – acredita.

Já nas principais refeições, o problema é ocasionado pela substituição dos pratos que devem ser abundantes em legumes, verduras, carboidratos e proteínas por lanches e fast foods.

– O mesmo ocorre em outras refeições e, por não ingerir esses nutrientes, a pessoa acaba ficando com deficiência – considera.

A nutricionista Mariana Del Bosco conta que, para todas as vitaminas e minerais existentes, há uma recomendação de consumo, que muda de acordo com a faixa etária. Ela explica que, na infância e na adolescência, essa orientação leva em conta a quantidade necessária para garantir o adequado crescimento e desenvolvimento.

– A determinação da necessidade é baseada na média da população. Alguns indivíduos, de uma forma ou de outra, conseguem ter mais absorção ou armazenar com mais eficiência essas substâncias – acrescenta.

Ela destaca, contudo, que, quando constatada a deficiência desses elementos na alimentação, sinais clínicos podem aparecer – como no caso da hipovitaminose A, por exemplo, que pode comprometer a visão, causando cegueira noturna, além de comprometer a integridade da pele, aumentando o risco de infecções.

– Já a deficiência de vitamina C, que quase não vemos mais atualmente, contribui para o escorbuto. A de magnésio e cálcio compromete a formação óssea e pode causar osteomalácia e raquitismo em crianças – alerta.

Questão de gosto
O adolescente Matheus Porto, 14 anos, não gosta de legumes, frutas e verduras. Adepto da alimentação junk food, o garoto se restringe basicamente ao tomate – quando muito, come as verduras presentes no prato de origem chinesa yakisoba (também muito comum na cozinha japonesa).

– Não como porque não gosto – confessa.

O pai do garoto, André Porto, conta que não se preocupa muito, porque Matheus consome os outros alimentos muito bem.

– De manhã, ele come cereais com leite, que fazem bem. Já os fast foods eu seguro um pouco, não deixo comer sempre – diz.

Matheus conta que, na escola, quando não leva biscoito e suco para o lanche, recorre aos hambúrgueres, cachorros-quentes e salgados, fritos e assados.

– Sei que é importante comer alimentos saudáveis. Talvez, se encontrassem um jeito diferente de preparar que mudasse o gosto, eu comeria – afirma.

O jovem, que mora com o pai, o irmão e os avós diz que em casa apenas os avós comem. O pai, segundo ele, pouco consome os ingredientes.

– Mas, na casa da minha mãe, eu como, quando vem misturado com a carne ou macarrão. Lá, todo mundo come – observa Matheus.

De acordo com Pollyanna, a adoção de uma alimentação balanceada deve ser feita por toda a família, principalmente pelos provedores da casa.

– Quem compra os alimentos é que deve levar essa lição para o supermercado. A criança não quer comer esse tipo de alimento, mas vai no armário e come biscoito. E se não tivesse esse possibilidade, o que ela comeria? – questiona.

Para a especialista, a alimentação deve ser alterada gradativamente, conscientizando o adolescente para a importância daqueles ingredientes e os possíveis problemas causados pela alimentação inadequada.

– Essa alimentação deve ser construída a partir do hábito da casa e do estilo de vida do adolescente. Há milhares de ingredientes que podem ser inseridos na alimentação sem prejuízos – salienta.

Desde pequena
Foi pensando nos hábitos futuros que a publicitária Fabrícia Frade inseriu os vegetais na vida da filha Luíza Frade, 16 anos. Acostumada com a alimentação pesada dos baianos, Fabrícia lembra que era difícil ter uma folha de alface na mesa da casa de seus pais. Quando engravidou, porém, condicionou-se a comer bem e de forma saudável, já pensando na alimentação da filha.

– Quis inserir esse hábito com ela ainda dentro da barriga – conta.

Luíza diz que come vegetais por adorar o gosto, hábito pouco repetido pelos colegas da sua idade.

– Não me lembro de não gostar de comer, porque como desde pequena.

A adolescente acredita que é importante ter equilíbrio na hora de se alimentar. Conforme ela, do mesmo jeito que gosta dos legumes e vegetais, também gosta de fast food, embora saiba que o segundo tipo deve ser consumido com parcimônia.

