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domingo, 5 de abril de 2015

Falar uma segunda língua pode mudar a forma como você vê o mundo

Está precisando ter a mente mais aberta? Matricule-se na escola de línguas mais próxima da sua casa
 
Segundo um novo estudo, falantes de inglês e alemão colocam ênfases diferentes sobre ações e suas consequências, influenciando a maneira como pensam sobre o mundo. O trabalho também constata que os bilíngues podem extrair o melhor de ambas as visões de mundo, podendo tornar o seu pensamento mais flexível.
 
Desde os anos 1940, cientistas cognitivos têm debatido se a sua língua materna influencia seu modo de pensar. A discussão tem sido reacendida nas últimas décadas, como um número crescente de estudos sugerindo que a linguagem pode levar os falantes a prestarem atenção em certos aspectos do mundo.
 
Falantes de russo são mais rápidos para distinguir tons de azul do que os falantes de inglês, por exemplo. E falantes de japonês tendem a agrupar objetos por material e não forma, enquanto os coreanos se concentram no quão firmemente os objetos se encaixam. Ainda assim, os céticos argumentam que tais resultados são artefatos de laboratório ou, na melhor das hipóteses, apenas refletem as diferenças culturais entre os participantes, algo que não teria relação com a linguagem.
 
No novo estudo, os pesquisadores se voltaram para as pessoas que falam vários idiomas. Ao estudar bilíngues, “nós estamos pegando esse debate clássico e virando-o de cabeça para baixo”, diz o psicolinguista Panos Athanasopoulos, da Universidade de Lancaster, no Reino Unido. Ao invés de perguntar se os falantes de diferentes línguas têm mentes diferentes, eles se perguntaram se duas mentes diferentes poderiam existir dentro de uma pessoa.
 
Nova abordagem
Athanasopoulos e seus colegas estavam interessados ​​em uma diferença especial na forma como falantes do inglês e do alemão tratam certos eventos. O inglês tem um conjunto de ferramentas que permite situar gramaticalmente ações no tempo: “I was sailing to Bermuda and I saw Elvis” (“Eu estava navegando para Bermuda e vi Elvis”) é diferente de “I sailed to Bermuda and I saw Elvis” (“Eu naveguei para Bermuda e vi Elvis”). O alemão não tem esse recurso. Como resultado, os falantes alemães tendem a especificar os começos, meios e fins de eventos, mas os falantes de inglês muitas vezes deixam de fora os fins e concentram-se nos meios. Olhando para a mesma cena, por exemplo, um falante de alemão poderia dizer: “Um homem sai de casa e vai para a loja”, enquanto o de inglês apenas diria: “Um homem está andando”.
 
Esta diferença linguística parece influenciar como os falantes das duas línguas interpretam eventos. Athanasopoulos e seus colegas pediram a 15 falantes nativos de cada idioma para assistir a uma série de vídeos que mostravam pessoas praticando caminhada, ciclismo, corrida ou dirigindo. Em cada conjunto de três vídeos, os pesquisadores pediram aos indivíduos para decidir se uma cena com um objetivo ambíguo (uma mulher caminha por uma rua em direção a um carro estacionado) era mais parecida com uma cena com uma meta clara (uma mulher entra em um prédio) ou uma cena sem objetivo (uma mulher caminha por uma estrada rural). Os falantes do alemão compararam cenas ambíguas com cenas com metas claras cerca de 40% da vezes, em média, em comparação com 25% entre os falantes de inglês. Esta diferença implica que os falantes do alemão são mais propensos a se concentrar em possíveis resultados das ações das pessoas, mas os falantes de inglês prestam mais atenção à ação em si.
 
Falantes bilíngues, por sua vez, pareciam alternar entre essas perspectivas com base na linguagem mais ativa em suas mentes. Os pesquisadores descobriram que 15 alemães fluentes em inglês eram tão focados em uma meta quanto qualquer outro falante nativo, quando testados em alemão em seu país de origem. Mas um grupo similar de 15 bilíngues alemão-inglês testados em inglês no Reino Unido tinham, assim como como falantes nativos de inglês, foco na ação. Essa alteração também pode ser vista como um efeito da cultura, mas um segundo experimento mostrou que os bilíngues também podem mudar de perspectivas tão rápido quanto podem mudar de idioma.
 
