Um composto formado por nanopartículas promove a melhora da hidratação e da oleosidade da pele de pessoas diagnosticadas com dermatite atópica ou psoríase.
Nanopartículas já partículas que medem entre 50 e 200 nanômetros e que estão sendo cada vez mais usadas pela medicina. Vários cremes hidratantes e protetores solares já usam nanopartículas.
Neste novo estudo, realizado na USP, as nanopartículas foram fabricadas à base de óleo de arroz, obtido do farelo de arroz. O óleo de arroz também já está sendo usado na composição de protetores solares e hidratantes.
O que a farmacêutica Daniela Spuri Bernardi queria saber era se o uso da nanotecnologia poderia potencializar o óleo de arroz, permitindo seu uso não apenas na prevenção, mas também em situações críticas de problemas na pele.
Nanoemulsão
A nova substância, que contém água, óleo e tensoativo (produto que possibilita a mistura de água e óleo) tem a superfície de contato com a pele aumentada devido às minúsculas partículas que a formam.Ela atua como antioxidante e adjuvante no tratamento da pele ressecada de quem tem uma ou outra doença, pois ajuda na formação de uma proteção maior à camada mais externa da pele, além de evitar processos inflamatórios e reduzir a utilização de corticosteroides (hormônios sintéticos que inibem a inflamação).
Para a obtenção da nanoemulsão, Daniela testou diversos pares de tensoativos até chegar a um composto estável.
“Este cuidado é essencial para verificar se as partículas do composto mantêm o tamanho nanométrico e se o pH [indicador de acidez, alcalinidade ou neutralidade de uma solução], além da condutividade elétrica da substância, não se altera, ou seja, se há ou não perda das propriedades como cor, textura e validade do composto neste período,” explica ela.
Foi realizado o procedimento de cromatografia líquida de alta eficiência, que serve para identificar os compostos do óleo de arroz. “Dentre as substâncias encontradas no óleo de arroz, há a presença de gama-orizanol, substância já conhecida por sua capacidade antioxidante e, entre outras características, por já beneficiar o tratamento de outras doenças da pele sem ser a dermatite atópica e a psoríase.” diz Daniela.
Irritabilidade, hidratação e oleosidade
Foram realizados testes com 26 voluntários em que o óleo de arroz foi aplicado no antebraço (sem lesões) de 17 pessoas com pele normal, 9 com psoríase e 8 com dermatite atópica.
A preparação da pele do antebraço para receber o produto ocorreu pela lavagem da região com água e sabão com duas hora de antecedência à aplicação, e 15 minutos de aclimatação à sala onde o produto seria aplicado.
Os resultados demonstraram alta hidratação da pele dos dois grupos e um aumento positivo de oleosidade.
Conforme relata a farmacêutica, “isto implica numa melhora na função de barreira da pele e não uma cura, mas na possibilidade de um tratamento complementar ao usual que pode atuar também como preventivo, uma vez que a pele menos ressecada causa menor possibilidade de formação de placas ou de feridas.”
Dermatite Atópica e Psoríase
A Dermatite Atópica é considerada uma forma específica de alergia, não contagiosa e hereditária.
Caracteriza-se pela inflamação crônica da pele, que causa muitas vezes vermelhidão e coceiras principalmente em regiões como o cotovelo, joelhos e pregas da pele devido ao ressecamento. O ato de coçar o local alivia, mas também, provoca lesões e contaminação devido à fragilidade da pele.
Em contrapartida, a pele de pacientes com psoríase sofre com inflamações crônicas e a renovação rápida das células das regiões afetadas, o que além de engrossar a camada mais superficial da pele, gera a formação de placas e escamações.
“Em ambos os casos a complementaridade da nanoemulsão ao tratamento dos pacientes funciona por meio do aumento da hidratação e da oleosidade e pode, com isto, aliviar a sensação incômoda de coceira provocada pelo ressecamento e diminuir as lesões provocadas pelos próprios pacientes em seu corpo ao se coçarem”, diz a farmacêutica.
Fonte: Diário da Saúde, com informações da Agência USP
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