– A gente tem que tentar ser equilibrado. Adoro fast food, e quem não gosta? Mas sei que não dá pra viver comendo só isso, não faz bem e ainda engorda – observa.

Para a endocrinologista Zuleika Halpern, é fundamental aumentar o repertório de alimentos das crianças e usar receitas diferentes, pois isso é um bom estímulo.

– Misturar em outras preparações que as crianças apreciam pode ser um bom começo – aconselha.

A médica ressalta que a obesidade vem crescendo no mundo todo e em proporções epidêmicas. Por isso, diz, é preciso esclarecer que a obesidade é multifatorial e tem um forte componente genético, com o estilo de vida como um gatilho determinante para o excesso de peso.

– De um lado da equação, temos o consumo calórico. Do outro, o gasto energético. Portanto, vale ajustar o cardápio e ter uma rotina de atividade física regular – acredita.

Segundo Pollyanna, é importante também ter paciência e jamais recorrer à suplementação vitamínica. Para Zuleika, os polivitamínicos podem interferir negativamente na absorção de outros nutrientes:

– Na vigência de alguma deficiência, após o diagnóstico, o médico ou nutricionista podem fazer a suplementação, se necessário.

Fonte Zero Hora

Questão sobre aborto divide opiniões entre entidades

STF discutirá autorização para a prática em casos de anencefalia. Movimento Internacional Pela Vida é contrário de qualquer modo ; já ONG Católicos pelo Direito de Decidir aceita nesta situação.

Cirurgias cardíacas diminuiram cerca de 40% no mundo

Colunista da Estadão ESPN, Carlos Alberto Pastore, explica que as angioplastias ficaram muito eficientes.


Ouça:

Caminhoneiro processa cirurgião por pênis amputado em circuncisão

Phillip Seaton diz ter ficado deprimido; cirurgião alega ter retirado câncer letal.

Um americano que teve o pênis amputado durante uma circuncisão está processando o médico responsável, alegando nunca ter sido consultado sobre o procedimento.

Segundo a rede de TV local WDRB, Philip Seaton diz ter ficado frustrado e deprimido após o procedimento realizado em 2007, e afirma que a amputação causou "perda de função, amor e afeição" em sua vida.

Na época, o caminhoneiro marcou a circuncisão devido a uma infecção crônica, mas o médico, John Patterson, diz ter encontrado um câncer durante a operação e decidido amputar parte do membro.

"Eu fiz com o Sr. Seaton o que considerei ser a opção mais segura", afirmou Patterson perante o tribunal.

O advogado de Seaton, no entanto, questionou por que o médico não acordou o paciente para informá-lo sobre o câncer e discutir as opções, além de afirmar que Patterson não tinha experiência em amputações.

"Eu estou furioso, porque eu não pude decidir nada sobre o que aconteceu comigo. Eu não fui informado do que era preciso fazer", disse Seaton no tribunal.

Patterson disse que Seaton havia assinado um documento permitindo que o médico realizasse qualquer procedimento imprevisto que considerasse necessário. Segundo Seaton, uma enfermeira leu para o paciente parte do formulário porque ele é analfabeto.

O júri viu quatro fotografias da virilha do caminhoneiro após a operação.

Os Seaton já haviam processado o hospital onde o procedimento foi realizado e chegaram a um acordo de indenização fora dos tribunais.

Alguns anos atrás, Seaton teve de passar por outra cirurgia para retirar o que havia sobrado de seu pênis por causa de uma infecção recorrente.

Fonte Estadão

Genética ajudará a juntar famílias separadas no passado pela hanseníase

Identificação, que servirá de base para pedido de indenização, será possível graças a parceria do governo federal com o Instituto Nacional de Genética Médica Populacional; entre 1920 e 1970, lei ordenava separação de filhos sadios dos pais com a doença

Os cerca de 40 mil brasileiros cujos pais tiveram no passado hanseníase - doença que era chamada de lepra -, e deles foram separados ao nascer, vão poder confirmar seus vínculos biológicos com supostos irmãos, pais e outros familiares não identificados.  

