Apesar de frota de motocicletas ser inferior a de automóveis, motociclistas seguem sofrendo mais acidentes fatais no Estado
Apesar de a frota de motocicletas ser amplamente inferior à de carros, motociclistas continuam fazendo parte do grupo que mais morre no trânsito no Estado de São Paulo. É o que mostram dados do Infosiga, sistema de informações sobre acidentes em território paulista atualizado mês a mês pelo governo.
De acordo com os dados de 2015 do relatório, 1.765 motociclistas morreram no período no trânsito contra 1.474 motoristas de automóveis. Os números parecem semelhantes, mas estão longe disso, já que a quantidade de motocicletas no Estado é quase quatro vezes inferior à de carros – 5.119.812 contra 19.855.940.
Especialista em Engenharia de Transporte, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Alexandre Rojas atribui o número ao tráfego congestionado da cidade de São Paulo, a falta de proteção que as motocicletas oferecem e a inexperiência dos novos condutores.
“O trânsito piorou e muitos motoristas de carros tiraram Carteira Nacional de Habilitação (CNH) também da categoria A [para motocicletas]. Quem dirige um automóvel está acostumado com o espaço grande da via e não com o corredor”, explica ele.
A alta velocidade em um corredor apertado também colabora para provocar acidentes graves já que as motos não oferecem a mesma segurança de um carro, segundo o especialista. “Andar pelo corredor estreito exige muita habilidade. Qualquer óleo na pista ou até mesmo chuva pode fazer a pessoa cair”, alerta.
Para diminuir o número de mortes, Rojas enfatiza ser imprescindível dirigir focado no trânsito – tanto os motoristas de carro quanto os de motocicletas. Não dar ‘fechadas’ e permanecer na velocidade certa também é essencial para evitar acidentes.
Já Gilberto Almeida dos Santos, presidente do Sindicato dos Motociclistas e Mototaxistas do Estado de São Paulo (Sindimoto-SP), sai em defesa de sua categoria e ressalta que, mesmo com o aumento da frota nos últimos anos, ainda não há políticas públicas específicas para os motociclistas
“Tanto o Estado quanto o município não se preocupam com a gente. Não dizem qual é o espaço certo que as motos devem andar e não atendem nossas reivindicações”, critica. Segundo ele, há um pedido de sinalização virtual nos corredores e a criação de motofaixas, mas o requerimento até hoje não foi aceito.
Para Santos, a redução de velocidade nas vias paulistas não ajudaram a diminuir as mortes de motociclistas. “A verdade é que somos as principais vítimas no trânsito. Precisamos de mais projetos o mais rápido possível para que esse cenário mude.”
Foto: Reprodução/R7
Foto: Reprodução/R7