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sábado, 1 de abril de 2017

Blitz em hospitais de SP encontra de paciente amarrado a remédio vencido

Uma vistoria surpresa do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) encontrou diversas irregularidades em hospitais e unidades municipais de saúde pelo Estado


Os fiscais do TCE acharam problemas como estocagem de remédios fora das condições adequadas, medicamentos vencidos, aparelhos novos em desuso, ponto de profissionais preenchido com antecipação e até um paciente amarrado a uma maca.

Foram vistoriadas 223 unidades de saúde –de um total de 3.126, entre hospitais, UPAs e UBSs– em 171 municípios paulistas. Para tal, o TCE mobilizou 275 agentes.

O relatório parcial divulgado pelo tribunal nesta quarta aponta que o tempo médio entre a chegada de um paciente e o atendimento nas unidades é superior a uma hora –83 minutos.

“O cidadão espera quase 1h30 para ser atendido pela triagem e mais 1h para ser atendido pelo médico”, afirma o presidente do TCE, Sidney Beraldo.

Dois terços das unidades não possuem ponto eletrônico para controle de frequência dos profissionais de saúde.Beraldo afirma que os médicos “são pagos, mas não cumprem jornada”.

Em Severínia (a 419 km da capital), por exemplo, os fiscais encontraram uma folha de frequência com a presença de um médico já assinada até a primeira quinzena de abril.

“Os municípios não têm controle adequado das jornadas dos médicos”, diz o presidente do TCE.

Em São Vicente, na Baixada Santista, um paciente na ala psiquiátrica de um hospital foi encontrado amarrado com gaze a uma maca no chão.

Entre os destaques negativos, o relatório aponta ainda que 70% dos locais apresentam equipamentos (como raio X, ultrassom e tomógrafo) em desuso, sejam novos, antigos ou quebrados.

Um conjunto radiológico de R$ 250 mil entregue há um ano em Ouroeste (a 588 km de São Paulo) foi encontrado ainda nas caixas.

Em Mairiporã, na região metropolitana de São Paulo, há um elevador desativado há mais de 20 anos em uma UBS. O banheiro para deficientes é utilizado como depósito.

Em Ribeirão Branco (a 295 km), medicamentos vencidos.

Foi aferido ainda que 34% das instituições não oferecem atendimento diferenciado para casos de suspeita de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

Após a conclusão do relatório, o TCE encaminhará recomendações aos municípios para que sanem a má aplicação de recursos públicos.

A reincidência dos problemas apontados resulta em uma determinação para o atendimento das exigências, e o seu não cumprimento pode resultar na reprovação das contas municipais.

As gestões dos municípios citados nesta reportagem foram procuradas pela Folha no final da tarde desta quarta, mas nenhuma foi encontrada.

Fonte: Folha de São Paulo-31.03.2017.