Isso será possível graças à uma parceria do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) com o Instituto Nacional de Genética Médica Populacional (Inagemp). O programa será lançado hoje, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio.

A ideia é que o Morhan mapeie o histórico e os documentos de pessoas que já identificaram prováveis familiares no Brasil para que o exame genético comprove os laços de parentesco. O cadastro atual dos filhos de ex-pacientes com hanseníase ainda é tímido - hoje tem cerca de 10 mil pessoas.

A médica responsável pelo protocolo será a geneticista Lavínia Schüler Faccini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E a primeira pessoa a se submeter ao exame genético será Maria Teresa da Silva Santos Oliveira, de 55 anos, que idealizou o início do movimento de encontro dos filhos.

Após pesquisar sua origem, Teresa descobriu possuir cinco irmãos biológicos, todos afastados dos pais ao nascer - mas falta comprovar o suposto parentesco com Marisa Ferreira Santos.

"Marisa não conheceu nenhum familiar. Ela só sabe que a mãe dela se chamava Maria José, que ela era de Minas e escrevia cartas para ter notícias dos filhos. A minha mãe também era mineira, tinha o mesmo nome e também escrevia cartas. Isso pode não significar nada, mas também pode mudar uma história", afirmou Teresa.

Como será. Segundo Lavínia, os exames genéticos serão feitos por meio de coleta da saliva das pessoas. "Existem várias características genéticas que podem indicar parentesco de irmãos ou de um familiar mais distante."

As amostras de saliva serão coletadas em todo o País, preservadas em recipiente refrigerado e enviadas para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde serão analisadas. Cada resultado deve demorar cerca de 15 dias.

Lavínia explica, entretanto, que não adianta os interessados ligarem direto para o HC para pedir para fazer o exame. "Só vamos analisar amostras previamente cadastradas e encaminhadas pelo Morhan ou pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos", orientou a médica.

Segundo Teresa, os resultados servirão de base para o pedido de indenização daqueles que não possuem nenhum documento que comprove que realmente são filhos de ex-pacientes e foram separados dos pais.

Segundo Artur Custódio, coordenador nacional do Morhan, cerca de 10% das pessoas atualmente cadastradas devem se beneficiar do exame genético. "Vale lembrar que apenas aqueles filhos que não tiverem nenhum documento serão indicados ao exame", afirmou.

PARA ENTENDEREntre as décadas de 1920 e 1970, a legislação brasileira recomendava o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase, que eram mantidos em colônias. A lei ordenava que os filhos saudáveis desses pacientes que nascessem nas colônias fossem afastados da família. As crianças eram enviadas para educandários ou entregues para adoções irregulares e ficavam sem qualquer contato com sua família verdadeira.

Em 2007, o governo reconheceu que a política de isolamento foi um erro e, desde então, paga aos portadores da doença uma pensão vitalícia de R$ 750. Hoje, os filhos desses ex-pacientes também lutam para receber uma indenização do Estado.

Fonte Folhaonline

Atendimento a acidentados de moto em SP cresce 150% em 10 anos

Em dez anos, os atendimentos pré-hospitalares feitos pelo Corpo de Bombeiros a vítimas de acidentes com motocicletas aumentaram cerca de 150% no município de São Paulo, segundo pesquisa do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).


Em 2010 foram 18.081 ocorrências, contra 7.271 atendimentos realizados em 2001 --aumento de 148,6%.

De acordo com a pesquisa, os atendimentos aumentam no segundo semestre. A média de ocorrências neste período é 56% maior que nos meses do primeiro semestre.

A frota de motocicletas na cidade também cresceu no período, chegando a 889 mil em 2010 --aumento de 118% em relação a 2001.

O hospital, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, acaba de finalizar uma série de propostas que visa à redução do número de acidentes envolvendo motociclistas.

Entre as propostas estão a inclusão de formação de direção defensiva e exame de habilitação adequado às condições de trânsito que serão enfrentadas pelos motociclistas, com maior rigor na primeira habilitação.

Uma outra pesquisa do hospital divulgada em julho afirmava que apenas 1 em cada 4 motociclistas acidentados aprendeu a dirigir em autoescolas.

