Envelhecimento ativo: processo de otimização das oportunidades de
saúde, participação e segurança de forma a melhorar a qualidade de
vida à medida que as pessoas ficam mais velhas
O conceito proposto
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é condição para um
envelhecimento positivo,
pois permite que as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar
físico, social e mental ao longo da vida, permitindo que participem da
sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades, ao
mesmo tempo em que propicia proteção, segurança e cuidados adequados,
quando necessários.
Para a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), ativo refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. As pessoas mais velhas que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros, comunidades e países. Há muitos idosos não só à frente da casa, mas responsáveis por algo ainda maior.
Para a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), ativo refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. As pessoas mais velhas que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros, comunidades e países. Há muitos idosos não só à frente da casa, mas responsáveis por algo ainda maior.
Uma inversão de papéis marca o envelhecimento de Augusta de
Souza, de 84 anos. Numa idade em que os filhos começam a cuidar dos
pais, é ela a segurança de Antônio Augusto, de 51, o filho
único que por uma deficiência é considerado incapaz. “Minha vida é
cuidar do Antônio”, conta a aposentada, que teve uma vida privada de
recursos. Viúva desde 1975, depois de um casamento que durou apenas 15
anos, ela diz nunca ter tido medo de envelhecer. “Não tive infância e
aprendi cedo que temos que saber envelhecer. Acho que isso me ajudou
nesse sentido, de aceitar a velhice”, conta.
Ela também não esperava chegar à idade que tem hoje. Sonhou, sim, em
fazer 15 anos. “Vivia esperando esse aniversário, mas quando chegou eu
estava colhendo arroz na roça e minha mãe fez um almoço especial:
frango com quiabo”, relembra. A vida sempre difícil ameniza os
problemas de envelhecer em um país que pouco olha para seu idoso. Mas
responsável pelas compras e pelos afazeres de casa, ela teme o dia em
que não puder cuidar do filho. “Não tenho a opção de desanimar”,
desabafa a aposentada, que quer cuidar, mas não ser cuidada. “O dia EM
que precisar de banho quero que me coloquem no asilo.”
Projeto
Projeto
O
objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida
saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão
envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e
que requerem cuidados. Por isso, em um projeto de envelhecimento ativo,
as políticas e programas que promovem saúde mental e relações sociais
são tão importantes quanto aquelas que melhoram as condições físicas de
saúde. Manter a autonomia e A independência durante o processo de
envelhecimento, portanto, é uma meta fundamental para indivíduos e
governantes.
Mas estamos muito distantes do envelhecimento ideal. Segundo Ana Cristina Nogueira Borges, presidente da seção Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, os países desenvolvidos têm medicina preventiva e conseguem fazer um melhor controle de doenças crônico-degenerativas. Mas por aqui a medicina ainda é muito curativa e só se procura um geriatra quando já se está doente. “Essa visão, contudo, parece que começa a mudar. As pessoas estão se conscientizando para a importância de se preparar para o envelhecimento”, comemora.
O problema é que o Brasil, na opinião da geriatra, ainda não tem uma modalidade de assistência para o idoso. “Ou ele vai para uma unidade onde passa o dia, ou para uma instituição de longa permanência. Precisamos melhorar o suporte ao idoso que se mantém em sua moradia”, defende a especialista. Para ela, não é a idade que determina a capacidade ou não de esse idoso permanecer em casa, e sim seu contexto de saúde. “É muito difícil achar idoso com mais de 80 anos sem problema de saúde, mas uma pessoa pode ser hipertensa, cuidar-se ao longo da vida e ter um envelhecimento ativo”, explica.
Eles querem liberdade
Mas estamos muito distantes do envelhecimento ideal. Segundo Ana Cristina Nogueira Borges, presidente da seção Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, os países desenvolvidos têm medicina preventiva e conseguem fazer um melhor controle de doenças crônico-degenerativas. Mas por aqui a medicina ainda é muito curativa e só se procura um geriatra quando já se está doente. “Essa visão, contudo, parece que começa a mudar. As pessoas estão se conscientizando para a importância de se preparar para o envelhecimento”, comemora.
