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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Custo da vacina em farmácia seria 40% menor

Custo da vacina em farmácia seria 40% menor Perspectiva da associação das grandes redes é que, após regulação da Anvisa, mais de 1.500 lojas passem, de imediato, a oferecer o serviço; a redução do preço viria da maior escala na compra

Em vias de ser concluída, a regulamentação nacional da vacinação nas farmácias permitiria, de imediato, que 1.500 lojas começassem a oferecer o serviço, triplicando a oferta de locais privados para a imunização e a um custo que deve ser 40% menor ao praticado hoje pelas clínicas particulares. 

A estimativa foi apresentada pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), entidade que reúne as 28 maiores do ramo. Após a regulação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em fase de consulta pública, a previsão de médio prazo é que todas as 7.100 lojas ligadas a associação ofereçam vacinas.

“Já temos 1.500 pontos de venda preparados e que devem começar a realizar a vacinação assim que o serviço for regulamentado. Estamos falando de triplicar a capacidade instalada no Brasil”, diz o presidente executivo da entidade, Sergio Mena Barreto.

Terceira maior do setor, a Pague Menos é uma das empresas que está apenas aguardando a regulação para iniciar a oferta do serviço. “Assim que a parte de imunização for regulamentada queremos implementar em todas as nossas unidades”, afirma o presidente da companhia, Mário Queirós.

Um dos diferencias da venda de vacinas nas farmácias, segundo o executivo, seria o preço. Como as grandes redes possuem uma escala muito grande, a perspectiva é que o valor cobrado seja consideravelmente menor do que o praticado hoje nas clínicas privadas. “O poder de compra das grandes redes pode baratear esse custo para a população.”

A estimativa da Abrafarma é que o preço da vacina vendida nas farmácias seja, em média, 40% menor, justamente pela maior escala e poder de barganha das redes. “O preço da vacina de gripe, por exemplo, varia hoje entre R$ 120 a R$ 190, sendo que o valor listado na Anvisa é R$ 40. A farmácia vai poder vender a vacina a R$ 40, aplicar mais uma taxa pelo serviço prestado, oferecendo a vacinação por um valor de R$ 80 a R$ 90”, explica Barreto.

Presidente da Raia Drogasil, maior rede do País, Marcílio Pousada também sinaliza para um barateamento do custo da vacinação caso fosse aplicada nas farmácias. “Há dois anos atrás fui tomar uma vacina da gripe. Fiquei uma hora e meia na fila e paguei R$ 180. Se vendesse nas nossas farmácias poderíamos cobrar metade do preço”, promete o empresário.

Visão do consumidor
Defendida pelos varejistas, a possibilidade de aplicar vacinações nas farmácias também é bem vista pelo consumidor. Estudo do Ibope, divulgado ontem, mostra que 82% dos brasileiros teriam interesse em realizar a vacinação nas drogarias, caso a oferta já existisse.

Os principais benefícios citados foram a praticidade, pela maior proximidade das lojas, e o horário de atendimento mais extenso, em comparação com as clínicas particulares. Na outra ponta, ainda há um receio da população em relação a adequação dos locais e a qualificação dos farmacêuticos para a aplicação da imunização.

“Existem alguns pontos de atenção, como capacitação do farmacêutico, ambiente seguro e preço, mas, em geral, o conceito é bem visto pelo brasileiro”, explica a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari.

Além do benefício para a população, a expectativa das grandes redes é que a aplicação da vacina e a realização de outros serviços farmacêuticos (o que já vem ocorrendo) gere também um impacto positivo no faturamento. “Esperámos que melhore as vendas, porque o consumidor que vai à loja para aplicar uma vacina acaba comprando outros produtos”, diz o presidente da Abrafarma.

Os serviços farmacêuticos, (tratamento de hipertensão, diabete, medição da pressão arterial, entre outros), presentes em 850 lojas da entidade, já vêm contribuindo para as vendas. Na Pague Menos, por exemplo, o impacto tem ocorrido na frequência de ida e no tíquete médio. O cliente fidelizado pelo atendimento clínico – oferecido em 583 unidades da rede – vai, em média, uma vez por mês a mais no ponto de venda e possui um gasto médio quase duas vezes maior que o de um cliente normal.

DCI

Contaminação dentro de veículos chega a 10 mil fungos e bactérias com risco de desinteria e convulsões

Análise feita por faculdade de Campinas das partes internas de 26 carros de passeio mostrou a presença de micro-organismos em todos os itens

Espirrar, coçar os cabelos, o nariz, tossir e se alimentar dentro do carro são ações que, de tão comuns, acabam sendo nocivas à saúde. Uma pesquisa feita com 76 partes internas de carros constatou contaminação, em todos os itens, de até 10 mil fungos e bactérias que causam de rinites e micoses até infecções de urina, pulmonares, disenteria e convulsões, principalmente em bebês e crianças.

A análise em 26 carros de passeio foi feita pela Faculdade de Biomedicina da Devry Metrocamp, em Campinas (SP). Para a coordenadora do estudo, bióloga, pesquisadora e doutora pela Faculdade de Ciências de Alimentos da Unicamp, Rosana Siqueira, é preciso reduzir a quantidade desses micro-organismos, só que nem toda higienização minimiza os riscos.