Outra sugestão, fruto do Fórum Saúde e Trânsito, promovido em junho pelo hospital, é criar categorias na habilitação de motociclistas --hoje existe apenas uma.

De acordo com o texto resultante dos debates, é primordial a definição das áreas de trânsito das motocicletas entre as faixas de rolamento dos automóveis e as regras de circulação das motos nessas faixas, inclusive com a definição da velocidade máxima.

"A importância do fórum foi permitir que todos os setores interessados se manifestassem e chegassem a estas propostas, que na verdade é uma tentativa de se criar um movimento de mobilização social, onde todos os participantes tenham consciência do seu papel", afirma a médica fisiatra Julia Greve, coordenadora da ação.

Fonte Folhaonline

Estudo diz que 5.000 crianças caem de janelas por ano nos EUA

As salas de emergência americanas recebem por ano mais de 5.000 casos de crianças que se feriram ao cair de janelas, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista "Pediatrics".

A pesquisa, realizada pelo médico Gary Smith, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Lesões do Hospital Nacional de Crianças em Columbus (Ohio), indicou que entre 1990 e 2008 cerca de 100 mil crianças foram atendidas por causa deste tipo de acidente.

"Ainda vemos mais de 5.000 crianças por ano sendo atendidas nas salas de emergência dos hospitais de todo o país por lesões relacionadas a quedas pela janela", afirmou Smith. "São 14 crianças por dia, o que demonstra que este continua sendo um problema muito grande", ressaltou.

Os pesquisadores estudaram dados do Sistema Nacional de Vigilância Eletrônica de Lesões, que mantém a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo nos Estados Unidos.

O grupo dividiu os pacientes em dois grupos por idades de 0 a 4 anos e de 5 a 17, e descobriram que as crianças mais novas são as que mais sofrem este tipo de acidentes --em particular, as de 2 anos foram as que mais sofreram acidentes.

Entre as causas, os especialistas apontaram a curiosidade, a falta de noção de perigo e a instabilidade de seu centro de gravidade por serem tão novos, e recomenda aos pais que tomem medidas de segurança.

"Estas são crianças que não reconhecem o perigo, são curiosas, querem explorar e quando veem uma janela aberta, querem investigar", disse Smith.

As crianças registraram sobretudo ferimentos na cabeça ou no rosto, embora só dois casos tenham resultado em morte, enquanto no grupo de meninos e meninas mais velhos houve mais fraturas de braço e pernas.

O estudo indica que a maioria das crianças caiu do primeiro ou segundo andares, e o especialista ressalta que uma tela protetora não é suficiente para garantir sua segurança.

Smith recomenda aos pais das crianças menores de 5 anos que não deixem as janelas abertas mais de quatro centímetros, e que deixem os móveis longe das janelas para que as crianças não subam até o parapeito.

Fonte Folhaonline

Britânica torna-se pessoa mais jovem na Europa a usar mão biônica

A estudante britânica Chloe Holmes, 15 anos, tornou-se a pessoa mais jovem na Europa a usar mão e dedos biônicos.

Veja vídeo.

BBC
A estudante Chloe Holmes, 15, tornou-se a pessoa mais jovem na Europa a usar mão e dedos biônicos
A estudante Chloe Holmes, 15, tornou-se a pessoa mais jovem na Europa a usar mão e dedos biônicos

A jovem perdeu os dedos da mão esquerda ainda bebê, devido a uma septicemia, ocorrida após contrair catapora.

Antes de ter a mão biônica, Chloe usava uma prótese de borracha, mas a dificuldade em agarrar os objetos complicava a sua vida escolar.

A família da estudante pagou 38 mil libras (pouco mais de R$ 100 mil) pela prótese.

Fonte Folhaonline

'Nature' discute droga que apaga memória

Até outro dia, elas eram ficção científica: drogas capazes de apagar a memória, como no filme estrelado por Jim Carrey, "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" (2004). Mas o assunto já ganha as páginas da "Nature".

No cinema, um coração partido faz com que o personagem vivido por Carrey queira apagar a sua ex-mulher da memória.

Na realidade, com a criação de substâncias capazes de manipular até lembranças antigas no cérebro, surge um movimento em favor desses medicamentos --ao menos para casos especiais.

