De acordo com um estudo, pessoas que utilizam antibióticos de forma contínua podem estar correndo maiores riscos de adquirir diabetes do tipo 2
Os pesquisadores perceberam que os participantes do novo estudo que já haviam passado por dois tratamentos com antibióticos possuíam mais chance de ser diagnosticados com diabetes 2, em comparação com os que nunca se trataram com esse tipo de medicamento ou fizeram isso apenas uma vez. Quatro tipos de antibióticos foram utilizados no estudo: penicilinas, cefalosporinas, quinolonas e macrolídeos.
“Esse estudo ‘levanta uma bandeira vermelha’ (lança um alerta) sobre o abuso de antibióticos, e certamente nos deixa mais preocupados quanto a esse abuso”, disse Raphael Kellman, internista de Nova Iorque que não estava envolvido na pesquisa. “Certamente precisamos ser mais cuidadosos e responsáveis quando utilizamos antibióticos”.
Nas pessoas portadoras de diabetes do tipo 2, as células do corpo param de responder ao hormônio insulina, que normalmente faz com que as células absorvam açúcar do sangue. Assim sendo, pessoas com tal condição tendem a apresentar altos níveis de açúcar no sangue.
Uma base de dados do Reino Unido foi analisada pelos pesquisadores nesse novo estudo, onde foi examinado o número de antibióticos prescritos para 200 mil portadores de diabetes até um ano antes de seu diagnóstico. Os resultados foram comparados com o número de antibióticos prescritos para 800 mil pessoas que não apresentaram diabetes, mas estavam na mesma faixa etária dos outros analisados. O estudo apresentava número muito semelhante de mulheres e homens. Como resultado, os pesquisadores encontraram que por quanto mais tratamentos por antibióticos as pessoas passavam, maior era o risco de desenvolver diabetes.
Como exemplo, o risco de diabetes do tipo 2 nas pessoas que haviam passado por 2-5 tratamentos com penicilina cresceu em 8% comparado aos que haviam passado apenas por um tratamento, ou nenhum. Já entre os que haviam passado por mais de cinco tratamentos com o antibiótico, o risco aumentou em 23%.
Entre os que passaram por 2-5 tratamentos com quinolonas, a possibilidade de ser diagnosticado com diabetes cresceu em 15%.
O risco foi ainda maior para os que haviam passado por mais de cinco desses tratamentos: crescimento de 37% no risco. Por algum motivo, as pessoas que haviam passado apenas por um tratamento com antibióticos, não houve crescimento no risco de desenvolver diabetes em relação aos que não utilizaram a medicação.
O coautor do estudo, Yo-Xiao Yang, professor assistente de medicina e epidemiologia na Universidade da Pensilvânia, ressalta que os motivos exatos pelo qual os antibióticos causam esse maior risco no desenvolvimento de diabetes são desconhecidos. Entretanto, Yang apresenta uma hipótese.
“Ainda que nosso estudo não mostre causa e efeito, nós acreditamos que a mudança dos níveis e da diversidade das bactérias do nosso organismo pode favorecer o aparecimento de diabetes”, disse Yang.
O estudo foi publicado no dia 24 de março de 2015 no European Journal of Endocrinology. [LiveScience]