O problema é que o Brasil, na opinião da geriatra, ainda não tem uma modalidade de assistência para o idoso. “Ou ele vai para uma unidade onde passa o dia, ou para uma instituição de longa permanência. Precisamos melhorar o suporte ao idoso que se mantém em sua moradia”, defende a especialista. Para ela, não é a idade que determina a capacidade ou não de esse idoso permanecer em casa, e sim seu contexto de saúde. “É muito difícil achar idoso com mais de 80 anos sem problema de saúde, mas uma pessoa pode ser hipertensa, cuidar-se ao longo da vida e ter um envelhecimento ativo”, explica.
Eles querem liberdade
Não
há como generalizar, mas o idoso que preocupa por morar sozinho é
aquele que tem dificuldade de andar, depressão e comprometimento da
memória. “Se ele mantém a funcionalidade não tem problema, mas é preciso
ter um suporte da família se tiver uma idade mais avançada”, defende
Ana Cristina. Hoje, é mais comum que o próprio idoso tome consciência de
que é possível viver só. “Existia um preconceito. Pensava-se que quem
envelhece tem que ficar dentro de casa, com os filhos tomando as
decisões. Mas isso está mudando”, completa Maria Alice de Vilhena
Toledo, vice-presidente da SBGG.
Alguns querem simplesmente permanecer na casa em que criaram os filhos. Outros fogem da ideia de depender de outros para viver. Mas não é porque são idosos em idade avançada que eles deixaram de querer algo que é valor desde a juventude: liberdade. “Liberdade para acordar e tomar banho na hora que eu quiser, sem ter que me preocupar se estou acordando alguém. Liberdade de ir aonde quero e na hora em que quero. Liberdade também de não precisar dizer onde estou”, defende Júlia Maria Lisboa, com 87 anos difíceis de acreditar.
Desde que ficou viúva, há 26 anos, Júlia já morou sozinha, com os filhos e até na casa dos filhos, mas, para ela, nada se compara à experiência de ser dona do próprio canto. “Gosto de morar na minha casa porque quero liberdade. Minha família não tem que gostar do mesmo que eu, nem tem que fazer as coisas para mim. Lavo, passo e cozinho. Se estou com preguiça faço um mexido e vou levando a vida, bacana. Vou à igreja todo dia e visito minhas amigas. Nunca na vida tive quem me ajudasse. Então, se preciso de alguma coisa saio e compro. Deus me deu pernas e sabedoria para isso”, defende.
Alguns querem simplesmente permanecer na casa em que criaram os filhos. Outros fogem da ideia de depender de outros para viver. Mas não é porque são idosos em idade avançada que eles deixaram de querer algo que é valor desde a juventude: liberdade. “Liberdade para acordar e tomar banho na hora que eu quiser, sem ter que me preocupar se estou acordando alguém. Liberdade de ir aonde quero e na hora em que quero. Liberdade também de não precisar dizer onde estou”, defende Júlia Maria Lisboa, com 87 anos difíceis de acreditar.
Desde que ficou viúva, há 26 anos, Júlia já morou sozinha, com os filhos e até na casa dos filhos, mas, para ela, nada se compara à experiência de ser dona do próprio canto. “Gosto de morar na minha casa porque quero liberdade. Minha família não tem que gostar do mesmo que eu, nem tem que fazer as coisas para mim. Lavo, passo e cozinho. Se estou com preguiça faço um mexido e vou levando a vida, bacana. Vou à igreja todo dia e visito minhas amigas. Nunca na vida tive quem me ajudasse. Então, se preciso de alguma coisa saio e compro. Deus me deu pernas e sabedoria para isso”, defende.
Saúde Plena