"Dada a conexão entre a memória e o senso de si mesmo, alguns bioeticistas argumentam que, em vez de buscar uma solução numa pílula, deveríamos fazer o trabalho difícil, de transformar más experiências em coisas boas", diz Adam Kolber, da Escola de Direito do Brooklyn, em Nova York, em seu artigo publicado na "Nature".

"Esses argumentos não são persuasivos. Algumas lembranças, como a de bombeiros que vasculham cenas de destruição em massa, podem não ter nenhuma qualidade que as redima", retruca.

Editoria de Arte/Folhapress

Kolber argumenta que essas drogas podem ser a diferença entre uma vida saudável e um tormento eterno para quem sofre de estresse pós-traumático, por exemplo.

Um consenso quase unânime na discussão é que pesquisas nessa direção devem continuar, porque é por meio delas que os cientistas estão destravando os enigmas em torno da formação e do funcionamento das memórias.

"O propósito dos nossos experimentos era tentar entender a base molecular do armazenamento de lembranças, que antes disso era um mistério científico completo", afirma Todd Sacktor, líder do grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Nova York que, em 2009, descobriu uma droga capaz de apagar memórias específicas no cérebro de camundongos.

A defesa de Sacktor é acompanhada pelos bioeticistas. "A busca do conhecimento, se eticamente desenvolvida, deve ser estimulada", diz Volnei Garrafa, especialista em bioética da UnB (Universidade de Brasília).

"Mas a aplicação prática do conhecimento conquistado pela pesquisa deve ser controlada pelas leis, por comitês de ética e bioética, pelo Estado e pela sociedade."

Em seu artigo na "Nature", Kolber sustenta que esses mecanismos de controle já existem, e que incluir muitas barreiras ao uso desses medicamentos pode acabar sabotando seu potencial médico.

"Todas as drogas apresentam risco de uso inadequado. Uma droga desse tipo presumivelmente seria controlada e exigiria uma prescrição médica", conclui Kolber.

Fonte Folhaonline

2011: veja calendário de vacinação pelo SUS para SP

Pneumocócica 10-valente e meningocócica foram incluídas; idade para hepatite B aumentou

São três novidades em relação ao calendário atual. Haverá inclusão da vacina pneumocócica 10-valente, que protege crianças contra uma bactéria causadora de infecções respiratórias, e da meningocócica, que imuniza contra a meningite C.

Outra mudança é a ampliação da idade para imunização contra a hepatite B, agora disponíveis para a população de 1 a 24 anos. Antes, apenas pessoas até 19 anos tinham direito à vacina. As alterações seguem diretrizes do Ministério da Saúde.

As doses do calendário da rede pública são oferecidas gratuitamente e contemplam todas as faixas etárias. A dupla adulta, contra difteria e tétano, por exemplo, deve ser tomada a cada 10 anos. Do total de casos de tétano acidental registrado no Estado nos últimos cinco anos, praticamente todos os casos (99,9%) ocorreram em adultos maiores de 30 anos.

A vacina contra a febre amarela também tem validade de uma década, para pessoas que vão viajar ou residem em áreas de risco. As vacinas estão disponíveis nos postos de saúde, que abrem de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

Calendário de vacinação 2011 para crianças até 6 anos:

BCG: contra tuberculose;

POLIOMIELITE: contra poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada);

HEPATITE B: contra hepatite B (recombinante);

DTP-Hib: contra difteria, tétano e coqueluche + Haemophilus influenzae b (conjugada);

ROTAVIRUS: contra rotavírus humano G1P1[8] (atenuada);

PNEUMOCÓCICA 10-valente: contra 10 tipos de pneumococos causadores de doenças como pneumonia, otite e meningite;

MENINGOCÓCICA C: contra o meningococo C (conjugada);

FEBRE AMARELA: contra febre amarela (atenuada);

¹ Reforço a cada dez anos para pessoas que residem ou viajam para regiões onde houver indicação epidemiológica;

SARAMPO-CAXUMBA-RUBÉOLA: contra sarampo, caxumba e rubéola;

DTP: contra difteria, tétano e coqueluche; dT: contra difteria e tétano adulto

dT: contra difteria e tétano adulto

Calendário para crianças maiores de 7 anos e adolescentes:
Calendário para adultos entre 20 e 59 anos:

² Disponível na rede pública para pessoas até 24 anos a partir de 2011.
Calendário para adultos com 60 anos ou mais:


² Disponível na rede pública em períodos de campanha.