Enganando o cérebro
Em outro grupo de 30 bilíngues de alemão-inglês, os pesquisadores mantiveram uma língua ocupada durante a atividade com os vídeos, fazendo os participantes repetirem sequências de números em voz alta em inglês ou alemão. Distrair uma língua parecia trazer automaticamente a influência da outra língua à tona. Quando os pesquisadores “bloquearam” o inglês, os sujeitos agiram como alemães típicos e acharam que vídeos ambíguos eram semelhantes ao que tinham uma meta. Com alemão bloqueado, os indivíduos bilíngues agiram como falantes de inglês e combinaram as cenas ambíguas com as incertas. Quando os pesquisadores surpreenderam os participantes mudando a linguagem dos números de distração no meio do experimento, o foco das pessoas sobre objetivos versus ações mudou junto com a linguagem.
 
Os resultados sugerem que uma segunda língua pode desempenhar um importante papel inconsciente na elaboração da percepção. “Por ter uma outra língua, você tem uma visão alternativa do mundo”, explica Athanasopoulos.
 
“Este é um avanço importante”, diz o cientista cognitivo Phillip Wolff, da Universidade Emory, em Atlanta, que não estava ligado ao estudo. “Se você é bilíngue, é capaz de entreter diferentes perspectivas e ir e voltar”, diz ele. “Isso realmente não tinha sido demonstrado antes”.
 
Apesar disso, pesquisadores que duvidam que a linguagem desempenha um papel central no pensamento provavelmente permanecerão céticos. A psicóloga cognitiva Barbara Malt, da Universidade Lehigh, em Bethlehem, Pensilvânia, acredita que o ambiente artificial do laboratório pode condicionar as pessoas, fazendo com que confiem na linguagem mais do que normalmente fariam. “Em uma situação do mundo real, eu poderia encontrar razões para dar atenção à continuidade de uma ação e [também poderia ter] outros motivos para prestar atenção ao ponto final”, diz ela, descrente desta linha de pensamento. Para ela, tais mecanismos não existem somente em pessoas bilíngues e o simples conhecimento de outra linguagem não seria capaz de filtrar a maneira como enxergamos a realidade.

Science Magazine / Hypescience

Os antidepressivos mais populares são baseados em uma teoria antiquada

Você já deve conhecer medicamentos antidepressivos populares como Zoloft ou Prozac. Pesquisas mostraram que estes fármacos podem funcionar em alguns pacientes, mas não em todos
 
Isso, em parte, se deve ao fato de que eles agem baseados em uma teoria para explicar a depressão antiquada chamada de “teoria do desequilíbrio químico”, que é incompleta, na melhor das hipóteses.
 
Os pesquisadores e cientistas agora sabem que a depressão simplesmente não pode ser atribuída somente aos baixos níveis de serotonina no cérebro.
 
Doenças mentais e tratamento farmacêutico
Antes de entrarmos na questão da depressão, é preciso contextualizar como medicamentos para doenças mentais começaram a ser fabricados.
 
Na década de 1950, a psiquiatria era um campo em transição. Acreditava-se que as doenças mentais eram o resultado direto da circunstância social e muitos médicos contavam apenas com a terapia da conversa para tratar seus pacientes. As poucas terapias medicamentosas que existiam eram raramente adequadas para o tratamento de determinadas doenças. Morfina e ópio foram por vezes utilizados para tratar a depressão, enquanto a terapia de choque com insulina foi usada em pacientes esquizofrênicos não cooperativos para colocá-los em coma.
 
Até o final da década de 1950, clorpromazina, um novo medicamento psiquiátrico, tornou-se o tratamento de escolha para a esquizofrenia. Clorpromazina simplificou o problema de manter pacientes agressivos calmos e dóceis, ao evitar a necessidade do coma.
 
Durante os anos 1960, os pesquisadores confirmaram que neurotransmissores, como a dopamina ou serotonina, serviam como sinais químicos que permitiam que os neurônios se comunicassem, o que sustenta grande parte da função do cérebro. Logo, os cientistas descobriram que a clorpromazina inibia os receptores de dopamina nos ratos, bloqueando os efeitos normais da substância e, potencialmente, explicando os seus efeitos sedativos em seres humanos.

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Antidepressivos podem ter o mesmo efeito de placebo
 
Manipulação química de neurotransmissores
Drogas similares foram então desenvolvidas na premissa de que a dopamina excessiva no cérebro poderia ser responsável por alguns aspectos da esquizofrenia. Estes fármacos demonstraram rapidamente que a manipulação química de neurotransmissores poderia ser eficaz no tratamento de perturbações mentais.
 
