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quinta-feira, 4 de maio de 2017

Flexibilização do jejum altera avaliação de doenças ligadas à gordura e ao colesterol

Foto: Reprodução
Tempo de espera para a realização de exames não será mais de 12 horas

Ficar muitas horas de jejum é um sacrifício para muitas pessoas, que precisam marcar seus exames laboratoriais bem cedo para evitar tanto a fome quanto as filas longas. Mas diante do consenso entre diversas sociedades médicas brasileiras, essa situação promete melhorar: foi estabelecida a flexibilização das horas necessárias para a realização de exames de perfil lipídico, que dosam os níveis de triglicerídeos, colesterol total, HDL e LDL. Com isso, pessoas com doenças medidas por meio desses exames, como a aterosclerose e a dislipidemia, foram beneficiadas com a diminuição das horas para a coleta de material, que antes era de 12 horas – em especial as gestantes, os idosos e os diabéticos, que correm maior risco de sofrer hipoglicemia com jejum prolongado.

Segundo a Dra. Mônica Freire, diretora médica do Alta Medicina Diagnóstica, a mudança ocorreu com base em pesquisas publicadas recentemente sobre o perfil lipídico, que revelaram que a falta de jejum não afeta a avaliação do estado atual do paciente de forma significativa. Os equipamentos mais avançados à disposição dos laboratórios também permitiram minimizar a interferência do aumento dos níveis de gordura após as refeições nos resultados dos exames.

“Como a maior parte do colesterol é produzida pelo corpo e muda pouco com a alimentação, é desnecessária a imposição do jejum para medir seu nível no organismo. No caso dos triglicerídeos foram estabelecidos valores de referência também confiáveis sem jejum. Ou seja, os exames poderão captar a quantidade de gordura, triglicerídeos e colesterol presente no organismo em seu estado natural e cotidiano, sem que o paciente precise alterar sua rotina e sua alimentação para o exame”, explica a médica.

Essa mudança beneficia principalmente os pacientes com doenças relacionadas ao excesso de gordura e às altas taxas de colesterol e triglicerídeos, como é o caso da aterosclerose, que acumula gorduras e outras substâncias nas paredes das artérias, e da dislipidemia, quando os níveis de lipídios e lipoproteínas estão elevados de forma anormal no sangue – ambas influenciam diretamente no funcionamento do coração e do sistema circulatório, podendo levar a ataques cardíacos e derrames. Pessoas com diabetes, pressão alta, obesidades e que mantêm hábitos que não são saudáveis, como o fumo e a ingestão constante de alimentos calóricos, têm mais de 50% de chance de desenvolver essas doenças.

“Apesar das recomendações adotadas pelas sociedades, é importante lembrar que o médico que acompanha o paciente deve avaliar os momentos em que pode ser necessário fazer o jejum, levando em consideração seu estado metabólico”, diz a Dra. Mônica.

Paula Borges
paula@saudeempauta.com.br

Cerca de 10% dos pacientes internados contraem infecção, risco que poderia ser reduzido em 70% com a higienização das mãos

OPAS/OMS
No Dia Mundial da Higienização das Mãos, celebrado em 5 de maio, organizações de saúde fazem um alerta para o risco de infecção hospitalar que ronda pacientes internados em hospitais do país

Só em fevereiro deste ano foram registradas cerca de 300 mil internações em hospitais na região Sudeste, segundo dados do Datasus. A estimativa é que cerca de 10% desses pacientes contraíram algum tipo de infecção durante o período de internação, situação que poderia ser evitada com uma atitude simples: a higienização correta das mãos.

De acordo com a Comissão Nacional de Biossegurança (CNB), pelo menos 100 mil pessoas morrem por ano, no Brasil, por causa do problema, que atinge tanto as instituições públicas, como as privadas. A data, definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem o objetivo de propor mais atenção dos profissionais de saúde e população em geral para o cuidado com a lavagem correta das mãos, principalmente em ambientes hospitalares em que há pacientes com baixa de imunidade.

“A higiene das mãos é uma das medidas mais simples e eficazes na prevenção de infecções e, por consequência, na garantia da segurança do paciente. Através dela, reduzimos a transmissão cruzada de micro-organismos, muitos deles perigosos, para pacientes internados”, alerta Isabella Cavalcanti, infectologista do Hospital São Vicente de Paulo (RJ). “É dentro de hospitais que se concentram uma gama de doenças causadas por micro-organismos dos mais variados. Desde o vírus da gripe até bactérias perigosas e com potencial de resistência aos antimicrobianos, como o Staphylococcus aureus, Pseudomonas e Acinetobacter”, alerta.

De acordo com a infectologista, a higienização das mãos pode ser feita através da lavagem com água e sabão neutro ou através da fricção com álcool a 70%, formulado especificamente para este fim (com emoliente). “O método deve abranger toda a superfície das mãos, incluindo dorso, interdigitais, polegares, pontas dos dedos, e finalizando nos punhos”, observa.

Segundo Isabella Albuquerque, a higiene das mãos é tão importante que já deixou de ser item a ser lembrado apenas em campanhas. “Deve ser uma prerrogativa quando se pretende atuar como profissional de saúde, a primeira medida a ser adotada antes do contato com qualquer paciente. E deve ser a última também, após o contato”, ressalta.


Vulneráveis

Pacientes que passaram por cirurgias ou que estão em Unidades de Terapia Intensiva são os que correm mais riscos de contrair algum tipo de infecção causado por vírus ou bactérias. “Uso de sondas, cateteres, ventilação mecânica, punção de veia para instalação de soro ou coleta de sangue são todos procedimentos que acabam servindo de porta de entrada para bactérias”, afirma José de Lima Valverde Filho, coordenador de acreditação do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA).

O coordenador do CBA lembra ainda que nas camadas superficiais da pele podem ser encontrados bactérias, fungos e vírus. “É preciso remover os anéis, pulseiras e relógios, antes da lavagem já que esses objetos acumulam micro-organismos”, salienta.

No ambiente hospitalar, medidas simples como essas acabam tendo um impacto significativo. Calcula-se, por exemplo, que apenas com a higiene adequada das mãos, entre o atendimento de um paciente e outro e antes da realização de qualquer procedimento invasivo, seria capaz de reduzir em 70% os casos de infecção. No entanto, apesar de simples, a adesão dos profissionais de saúde a esse cuidado ainda é pouca. Em média, apenas 40% deles lavam as mãos com a frequência adequada. No entanto, especialistas destacam que o hábito de higienizar as mãos é importante também fora dos hospitais, como forma de prevenção de diversas infecções como gripe e diarreia, por exemplo, e que deve ser cultivado desde a infância.

Nathália Vincentis
Jornalismo