Fonte SaudeWeb

“Farmacêuticas estão grande demais para serem inovadoras”

Descobridor do Viagra não concorda com a estrutura de milhares de cientistas trabalhando para uma empresa. Além disso aponta razões científicas para a estagnação das descobertas

As tecnologias recentes permitem a realização de milhões de sínteses de compostos, mas isso não reverterá a estagnação da indústria farmacêutica. O que leva à descoberta de novas drogas é uma combinação de ciência de alto nível e “arte”, isto é, “altas doses de criatividade com um enfoque personalizado, autoral”.

A opinião é do cientista britânico Simon Fraser Campbell, que tem em seu currículo descobertas como a do Viagra – conhecido medicamento para a disfunção erétil – e do Norvasc, a quarta droga mais vendida no mundo, usada para angina e hipertensão.

Campbell participou, na semana passada, da Escola São Paulo de Ciência Avançada sobre “Produtos Naturais, Química Medicinal e Síntese Orgânica”, realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O evento foi realizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), modalidade de apoio da FAPESP.

Formado na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, Campbell foi professor visitante da Universidade de São Paulo (USP) entre 1962 e 1972. Depois trabalhou na Pfizer, onde se aposentou em 1998 como vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Ex-presidente da Royal Society of Chemestry, da Grã-Bretanha, o cientista é coautor de mais de 120 publicações e patentes.

Leia a seguir trechos da entrevista concedida por Campbell à Agência FAPESP:

Na sua opinião a descoberta de novos fármacos tem elementos de um processo criativo análogo à arte?
Simon Campbell – Sim. Como você viu, o título da minha conferência na ESPCA em Química era “Ciência, arte e descoberta de drogas – Uma perspectiva pessoal”. Falo em primeiro lugar de ciência, porque em descoberta de drogas temos que fazer a melhor ciência possível, da mais alta qualidade. E falo de arte porque frequentemente não sabemos como é a estrutura molecular dos nossos alvos e, para imaginá-la, precisamos usar toda a nossa criatividade. Não sabemos com o que a droga está interagindo, então isso requer uma alta dose de imaginação.

E a perspectiva pessoal se refere à sua experiência na descoberta do Viagra e do Norvasc?
Campbell – Sim, no sentido de que a descoberta de drogas está nas mãos de indivíduos. Isto é, depende de pessoas, não de máquinas, nem de testes exaustivos com milhares de compostos. O mais importante é o toque pessoal. Descobrir novas drogas é algo que tem forte ligação com ciência de alta qualidade e arte – porque precisamos de imaginação e inovação –, além de um toque pessoal.

Os investimentos da indústria farmacêutica vêm aumentando cada vez mais e os resultados são cada vez mais escassos. O que há de errado com o paradigma da descoberta de novas drogas?
Campbell – Há diversos problemas. Em primeiro lugar, nos últimos anos temos visto diversas empresas farmacêuticas realizarem fusões e aquisições e acho que elas ficaram grandes demais. Quando uma empresa farmacêutica tem um grupo de pesquisa de milhares de cientistas as coisas não funcionam. Eu acho que as empresas estão grandes demais para serem conduzidas. Especialmente, são grandes demais para serem inovativas.

Isso parece ter relação com a sua visão sobre a perspectiva pessoal.

De que tipo?
Campbell – Há cerca de 23 mil genes no corpo e as drogas que temos hoje só têm cerca de 300 desses genes ou proteínas como alvos. Então, temos uma lacuna de mais de 22 mil. Mas, como selecioná-los? Um dos problemas que temos é: não somos muito bons em validar os alvos. Não estamos fazendo esforços suficientes para dizer: esse alvo é relevante para a doença humana. Esse é um problema. O próximo problema é que às vezes se fazem compostos que simplesmente são falhos. Então, temos que fazer melhores compostos. E, finalmente, não sabemos qual paciente vai responder.