Pulando para meados do século 20, os pesquisadores começaram a ficar ansiosos para desenvolver terapias de droga para transtornos mentais mais comuns, como a depressão. Haviam relatos de alterações de humor em pacientes que tomavam vários medicamentos para doenças não psiquiátricas. Iproniazida, usada para tratar a tuberculose, parecia melhorar o humor dos pacientes, enquanto a reserpina, originalmente usada para controlar a pressão arterial alta, parecia imitar a depressão.
 
Efeitos documentados da clorpromazina sobre os receptores de dopamina levantaram a possibilidade de que a iproniazida e a reserpina poderiam influenciar o humor através de seus efeitos sobre neurotransmissores. E este pareceu mesmo ser o caso. Iproniazida aumentava os níveis de serotonina no cérebro, enquanto a reserpina diminuía esses mesmos níveis.
 
Isso tudo sugeria que baixos níveis de serotonina podiam ser os responsáveis por sintomas de depressão, e que aumentar esses níveis poderia aliviar esses sintomas. Em outras palavras, os estudos indicavam que a depressão podia ser devida a um desequilíbrio químico no cérebro, e que este desequilíbrio poderia ser corrigido através da utilização específica de fármacos adequados.
 
Causa x efeito
Com base em estudos com roedores, os pesquisadores poderiam razoavelmente supor que as drogas aumentavam seus níveis de serotonina. O que eles não podiam assumir era que um aumento nos níveis de serotonina seria um benefício para as pessoas que sofriam de depressão.
 
E, no entanto, pelo menos para alguns pacientes, os efeitos terapêuticos dessas drogas eram inegáveis.
 
Mas havia ainda um problema: esses antidepressivos iniciais causavam efeitos colaterais graves, e os psiquiatras estavam céticos de que os pacientes estariam dispostos a tomá-los. Ainda assim, as empresas farmacêuticas viram uma grande oportunidade lucrativa e foram atrás de uma droga que pudesse aumentar os níveis de serotonina sem causar efeitos colaterais graves.
 
Entra Prozac e Zoloft
No início de 1970, surgiram drogas como a fluoxetina (Prozac) e a sertralina (Zoloft). Estes compostos eram parte de uma nova classe de antidepressivos, chamados inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), que elevavam os níveis de serotonina no cérebro, evitando que os neurônios reciclassem a serotonina que já tinha sido liberada.
 
Demorou cerca de 20 anos para os primeiros ISRS passarem por testes clínicos e receberem aprovação para serem comercializados. Psiquiatras e empresas farmacêuticas ficaram felizes em alardear uma explicação biológica para a depressão (baixos níveis de serotonina), e um remédio relativamente seguro para combater isso.
 
Mas os que estão familiarizados com a depressão sabem que muitas vezes ela pode resistir a esse tratamento. Nem todas as pessoas confrontadas com a doença podem ser ajudadas por antidepressivos destinados a “corrigir” um suposto déficit de serotonina – um fato que ressalta a insuficiência da teoria do desequilíbrio químico, bem como a complexidade da depressão, em geral.
 
Por que não podemos provar a teoria do desequilíbrio químico
Para começar, é impossível medir diretamente os níveis de serotonina no cérebro de seres humanos. Você não pode colher uma amostra de tecido cerebral humano sem destruí-la. Uma maneira de tentar medir esses níveis envolve a medição dos níveis de um metabólito da serotonina, 5-HIAA, no líquido cefalorraquidiano, que só pode ser obtido com uma punção lombar.
 
Um punhado de estudos da década de 1980 concluíram que os remédios diminuíam ligeiramente o 5-HIAA em pacientes deprimidos e suicidas, enquanto que estudos posteriores têm produzido resultados conflitantes sobre se os ISRS diminuem ou aumentam os níveis de 5-HIAA. O fato é que não há evidência direta de uma depressão subjacente a um desequilíbrio químico.
 
Sem contar que muitas outras drogas que não funcionam do mesmo jeito existem para tratar a depressão. Tianeptina faz exatamente o oposto dos ISRS – aumenta a recaptação da serotonina. Wellbutrin é outro antidepressivo que não aumenta os níveis de serotonina.

E ainda uma recente meta-análise realizada por pesquisadores liderados pelo psicólogo Paul Andrews da Universidade McMaster (Canadá) revelou que, em roedores, a depressão foi associada geralmente com elevados níveis de serotonina. Andrews afirma que a depressão é, portanto, um distúrbio de muita serotonina.
 
