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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Médicos podem deixar planos de saúde se operadoras não aumentarem pagamentos

Profissionais protestam nesta quinta contra seguradoras de saúde

Se os planos de saúde não reajustarem os honorários médicos, esses profissionais podem deixar de atender pelas operadoras. Essa é a opinião de representantes das principais entidades médicas nacionais, que marcaram para esta quinta-feira (7) uma paralisação em todo o país para protestar contra as seguradoras de saúde.

De acordo com Cid Carvalhaes, presidente da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), a possibilidade de descredenciamento em massa existe e já tem acontecido em alguns lugares.

- Se chegarmos a uma situação de absoluta intolerância das operadoras, não nos restará outra alternativa.

Para Hermann Alexandre von Tiesenhausen, conselheiro federal de medicina, a mobilização dos médicos podem recorrer ao descredenciamento com um opção no futuro.

- Num primeiro momento não pensamos nisso. A paralisação é um alerta para chamar atenção da população, mas outras estratégias podem ser adotadas, e pode até ser essa (o descredenciamento).

Foi o que ocorreu no final de fevereiro na cidade de Ivaiporã, no interior do Paraná, onde os 40 médicos do município pediram individualmente o desligamento dos planos. (http://noticias.r7.com/saude/noticias/medicos-de-cidade-paranaense-pedem-desligamento-de-planos-de-saude-20110223.html).

Apesar disso, Caravalhaes e Tiesenhausen concordam que a melhor estratégia para chegar a um acordo com as operadoras ainda é “perseguir o caminho do diálogo”.

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e a Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar, que reúne 15 operadoras) não possuem nenhuma informação a respeito do descredenciamento em massa de médicos.

A Fenam, o CFM e a AMB (Associação Médica Brasileira) são as entidades que encabeçam a paralisação dos médicos de planos de saúde. As atividades mais afetadas serão os atendimentos em consultórios e clínicas particulares. Já os hospitais que atendem pelas operadoras devem manter funcionando apenas os serviços de urgência e emergência. De acordo com a ANS, cirurgias não emergenciais, consultas, exames e internações deverão ser remarcados pelas operadoras. Caso contrário, essas empresas poderão ser multadas.

Uma das principais criticas dos médicos é o baixo valor pago pelas operadoras. Em São Paulo, a administradora de uma clínica especializada em doenças metabólicas e hormonais – que preferiu não divulgar o nome – afirmou ao R7 que o valor médio que um plano de saúde paga por uma consulta é de R$ 42,05. Já “o valor das consultas particulares gira em torno de R$ 300 no mercado”.

O conselheiro do CFM ressalta, no entanto, que o movimento não é exclusivo para pedir reajuste dos honorários médicos. Segundo Tiesenhausen, a paralisação também serve para alertar contra a interferência dos planos na autonomia dos médicos.

- Eu não posso ficar restrito a um plano que me diz se posso ou não pedir um exame.

Repasse aos clientes

De acordo com o advogado José Luiz Toro da Silva, presidente do IBDSS (Instituto Brasileiro de Direito da Saúde Suplementar), o problema das seguradoras de saúde é maior do que a questão da remuneração dos médicos. Ele afirma que é preciso repensar o modelo de saúde, para que os “planos tenham uma visão maior na prevenção”.

- A reivindicação dos médicos é justa. Mas a discussão tem que ser maior que isso. Não dá para pensar na remuneração sem pensar no modelo de saúde. [...] Qualquer aumento que seja dado, em algum momento será repassado aos consumidores.

Carvalhaes afirma, no entanto, que é possível reajustar os honorários médicos sem aumentar a mensalidade dos clientes.

- É só diminuir o lucro abusivo dos empresários. Nós entendemos que as mensalidades já são abusivas e permitem lucros exorbitantes.

Para Tiesenhausen, os reajustes têm sido desproporcionais.

- O reajuste das mensalidades é maior do que os repasses aos médicos.

A FenaSaúde informou, por meio de nota, que o reajuste médio do valor das consultas médicas praticado por afiliadas da federação entre 2002 e 2010 variou entre 83,33% e 116,30%.

- Os índices são significativamente superiores à variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado) no mesmo período, que foi de 56,68%.

De acordo com a AMB, existem 160 mil médicos atuando na saúde suplementar. Eles realizam cerca de 223 milhões de consultas por ano e acompanham 4,8 milhões de internações. Ainda segundo a AMB, os planos médico-hospitalares tiveram 129% de incremento na movimentação financeira entre 2003 e 2009, passando de R$ 28 bilhões para R$ 65,4 bilhões. O valor da consulta no mesmo período, diz a AMB, subiu apenas 44%.

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