Como assim? Não se sabe como cada paciente vai reagir a cada droga?
Campbell – Sim. É preciso melhorar muito nosso conhecimento sobre a base genética da doença, assim podemos escolher o paciente e escolher a terapia. Em câncer isso está funcionando muito bem. Em câncer podemos identificar certos pacientes ou grupos sobre os quais podemos dizer: isso provavelmente vai funcionar, aquilo não. Não podemos fazer isso em asma, hipertensão… Não temos esse conhecimento. Então, é preciso saber validar o alvo, ter a melhor qualidade de compostos e saber identificar o paciente que irá responder. Acho que não demos muita atenção para esses três fatores e é provavelmente por isso que não apareceram muitas novas drogas nos últimos anos.

Qual seria o caminho para contornar esses problemas?
Campbell – Acho que o caminho é estabelecer institutos de descoberta de drogas. Não apenas ir aos departamentos de química das universidades e dizer: descubram medicamentos. Pegue-se gente com experiência, criem-se institutos com 300 ou 400 pessoas no máximo. Contratem-se profissionais e criem-se institutos exclusivamente voltados para a descoberta de drogas.

Institutos multidisciplinares?

As novas tecnologias trouxeram a possibilidade de fazer milhões de screenings. Mas como processar todos esses dados? Como aplicar aos sistemas biológicos toda essa informação?
Campbell – Acho que a síntese de compostos chegou a um patamar definitivo, assim como os screenings. Mas, basicamente, a descoberta de drogas não tem a ver com números. É imaginação, é arte. Você precisa pensar. Apenas fazer milhões de screenings e milhões de sínteses de compostos não vai levar a uma nova droga. Minha analogia é a produção automobilística. Uma fábrica pode produzir milhões e milhões de carros, mas, se quiser vencer na Fórmula 1, ela precisa ter a melhor tecnologia, precisa ter um Ayrton Senna para pilotar e precisa ter uma excelente equipe nos boxes. A descoberta de drogas, para mim, é mais parecida com uma corrida de Fórmula 1. Não adianta fazer milhões de carros, para ganhar a corrida é preciso ter um carro de alta tecnologia, o melhor piloto e uma boa equipe.

É preciso ter sorte também?
Campbell
– Veja, nós sempre temos um objetivo. Sempre partimos de uma hipótese. Quando começamos com o Viagra, queríamos tentar inibir uma enzima que achávamos que estava envolvida com doenças cardiovasculares. Não tínhamos uma estrutura. Imaginamos como a enzima devia se parecer, com moléculas especificamente desenhadas para isso. Constatamos que o composto não tinha atividade cardiovascular alguma. Então, fizemos um teste final em voluntários homens, com dose máxima por dez dias e vimos duas ou três ereções. Depois disso, começamos a pensar como o composto funcionava. Paralelamente, o pessoal da área comercial nos alertou que a disfunção erétil era um problema médico crítico. Era uma grande preocupação e havia demanda. Vimos que tínhamos achado algo importante. Claro, tivemos sorte. Mas acho que fizemos nossa própria sorte. Criamos terreno fértil para que ela aparecesse.

Fonte Saudeweb

Campbell – Gente bem treinada em química, em biologia… Sim, institutos multidisciplinares que permitam que todo mundo trabalhe junto com o objetivo de descobrir drogas. É uma proposta que estamos fazendo ao governo do Reino Unido. Se eles serão receptivos eu não sei ainda, mas esse é o plano que temos. E acho que o Brasil tem uma grande oportunidade para estabelecer ou fortalecer os institutos de descoberta de drogas que vocês já têm.

Campbell – Sim, perde-se o caráter pessoal. Eu gosto de grupos nos quais posso falar com as pessoas. Gosto de poder atravessar um corredor e bater na porta do colega da equipe se precisar interagir. Não me agradam os grupos de pesquisa com milhares de cientistas espalhados pelo mundo. Parece trivial, mas isso muda muito a dinâmica do trabalho e faz toda a diferença. Mas há também razões científicas para a estagnação das descobertas.