Os problemas dessa teoria não acabam aí. Se baixos níveis de serotonina fossem mesmo responsáveis por sintomas de depressão, é lógico que o aumento dos níveis de serotonina deveria aliviar os sintomas mais ou menos imediatamente. Só que, na realidade, os antidepressivos podem levar mais de um mês para entrar em vigor.
 
A complexidade da depressão
A verdade é ambígua: diferentes experiências têm demonstrado que ou a ativação ou o bloqueio de determinados receptores de serotonina melhoram ou pioram os sintomas de depressão de forma imprevisível.
 
No geral, os cientistas descobriram que a magnitude do benefício da medicação antidepressiva em comparação com placebo aumenta com a gravidade dos sintomas de depressão, mas esse benefício pode ser mínimo ou inexistente em pacientes com sintomas leves ou moderados.
 
A conclusão é que ampla gama dos sintomas de depressão pode estar ligada a fatores inumeráveis que se sobrepõem, de vulnerabilidade genética a deficiência de certos neurotransmissores a perturbações nos ritmos circadianos a fatores que podem alterar a sobrevivência e crescimento dos neurônios.
 
Também é óbvio que o estresse psicológico pode causar depressão. Isso não quer dizer que as bases sociais da depressão são totalmente diferentes das suas respectivas variáveis biológicas. A dicotomia de explicar a depressão ou como biológica ou como psicológica é falsa.
 
No futuro
Ficou claro que só se preocupar com a serotonina não cura a depressão. Mas os especialistas creem que várias terapias novas poderiam ganhar credibilidade nos próximos anos.
 
A ketamina, por exemplo, é uma esperança, mas deve ser administrada em intervalos regulares; a estimulação magnética transcraniana, em que ímãs são utilizados para manipular de forma não invasiva a atividade do cérebro, e a terapia da vigília, em que os pacientes são mantidos acordados por períodos prolongados, são outras duas opções baseadas em evidência científica.
 
No futuro, podemos até ver psicodélicos retornarem à clínica psiquiátrica; um número de compostos psicodélicos – incluindo a psilocibina, alucinógeno encontrado em cogumelos – mostraram-se promissores como antidepressivos nos últimos anos, um fato que tem levado muitos a pedir um fim à proibição da investigação de drogas psicoativas.
 
io9 / Hypescience

Intoxicação alimentar mata mais de 350 mil pessoas por ano, alerta OMS

 Nina Lima/25-03-2015: Para evitar intoxicação alimentar é
preciso ficar atento na procedência dos alimento, em especial
de proteínas que forem consumidas crus, alerta OMS
Órgão revela ainda que 582 milhões adoecem no mundo anualmente devido ao consumo de alimentos contaminados
 
Genebra - Novos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relevam o problema mundial e crescente da intoxicação alimentar. O órgão divulgou, nesta quinta-feira, números mostrando que, anualmente, 582 milhões de pessoas adoecem e, destas, 351 mil morrem por ingerirem alimentos contaminados. As regiões mais afetadas são África e o Sudeste Asiático. Mais de 40% dos doentes são crianças com menos de 5 anos.
 
“A produção de alimento foi industrializada e seu comércio e distribuição foram globalizados”, afirma a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, em comunicado. “Estas mudanças trazem várias novas possibilidades de o alimento vir a ser contaminado com bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas. Um problema local de segurança alimentar pode rapidamente se tornar uma emergência global”.
 
A contaminação pode causar mais de 200 tipos de doenças, desde diarreia a câncer. Os principais agentes são Salmonella Typhi, E. coli e norovírus. Exemplos de opções inseguras incluem alimentos de origem animal crus, frutas e vegetais contaminados com fezes e mariscos contendo biotoxinas marinhas.
 
A insegurança alimentar também representa grandes perdas econômicas. A OMS citou um caso de 2011, quando houve um surto de E.coli na Alemanha, o qual provocou perdas no valor de US$ 1,3 bilhão para agricultores e indústrias.
 
A OMS diz que governos precisam implementar medidas para se proteger contra a contaminação alimentar e responder rapidamente aos surtos. Consumidores, por sua vez, deveriam ficar mais atentos à escolha dos produtos, à prática e à higiene no trato com o alimento.
 
Em 7 de abril, a OMS celebra o Dia Mundial da Saúde, e este ano o órgão diz que focará na segurança alimentar. Os números são iniciais e referentes a 2010, os mais recentes disponíveis por enquanto. Um relatório completo será divulgado em outubro.
 
