Há possibilidade de fazer a doação em vida e com autorização familiar após a morte
There is possibility of living donation and with family consent after death
O caso do menino Patrick, de 10 anos, mostrou, mais uma vez, o valor do transplante de órgãos. Ele foi a primeira criança a receber um coração artificial no Brasil. A operação aconteceu há 15 dias no Hospital Nacional de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Agora ele permanece em recuperação no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do Instituto Nacional de Cardiologia, na zona Sul do Rio.
Patrick sofre de uma doença cardíaca rara (cardiomiopatia restritiva hipertrófica), que inflama o músculo cardíaco, causando problemas na circulação do sangue. Portanto, o transplante foi decisivo para mantê-lo vivo.
Casos como o dele e de tantas outras pessoas que precisam de transplante para sobreviver podem ser solucionados por meio da doação de órgãos.
Veja abaixo quais são os requisitos necessários para ser um doador em vida e após a morte. As informações são do Ministério da Saúde.
Principais requisitos
– Ter identificação e registro hospitalar.
– Ter a causa do coma estabelecida e conhecida.
– Não apresentar hipotermia (temperatura do corpo inferior a 35ºC), hipotensão arterial ou estar sob efeitos de drogas depressoras do Sistema Nervoso Central
– Passar por dois exames neurológicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Esses exames devem ser realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e de transplante.
– Ser submetido a exame complementar que comprove a morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sanguíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral.
– Estar comprovada a morte encefálica. Nessa situação o cérebro está morto, tornando a parada cardíaca inevitável. Apesar de ainda haver batimentos cardíacos, que vão durar apenas algumas horas, o paciente não pode mais respirar sem os aparelhos.
- Necessária autorização da família. Pela legislação brasileira, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas mortas só pode acontecer após a autorização dos familiares. Por isso, quem tem interesse em doar órgãos deve manter a família avisada.
– O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte.
Órgãos que podem ser doados após morte cerebral
Órgãos que podem ser doados após morte cerebral
– Córneas (retiradas do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidas fora do corpo por até sete dias)
– Coração (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo seis horas)
– Pulmão (retirados do doador antes da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por no máximo seis horas)
– Rins (retirados do doador até 30 minutos após a parada cardíaca e mantidos fora do corpo até 48 horas)
– Figado (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas)
– Pâncreas (retirado do doador antes da parada cardíaca e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas)
– Ossos (retirados do doador até seis horas depois da parada cardíaca e mantidos fora do corpo por até cinco anos)
– Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue)
– Pele.
– Válvulas cardíacas
Para doar órgãos em vida
A compatibilidade sanguínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família ou amigo. Este tipo de doação só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.
- Ser um cidadão juridicamente capaz;
- Estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;
- Apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;
- Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando; " Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante; e
- Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial.
Órgãos e tecidos que podem ser doados em vida:
- Rim;
- Pâncreas;
- Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
- Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%); e
- Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais).
Quem não pode doar?
- Pacientes portadores de insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular;
- Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contraindicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados;
- Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas; e
- Pessoas com tumores malignos - com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero - e doenças degenerativas crônicas.
Os potenciais doadores são identificados principalmente pelas centrais estaduais de transplantes, que em geral são avisadas pelos hospitais em que os pacientes estão internados de que aquele se trata de um caso de morte encefálica. Essas centrais fazem o encaminhamento para que os órgãos e tecidos sejam doados e cheguem até o receptor.