“Às vezes a gente acaba pegando um quadro de infecção, uma febre, um desconforto abdominal, ou até mesmo uma diarreia, e acha que comeu fora. Muitas vezes não. Muitas vezes a gente levou esses micro-organismos pelas nossas mãos. É o que nós chamamos de contaminação cruzada. As pessoas precisam reduzir a quantidade desses micro-organismos nesse ambiente”, diz a bióloga.

Ao longo de cinco meses, os pesquisadores Adriana Oliveira e Helton Silva colheram e acompanharam a evolução das amostras – em diversos meios reagentes no laboratório – retiradas de 26 volantes, 26 câmbios, oito bancos de motorista e cinco cadeirinhas de bebê. “São carros comuns, o nosso, de amigos, parentes, de empresas, que muitas vezes são compartilhados por várias pessoas. Mais novos e mais antigos, com câmbio automático e câmbios normais. Quando é automático, muitas vezes a gente não coloca muito a mão nele, mas foi encontrada uma grande quantidade de bactérias ali”, explica Adriana.

Justo nos itens infantis foi encontrado o maior risco: a bactéria Shigella, responsável por infecções intestinais – com fortes dores abdominais, ulcerações das mucosas, diarreia com muco e sangue -, que é patogênica, afetando pessoas com imunidade baixa e também as saudáveis. “A infecção por esse micro-organismo leva a um quadro de desidratação da criança muito rápido. A criança não está com seu sistema imulonógico totalmente formado. É uma bactéria que abaixo de 1000 já é preocupante. Ela foi encontrada nessa faixa”, alerta Rosana.

“Teve carros em que as mães lavam com frequência o estofamento da cadeirinha, mas o carro não era limpo com frequência. E isso acaba levando para a cadeirinha, mesmo sendo limpa, a gente leva micro-organismo para o bebê. A gente tem que tomar cuidado com o todo”, alerta Adriana. Outro micro-organismo que chamou a atenção foi a presença da bactéria Klebsiella pneumoniae, que tem subtipos que vêm se tornando superbactérias. Nessa pesquisa, no entanto, não foi possível definir se era o tipo KPC.

“Nada me garante que não seja. A gente sabe que tem muitas pessoas que são portadoras, mas que não têm os sintomas. A Klebsiella pneumoniae foi a primeira a adquirir a enzima Carbapenemase [que dá a resistência a antibióticos]. Mesmo que não seja a KPC, é oportunista. As doenças são as mesmas, só a gravidade é que muda”, ressalta Rosana. Além das crianças, o grupo de risco inclui gestantes, idosos e pessoas doentes que estão, por exemplo, fazendo tratamentos intensivos de saúde e acabam mais expostas às bactérias oportunistas, que se aproveitam da fragilidade dessas pessoas.

Mãos e lixinho do carro
A maior contaminação foi encontrada nos volantes e está atrelada à higiene das mãos do motorista, principalmente, segundo o estudo. Rosana também ressaltou o risco de não limpar todos os dias a lixeirinha do carro, aquela que fica presa ao câmbio. Alimentos deixados ali, por exemplo, podem fermentar com o calor e acelerar a proliferação dos micro-organismos, assim como a umidade proveniente de dias chuvosos.

“Muitas vezes a gente consome algum alimento e ele vai ficando ali, vai deteriorando e vai causando micro-organismos ali e vão proliferando cada vez mais. A gente põe a mão e leva para outros locais, pra porta, pro volante, pro câmbio, pra cadeirinha, e até mesmo a criança”, afirma a aluna de biomedicina. Os fungos e bactérias acabam se fixando nos materiais que revestem o interior do carro. Sabe aquele cheiro ruim, de mofo, que às vezes fica no carro? É um indício forte de contaminação.

“Muitas vezes é a presença dos fungos. […]Eles se multiplicam com a umidade e vão liberando os odores, os esporos [estruturas bem pequenas produzidas pelos micro-organismos]. A gente respira e inala os fungos e os esporos, que vão para os pulmões. A gente começa a ter o quadro de tosse, pneumonia, rinite”, ressalta a coordenadora.

Cuidado na limpeza
Manter o ambiente do veículo limpo está longe de depender somente da troca do filtro do ar condicionado ou da lavagem mais superficial no fim de semana. Segundo a coordenadora da pesquisa, o ideal é higienizar uma vez a cada sete dias com aspirador de pó, pano não muito úmido e buscar os produtos próprios para a limpeza de partes internas dos carros, para não danificá-las.

“É importante deixar o carro arejado, deixar secar bem os tecidos para não formar fungos”, diz Adriana. Se a escolha for a limpeza em postos de combustíveis e locais especializados, Rosana alerta para que o motorista opte por um local de confiança. Os equipamentos usados nesses lugares precisam de higiene adequada também, ou poderão piorar na situação.

No caso das cadeirinhas de bebês e crianças, é preciso retirar o tecido e lavar normalmente com a mesma frequência da limpeza do carro como um todo, uma vez por semana. Se o tecido não se soltar, vale procurar empresas especializadas. Não adianta limpar só uma das partes e deixar o restante sem a higienização correta, segundo os pesquisadores.

G1