O Globo

Transmissão proposital de HIV pode virar crime hediondo

Aijaz Rahi/AP/1-12-2013
Segundo Unaids, cada vez mais países analisam legislações
que proíbem a discriminação contra portadores de HIV -
Unaids pede arquivamento de projeto de lei e alega que texto vai na contramão da tendência mundial
 
Rio — A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados avaliará um projeto de lei que propõe tornar a transmissão proposital de HIV um crime hediondo. O PL 198/2015, do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), teve parecer favorável do relator, deputado Marco Tebaldi (PSDB-SC). A proposta foi criticada pela ONU, que pede seu arquivamento, argumentando que a lei seria um retrocesso e vai na contramão da tendência mundial.
 
Grupos de homens soropositivos combinam em redes sociais táticas para difundir o vírus HIV. No entanto, o Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) considera que estes casos já têm punição prevista do Código Penal Brasileiro. Isso tornaria o projeto de lei desnecessário, e, além disso, poderia comprometer o papel do país na “liderança mundial na promoção da saúde pública e dos direitos humanos, em especial no que se refere à resposta eficaz à epidemia da Aids”.
 
De acordo com o Unaids, “não há evidências de que a criminalização da transmissão do HIV traga vantagens ou benefícios para a saúde pública”. Além disso, uma legislação específica para este propósito ignora avanços da ciência na prevenção e tratamento do vírus e aumenta a estigmatização dos soropositivos.
 
O projeto de lei poderia, inclusive, contribuir para a propagação do vírus, já que os soropositivos, ao se sentirem criminosos, tendem a “fugir dos serviços de saúde, evitando o teste para o HIV, iniciando o tratamento em um estágio muito avançado da infecção e, portanto, tornando-se potencialmente mais propensos a transmitir o vírus de forma involuntária”, avalia o Unaids.
 
O órgão destaca o pioneirismo do Brasil em questões como quebra de patentes de medicamentos e a universalização do tratamento antirretroviral. A Lei 12.894, aprovada no ano passado, pune a discriminação contra portadores de HIV. Legislações com o mesmo modelo já estão sendo implementadas em outros países. A expectativa da ONU é erradicar a epidemia do vírus em 2030.
 
O Globo

Grupo cria caneta para ajudar pessoas com Parkinson a escrever à mão

Foto: Dopa Solution/Divulgação
Grupo de pesquisadores desenvolveu a caneta ARC, para ajudar
 pessoas com Parkinson a escrever à mão
Micrografia, ato de escrever com letra pequena, é comum no Parkinson. Caneta tem vibrações que relaxam musculatura da mão e ajudam escrita
 
Pensando em um problema que afeta o cotidiano das pessoas com a doença de Parkinson - a perda da habilidade de escrever de forma legível - um grupo de pesquisadores desenvolveu uma caneta especial que promete neutralizar os efeitos da mão trêmula durante a escrita.
 
A caneta, chamada ARC, foi criada pelo grupo britânico Dopa Solution's especialmente para pessoas que sofrem de micrografia: condição em que a letra fica cada vez menor até tornar-se ilegível.
 
Ela funciona por meio de vibrações que estimulam e relaxam os músculos da mão, eliminando temporariamente a rigidez, o que faz com que a ponta da caneta deslize mais facilmente sobre o papel. "Pensamos que a vibração pode agir como um ponto de partida para começar a escrever e para reduzir o esforço redundante em controlar a escrita" afirmou o grupo, por e-mail.
 
 Foto: Dopa Solution/Divulgação
Paciente testa caneta desenvolvida para pessoas com Parkinson: micrografia faz letra ficar cada vez menor
 
O produto já foi testado por um grupo de pacientes, que apresentaram uma melhora geral de 86% na qualidade da escrita. A principal motivação dos pesquisadores da Dopa Solution, empresa formada por jovens designers e engenheiros, é fazer com que as pessoas com Parkinson não deixem de escrever ou desenhar por causa da dificuldade.
 
 Foto: Dopa Solution/Divulgação
Caneta funciona por vibrações que ajudam a relaxar os músculos da mão de quem tem Parkinson
 
Para que a caneta chegue ao mercado, ainda são necessários mais testes e investimentos. "Achamos que um grande teste de usuários em parceria com médicos será nosso próximo passo para a efetividade e confiança do produto. Então, estamos procurando por investidores para pesquisas futuras e para a fabricação", afirmou o grupo.
 
G1

STF retoma julgamento sobre lei que regulamenta organizações sociais

Foto/Reprodução: Ricardo Lewandowski
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta semana, após o recesso de Páscoa, o julgamento sobre a constitucionalidade da Lei das Organizações Sociais (9.637/98), na ação impetrada pelo PT e PDT, em 1998, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso
 
Os partidos questionaram, principalmente, a dispensa de licitação em contratos entre a União e organizações sociais.
 
Na época, os partidos alegaram que a lei é inconstitucional e transfere responsabilidade do Poder Público para particulares, ofendendo os princípios da legalidade e do concurso público na gestão de pessoal. O processo tem dois votos a favor da derrubada de parte da lei. O julgamento será retomado com voto vista do ministro Marco Aurélio.
 
Também estão pautadas para as próximas sessões propostas de súmulas vinculantes e de ações diretas de inconstitucionalidade que aguardam julgamento, depois de pedidos de vista. Foram pautados até o momento cerca de 50 processos para as sessões de quarta (7) e de quinta-feira (8). Entre eles, somente um trata de assunto penal. O plenário deve julgar um recurso do ex-deputado federal Romeu Queiroz, condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão, para ter direito a cumprir regime aberto, sem o pagamento da multa aplicada no julgamento.
 
A prioridade para julgamentos de questões que têm impacto nas instâncias inferiores faz parte da estratégia do presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski. A medida foi possível depois da decisão do STF que remeteu para as duas turmas da Corte a competência para julgar inquéritos e ações penais, processos que levam mais tempo para serem analisados pelo plenário.
 
Agência Brasil

Comidas da infância podem diminuir sentimentos de rejeição e vulnerabilidade

Uma comida favorita pode ter relação direta com a pessoa
 que preparou a receita pela primeira vez
Conforto, segurança e bem-estar: estudo da Universidade de Buffalo defende que alimentos consumidos durante os primeiros anos de vida têm influência na vida adulta
 
Espaguete com almôndegas, lasanha ou até mesmo o clássico arroz com feijão e bife: o que esses pratos têm em comum? Para muitas pessoas, eles podem ser classificados como ‘comfort food’, aquele prato que, independentemente do modo de preparo, traz à tona histórias de vida e experiências agradáveis, algo que vai muito além do paladar.
 
Além disso, ter uma comida favorita pode ter relação direta com a pessoa que preparou a receita pela primeira vez, como um amigo próximo ou um familiar, de acordo com estudo da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos. Para os pesquisadores, um bom relacionamento afetivo é um fator social que tem forte influência sobre as preferências gastronômicas e hábitos alimentares de cada pessoa.
 
“Tradicionalmente, comfort food são aquelas comidas que nossos pais ou cuidadores nos deram quando éramos crianças. A partir do momento que nós temos uma relação positiva com a pessoa que preparou aquele alimento, existe uma boa chance de repetirmos esse hábito alimentar ao passarmos por momentos de dificuldade, como rejeição e isolamento”, afirma Shira Gabriel, psicóloga da Universidade de Buffalo, em comunicado.
 
Mais feliz
A comida reconfortante, apontam os pesquisadores, consegue deixar as pessoas mais felizes, principalmente em momentos de crise. É justamente por isso que procuramos alimentos e pratos específicos quando estamos nos sentindo mal, já que existe essa associação inconsciente com as pessoas com quem tivemos um bom relacionamento na infância, como pais, tios e avós.
 
“É o alimento que as pessoas cresceram comendo. Em um estudo anterior, nós oferecemos aos entrevistados uma canja, com frango e macarrão. Apenas aqueles que tinham uma conexão emocional com esse tipo de sopa classificaram a refeição como comfort food e se sentiram socialmente aceitos depois de se alimentar”, explica Shira Gabriel.
 
Para os pesquisadores, essa é uma conclusão que pode dar pistas e indícios importantes sobre a melhor forma para lidar com a sensação de vulnerabilidade e fragilidade. O fato de encontrar conforto na alimentação, estimulando a sensação de pertencimento a alguma época ou lugar, pode diminuir os riscos de problemas de saúde físicos e emocionais.
 
Porém, a psicóloga e autora do estudo Shira Gabriel pondera que esses pratos não são tão isentos de risco assim. O exagero e a dependência devem ser policiados de perto. “Esses alimentos podem talvez destruir a sua dieta”, atenta ela.
 
iG